24) satisfação
Oi, meus amores! Eu acredito que vocês vão ficar bem ansiosos pro próximo capítulo então irei adiantar que tô de férias da faculdade esses dias, a att não vai demorar!!!
pra quem ainda não viu, fiz um teste pra vocês saberem suas cores de acordo com o Jeongguk! tá lá no meu twitter e também deixei aqui no quadro de avisos.
não esqueçam da tag #PaletasePoesiasTK por favoorrrr me anima muito ver vocês comentando sobre o capítulo 🥺
boa leitura! 💙
Taehyung não pintava muitos quadros, seus desenhos em papéis ou nas paredes eram suas prioridades, mas até isso Jeongguk conseguiu mudar quando apareceu em sua vida.
Na primeira vez que se encontraram e tiveram um pequeno conflito, Taehyung ficou triste. Como já havia explicado para o próprio Jeongguk, não era do seu feitio agir daquela maneira, ser tão rude. Foi nessa mesma noite que Taehyung pintou um quadro.
Sua mente, tão embaralhada, não conseguia se aquietar, não o deixava em paz. Não tinha ideias de desenhos, muito menos alguma poesia, então o que lhe restou foi pintar. Seokjin tentou conversar para o ajudar a espairecer, porém não surtiu muito efeito.
Foi a partir desse dia que começou a comprar mais quadros e tintas, e isso o confortou. Sua falta de inspiração para escrever o frustrava cada vez mais, não sabia por que as palavras fugiram daquela maneira. Pensou que, ao estar mais íntimo de Jeongguk, isso melhoraria, as palavras iriam fluir, pois tinha a própria inspiração ao seu lado, porém não foi isso que aconteceu.
Queria como nunca escrever uma poesia para ele, expressar seus sentimentos dessa forma, queria dar esse presente, mas ainda não se sentia capaz. Talvez por ainda não ter dito tudo que estava dentro de si, ou talvez por insegurança, mas somente não conseguia.
Pensando nisso, foi como voltar para a primeira noite que o conheceu e encarou o quadro que pintou.
Fios azuis. O quadro era isso. Os fios azuis desbotados que o fizeram perder o chão.
Taehyung quis parar de dar aula naquele mesmo dia. Não era bom com adivinhações, mas sabia o rumo que poderia tomar por causa de suas sensações.
Jeongguk tinha algo mágico em si. Mágico e trágico. Quando o olhou, perguntou o nome, e trocou aquelas palavras tão frias, Taehyung sentiu algo. Primeiro, pareceu um incômodo, uma aflição, depois se tornou em curiosidade. Prestou atenção não só no cabelo, mas em tudo o que viu, sua curiosidade em descobrir por que aqueles olhos tão bonitos eram tão tristes foi seu fim.
Achou ele tão bonito. Taehyung conhecia pessoas bonitas, se considerava uma, porém nunca viu alguém como ele. As imperfeições em seu interior eram claras, e por isso achou bonito.
Foi como ter o ar retirado de seu corpo por um minuto ao ter Jeongguk passando ao seu lado. Era como um choque, um prelúdio, um aviso.
Percorreu seus olhos pelos outros quadros, achando o segundo que pintou. Esse foi uma bagunça de cores, demonstrando como estava se sentindo diante da situação.
Olhou para o outro quadro e sorriu. Pintou depois que Jeongguk deitou em seu ombro no trem. Essa foi uma das noites que não conseguiu dormir, estava agitado. A pintura era um toque na pele, pois foi o que sentiu ao ter Jeongguk deitando em seu ombro e arrepiando seu pescoço.
Não era tão bom em pinturas como era nos desenhos, entretanto se esforçou naqueles quadros pois queria deixar registrado em algum lugar aqueles momentos preciosos.
Depois do quase primeiro beijo, Taehyung pintou dezenas de quadros sem sentido, apenas jogando as tintas na tela sem uma direção. Ter o abstrato tão perto de si era como ter Jeongguk ao seu lado.
Após o beijo, com seus sentimentos expostos, tentou fazer uma pintura difícil. O rosto de Jeongguk. Ainda estava pela metade, não tinha habilidade o suficiente para retratar aquele rosto tão bonito que adorava, porém tentava aos poucos.
Aqueles quadros continuariam sendo um segredo seu por um longo tempo, não tinha pretensão alguma de mostrar para alguém, nem mesmo para Jeongguk.
Os quadros estavam escondidos, mas havia um visível, o que Jeongguk pintou. Ele deixou como um presente, e Taehyung pendurou em seu quarto, e o admirava todos os dias.
