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20) desígnio

Oi!!! quero dizer uma coisa. Eu avisei há um tempo que não queria mais escrever lemon de forma explícita, como já escrevi. Queria tentar de um jeito novo, descrever a intimidade como a enxergo, e foi o que fiz aqui e pretendo fazer em todas essas situações. Particularmente gostei muito, e espero que vocês também gostem!

lembrem do votinho e da tag no tt #PaletasePoesiasTK (usem!!! eu amo quando interagem comigo lá 🥺)

Boa leitura! 💙


Na discussão entre desejo e vontade, o que sentiam naquele instante podia ser ambos.

O quarto escuro, a luz do abajur fraca, seus toques sendo ouvidos só entre os dois. Ainda em pé, Taehyung continuou a explorar a cintura de Jeongguk por debaixo da blusa, alisando a pele fria, apertando entre seus dedos.

O álcool que tomaram horas atrás não os influenciava em mais nada, estavam embriagados, só que por desejo. Qualquer som que emitiam era bem ouvido, cada toque bem sentido. A sensibilidade os rondando, prendendo, envolvendo no que estavam para iniciar.

Taehyung não dava mais beijos, e sim passava seus lábios em toda área que conseguia alcançar naquela posição. Suas mãos seguiam sobre a pele de Jeongguk, passeando pelo abdômen e peitoral. O choque gostoso de suas temperaturas corporais influenciava os arrepios que Jeongguk não parava de sentir por todo o seu corpo sem pausas. Um carinho por debaixo da roupa podia ser intenso, tão intenso quanto se estivesse despido totalmente.

Os músculos estremecendo sob os calafrios, um tremor involuntário, uma reação. Uma ondulação percorria entre suas peles, causando sensações únicas.

Parados ainda de frente para a porta, seus pensamentos se conectaram: mover-se dali seria como quebrar o encanto, o momento, a tensão. Não deveriam e nem iriam sair.

— É indescritível o ter assim nas minhas mãos, Sweetie... Tão rendido. – Sussurrou ao lado do ouvido de Jeongguk.

— Você... – Engoliu em seco. — Você também pode fazer o que quiser comigo...

A pele de Jeongguk, aos poucos, foi deixando de ser fria. Ardia, assim como a de Taehyung.

— O que eu quero agora... – Virou o rosto de Jeongguk de lado, conectando seus olhares. — é não parar de tocá-lo.

Deram início a um beijo quente, lento, carregado. Suas línguas, em sincronia, dançavam por suas bocas, os deixando mais afetados. Taehyung diria que seu novo vício era mordiscar o lábio inferior de Jeongguk, não havia sensação melhor. Mordia com cuidado, sentindo o lábio macio deslizar entre seus dentes, deixando a boca mais avermelhada, mais convidativa.

Jeongguk, além do vício no cheiro, viciou no beijo, no toque. A posição poderia os impedir de dar um beijo mais aprofundado, mas com certeza era o mais intenso, mais apetitoso. Se Taehyung tinha o costume de morder os lábios, Jeongguk gostava de puxar a língua, continuando o beijo nela, como se estivesse a sugando lentamente. Fez isso em alguns beijos, e percebeu que deixava Taehyung afetado, não parou mais de fazer.

Taehyung foi o primeiro a perder o controle.

— Você sabe bem o que esse beijo me causa, fez a mesma coisa ontem no carro. – Cessou o beijo e começou a deixar mordiscadas no lóbulo de Jeongguk. — What am I supposed to do with you, hum?

Perguntou em inglês de propósito, sabia que Jeongguk gostava. Era uma pergunta simples: "O que eu devo fazer com você?"

Com suas forças se esvaindo, junto ao seu autocontrole, Jeongguk libertou seu desejo.

— Desça suas mãos.

A fala surpreendeu tanto a Taehyung como a Jeongguk. O dono dos cabelos azuis, impulsivo, não quis mais se conter. Taehyung não esperava que ele fosse tão direto, de um modo bom o instigou além do esperado.

— Está confortável com isso? Só farei se tiver certeza.

— Você disse que não queria parar de me tocar... – Encostou novamente sua cabeça na porta, respirando fundo. — Touch me.

Respondeu em inglês como uma provocação, não havia testado antes se aquilo afetava Taehyung, porém considerando como ele soltou o ar pesadamente, apertando mais o corpo de Jeongguk em suas mãos, interpretou que sim, o afetava.

