Escolha indecente, mas quem se importa?
Remus virou-se para James e Sirius, com as mãos na cintura e um sorriso vitorioso na face.
–Garanto que não estão achando a minha ideia tão ruim agora!--Abriu os braços e ergueu a sobrancelha direita de uma maneira tão irritante, mas tão irritante, que foi o suficiente para James e Sirius olharem-no irritados.
–Esta ideia é doida!--Sirius quase gritou, mas conteve o impulso ao pensar que Severus poderia estar tentando escutá-los por trás da porta.--Ele jamais aceitaria!
–Não tentamos perguntar.--James deu de ombros, mas com o rosto levemente contorcido numa carreta engraçada.--Vai ser estranho, mas, se é a única maneira de tê-lo, eu estou dentro.
–Como vamos dividi-lo?!--Sirius estava a um passo de chorar.--Iremos brigar sem parar!
–Não é muito diferente do que fazemos normalmente.--Remus deu um risinho baixo, o rosto mesclado em sonhos.--Mas, falando sério, nós podemos entrar em um consenso. É melhor do que ele se afastar por não conseguir decidir entre nós.
Sirius e James não queriam concordar com Remus, mas tinham que ligar os pontos. Severus poderia muito bem se afastar caso não fosse capaz de decidir e isso não os agradava. Então, contrariando a vontade deles, Remus estava certo.
–Tudo bem.--Sirius respirou fundo, dando-se por vencido.--Aceitamos. Mande-o entrar.
James queria bater em alguém. Dividir comida, tudo bem, mas dividir o namorado era demais. Quando Remus abriu a porta e acenou para que Severus adentrasse o recinto, ele teve que forçar o sorriso a aparecer no rosto.
–Severus,--Remus começou a falar–precisamos fazer uma espécie de proposta a você.
–Vai ajudar a resolver o meu problema?--Severus brincou, obviamente nervoso. O vermelho em suas bochechas era perfeitamente nítido.
–Sim.--Sirius respondeu sério, o que pareceu desconcentrar Severus. O sonserino não parecia esperar por uma confirmação.
–Sim?--Olhou de um para o outro, parando os olhos sobre Remus. Mas foi James quem tomou a dianteira:
–Você não está conseguindo decidir entre nós três e confessou ter tido esse sonho...--James olhou para Remus como se pedisse socorro, mas, mesmo assim, continuou a falar:--Então... Bem, nós não queremos que você decida deixar de nos querer por causa disso... E... Bem...
–JAMES!--Sirius reclamou da demora.--Fala de uma vez!
–Deixa que eu falo!--Lupin colocou as mãos na cintura e foi tão direto quanto um coice--Quer namorar nós três?
Remus poderia ter atirado uma bomba em cima de Severus que o efeito seria o mesmo. O garoto piscou seguidamente e abriu e fechou a boca tantas vezes, mas tantas vezes, que James quase começou a chorar de nervoso. Sirius parecia um baita de um cabeçudo com aquele biquinho em seus lábios. Já Remus... Bem... Esse esperava.
–É o quê?--Severus perguntou baixo, crendo que não havia escutado direito.
–Nenhum de nós está disposto a correr o risco de perder você.--Sirius tenta controlar o tom de voz para que não pareça grosso, embora tenha ficado nítido a dificuldade.--Se você aceitar, ficaremos felizes em dividi-lo.
Severus não disse nada, mas sentiu que era um pedaço de bolo. Olhando de um para o outro, tentou respirar fundo para recuperar os sentidos. Caramba... Que espécie de pedido era esse?
–Vocês...–Pigarreou para recuperar o tom normal de voz.--Estão sugerindo que eu namore os três?
–Sim.--Remus sorriu.--Claro, a escolha é sua.
Engoliu em seco. Não estava conseguindo ver os pontos ruins, tampouco os bons. Para dizer a verdade, mal tinha entendido a proposta.
–Eu preciso pensar.--Disse sem olhar para eles, aproveitando que ainda conseguia sentir os pés, para andar em direção à Sonserina.
***
Não se orgulhava de dizer que não teve coragem de subir para o almoço. Também não se orgulhava de dizer que, quando a ficha finalmente caiu sobre o pedido, o sonho da noite passada custou a deixá-lo em paz.
Era loucura! O que as pessoas diriam? Se bem que ele nunca havia se importado com as opiniões... Mas namorar três caras?! Seria um louco se aceitasse. Se bem que a ideia de ter três não era ruim.
Argh! Não conseguia deixar de gostar da ideia de ser mimado por três criaturas extremamente fofas e dispostas. Se um não estivesse disponível, o outro estaria. Era o paraíso! E Severus queria chorar por considerar isso um paraíso.
No final das contas, não importava o quão errado considerasse, acabaria aceitando tamanha proposta indecente.
A vontade de chorar era do tamanho de Hogwarts, mas a de pular de alegria estava ultrapassando a Inglaterra.
Como ele chegaria perto daqueles três sem sentir as pernas falhando de nervoso para dizer o sim que eles queriam? Teria um treco antes de cruzar metade de Hogwarts.
Colocou-se em pé e respirou fundo. Ele iria mesmo até a grifinória para vê-los? Iria agora? O que ele tinha na cabeça além de merda?