Aproveitando que seu irmão estava em casa naquela noite, saiu de seu quarto para procurá-lo pela casa, já que desde que chegou não o viu.
Sua grande surpresa da noite foi ver Jihoon saindo do quarto de Seokjin.
— Taehyung! – Jihoon exclamou assustado. — Não sabia que já estava aqui…
— Cheguei agora a pouco da faculdade. – Segurou seu riso. — Tudo bem?
— T-tudo! Tudo ótimo, eu já estava de saída, na verdade…
Não parecia muito constrangedor, tirando o fato que Jihoon saiu completamente bagunçado, abotoando sua calça.
— Oh, não se incomode comigo, a casa é de Seokjin, fique à vontade. – Decidiu ser mais gentil para ver se a vergonha dele diminuía.
— Não, não, Jeongguk já deve estar em casa, nós sempre assistimos alguma coisa antes de dormir, é bom eu ir. – Disse apressado em meio a risos nervosos.
— Quer que eu te leve até a porta?
— Eu levo. – Seokjin saiu do quarto, não muito diferente de Jihoon, igualmente bagunçado.
— Ok, irmão. – Taehyung continuava prendendo o riso.
— E… tem o aniversário do Jeongguk esse final de semana, acho que você sabe, não é? – Jihoon direcionou a pergunta a Taehyung antes de sair. — Espero ver você e o Jin lá.
— Não perderemos por nada. – Sorriu agradecendo o convite.
Esperou ansiosamente Seokjin o deixar na porta e voltar para poder rir como queria.
— Que noite, não é? – Assim que seu irmão pôs os pés na sala, começou.
— Eu não falo nada quando você fica se pegando com o Jeongguk pela casa!
— E eu não estou falando nada, Handsome… quer dizer, posso falar, mas acho que você me expulsaria de casa.
— Americano metido! – Virou às costas, indo para a cozinha.
— Estou muito feliz por você, é bom estar saindo com alguém depois de tanto tempo. – Continuava a rir, mas falava sério.
— Não quero falar dele com você, se é isso que está esperando. – Bebeu água ainda evitando contato visual com o irmão.
— Por que não? Tem medo de parecer um bobinho?
— Você está me testando!
— É sério… você gosta dele, não é?
— Gosto. – Admitiu derrotado. — Ele é incrível.
— Já estou vendo vocês saindo juntos e escolhendo gatinhos para colocar em casa.
— Boa noite, Taehyung!
Muitos poderiam ver suas conversas como implicâncias, porém era só o jeito deles de demonstrar carinho, e principalmente, preocupação. Tanto Seokjin, como Taehyung, se preocupavam muito um com o outro, e sempre seria assim. Eram dois adultos, mas isso não significava que suas conversas deveriam ser chatas, e nem que teriam que tratar tudo com tanta seriedade. Ambos eram maduros para essas situações.
Sorriu vitorioso por ter devolvido um pouco da vergonha que Seokjin o fez sentir no dia anterior. Nem sempre eram tão maduros assim.
E ter Jihoon em sua casa, citando o aniversário de Jeongguk, o fez voltar para o assunto que não saía de sua cabeça: o presente. Tinha dois dias para pensar, e com certeza não era suficiente.
Voltou para seu quarto e olhou de novo para as pinturas. Talvez estivesse tendo uma ideia.
•
Hoseok decidiu conversar com Jimin o quanto antes, a cada hora que passava ficava mais nervoso, sem ideia de como falar. A relação dos dois não era baseada em ciúmes sem sentido, brigas desnecessárias, suas discussões eram bobas, nada preocupante, mas temia acontecer pela primeira vez uma situação desagradável.
O melhor horário para ambos era de manhã, então foi até a casa de Jimin banhado em insegurança. Hoseok sempre foi muito expressivo, não só com gestos, mas com palavras também, e de repente, não se sentiu capaz. Chegou à casa de Jimin com uma expressão culpada, sem saber como falar com seu namorado.
— O que há de errado, amor?
Jimin não deixava escapar nenhuma expressão de Hoseok. Mesmo que ele tentasse disfarçar, era em vão. Foi dessa forma que percebeu alguns dos problemas de Jeongguk, e era assim que percebia os incômodos de Hoseok.
As palavras não saíam facilmente. Por um bom tempo, Hoseok encarou Jimin pensando no que falaria, como falaria, por onde começaria. Tentou dizer e se perdeu falando coisas desconexas, atrapalhadas. Sabia que não havia feito nada de errado, que foi somente uma situação infeliz, porém não sabia explicar.