Taehyung fez o que foi mandado, descendo suas mãos que estavam posicionadas ainda na cintura dele, parando na barra da calça moletom que o emprestou. Devagar, com sua mão direita, deslizou para dentro da calça, a deixando por cima da peça íntima. Íntimo. Não havia outra palavra para descrever o que acontecia.

Sentiu, acariciou, tremeu. Ambos de olhos fechados, Taehyung com a cabeça deitada no ombro de Jeongguk, e Jeongguk com os braços apoiados na porta, encostado neles.

Ao passar pela última peça que o impedia de chegar diretamente na pele, os dois soltaram um barulho baixinho, foi inevitável. Com a movimentação em seus corpos e suas mentes, tudo ao redor ficou nublado, não pensavam em nada a não ser aquela sensação tão poderosa, foram domados. Seus sons eram controlados, seus desejos não.

A mão de Taehyung era grande, habilidosa. Seus dedos longos sabiam o que fazer. Durante minutos ficaram presos naquele contato, até Jeongguk ver suas próprias estrelas ainda de olhos fechados. Foi avassalador para ambos, os deixando desnorteados.

Permaneceram na mesma posição até suas respirações ficarem regulares e recuperarem o controle de suas pernas, que ficaram fracas no momento.

Taehyung andou até o banheiro para limpar sua mão, e Jeongguk foi até a cama se sentar e acalmar seu coração. Não sentia vergonha ou arrependimento, sentia-se realizado, satisfeito. Mas sua satisfação não foi totalmente preenchida.

Retornando, Taehyung sentou ao lado dele, o abraçando e beijando sua bochecha.

— Você parece pensativo, blue.

— Eu ainda quero beijar você.

Lembrando do momento que tiveram após o desenho, Taehyung deitou seu corpo com a barriga voltada para cima.

— Fique à vontade.

Jeongguk não perdeu tempo em sentar nas coxas dele e pender seu corpo para frente, começando sua sessão de beijos pelo pescoço amorenado. Taehyung ainda estava afetado fisicamente pelo que aconteceu minutos atrás, e tendo ciência disso, Jeongguk aproximava-se da área devagar, deixando de sentar nas coxas para sentar na pélvis.

Os beijos eram demorados, um momento único para Jeongguk. Sua demonstração de afeto e prazer era através do toque, não apenas beijava, como sua mão se movia pelos braços dele, pela barriga, por tudo que pudesse alcançar.

O próximo movimento foi no peitoral, e Jeongguk descobriu que Taehyung era sensível naquela área. Percebendo isso, explorou o máximo que pôde com sua boca e suas mãos, o fazendo remexer abaixo de si, esforçando-se para não deixar escapar nenhum barulho.

Então, chegou na parte que Jeongguk estava mais ansioso: o abdômen. Nem precisava ver para saber que era atraente, e quando viu, confirmou o óbvio. Era seu momento especial de adoração, devoção ao corpo que era apaixonado. Gastou preciosos minutos naquela área, dizendo implicitamente para Taehyung o quanto gostava dele, o quanto era perdido em seu corpo.

O conceito de vício é de algo imperfeito, uma deformação que altera fisicamente o ser humano. Jeongguk refutou essa definição enquanto distribuía beijos pela pele quente de Taehyung, sentindo-se como um viciado na sensação, no poder que tinha ao estar em cima dele, o fazendo sentir cada sentimento em forma de toque.

Cada estímulo foi demais para Taehyung, suportou o quanto pôde, até ver o próprio universo no teto de seu quarto, sentindo seu corpo tremer. Ter Jeongguk sentado em seu colo enquanto o beijava foi mais fatal do que imaginou.

Não precisaram tirar as roupas, e nem estavam com roupas provocativas. Sensualidade não tem relação alguma com isso, o prazer pode ser obtido de diversas formas, eles escolheram naquela noite o toque, o beijo, seus sentidos foram provocados, devido a isso foi tão intenso.

Taehyung teve que tomar outro banho, e quando saiu, Jeongguk tomou o seu. Não se sujou, mas estava suado, desde que o momento se iniciou o quarto ficou terrivelmente abafado.

Deitando na cama com seus corações mais leves, Jeongguk não ficou se mexendo muito, mas queria um contato a mais. Seu pé batia de leve na cama em um sinal de inquietação, cada movimento assim passava despercebido por ele, seu corpo falava sem ao menos perceber.

