Não o encontro de seus sonhos
Lupin era o mais decidido e Severus gostava disso, porque, enquanto andava em direção ao seu encontro, imaginava-o prensando-o contra uma parede e se deliciando com os seus lábios. Foi com esse pensamento alegre, que Severus encontrou-o na biblioteca, aguardando-o enquanto lia a um livro.
-Qual o nome?--Perguntou sem rodeios, as mãos atrás das costas e o sorriso brincando em seus lábios, enquanto os pés movimentavam-se para a frente e para trás, como uma gangorra.
Remus não se assustou com a aproximação, obviamente contente ao vê-lo aí. Severus sorriu quando Lupin também sorriu, os lábios belíssimos em um formato adorável.
-É um livro de Defesa Contra as Artes das Trevas.--Comentou, largando-o na prateleira.--Pensei que seria divertido colocar em prática alguns assuntos. É a sua matéria favorita, não?
Severus aprovou a ideia. Piscando repetidas vezes, levou as mãos em frente ao corpo e cruzou-as aí, forçando os pés a ficarem parados. Olhou para Lupin como se ele fosse um novo gênio descoberto.
-Eu gostei muito desta ideia.--Ele realmente havia.--Você é uma espécie de gênio, Remus.
-É claro que precisamos fugir dos professores, mas temos uma boa justificativa.
-E qual é?--Severus soou curioso.
-Estaremos estudando, teoricamente, para a prova que ainda não foi marcada, mas sabemos que será.
Severus franze uma sobrancelha. Lupin era um sujeito interessante.
-Achei maravilhoso.
Remus fingiu o seu melhor dá de ombros indiferente, mas estava sorrindo de uma forma tão adorável e tenra, que o sonserino não pôde deixar de sorrir também. Severus se aproximou, colocando-se próximo o suficiente para conseguir sentir a respiração desgovernada do outro. Ergueu o braço para retirar o livro da prateleira, aproximando-se ainda mais. Lupin não se mexeu.
Quando Severus voltou a se colocar a alguns passos de distância, o pobre garoto estava completamente corado.
-Creio que precisamos do livro.--Falou de forma tão ingênua, que Remus não negou.
***
O céu estava nublado, o clima perfeito para um duelo. Severus e Remus colocaram-se no Campo de Quadribol, crendo que lá havia espaço o suficiente para eles se divertirem. O sonserino já sentia-se eufórico quando eles decidiram começar o encontro com um duelo amigável antes de estudarem. Assim descobririam quais feitiços eles tinham mais dificuldade.
Era maravilhoso!
O problema é que a ideia não saiu como o planejado. Lupin, obviamente, tentou ser cordial, tacando um simples feitiço em Severus, quando o sonserino simplesmente decidiu tacar logo uma maldição, que jogou o pobre grifinório a uma distância assustadora, fazendo-o passar por uma das arquibancadas. Gritando, Severus correu até Lupin, que saia com dificuldade do meio dos escombros.
-DESCULPA!--Severus deu um grito tão alto, que a palavra ecoou pelo campo.--Não pensei que você fosse pegar leve! Caralho, quem taca um feitiço de cócegas no coleguinha em um duelo?!
A perna de Remus estava... Bem... Severus preferiu não comentar.
-M..Me lev..leva na en..enfermaria.--Remus gemeu, não querendo discutir a respeito dos feitiços passáveis em um duelo.
Severus o levitou com cuidado, o coração acelerado enquanto o movia em direção à enfermaria. Madame Promfey, assustada, não fez perguntas antes de colocar Remus no leito mais próximo e checar a sua perna que, obviamente, estava quebrada.
Quando Remus já estava medicado e bebera a poção para remendar o osso, Severus sentou-se ao seu lado, a cabeça abaixada e a culpa gritante. A enfermeira saíra, provavelmente, para chamar Dumbledore. Pegaria uma detenção e tanto por ter duelado fora da aula, só esperava que não fosse com o Slughorn ou, pior, com a Sprott. Era uma época péssima para pegar detenção com a professora de Herbologia.
Quando Severus finalmente decidiu olhar para o rosto de Remus, esse sorria.
-Não fica se culpando,--Remus partiu a falar-- deveríamos ter conversado melhor antes de começarmos. Mas que maldição foi essa? Que força!
-Você poderia ter acabado com mais do que uma perna quebrada, Remus.--Severus sorriu, mas não com muita força.--Desculpa, deveria ter lançado um feitiço mais simples.
-Do que vale a vida sem uma aventura?--Remus falou rindo alto, mas gemeu de dor em seguida.--Acho incrível ter sido você a quebrar a minha perna.
Severus deveria ter rido, mas a culpa o impediu de sentir-se bem. Dumbledore adentrou a enfermaria com Madame Promfey, as sobrancelhas arqueadas de maneira sábia e as mãos na cintura. Mesmo antes de falar, Severus previu as palavras que ele diria com a voz baixa e, ao mesmo tempo, forte.
-O que estavam fazendo, meninos?
Na mosca!