— Se for sobre o Jongho, ele veio aqui conversar comigo.
Então Hoseok paralisou. Jimin falou com uma expressão serena, nada preocupado.
— Jongho veio aqui…? – Repetiu para ver se acreditava no que ouviu.
— É, talvez ele tenha conseguido meu número com um de vocês. Ele me mandou mensagem e pediu para me encontrar, eu não sabia muito bem quem ele era, já que só nos encontramos uma vez na casa de Jihoon, porém ele explicou tudo detalhadamente.
— O quão detalhado? – Perguntou nervoso.
— Ele é apaixonado por você há um tempo, você sabia e ignorou isso, vocês conversaram e resolveram esse conflito, ele te beijou. Algo mais? – Arqueou a sobrancelha.
— N-não é bem assim… eu não traí você, eu ia explicar isso!
— Mas ele explicou, eu acabei de dizer! – Jimin riu soprado. — Vocês beberam e o Jihoon o desafiou a te beijar, e foi um selinho rápido. Não foi isso?
— Foi, mas…
— Não sei por que você está tão desesperado. – Sentou em seu sofá. — Ele pediu desculpas para mim, e me disse que pediu desculpas para você no mesmo dia. Você sabe que eu percebo quando as pessoas são sinceras, e eu sei que ele foi, aliás, muito maduro também. Tivemos uma conversa agradável, e ele disse que não se afastaria de vocês novamente, só precisava de um tempo para si.
— Eu não sei o que falar. – A tensão de Hoseok diminuiu, mas ainda custava acreditar no que Jimin dizia. — Fiquei tão nervoso pra te dizer… eu não sabia o que você iria pensar disso.
— Meu amor… – Jimin chamou Hoseok para sentar ao seu lado. — Quando decidi namorar você, também decidi que lidaria com as coisas da melhor forma. Somos bem pacientes um com o outro, não? E não sou ingênuo, isso não é um dorama onde eu interpretei tudo errado e vamos nos separar.
— Como você pode ser tão calmo com tudo? – Segurou suas mãos.
— Eu não sou. Apenas analiso a situação e não julgo as pessoas como você imaginou que eu julgaria Jongho, ou até mesmo você. Ele cometeu um erro por estar apaixonado, reconheceu isso e encarou a situação. O que você achou que eu faria?
— Sinceramente? Eu achei que você ia terminar… eu ainda não sei tudo o que você pensa sobre as coisas, não sei o que esperar.
— Está se referindo a minha sexualidade? – Entendeu o ponto de Hoseok. — Amor… nós, demissexuais, não somos tão complicados quanto você pensa.
— Mas você me disse que tinha algumas visões diferentes… sobre o relacionamento.
— Sim, e você sabe disso, sabe de tudo o que eu acho. Agora, você pensou que eu consideraria isso uma grande traição e temeu minha reação, não é? – Hoseok confirmou. — Não, não considero isso uma traição, não é algo de todo agradável, eu só aprendi a separar as coisas, mas entendo você ficar preocupado, nós ainda não conversamos sobre esse tópico.
— Como você se sente? – Se aproximou mais de Jimin, abraçando o corpo dele. — Sobre o Jongho, sobre isso tudo.
— Eu não posso falar por todos os demissexuais, mas posso falar por mim. Acredito que é inevitável não sentir um pouco de insegurança no relacionamento quando você é uma pessoa como eu, pois você teme que seu namorado encontre uma pessoa "melhor", alguém que satisfaça ele, em todos os sentidos. Não estou dizendo que você faria isso, mas muitos outros fariam, e realmente fizeram isso comigo. Eu preciso dessa conexão para poder me relacionar e eles não entendiam, então simplesmente procuravam outra pessoa, alguém que não fosse como eu.
— E você tá falando sobre o sexo, não é?
— Sim, para a maioria isso é que importa numa relação, muitas das vezes eu não pude entregar isso facilmente, então era trocado. Mas não somente sobre isso, toda a situação em si, alguns não gostam de muito contato físico como abraço, beijo, outros conseguem se relacionar sexualmente depois de criar uma conexão, porém não gostam de praticar isso com frequência. Somos pessoas singulares, é o que eu gosto de falar, e nem todo mundo sabe lidar com isso.
— Então você cogitou em algum momento que eu trocaria você pelo Jongho? – Entendia o raciocínio de Jimin, mas achou a ideia um absurdo.
— Passou pela minha mente, mas só isso. Eu vivi situações ruins, porém me tornei uma pessoa confiante, e só decidi namorar com você porque também senti confiança no seu sentimento. Consegue me entender?