Antes sequer de chegar à saída da sonserina, Severus já sabia que iria cair e morrer por antecipação. Cruzou Hogwarts inteira até estar em frente à entrada da grifinória, mas, antes que dissesse a senha, a entrada se abriu e uma figura de excêntricos cabelos bagunçados arregalou os olhos à sua presença.
–Severus?--A voz de James soou falhada e baixa. Ele pigarreou para conseguir falar.--Se decidiu?
O sonserino engoliu em seco e meneou a cabeça.
–Decidi.--A sua voz não passou de um fiapo.
–Oh meu Deus!--James exclamou e apontou para dentro da grifinória.--Pode entrar!
Acompanhou-o para dentro, notando os olhares irritados de alguns dos grifinórios presentes. Quando estavam próximos o suficiente do dormitório, Severus tomou coragem para perguntar e mudar um pouco do fluxo de seus pensamentos:
–Estava indo aonde?
James pareceu ficar assustado por escutá-lo falando.
–Esticar as pernas.--Respondeu com um leve pestanejar.--Meu nervosismo estava cruzando a Via Láctea.
Severus não riu, talvez porque estivesse na mesma situação.
Quando James abriu a porta do dormitório que compartilhava com os outros dois, uma leve discussão soava pelas paredes do quarto. Sirius e Remus pareciam brigar porque, segundo Sirius, haviam o assustado com a proposta e, portanto, receberiam um não como resposta.
Bem... Haviam o assustado, claro, mas não receberiam o não.
Severus pigarrou quando adentrou o espaço, atraindo a atenção deles quase que ao mesmo instante. Quase riu diante da surpresa de Sirius, mas fora impedido pelo próprio nervosismo.
–Severus?--A voz de Remus é um ofegar.--Decidiu?
Meneou a cabeça, incapaz de olhá-los por mais do que por alguns segundos.
Um silêncio irritante preencheu o quarto, irritando aos três e ao próprio Severus, que se sentia pregado ao chão.
–Então?--Sirius exigiu, os olhos arregalados.
Certo... Severus não conseguiu medir o que aconteceria em seguida. Tinha um certo medo de eles pularem em cima dele e o sufocarem, mas respirou fundo, fechou os olhos e soou da maneira que só ele sabia soar:
Sério em um momento caótico como aquele.
–Eu aceito namorar os três!--As palavras soaram como de outra pessoa e pareceram pegar Sirius de surpresa, mas, de forma alguma, pegou Remus de surpresa. O licantropo deu um salto no ar e correu em sua direção, somente para parar segundos antes de jogar-se em cima de si.
Severus agradeceu pelo autocontrole da criatura.
–Você aceitou?--A voz de James soou confusa ao seu lado.--O que fazemos agora?
Julgando pela confusão, a ficha de Potter não havia caído. Severus olhou de um para o outro, vendo o olhar estático de Sirius, passando pela felicidade de Remus, até chegar à confusão de James.
Sorriu e tentou soar menos sério (seu nervosismo mascarado).
–O que namorados fazem?--Perguntou, soltando uma risada em seguida.
Sirius mudou a expressão, assumindo um olhar malicioso que, somente por um instante, excitou Severus.
–Namorados fazem muita coisa.--Falou rouco.
Remus o repreendeu com o olhar.
–Sirius!--Soltou, olhando em seguida para Snape com um sorriso lindo.--Desculpa, Severus.
Comicamente, não havia se importado nenhum pouco. Sentiu a necessidade de provar logo da boca dos três. mas não quis assustá-los (embora, claramente, não fosse fazer mais do que deixá-los felizes caso pedisse um beijo de cada.).
–Bem...–Severus quis retirar o clima estranho que tomara conta do quarto.--Que tal irmos para a cozinha fazer um lanche? Garanto que James ficaria feliz em fazer um bolo de coco.
À menção do bolo, James balançou a cabeça, largando de seu estupor, e sorriu.
–Aceito fazer um bolo!
Severus não esperou que eles fossem até a porta. Julgando pela forma que o olhavam, ficariam plantados no chão até o dia seguinte. A ideia de ficar no dormitório, deitar na cama e pedir para que eles fizessem um belo trabalho, o encheu de vontade, mas a vergonha o impediu totalmente de pedir.
–Não vão vir?--Perguntou ao chegar à porta, a abrindo de forma que não assustasse a James, o mais próximo e, ainda, o mais assustado--Estão muito quietos para o meu gosto!
James correu até a porta, visivelmente com medo do tom de Severus (sua tentativa de não assustá-lo fora, obviamente, em vão). O que era para ser uma brincadeira, parecera, para o Potter, um sinal de alerta.
–Deixa eu adivinhar.--Soou mais alegre.--Você está com medo de eu desistir da ideia?
–Todos estamos.--Sirius riu, aproximando-se do corredor.--Tememos que você mude de ideia.
Severus pensou em todas as respostas possíveis, mas nenhuma pareceu melhor do que a que ele deu:
–Eu não costumo desistir em meio a um projeto.
Eles não entenderam e, justamente por esse motivo, Severus sorriu. Seria divertido namorá-los.
–Vamos.--Pegou na mão de James, que arregalou os olhos, mas a apertou em resposta.--Eu estou com saudade do seu bolo!
Sirius e Remus aproximaram-se correndo, brigando para saber quem pegaria na outra outra mão de Severus. Diante disso, ele teve que revisar até chegar à cozinha, onde os soltou com um certo pesar.
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