Taehyung sempre o interpretava, o lia como ninguém, então o abraçou de lado, em um formato de concha. Jeongguk se aninhou em seus braços, sorrindo, e assim adormeceram.

Cada um, sem exceção, acordou com ressaca.

Jeongguk e Taehyung eram os menos derrubados pelo álcool, porém ainda acordaram com dor de cabeça. Seokjin estava com um mau-humor preocupante, isso devido ao tempo que não bebia, desacostumou e exagerou. Jihoon não parecia acordado, andava pela casa como uma alma penada. Jimin era o mais resistente a bebida, os efeitos não eram mais tão fortes em seu corpo, porém Hoseok ainda vomitava um pouco.

Se entrosaram tão bem que nem parecia ser o primeiro encontro com todos reunidos – faltando Jongho –, a intimidade era de se espantar. Jimin ajudava Hoseok no banheiro e quando ficava incomodado, trocava com Jeongguk, assim ambos revezando. Taehyung tentava acalmar Seokjin, mas ele não parava de amaldiçoar o álcool e quem o criou. Jihoon apagou no sofá.

Com muita paciência e remédios, Hoseok melhorou e finalmente alimentou-se. Seokjin pegou Ninho no braço e não o deixou sair, dizia que era sua terapia.

Esforçando-se muito, Jihoon acordou e manteve-se acordado.

— Não é ressaca, é cansaço. – Jihoon se defendeu.

— Fez o quê com Seokjin para se cansar? – Jimin atiçou.

— Eu vou fazer é você sair voando pela janela, amigo metido do americano metido. – Seokjin o metralhou com os olhos.

— Guk, você parece bem demais. – Hoseok disse. — Não bebeu muito?

— Bebi sim... Mas eu sei me controlar.

— Ah, eu sei que controle é esse. – Jimin andou até Taehyung batendo nas costas dele.

A sala ficou silenciosa, com todos se entreolhando.

— Então – Hoseok sorriu nervoso. — É bom a gente ir, tenho um compromisso mais tarde.

— Pode ir sozinho, Hyung, vou com o Jihoon-hyung de trem. – Jeongguk explicou.

— Não quer que eu leve vocês? – Taehyung questionou.

— Não precisa... Quero que você descanse. – Ambos esqueceram seus amigos em volta e se encararam por longos segundos.

— Eles são esses casais grudentos, não é? – Jihoon fingiu desprezo em sua fala. — Detesto.

— Acostuma, pior quando ficam separados, parece que são capazes de passar mal se não ficarem se tocando. – Seokjin complementou.

Taehyung e Jeongguk não negaram.

Os seis se despediram com vários abraços, dizendo que um próximo encontro não demoraria a acontecer. Jihoon conversou rapidamente com Taehyung deixando seu apoio explícito ao relacionamento dele com Jeongguk. Cada palavra de apoio deixava Taehyung feliz, mais leve, por isso o abraçou forte, prometendo não decepcionar e cuidar do dono dos cabelos azuis.

Em casa, Jeongguk não parou seu trabalho, dedicou todo seu tempo para finalizar o desenho. Ficou triste por não ter falado mais o quanto adorou ter Taehyung posando para ele, o achou impecável. Foi seu primeiro desenho digital que achou realmente bom, e era suspeito a afirmar isso, considerando quem foi desenhado.

Conseguiu capturar o que planejou: o olhar que o desconcertava.

Não acreditava que havia conseguido desenhar, tentou aperfeiçoar desenhando Jihoon, depois fez um de Hoseok com uma imagem de sua cabeça para praticar, e não via muita beleza em seus traços. Desenhar um rosto é bem mais difícil do que parece, principalmente se quer deixar a aparência da pessoa muito parecida com o que é, e foi o que tentou com Taehyung. Já que ele seria o único a ver, não seria um problema o reconhecer no desenho, a angústia de Jeongguk baseava-se na possibilidade dele não gostar.

O desenho levou mais de três horas. Por três horas Taehyung ficou sentado, calado, e com seus olhos atentos à Jeongguk. Não vacilou seu olhar um segundo sequer, o que facilitou demais o desenho.

Jeongguk conseguiu fazer os traços de seu rosto, realçar os pequenos detalhes, o deixar vivo, mesmo que em uma tela digital.