— Consigo… mas eu nunca trocaria você, sabe disso, não é? – Encarou Jimin. — Você me confunde às vezes, mas não trocaria isso por nada.
— Hum… confundo você? – Sorriu. — Como posso me retratar?
— Não sei, são muitas confusões, talvez eu precise de muitos beijos.
Jimin acatou a sugestão e encheu seu namorado de beijos. Por um tempo, recusou esses contatos mais íntimos por medo de se machucar novamente, então se relacionou com Taehyung e conseguiu quebrar essa barreira. Seu amigo sempre conversava com ele sobre isso, o pequeno relacionamento teve mais conversas do que beijos. Jimin foi recuperando sua confiança, e quando se deparou com Hoseok, sabia que era a hora certa de deixar o passado para trás.
Há pessoas que gostam de tudo, e há pessoas que não gostam de nada. Há pessoas que gostam de coisas específicas, e há pessoas que se incomodam com alguns detalhes. Jimin gostava de observar isso nos outros e em si, sempre achou muito bonito como as pessoas podem ser tão diferentes.
Gostava de beijos, abraços, do sexo, mas sabia muito bem que muitos não gostavam. Notar isso o estimulou a fazer a faculdade de Psicologia, pois não achava nada melhor do que tentar entender as pessoas. Conhecer e respeitar a individualidade de cada um, aprofundar seus conhecimentos nisso, e principalmente, se conhecer mais.
Com o pedido dos beijos, a hora passou rápido. Hoseok tinha que ir trabalhar e Jimin precisava conversar com Taehyung.
— Amor… sai de cima de mim. – Jimin tentava empurrar o corpo de Hoseok e falhava.
— Eu quero ficar mais tempo com você. – Disse emburrado.
— Você tem que ir trabalhar e eu tenho que resolver umas coisas. – Começou a fazer cócegas nele e surtiu efeito, o fazendo sair de cima de seu corpo.
— É alguma coisa na faculdade? – Hoseok perguntou após se recompor das risadas. — Eu vi você indo lá algumas vezes…
— Não, já resolvi meu problema lá, só irei conversar com o Taehyung mesmo.
— Problema?
— Não é nada demais, só coloquei umas coisas no lugar. – Sorriu, tranquilizando o namorado.
— Você não me engana, Park Jimin, eu sei que você se mete em umas confusões. – Olhou desconfiado.
— Tudo por um bem maior, meu amor. – Deu um selinho nele. — Vamos, se eu deixar, você me segura na cama o dia inteiro.
— Pois é, e poderíamos fazer aquilo que você falou-
— Não fala alto! – Gargalhou. — Faremos depois, agora vai embora, estamos atrasados.
Hoseok não desconfiou do problema que Jimin estava resolvendo, mas acertou ao dizer que ele se metia em umas confusões, Park Jimin estava sempre disposto a resolver tudo e um pouco mais.
•
Taehyung atendeu seu melhor amigo com alegria, Jimin fazia poucas visitas, gostava de passar um tempo a sós com ele.
— Por que você parece tenso, Baby J?
— Porque você não conversa mais comigo sobre aquilo que combinamos. E não estou tenso, estou até mais relaxado com a situação.
— Eu resolvi deixar para lá… o que iríamos conseguir com isso? Só dor de cabeça. Infelizmente não podemos resolver todos os problemas que encontramos… por mais que seja frustrante.
Estavam falando sobre aquele caso. Sobre aquele homem que mexeu com Jeongguk. O filho mimado da reitora, que Taehyung esquecia o nome com frequência.
Jimin se esforçou muito em sua procura, assim como Taehyung, e não deu em nada. Queriam denunciá-lo, porém com tão poucas provas e com a influência dele, não o afetaria em nada.
— Eu sei disso. – Jimin concordou igualmente frustrado. — Por isso resolvi fazer outras coisas, essas minhas últimas idas até a faculdade foram mais… esclarecedoras.
— O que você fez? – Taehyung ficou surpreso e um tanto amedrontado.
— Acho melhor não dizer, mas não foi nada grave, apenas espero que ele nunca mais volte a fazer aquilo com ninguém, e se fizer, vai saber que terá consequências.
— Você o ameaçou?!
— Um pouco melhor do que isso. – Sorriu. — Fique tranquilo, Tae, ele vai ter o que merece, pare de pensar tanto nisso.
— Eu tenho tentado fazer isso… mas se deixo de me preocupar com esse cara, me preocupo com aquelas cartas.
