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Não Planejado

Graham Carter

Estou esperando no carro, não parece muito, mas queria levar Savannah em um lugar legal, ela era uma garota bem legal, daquelas garotas bem esforçadas.

Ficamos a noite toda no gelo e ela ainda queria treinar mais, porém eu já estava morrendo de sono e com o corpo todo dolorido.

Não sabia que ela se chocava comigo tão forte, nas primeiras cinco vezes foi fácil, mas depois começou a ficar mais forte.

Vejo ela vindo na minha direção, esta toda coberta, uma hora vi ela afastar a manga no treino e vi seu ombro cheio de hematomas.

Uma pessoa que não a conhece podia dizer que alguém estava agredindo ela, mas sabíamos que ela estava só se esforçando por uma coisa que iria conseguir.

-Oi.- ela sorri entrando.

-Pronta para a melhor noite da sua vida?- pergunto enquanto ela coloca o sinto.

-Melhor noite?- ela franze as sobrancelhas loiras.- As vezes fico me perguntando se você sonha dormindo consigo mesmo, abusado.

-Só as vezes, linda, para não manter meu ego inflado por muito tempo.- começo a dirigir.

-Ah, claro, ninguém quer isso.- ela coloca os cabelos para trás.

-Então...- fico curioso.- Vi você com Dean Copeland...

-Nem venha.- ela balança a cabeça.

-O que? Transou com o cara e ele foi embora sem falar com você?- pergunto mais curioso e ela ri.

-Nunca, jamais, transaria com Dean Copeland.- ela faz careta.- Ele é...- ela para e fico curioso.

-Ele é...- encorajo ela.

-Um idiota que se aproveita de garotas.- ela fala e sinto que não era isso.- Para onde vamos?

-Melhor bar da cidade.- entro na avenida principal.

-Mas eu não...como você descobriu que eu tinha carteira falsa?- pergunto.

-Estava torcendo para ter, na verdade.- sorrio e ela revira os olhos.- Vai, linda, se você não estivesse gostando já teria saltado do carro.

-Estou pensando seriamente nisso.- ela olha pela janela.

-Já falamos sobre sua infância chata e sua mãe controladora.- eu digo e ela ri baixinho.- Pai?

-Ele é um amor.- ela fala doce.- Sempre me deu tudo que podia, e ia sempre nas minhas apresentações para ficar torcendo.

-Namorados?- não estou com pressa em chegar.

-Um.- ela cruza as pernas ficando confortável.- Mas um idiota.

-Por que?- fico curioso de novo.

É incrível como essa menina possa me deixar tão curioso, nem conheço ela direito e já estamos falando sobre a família dela.

-Ele queria que eu fosse igual as outras.- ela balança a mão.- Roupas curtas. Loira burra.

-Loira, com certeza.- observo seus cabelos.- Burra, com certeza não.- falo e ela sorri.

-Mas e você?- ela vida para mim.- Família?

-Pai e mãe legais.- balanço os ombros.- Filho único, mimado sempre.

-Por isso ficou assim.- ela estala a língua fingindo pena.- Coitados.

-Eles são bem orgulhosos, todos os jogos estão lá, acham que vou ser um jogador de hóquei famoso.- explico e ela me observa.

-Isso cola com todas?- ela pergunta e paro em um sinal.

-O que?- olho para ela.

-Ficaria toda derretida, se você não estivesse em um tom muito confiante falando isso.- ela sorri.

Esqueço que ela pode me ler a qualquer momento, observo os olhos azuis esverdeados e em como ela parece tão inocente e ao mesmo tempo tão letal.

-Não pode usar seu trabalho aqui.- murmuro.

-Não uso o meu se você não usar o seu.- ela levanta as sobrancelhas.

-Justo.- volto a dirigir.- O que mais?

-Namoradas?- ela murmura.

-Duas no colégio e mais nada depois da faculdade.- entro na rua mais movimentada.

-Que orgulho.- ela fala rindo e estaciono.

-Espere aí.

Pego meu casaco e saio do carro, dói a volta e abro a porta dela, Savannah para ao meu lado e franze as sobrancelhas olhando para o bar que sempre foi quando estou na cidade.

Seguro a mão dela e fico feliz por não receber uma agressão, verbal ou física, levo ela até a porta e o segurança me deixa entrar logo que vê.

Somos esbarrado por várias pessoas e ela aperta minha mão ficando mais próxima de mim, gosto daquela aproximação, mesmo que seja só para não se perder.

Olho para o lado e vejo quem eu realmente não queria ver, Dean Copeland e o mais novo irmãozinho dele, sério, quantos filhos aquele pai idiota dele teve?

Não tinha muita coisa do que reclamar, mas o pai de Dean tinha tirado o emprego do meu ao comprar a oficina na qual trabalhava.