Pintou o fundo, o deixando azulado, mas a parede não era azul. Os galhos deixou em branco, em sua concepção o azul realçava Taehyung. Pintou o cabelo dele em uma mistura de preto e cinza, assim como fez nos olhos. O desenho não precisava corresponder totalmente à realidade, se quisesse, deixaria Taehyung parecendo uma divindade, e era o que fazia. Os olhos ficaram brilhantes, o preto e cinza em contraste, e nas pedrinhas que pareciam belos diamantes, fez parecer que estavam refletidas na luz.

Detalhou o macacão somente nas pernas de Taehyung, pintando suas listras, vendo que ficou um grande charme as alças caídas ao lado da cintura.

O que mais gostou de pintar foi a pele, demorou mais tempo nisso, e achou o resultado incrível. Pintou como via Taehyung, e aos seus olhos, ele transbordava beleza em todos os detalhes, desde a ponta dos dedos até um fio de cabelo fora do lugar.

Sorriu ao se ver tão concentrado e devoto ao desenho digital, meses atrás criticava sem dó, chamando os desenhos de superficiais, sem vida. Apreciava a técnica, mas recusava-se a enxergar beleza.

Taehyung o fez pagar com a língua, o mostrou uma nova arte, diversas artes. Um desenho, uma poesia, um beijo indireto, o próprio beijo, o prazer em suas variadas formas.

O fatídico dia da conversa chegou. Uma tarde de domingo, não tão nublada, era o cenário que se encontrariam. Jongho insistiu para conversarem em uma praça qualquer, mas Hoseok queria que acontecesse em sua casa.

Com uma breve discussão, conseguiu convencer Jongho. Ficariam sozinhos pela tarde, a família de Hoseok viajou para o interior, não teria problema algum.

Depois do almoço, Hoseok recuperou-se totalmente da ressaca, ficando com sua aparência agradável de sempre. Não negaria, estava ansioso, muito agitado.

Jongho chegou na hora marcada, nem atrasado, nem adiantado. Também estava ansioso.

O primeiro contato foi estranho. Hoseok atendeu a porta e quis o abraçar imediatamente, mas teve receio, não sabia o que fazer ou como agir. Jongho encontrava-se na mesma situação, escolhendo o cumprimentar só com um sorriso.

Automaticamente foram para o quarto de Hoseok, todo o grupo entrou em um consenso sobre o quarto dele ser o melhor cômodo da casa.

Sentaram em cadeiras postas de frente uma para outra, os próximos movimentos fugiam do script que montaram em suas mentes. Sabendo que Jongho não tomaria a iniciativa, Hoseok falou.

— Eu fiquei... Eu tô com tanta saudade de você. Todos nós estamos...

— Ninguém sente falta de um amigo ruim. – Brincou, com um fundo de verdade. A sua verdade. — Prometi pro Guk que ia me reaproximar, então...

— Jeongguk sabe de tudo, não é?

— Sabe, mas só porque ele é bem insistente e foi me procurar na minha casa.

— Eu deveria ter feito o mesmo. – Expressou triste.

— Não, não... Já adianto que você não fez nada de errado. – Disse rápido. — Eu tô aqui por mais uma insistência do Jeongguk também.

— Não queria me ver?

— Claro que eu queria... – Seu coração doeu ao ver Hoseok com aquela expressão. — É só complicado demais isso tudo, e muito difícil de falar...

— Não precisa dizer.

— Ah, eu preciso sim. Todos dizem isso, que nada deve ser guardado, que não falar é uma tortura, que sentimentos precisavam ser ditos, mas ninguém diz o quanto isso é difícil, né? – Quando Jongho fica nervoso, torna-se tagarela também. — Não é tão simples chegar e dizer, insistem que é falta de coragem, não é nada disso! Você só pensa muito nas possibilidades, e de como tudo pode dar errado por qualquer coisa que disser... Talvez a melhor opção seja não falar, eu mesmo devia parar de falar agora, não sei! Ai, que droga! – Abaixou a cabeça, com as mãos apertando seu cabelo.

Hoseok sabia o que estava acontecendo, e se não soubesse, descobriria somente nessa fala de Jongho.

— Não precisa dizer, porque eu sei. – Encarou Jongho. — Eu sei há muito tempo, e como você, deixei isso quieto, achei melhor não dizer nada. Sendo sincero, pensei que você não gostava mais... Até isso acontecer.