— Elas pararam de chegar, não foi?
— Sim, porém… não sei o que esperar, e se afetar o Jeongguk de novo?
Taehyung contou para Seokjin e Jimin sobre as cartas, não sabia lidar com aquilo sozinho. Seokjin deu sua opinião sobre ser uma pessoa infantil e que provavelmente era inofensiva, só um tanto obcecada. Jimin o alertou sobre os cuidados que ele deveria ter para não ser exposto, considerando a situação em que estava com Jeongguk, entretanto concordou que se a pessoa quisesse fazer algo pior, já teria feito.
— Eu acredito que não, essa pessoa deve estar contente vendo você afastado de Jeongguk então mantenha assim, você não sabe com que tipo de mente está lidando, melhor deixar quieto.
— É difícil isso… – Suspirou. — Fingir que não tenho nada com ele.
— Vocês são tão dramáticos. – Riu. — Claro, vocês não podem fazer o que bem entendem em qualquer lugar por inúmeros motivos, mas ainda podem se encontrar privadamente, aproveite isso, bonitão.
— Hoje tem a monitoria, ele me disse que vai, conversamos sobre ele ir ou não e ele disse que seria muito estranho parar de ir de repente, fora que ele se sente desconfortável por não estar presente e ganhando a bolsa… Deus, queria beijá-lo sem essas preocupações.
— Marque algo depois, então. – Deu seu olhar sugestivo. — Essa euforia do começo de relacionamento é realmente intrigante… você quer tocar a pessoa o tempo todo, quer beijar, quer sentir. Suprimir isso é um tanto doloroso, não?
— Sufocante. – Admitiu. — Vou ver o que farei, ainda tenho que pensar no presente dele.
— Oh… Hoseok me contou, e me convidou também, claro. O que você está pensando?
— Algo único. – Jimin aguardou ele completar a frase já sabendo o que viria. — E romântico.
— Entregue seu coração de uma vez. Na verdade… entregue-se de uma vez.
— Eu vou.
A conversa foi um tanto subjetiva, porém ambos sabiam exatamente o que estavam falando. Taehyung ainda prendia muito suas vontades, o medo do amanhã o cercava, o medo de que tudo poderia mudar drasticamente de uma hora para outra. Não queria perder mais tempo.
•
Fingir é ocultar um sentimento, ou fazer algo que não parece real, ser. Foi assim que Taehyung e Jeongguk se sentiram em sala de aula, cheios de fingimento.
As conversas foram curtas, as interações se restringindo apenas ao necessário, o contato mínimo. Na aula de Desenho digital ainda foi mais tranquilo, mas estar na aula de História da Arte era outra coisa. A pessoa das cartas estava ali, os observando de perto. Seus movimentos eram tensos, Jeongguk evitou falar o máximo que conseguiu, apenas fazendo seu trabalho com a lista de presença e a apresentação do slide sobre o assunto novo.
— Então, turma… hoje iremos falar sobre o Simbolismo. Já ouviram algo desse movimento? – Taehyung respirou fundo antes de começar a falar, deixando sua face simpática sobressair para correr tudo bem.
Sobre a pergunta, alguns alunos responderam que sim, outros que não.
— É compreensível vocês não saberem, digamos que é um movimento que teve pouco espaço no avanço do Modernismo. E também, ele se estendeu para a literatura e ao teatro, então pode ser conhecido mais nessas áreas. – Olhou para Jeongguk em um pedido implícito para ele passar o slide. — Como podem ver, o movimento surgiu na França, final do século 19. E por que ele não ganhou tanto espaço? Porque ele estava se opondo aos avanços da ciência e da tecnologia, e seu pensamento não era para o lado racional. As características dele podem ser bem familiares para vocês: subjetivismo, explorar a vida espiritual, o mistério e o individualismo.
— Como o Surrealismo? – Um aluno perguntou.
— Sim, ele lembra muito o Surrealismo e o Expressionismo. Eles enfatizavam muito a emoção, não gostavam muito do mundo físico, então nas pinturas eram retratadas coisas mais obscuras, como a melancolia. Mas abordavam a sexualidade, espiritualidade e a inquietação também, assim como sonhos e pesadelos, se ligando aos outros movimentos artísticos já citados.
Mais uma vez o slide foi passado, mostrando alguns dos artistas do movimento e suas obras.
— Acredito que dessa lista vocês devam conhecer apenas Gustav Klimt e Edvard Munch, não é? – A turma concordou. — Vocês conhecem Edvard Munch pelo Expressionismo então não irei me estender, hoje iremos focar no Gustav Klimt.
