Savannah Willians

-Pare de mexer.- bato na mão de Carter.

-É tão legal.- ele continua mexendo nas franjas do meu traje.

Sorrio voltando a amarrar os cadarços e ele continua brincando, não sei se rio ou se continuo batendo nele por mexer no meu traje.

-Para, Carter.- pego o espelhinho da bolsa e checo a maquiagem.

-Está boa, Sav.- ele tira o espelho da minha mão.

-Estou nervosa.- mordo o lábio.- Meus...- paro antes de dizer que Ethan, Dean e Nate estão na plateia. Eu já vi.- Parece que meus pais estão aqui.

-Não pense neles.- ele me observa.- Vi você treinando, está perfeito.

-Não perfeito....

-Perfeito.- ele repete.- E, minha mãe veio.

-O que?- arregalou os olhos.

-Posso ter comentado que estaria aqui ela quis vir também.- ele sorri.- Deve ter comprado vários apitos.

-Ah...- sorrio.- Ah, eu vou chorar, Carter.

-Não faça isso, pelo amor de deus, aquela menina vai vir com os pincéis assustadores.- ele fala e eu rio.

-Obrigada.- toco a coxa dele e Carter trava o maxilar.

-De nada.- ele fala rouco.

-Ok.- eu levanto e aceno para minha treinadora.

Carter toca minha lombar e acaricia antes de sair para ir até seu canto, respiro fundo várias vezes, já fiz isso diversas vezes, mas mesmo assim fico nervosa sempre.

Mordo o lábio e aperto meu braço com força, faço isso várias vezes antes de começarem a anunciar meu nome e posição.

✩

Graham Carter

Sento ao lado da minha mãe e coloco as mãos dentro dos bolsos da jaqueta com nervosismo, ela tinha passado o nervosismo para mim.

Não tinha porque estar assim, ela tinha treinado até o último segundo, e estava muito bom, nem se ela quisesse iria errar.

A música começa a tocar, ouço a melodia triste e Savannah entra no gelo, as luzes estão apagadas e fica tudo escuro, luzes azuis ligam e a música começa.

Reconheço aquela música, So Cold do Ben Cocks, aquela música geralmente não é muito conhecida, mas parece ser a música certa para a coreografia.

Savannah faz movimentos artísticos, seu corpo é leve e seu rosto permanece imóvel enquanto patina pela pista inteira de dança como se os patins fossem parte de seu corpo.

-Ah, ela é tão boa.- minha mãe fala ao meu lado.- E tão linda, a cor fica muito bem nela.

Minha mãe falava do uniforme azul gelo e com brilhantes, as franjas nos braços eram escuras, mas era como se daqui eu tivesse encarando os olhos dela.

Não sei quanto tempo levo seguindo ela pela pista, tentando descrever todos seus movimentos e ouvir os suspiros da minha mãe.

A música para e ela para ao mesmo tempo na posição de encerramento, bem no meio da pista, como se fosse uma grande coincidência.

As luzes se acendem e ela sai da pista, uma onda de aplausos soa e vejo minha mãe  quase perdendo as mãos de tanto aplaudir.

-Ela disse que podíamos esperar perto do vestiário, já que outras vão se apresentar.- explico.- Quer ir?

-Claro.+ Ela pega as coisas.

Sorrio vendo o carinho que minha mãe já criou por Savannah, descemos as escadas e abro a porta da arena para minha mãe passar primeiro.

Levo ela até o vestiário e Savannah sai de lá soltando os cabelos, que caem em cachos por suas costas.

-Você foi ótima, querida.- minha mãe a abraça e Savannah olha para mim sorrindo.

-Obrigada, Sra....

-Loren.- minha mãe corrige.

-Loren.- Savannah repete.

Ela olha para mim e os abraçamos, passo minhas mãos por suas costas e a levanto do chão com facilidade, ela ri baixinho.

-Você foi perfeita.- murmuro.

-Não exagera.- ela segura meus ombros voltando para o chão.- Eu vou falar com algumas amigas e...

-A gente sai para comer.- completo.- Pode ir.

Ela da tapinhas no meu braço e vai na direção da entrada da arena, minha mãe vem até meu lado e cruza os braços olhando para ela.

-Queria tanto que você tivesse uma amiga...

-Agora eu tenho.- me gabo.

-Mas agora não quero mais.- ela olha para mim.- Ela não pode ser namorada?