Jongho chorou, um choro de alívio. Não precisou se torturar dizendo exatamente as palavras. Mas foi um choro de nervosismo também.

— C-como? Eu pensava que você não sabia, nem suspeitava...

— Entre nós quatro, apesar de eu e Jeongguk sermos próximos, as duplas eram ele e Jihoon, eu e você. Passamos muito tempo juntos, e eu sempre te observei, não tinha como não observar, não é? Um dia eu disse que gostava de cabelos coloridos, e que o vermelho parecia a melhor opção. Você era muito quieto, regrado pela mãe, mas em uma semana apareceu com o cabelo pintado de vermelho.

Hoseok falava calmo, queria passar essa calma para Jongho. Sua voz era mansa, algumas palavras saíam junto a um sorriso pequeno ao lembrar da história deles.

— E sabendo que... – Olhou para baixo. — Que eu gostava de você... – Sua garganta parecia queimar ao dizer. — Escolheu não dizer nada?

— Eu fiquei triste – Ficou em pé. — Muito triste ao perceber. Eu gostava de você, eu gosto de você, eu amo você, na verdade. E sentindo tudo isso, sabendo que você gostava de mim além, e eu não conseguia corresponder, acabou comigo. Eu passei um tempo tentando... Eu queria te deixar feliz, queria dizer que era recíproco. Quando percebi que não conseguiria, resolvi ficar calado, fiz de tudo para mantê-lo perto, até você mesmo se afastar.

— Oh... – Jongho sabia que Hoseok não falou por maldade, mas saber aquilo o machucou um pouco mais. Sentiu-se insuficiente, sentiu que não valia nada, que era impossível alguém se apaixonar por ele mesmo se esforçando. — É melhor eu ir. – Tentou conter as lágrimas caindo, sem sucesso. Levantou da cadeira enxugando o rosto com uma certa raiva.

— Eu quero que você fique... – Hoseok o abraçou apertado. — Por favor...

Jongho tentou soltar-se, mas acabou desabando no ombro dele, chorando mais. Hoseok permitiu que as lágrimas saíssem de seus olhos também.

— Você é meu melhor amigo, Jongho... Eu não quero você longe, sou egoísta o suficiente para dizer isso. Esses dias com você afastado foram horríveis, eu não quero perder você. Eu sei que devo ter algum problema, com certeza eu tenho... Não sei como não me apaixonei por você, você é incrível. – Soltou o abraço para segurar o rosto de Jongho. — Você é muito incrível. Se eu fosse listar todas suas qualidades você me mandaria calar a boca... – Riu em meio ao choro. — Tome seu tempo, se precisar, mas por favor... Não fique longe.

A franqueza dele mexeu com Jongho. O fez perceber o quanto estava sendo idiota ao achar que ficar longe resolveria alguma coisa. Não era qualquer pessoa, era seu amigo, uma amizade de anos, e queria deixar de lado por uma paixão. Sentiu-se patético.

Cada um lida de uma maneira, e Jongho percebeu que a sua não ajudou em nada, estava só piorando. Não precisava ter raiva de seu sentimento, não precisava de mágoas. Doía não tê-lo como queria, mas tinha o que precisava, e não queria enxergar isso. Tinha o amor dele, a confiança, o carinho, não precisava de nada mais.

Ambos riram do quanto a conversa ficou emotiva e de seus rostos vermelhos por chorar. O clima ficou descontraído, assim como era antes, a mesma conexão. Jongho sentiu-se inteiramente mais leve depois da conversa, e Hoseok conseguiu sentir-se menos culpado, por algo que nenhum dos dois tinha culpa. Era apenas a vida levando caminhos meio curvados.

— Eu sei que é estranho pedir isso, mas... – Hoseok sentiu uma vergonha considerável. — Posso te desenhar?

— O quê? – Jongho estranhou o pedido. — Por quê?

— É um trabalho da faculdade... É para desenhar algo que nos inspira, algo pessoal.

— Bom... E seu namorado? – Perguntou receoso.

— Quando escutei as instruções do trabalho só pensei em você.

— Eu não vejo problema, só não sei como posso te inspirar. – Riu. — Digo... Não pareço nenhum modelo.

— Você é lindo. – Hoseok afirmou com tanta certeza que deixou Jongho meio desconcertado. — E tem algo em você que me inspira muito.