Voltando para o birô, parou ao lado de Jeongguk, pedindo para que ele explicasse essa parte. Jeongguk hesitou, mas não poderia negar, era seu trabalho. Levantando-se de cabeça baixa, parou na frente da turma, na posição de Taehyung.
— É… irei explicar um pouco sobre ele. – Pigarreou. — Gustav Klimt foi um pintor e desenhista austríaco, e era conhecido por sua extravagância nas obras. E sobre suas pinturas, elas são divididas em duas fases: Histórico-Realista e Fase Dourada. Foi na segunda fase que ele teve mais destaque, onde explorou muito a figura feminina com muito erotismo e sensualismo.
Pediu para Taehyung adiantar o slide e mostrar as fotos das obras de Klimt, e continuou a explicar.
— Vocês podem ver que ele tinha um estilo bem decorativo e usava as figuras geométricas, pintou muitas mulheres seminuas, assim como pintou paisagens cheias de detalhes.
— Explique "O Beijo" para eles, Jeongguk. – Taehyung pediu.
— Ah… "O Beijo" é a obra mais famosa dele, vocês devem conhecer. Foi pintada em 1907, óleo sobre tela, e retrata essa intimidade dele que eu acabei de explicar. É um homem e uma mulher abraçados sobre um tapete de flores, e o homem está inclinado, beijando a mulher. Vocês podem observar os mosaicos nas roupas deles, e todo o dourado da pintura não tem um significado específico, fica aberto à interpretações. Sobre as flores e os arbustos, são as únicas coisas que se ligam ao real, algo simbólico. Essa temática do amor estava bem presente nas obras dele, representando sua vida pessoal. Há várias interpretações sobre a obra, vocês podem ficar à vontade para procurar, mas à primeira vista é entendido que retrata o erotismo e o amor do casal, como se eles estivessem se tornando um só.
A fala de Jeongguk era calma, mansa, não tinha como não prestar atenção em cada palavra que ele dizia. O assunto era extenso, mas ele deixava interessante, sua forma de explicar era interessante. Taehyung piscou algumas vezes para voltar ao mundo real e se levantou, agradecendo a explicação de Jeongguk com um sorriso pequeno.
Não demorou para a aula encerrar e alguns dos alunos se dirigirem até Jeongguk dizendo que sentiram falta dele na aula passada. Ele ficou lisonjeado, sorrindo tímido e agradeceu o carinho, garantido que estaria presente nas próximas aulas.
Taehyung e Jeongguk precisaram subir para a sala dos professores, o sistema precisava ser atualizado com a lista de presença, Taehyung não gostava de acumular isso. Subiram e fizeram seus trabalhos rapidamente, não queriam levantar suspeitas.
Quando estavam se organizando para ir embora, uma professora bateu na porta e pediu para falar com Taehyung. Jeongguk a conhecia só de vista, era uma professora nova em seu curso, provavelmente tinha a idade de Taehyung ou um pouco mais velha, e se vestia elegantemente com roupas sociais e salto alto.
— Podemos conversar em particular, senhor Kim? – Ela perguntou ainda na frente de Jeongguk.
— Oh… claro. – Olhou um tanto nervoso para Jeongguk sem saber o que fazer. — Pode esperar lá fora? – Jeongguk assentiu e saiu.
Saiu apenas da sala, pois ficou colado na porta para escutar o que tanto aquela mulher queria falar com Taehyung.
Não queria ser intrometido, mas sabia reconhecer quando alguém tinha boas intenções ou não, Jeongguk não sentiu nada bom vindo dela.
O som era um tanto abafado, porém conseguia escutar bem o que ambos diziam.
— Sabe meu nome, senhor Kim? – Questionou presunçosa, esperando que a resposta fosse positiva.
— Não sei, perdão. – Desculpou-se com um sorriso.
— Tudo bem, meu nome é Park Sooyoung, agora você sabe. – Sorriu de volta. — É bem difícil conseguir falar com você, tive sorte de conseguir te encontrar aqui ainda.
— Ah, sim… eu não ando muito pelos corredores.
— Entendo. – Aproximou-se. — Não quero parecer atrevida, mas você tem chamado minha atenção desde que comecei a dar aula aqui, e bem, queria chamá-lo para sair.
Jeongguk revirou os olhos ao escutar.
— Isso foi inesperado. – Taehyung deu um riso nervoso. — Agradeço o elogio implícito já que chamei sua atenção, porém não tenho o mesmo interesse que a senhorita. – Foi educado, falando de forma gentil.