Meu pai passou um sufoco para pagar minha faculdade antes de eu conseguir pagar sozinho, o coitado não tinha onde cair morto.

-Ah, merda.- vejo que ele nos viu.

-O que?- ela parece curiosa.

-Nada não.- ele levanta e eu puxo ela para o outro lado do bar.

-Você está com raiva.- ela me observa ao ficarmos atrás do bar e eu cobri-la com meu corpo.- O que está fazendo?

-Nada.- apoio minhas mãos na parede e vejo que ela está vermelha.

Não precisava olhar muito para saber que Savannah ainda era virgem, não pretendia ser o cara que tiraria a virgindade dela, mas ao mesmo tempo, queria.

Dean passa por nós e eu continuo naquela mesma posição, ela franze as sobrancelhas confusa, adoro quando fica assim, parece que vai me....

Sinto o murro dela nas minhas costelas e me afasto as segurando, Savannah balança a mão gemendo de dor e suspira.

-Não faça isso de novo.- ela fala com raiva.

-Eu entendi.- me apoio na bancada.- Quer beber algo?

-Ela não vai beber nada.- um cara aparece.

-Merda.- Savannah parece ficar desconfortável.

-Cara, vai embora.- puxo ela para mim e a coloco para trás.

-Ela é menor de idade, Carter.- Dean aparece.

-E o que você tem haver?- sinto ela puxar meu casaco.- Ei!- afasto Nate quando ele tenta se aproximar.

-Savannah.- Dean chama ela como se fosse seu pai.

-Vamos embora, linda.- começo a puxar ela.- O que fez para esses caras?

-Nada.- ela parece abatida.- Para onde vamos?

-Ideia melhor de encontro.- conseguimos sair do bar.- Você e eu. Lanchonete.

-Graças a Deus.- ela murmura e rio.

Savannah Willians

Batata fritas e milk-shake era bem melhor que aquela música ensurdecedora e meus "irmãos" dando uma de super protetores.

Dá para ver que Carter não gosta deles, na verdade ele parece não gostar do nome Copeland em si, o que é algo bem ruim para mim.

Mas ele não percebeu nada, então eu também não vou dizer nada, só que eu fui adotava, ele nem quis saber muito disso, e pronto, foi isso.

-Animais de estimação?- arrumo minhas pernas.

Estavamos sentados na caçamba da caminhonete, acho que aquela era a coisa mais legal que tinha feito desde que cheguei aqui.

-Um cachorro.- como batata frita.

-Deixe eu adivinhar.- ele toma um pouco do refrigerante.- Golden retriever?

-Idiota.- sorrio quando ele acerta.- E você?

-O pastor alemão do meu vizinho era legal comigo.- ele balança os ombros.

-Ah, coitadinho, nunca ganhou um cachorrinho amigo.- faço bico e ele me observa.- O que?- pergunto.

-Você fica bonita até quando está fazendo careta.- ele murmura.

-Para com isso, Carter.- chuto a perna dele e o mesmo ri.

-Ok, então.- ele pega um pico de batata.

-E...- olho para o céu, está bem escuro, mas as estrelas iluminam bem.- Por que odeia Dean?

Ele fica calado e limpa as mãos, observo sua mandíbula tensionar por baixo da barba rala, percebo que estou observando muito ele.

-Meu pai foi despedido por culpa do pai deles.- ele fala sério.- Perdeu a própria oficina e não teve dinheiro por muito tempo.

-Ah...- eu de certa forma me sinto culpada.- Eu sinto muito.

-Não foi culpa sua.- ele tenta sorrir.- Você não é o cara...

Eu sou filha dele. Mordo os lábios antes de falar isso e Carter me observa, seus dedos tocam meu queixo e olho para sua boca.

Os lábios dele estão se aproximando dos meus e eu não vou conseguir, não sabendo que se ele descobrir de quem sou filha...vai surtar.

-Podemos ser amigos.- me afasto.- Mas, eu...

-Tudo bem.- ele se afasta.

Fico surpresa, os caras com quem estive nunca aceitaram bem isso, Carter parecia ter aceitado isso numa boa, estava esperando ele gritar comigo.

-Vou deixar você.- ele joga as coisas no lixo.- Vai treinar amanhã?

-Um pouco.- saio da caçamba com ajuda dele.

-Não vou poder treinar amanhã.- ele fecha e começa a me levar para a porta.

-Tudo bem, eu vou treinar o resto da coreografia.- explico.- Carter.

Seguro o ombro dele antes de entrar e mordo o lábio, ele parece curioso para saber o que eu quero falar.

-Tem certeza que está tudo bem?- pergunto.

-Claro, podemos ser amigos.- ele sorri abrindo a porta.- Só não me atinja com tanta força.

-Isso não era um requisito?- levanto a sobrancelha e ele ri.

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