— O quê? – Se achou ridículo por ter corado.

— Isso... – Aproximou-se, tocando no cabelo de Jongho. — Significa muito pra mim.

Apesar de toda a vergonha que sentiu, a timidez tomando conta, Jongho foi o modelo de Hoseok. Não estava em seu melhor dia, nem a melhor aparência devido ao choro, mas Hoseok garantiu que não havia momento mais oportuno para desenhá-lo. Colocaria toda a emoção da conversa que tiveram no desenho.

Colocaria todo seu amor por aquele cabelo vermelho em cada traço.

Jeongguk esforçava-se para não lembrar muito da noite que passou com Taehyung, sua timidez era uma droga. Conseguiu soltar-se, conseguiu fazer o que queria, mas achava que poderia ter feito mais, isso o deixou triste. Não precisaram conversar sobre, percebeu que Taehyung tinha gostado, porém sua mente era moldada por inseguranças.

Não tinha insegurança com seu corpo em si, mas sobre o usar para isso. Apesar de tudo, considerava-se inexperiente, um tanto limitado. Uma visão preconceituosa sobre sua própria sexualidade, porém não surgiu de si, e sim do que já escutou ao redor.

Pessoas que não sentem atração sexual ou que demoram a sentir são vistas como caretas, muitos não compreendem, e justamente por não compreenderem, falam o que não sabem. É um pensamento de anos, séculos, que o sexo é um fator importante ou essencial no relacionamento. Não é.

É uma opção, um consenso. Jeongguk demorou a entender isso, foi alvo de críticas diversas vezes por não ser “mais solto”, por não experimentar. Até que ele mesmo se perguntou: experimentar o quê?

Dizem que a experiência é necessário, que você precisa conhecer vários corpos e pessoas para conhecer a si mesmo, o que é uma falácia. Você conhece seu corpo sozinho, ele fala, ele diz com o quê se sente à vontade. Foi se forçando a ter experiência, que Jeongguk acabou magoado, e infelizmente descobriu assim sua demissexualidade. Queria ter descoberto de forma mais leve, menos traumática. Por pura pressão, se submeteu a uma situação desconfortável, mas com o tempo aprendeu que era totalmente errado fazer isso consigo mesmo. O respeito pelo o que você é e pelo que quer é fundamental.

Sua insegurança era não agradar Taehyung de alguma forma, seu processo pode ser mais devagar, é preciso ter paciência para sentir-se completamente liberto. Com Taehyung, seu corpo ficava à vontade, não precisava temer nada, só tinha medo do nervosismo o atrapalhar.

Mesmo querendo não lembrar de noite, lembrava. Gostava de lembrar. O tempo pareceu passar tão devagar, o quarto parecia mais escuro, mais quente, tudo o envolveu, cada sensação que sentiu foi surreal, queria viver aquilo mais vezes. Queria viver com ainda mais intensidade.

Pensou por tanto tempo nisso que sua parada na estação chegou, se encaminhando depressa para o museu.

Chegou um pouco mais cedo, antes mesmo de Eunbi estar lá, então trocou sua roupa e não teve muito o que fazer. Isso até Namjoon o chamar.

— Jeongguk? Podemos conversar? – Namjoon perguntou com seu tom de voz gentil.

— Sim, senhor! – Ambos foram para a sala particular dele. — Algum problema?

— Era para eu ter falado semana passada, porém não deu tempo. Você está tendo problemas com o Jaebum?

— Oh... Não, aconteceu um pequeno desentendimento, mas foi resolvido. – Não gostava de Jaebum, mas não queria  prejudicá-lo assim.

— Eu o vi empurrando você lá fora, fico de olho nas câmeras algumas vezes. – Disse sério. — Tem certeza que está tudo bem?

— Sim, tenho! Agradeço sua preocupação, de verdade... – Estava vermelho por aquilo. Admirava muito Namjoon, o ver preocupado lhe deixou um tanto emocionado. — Foi uma pequena discussão e nos resolvemos ali mesmo, prometo que não acontecerá de novo!

— Tudo bem, confio em você. – Levantou de sua cadeira para ir até Jeongguk e dar leves tapinhas em suas costas. — Você é um funcionário querido, e pessoalmente, simpatizo muito com você. Qualquer problema pode falar comigo, certo?

— Certo! Agradeço novamente a gentileza! – Controlou-se para não sair saltitando da sala.