— Oh. – Sooyoung parecia surpresa em ser recusada. — É que sempre o vi sozinho, imaginei que nos daríamos bem. Afinal, acredito que homens como você precisam de mulheres como eu, somos dois adultos, sim? Acho que posso falar dessa forma mais direta.
Taehyung não soube o que responder, ficou espantado com a audácia e falta de filtro dela.
E do outro lado da porta, Jeongguk estava enjoado escutando a conversa.
— O que você quer dizer? – Se recusou a ter entendido o que ela sugeriu.
— Exatamente o que você escutou. – Aproximou mais alguns passos, fazendo Taehyung recuar. — Não sei se você está saindo com alguém, ou outra coisa, mas acredito que uma mulher como eu… – Ficou a centímetros de distância dele. — Pode satisfazer você melhor do que ninguém.
Jeongguk desencostou da porta no mesmo instante. Não estava mais enjoado, estava completamente irritado.
— Escute, Sooyoung. – Taehyung ficou sério, mantendo a educação, mas não a gentileza. — Realmente não quero nada, espero que respeite minha posição. Se estava escolhendo o melhor jeito de conversar comigo, escolheu o pior. Se me der licença – Colocou sua bolsa no ombro. — Tenho que ir.
Ela não deixava transparecer que estava abalada, mas a seriedade de Taehyung a desestabilizou.
— Ok… fique com meu número. – Entregou um pequeno papel para ele. — Caso mude de ideia.
— Tchau. – Pegou e saiu da sala rapidamente, não querendo ficar perto dela nem mais um minuto.
Não encontrou Jeongguk, imaginou que ele tinha ido embora. Ficou nervoso com a situação repentina, já passou por coisas parecidas, porém não significava que gostava daquele tipo de conversa, daquela insinuação.
Andou depressa até seu carro, e se deparou com Jeongguk parado ao lado dele.
— Pensei que tinha ido embora…
— Quero que me leve em casa. – Sentenciou sério.
— Tem certeza? – Combinaram de não saírem mais juntos, temiam o que os outros pensariam.
— Tenho, Taehyung.
Entendeu que ele falava sério e entrou no carro. Não esperava aquela reação de Jeongguk, e pela feição dele, sabia o que tinha acontecido.
— Você escutou? – Depois de minutos na estrada em silêncio, decidiu perguntar.
— Sim.
— Sweetie… eu recusei, não fique bravo. Eu sei que deve ter sido desconfortável para você, eu fiquei muito incomodado, mas não precisava ficar com raiva. – Falou cautelosamente.
— Não estou com raiva, Taehyung.
— E por que está assim?
— Estou puto.
Taehyung arregalou os olhos com a palavra usada e o tom grave que ele disse.
Mais alguns minutos em silêncio, resolveu falar novamente.
— Você precisa canalizar isso, Sweetie… – Sugeriu. — Descontar esse sentimento em outra coisa para não o deixar assim.
— É o que eu pretendo fazer.
Por algum motivo, Taehyung sentiu sua pele arrepiar.
Não falaram nada mais, chegaram até a casa de Jeongguk em silêncio absoluto. Taehyung não sabia o que esperar, mas desceu do carro, o acompanhando.
— Jihoon-hyung tem saído à noite, entre comigo.
Bom, Taehyung não queria recusar.
Ambos entraram, Jeongguk tirou seu casaco e as botas, e Taehyung só encostou sua bolsa em um canto, sem saber exatamente o que fazer.
— Olhe, eu garanto que não quero nada com ela-
Foi cortado por Jeongguk, o segurando pela cintura e beijando seu pescoço.
— Jeongguk…? – Estava confuso, mas já se encontrava de olhos fechados e suspirando.
— Você precisa de uma mulher como ela? – Repetiu o que Sooyoung disse. — Não há ninguém como ela pra satisfazer você? – Falou baixo, demonstrando sua irritação com as palavras usadas.
— Ela não estava falando de você, blue… – Não lutou contra, deixando Jeongguk o encostar na parede.
— Não estava, mas claro que ela falaria se soubesse. – Desceu os beijos para a clavícula. — Eu já escutei muito isso, Taehyung… que outra pessoa pode ser melhor do que eu, e quer saber? – Olhou nos olhos dele. — Tô cansado disso. Se eu quiser, posso fazer qualquer coisa! Sou totalmente capaz disso.
— Já conversamos sobre isso, você sabe o que eu penso…
— Isso não me deixa menos frustrado. – Retirou o casaco de Taehyung. — Me deixa com vontade de provar o quanto ela tá errada.