-Não estávamos brigando!--Remus partiu para a defensiva.--Nós queríamos duelar para treinar para a prova que será marcada, provavelmente, na próxima aula de DCAT.
Dumbledore não pareceu acreditar, se fosse um professor como a Sprott ou, talvez, o próprio professor de DCAT, talvez tivesse acreditado. Mas quem estava na frente dos dois era o próprio Albus Dumbledore. As mentiras que os dois poderiam inventar não eram páreos àquele homem.
-Não sei o motivo, mas eu não acredito em vocês.
Severus reteve a vontade gritante de bufar. Tentou pensar em qualquer mentira que Dumbledore pudesse acreditar, mas é claro que nada veio à sua mente. Como dissera antes, nada era páreo àquele homem.
-Estávamos em um encontro.--Lupin tomou a dianteira, o que provocou um grave ataque de tosses em Severus.--Eu planejei estudarmos juntos, já que é algo que nós dois gostamos. DCAT é a matéria favorita de Snape e eu também gosto muito dela, pensei que seria legal começar com um duelo para saber quais feitiços tínhamos mais dificuldades para estudarmos com mais destreza. Só não saiu como o planejado.
Severus preferia que Lupin não tivesse decidido pela verdade, mas, já que ele havia começado com o assunto, o que poderia fazer senão continuar a explicar?
-Eu me animei e acabei lançando uma maldição forte demais. Lupin saiu voando e acabou passando por uma arquibancada.
Abaixou a cabeça, envergonhado. Não havia, porém, vergonha nenhuma em estar em um encontro com um cara, mas a sociedade bruxa era tão evoluída quanto a trouxa neste aspecto. No baile que fora com Lucius, atraiu mais olhares do que normalmente atraia e não eram todos invejosos ou deprimidos.
Dumbledore não pareceu enojado, tampouco Madame Promfey, o diretor apenas soltou uma risada um pouco alta demais.
-Não foi o melhor encontro do mundo, imagino.--Dumbledore olhou de um para o outro, os olhos brilhantes.--Porém, terei que colocá-los em detenção.
Severus bufou, talvez alto demais.
-Por favor, tudo menos...
Antes que terminasse de falar, Dumbledore já o interrompia:
-Madame Sprout gostará de tê-los como ajudantes com as Mandrágoras.
Era exatamente isso que Severus não queria ter que fazer, ajudar com as Mandrágoras, que só eram boas para fazer poções.
-Tudo bem, diretor, mas quando será?--Remus perguntou com a voz mais calma possível, embora Severus imaginasse que ele também não estivesse feliz.
-Amanhã à tarde, após as aulas acabarem.
-Tudo bem, estaremos lá.
Acenando, Dumbledore os deixou a sós e Madame Promfey, adorável seja, permitiu que Severus ficasse por mais algum tempo com Remus. Ela fechou a cortina ao redor da cama e deixou-os.
-Não é tão ruim.--Remus comentou.--Teremos mais um tempinho juntos.
Olhando por esse lado, o sonserino imaginou que não era ruim mesmo. Severus sorriu, dessa vez sem dificuldade.
-Tem razão.
Os dois entraram em um silêncio sem graça, somente preenchido por seus olhos um no outro e o barulho fraco de uma chuva que começava a cair. Severus engoliu em seco quando viu os orbes de Lupin tornarem-se tristes.
-Eu deveria ter tomado cuidado para não ter estragado o encontro, Remus. Mas não fica triste, podemos nos divertir amanhã enquanto ajudamos com as Mandrágoras!--Severus tentou e Remus riu, a cabeça descansando no travesseiro. Ele parecia estar com dor.
-Está doendo bastante?
Lupin deu de ombros, como se tentasse se fazer de forte. Obviamente, era aquele clichê do: "Não se preocupe, gato, eu sou de ferro!" que os caras constantemente faziam.
-Não, só faz cócegas.
Se Lupin fosse qualquer outra pessoa, Severus teria tocado em sua perna para vê-lo ofegante.
-Está tudo bem sentir dor, Remus. Não irei julgá-lo.
O grifinório fungou alto, as lágrimas acumuladas em suas orbes. Culpado, Severus se levantou da cadeira e colocou-se deitado ao seu lado na cama, próximo o suficiente para Lupin esquecer a dor por alguns segundos.
-Até madame Promfey me expulsar, eu não sairei daqui.
Severus teve a impressão de ver Lupin corar ao extremo, embora não tivesse virado o rosto para olhá-lo. Foi com surpresa que sentiu um selinho em sua bochecha.
-Obrigado, Severus.--Lupin falou baixo.--Você é uma espécie de anjo.
Snape virou o rosto somente pela metade, analisando aquelas orbes curiosas, que desciam de seus olhos para a sua boca com constância. Sorrindo, Severus aproximou-se e selou seus lábios em um beijo casto, que não perdurou por mais do que alguns poucos segundos.
-Te beijo de verdade se a sua perna melhorar até a noite.
Lupin pareceu aceitar o desafio.
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