Namjoon era um homem culto, inteligente, e muito talentoso. Uma obra dele era exposta no museu e pouca gente sabia disso, o próprio Namjoon pediu para não falarem que foi ele. Sua área era mais a administração, porém não negaria seu amor pela pintura, queria ter dedicado mais tempo para aprender sobre essa área, arrependia-se. Mas não era infeliz, ser dono do museu o trazia muitas oportunidades, e podia dar muitas oportunidades também.

Algumas vezes conversou com Jeongguk sobre sua intenção de transformar o museu em uma galeria de arte. Muitos não se interessavam pelos artefatos antigos que estavam lá, e sim pelas pinturas. Pretendia realizar esse desejo um dia.

Jeongguk pôde conhecer esse lado dele ao ser contratado, Namjoon contou um pouco de sua vida para o inspirar e o encorajar, criando-se assim a admiração.

O movimento do museu não estava ruim, mas também não estava cheio. Eunbi pôde ficar somente na recepção, e Jeongguk deu conta de apresentar os quadros sozinho.

Já estava um tempo sem ter momentos desconfortáveis enquanto apresentava e torcia para se manter assim. Os últimos turistas que atendeu foram muito atenciosos e simpáticos, Jeongguk gostava de explicar para pessoas assim.

Em sua última pausa, pensou que não teria mais nenhum grupo no museu, mas ao retornar, dez pessoas o aguardavam na recepção. Jeongguk arrumou-se depressa, tomou sua água e foi dar início ao pequeno passeio.

Pensou ser mais um grupo de turistas, porém observou que todos tinham traços asiáticos, isso o deixava mais à vontade, não confiava muito no seu inglês. Chegando mais perto, não só viu as pessoas, como reconheceu uma. Um homem.

Min Yoongi.

Observou e estava sendo observado. Yoongi não demonstrou surpresa ao ver Jeongguk, o que o deixou mais nervoso. Yoongi estava ali por causa dele.

Jeongguk, como um bom profissional, engoliu o enorme bolo que se formou em sua garganta, e dirigiu as pessoas ao primeiro quadro. Por todos serem coreanos, a comunicação ficou mais fácil e fizeram mais perguntas a Jeongguk acerca dos quadros, resultando em uma explicação mais longa.

Yoongi permaneceu calado, ficando mais para trás na roda que se formava ao redor dos quadros.

Ignorando seu incômodo, Jeongguk manteve-se firme até a última obra.

— Esse é um quadro de René Magritte, um artista belga que foi um dos maiores representantes do movimento surrealista no início do século XX. Há uma obra que antecedeu essa, chamada Os Amantes, e essa que vocês estão vendo chama-se Os Amantes II. É uma obra que chama bastante atenção, até porque o surrealismo veio para as pessoas questionarem seus pressupostos sobre o que é a arte. Sendo uma obra de 1928, óleo sobre tela, dimensões 54cm x 73 cm, Os Amantes II é um quadro que marcou a época e impressiona até os dias atuais.

— Eu nunca entendi por que as duas pessoas estão com os rostos cobertos... – Uma mulher comentou.

— É intrigante... Ele quis demonstrar algo íntimo, interessante e perturbador. O espaço da pintura é mais conceitual do que literal, perfeito para o que está tentando demonstrar. E esse é o intuito, se questionar o porquê ser assim, por que estão com os rostos cobertos? Isso é ligado ao amor surrealista. O surrealismo tem esse poder de misturar o cotidiano com o bizarro, seria mais uma obra comum, estão em um cenário comum e fazendo algo comum, mas por que os rostos cobertos?

— Ainda não consigo entender. – Outra mulher falou, encarando Jeongguk com uma expressão confusa.

— Os capuzes são para causar isso, e todo o significado é sobre o questionamento. Ao olharmos, somos confrontados com nossas dúvidas, então é preciso confrontar a imagem e a interpretação fica ao seu critério. Imagine refletir o amor dessa forma... Duas pessoas se abraçando ou beijando com capuzes na cabeça.

— Então... O quadro não foi feito para ser entendido? – Um homem questionou deixando Jeongguk animado com toda a confusão que estavam tendo para entender.