— Mas você não precisa provar nada, my sweetie. Não precisa… – Se calou quando Jeongguk começou a desabotoar sua camisa. — Meu Deus…
— Você sabe a vontade que tenho de você. – Terminou de desabotoar. — Vou mostrar o quanto essa vontade mexe comigo.
Taehyung não ousou falar mais nada. Jeongguk deixou a camisa solta no corpo dele e o beijou, fazendo exatamente o que Taehyung disse, canalizando sua frustração. Os beijos que eles davam, em sua grande maioria, não eram eróticos, mas esse era.
Jeongguk gostava de deixar Taehyung comandar o ritmo, mas naquela vez era diferente, ele queria comandar. E Taehyung aceitou de bom grado, deixando Jeongguk mordiscar sua boca inteira, e usar a língua como bem entendesse.
As mãos de Jeongguk moveram-se além do que estava habituado. Explorou toda a pele exposta pela camisa aberta, mas desceu, explorando ainda mais. Aproveitou para encostar mais o corpo de Taehyung no seu, descendo os beijos novamente para o pescoço.
— Jeongguk… – Chamou baixo, segurando nos ombros dele. Moveu suas mãos para os músculos do braço, descobrindo como adorava tocar naquela área.
— Hum? – Os beijos foram para o peitoral, fazendo Taehyung pender a cabeça para trás. Em seguida, desceu para a barriga.
— Você sabe… o que está fazendo. – Abriu seus olhos, o encarando.
Jeongguk levantou seu corpo, deixando seu rosto rente ao de Taehyung.
— Sei… – Inclinou sua cabeça para o lado, sussurrando no ouvido de Taehyung. — E também sei que sou muito capaz de satisfazer você.
Como sinal de seu desejo, explorou a área da clavícula novamente, sugando a pele, deixando-a arroxeada.
Taehyung respirou fundo, sentindo uma fraqueza bem específica em suas pernas. Tudo que podia ser ouvido era os sons de suas arfadas.
— O único capaz. – O puxou para um beijo, demonstrando o quanto estava afetado por tudo que Jeongguk fez.
Depois de mais uma longa troca de beijos, Taehyung parou, encostando sua cabeça no ombro de Jeongguk.
— Você não tem pena de mim? – Taehyung perguntou sorrindo.
— Isso não é metade do que quero fazer. – Acariciou o cabelo dele.
— Não ache que é só você que tem tanta vontade guardada. – Desencostou da parede, passando por Jeongguk e parando atrás dele. — Ainda vou mostrar tudo o que eu quero fazer com você. – Deixou um beijo na nuca.
Foi a vez de Jeongguk ficar arrepiado.
Taehyung abotoou sua camisa, escolhendo continuar sem o casaco, e ambos sentaram no sofá. A tensão do momento anterior se dissipou, era perda de tempo continuarem irritados por algo que consideravam insignificante, preferiam apreciar o momento juntos.
— Soube que o aniversário de uma certa pessoa está chegando. – Taehyung disse, fazendo Jeongguk sorrir.
— Ainda bem que você sabe.
— Achei muita maldade você esperar eu descobrir, vou fazer o mesmo quando o meu estiver perto.
— Ei! – Fez um bico injustiçado. — Não falei porque tive vergonha… eu sabia que o Hoseok-hyung iria falar com você, então só esperei.
— Pois é, ele falou e me deixou em um completo estado de dúvida e indecisão sobre seu presente.
— Ah, não… não precisa me dar nada, é sério! – Sua voz saiu firme, mas seus olhos brilharam ao ver Taehyung citar isso.
— Você sabe que farei alguma coisa. – O puxou para perto, deixando o corpo entre suas pernas. — Eu só estou triste, pois não posso fazer uma surpresa, preciso de sua permissão para o presente.
— Oh… – Jeongguk o olhou ansioso. — O que é? Diz!
— Certo… – Taehyung não desviou seus olhos dos dele. — Eu quero pintar você.
Jeongguk abriu um sorriso gigantesco, começando a se mover, sem conter sua animação.
— Você vai pintar? Meu Deus! – Sua gargalhada animada tomou conta da sala. — Claro que você pode fazer isso! Tem toda minha permissão! – O abraçou. — Não acredito que vai pintar um quadro meu…
Taehyung o segurou em seu colo, também sorrindo.
— Não, Sweetie… não quero fazer uma pintura sua.
— Ah, então o que é? – Esperou a resposta com os olhos brilhando em curiosidade.
— Eu quero que seu corpo seja minha tela.
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