— Isso é o surrealismo! – Respondeu sorrindo. — Não faz parte da minha explicação, mas vou dizer para esclarecer... As características do surrealismo são: criações de cenas irreais, valorização do inconsciente, influência da psicanálise, expressividade e criação de uma realidade paralela, digamos assim. Existe uma valorização da loucura, os artistas do movimento se levavam pelo impulso, muitos até se inspiravam em seus sonhos. Eles exaltaram uma realidade superior, sem lógica, é surreal.

Com a explicação tão detalhada, o grupo pôde compreender. Jeongguk estava levando costumes da faculdade para seu trabalho, uma explicação não podia ser limitada e automática, as dúvidas surgem das maneiras mais inusitadas, e deve-se estar preparado. Na monitoria, Taehyung estava o treinando dessa forma, expandindo todo o talento dele.

Ficando entretido com as obras, quase esqueceu que Min Yoongi estava bem à sua frente.

O grupo de dispersou, alguns continuando a admirar os quadros, outros indo embora. Yoongi ficou.

— Oi, Jeongguk... – Yoongi o cumprimentou mantendo-se afastado.

— Olá, Hyung. – Tentou ficar o mais calmo possível.

— Jihoon me disse que você trabalhava aqui, antes de eu saber que você era você. – Sorriu. — Se incomoda com isso?

— Não me incomodo exatamente com você. – Disse sério. — Eu tive aquela reação semana passada porque não estava preparado, e faz muito tempo...

— Eu continuo me impressionando com você. Há quatro anos você morria de medo de falar em público, agora está com essa desenvoltura... Não me surpreendo com a inteligência, pois você sempre foi brilhante.

— A faculdade muda a gente, né? – Continuou o assunto para mascarar sua vergonha pelo elogio. — Por mais que seja difícil, tem uns pontos positivos.

— Seguiu as Artes Visuais... Eu disse que era o curso perfeito para você.

— Jihoon contou tudo?

— Ele fala muito de você, só não dizia seu nome, eu não queria parecer intrometido e perguntar. Era sempre “o meu amigo”, “o amigo que mora comigo”, “aquele marrento de cabelo azul.”

— Marrento de cabelo azul? – Deu uma gargalhada sincera.

— Ele não mentiu... Marrento você é, e agora tem cabelo azul. Gostei do retoque, aliás. – Yoongi era sútil em suas falas, conseguia elogiar sem parecer forçado, sem deixar um constrangimento pairando no ar.

— Obrigado... – Encarou o chão. — Eu vou trocar de roupa, largo agora. Vai continuar aqui? – Perguntou por educação, sabia que Yoongi não foi ver somente os quadros.

— Esperarei você.

Jeongguk foi para o banheiro, mas antes de entrar, uma pequena mão o puxou.

— Quem é? – Eunbi questionou sussurrando.

— Um antigo amigo... – Sussurrou de volta.

— Você tem aquela conversa comigo e me diz que é amigo antigo?

— Intrometida!

— Boa sorte com o ex! – Deu uma piscadela deixando Jeongguk entrar no banheiro.

Referir-se a Yoongi como ex deixava Jeongguk mais nervoso. Estava conversando de maneira leve com ele, mas sabia que não duraria muito tempo, não podiam ignorar o passado de um modo tão fácil. Como todas as decisões que tomou no último mês, pensou em como isso o afetaria, se precisava fazer aquilo.

Yoongi foi um amigo incrível, Jeongguk aprendeu a explorar seus sentimentos com ele, descobriu o que gostava com ele. O peso da relação, mesmo curta, era imenso. Não tinha vergonha de conversar com ele, e sim de encarar o que fez. Sentia-se à vontade, tão à vontade como há quatro anos. Não precisava ter tanto medo de encarar suas ações, não fez coisas absurdas, mas admitia a covardia.

Depois de trocar de roupa, encarou seu reflexo no espelho, era assim que se encorajava. Não era mais o Jeongguk covarde que não sabia se expressar, seu eu mudou, então suas atitudes precisavam mudar também.

De frente para ele novamente, Yoongi voltou a falar.

— Eu pensei que a gente podia conversar... – Sugeriu receoso. — Não quero algo estranho nos rodeando, ainda mais porque tenho que ir na sua casa ajudar Jihoon. Não precisamos falar exatamente sobre aquilo – Fez questão de frisar. — É só para ficarmos tranquilos...

— Podemos conversar sobre aquilo também. – Não vacilou ao dizer.

— Você quer isso?

— Eu quero.

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