-Não, mãe.- rio passando meu braço por seus ombros.- Ela é só uma amiga.

-Claro.- ela suspira.

✩

Savannah Willians

Marquei de encontrar eles na outra saída, ainda não sei como dizer a Carter que sou filha do Copeland, e acho que nem quero fazer isso.

Coloco as mãos dentro da jaqueta e me aproximo da outra saída, tem três caras encostado nas paredes.

Dean e Nate estão lado a lado falando sobre algo que faz eles sorrirem que nem idiotas, e Ethan está batendo o pé no chão enquanto olha para eles.

-Você foi ótima!- Dean começa a vir na minha direção.

-Obrigada.- sorrio quando ele me abraça.

-Vai ter que me ensinar a patinar depois, estava ótimo.- Nate se aproxima e me abraça.

O mais estranho é que não me sinto desconfortável como achei que seria, os dois transmitem muita calma e aproximação.

-Espero que os olheiros falem com você logo, por que senão contrato como a próxima garota propaganda da empresa.- Ethan fala baixo enquanto me abraça e rio.

-Quer sair com a gente?- Dean pergunta.- Eu deixo você dar um gole na cerveja.

-Não precisa.- sorrio me afastando de Ethan por causa do abraço.- Eu marquei algumas coisas com minhas amigas.

Me sinto horrive por mentir, mas não queria falar com eles e nem com Carter, então esse era o jeito que eu tinha.

-E queremos que vá essa sexta.- Ethan informa.- Tem uma pessoa que preciso apresentar a você.

-Ok, eu vou.- cedo.

-Dá próxima vez eu quero estar perto do acrílico.- Nate fala.

-Ok.- sorrio me afastando.- Vejo vocês, então.

Eles dão tchau e eu vou rapidamente para a saída principal, desço as escadas sentindo meus cabelos baterem nas costas casa vez que eu pulava um degrau.

Carter está com a mãe encostado no carro, me aproximo e ele pega minha bolsa de treino colocando na parte de trás do carro bem embaixo do acento.

-Pode ir na frente, querida.- Loren diz passando por mim.

Entro no banco do passageiro e me ajeito, coloco os cabelos para trás e apoio o braço no descanso de braço entre as cadeiras.

-Ok, lanchonete ou sorveteria?- Carter pergunta ligando o carro.

Olho para Loren e ela fala baixinho.

-Sorvete.- falo rindo.

✩

Graham Carter

Encosto meu corpo no batente da porta e Savannah sorri procurando as chaves dentro da bolsa, o tanto de coisa que ela tem dentro dessa bolsa...

O cabelo dela desliza pelo ombro e o coloco atrás da orelha, vejo suas bochechas ficarem vermelha, adoro quando ela fica assim sem jeito.

-Quer sair comigo amanhã?- pergunto de repente.

-Onde?- ela acha as chaves.

-Jimmys.- espero algumas meninas passarem por nós.- Amanhã de tarde vai ter jogo, então vai ser  bebida de comemoração ou bebida de derrota.

-Ah, que peninha.- ela fala enquanto abre a porta.- Está me convidando para assistir?

-Estou.- falo certo.- E depois vai beber comigo.

-Eu não bebo em lugares que tem muita gente.- ela comprime os lábios.

-Ok, então você bebe e eu fico sóbrio e de olho em você.- toco o nariz dela.- E não, linda, não pode negar.

-Abusado.- ela tira as chaves da porta.- Ok, mas você não pode beber nenhuma gotinha.

-Sim, senhora.- olho para dentro.- Vamos assistir filme ou...

-Nem pensar! Amanhã tem jogo!- ela toca meu peito antes de eu entrar. Espalmando a mão. Eu sorrio.

-É durinho, pode tocar.- sussurro e ela né encara.

-O que?- franze as sobrancelhas.

-O meu peito.- explico.- Ou o abdômen.- levanto a camisa.

Ela abaixa a cabeça e então sobe rapidamente me encarando, rio vendo seu rosto e abaixo a camisa lentamente, seguro seu queixo e ela tenta não sorrir.

-Eu já bati em você várias vezes.- sussurra.

-Não tenho medo, linda.- sussurro também.- Aguento muito chute ainda.

-Você tem um jogo amanhã.- ela fala com um sorriso preguiçoso.

-Preciso de um beijinho de sorte.- peço.

-Amanhã.- ela promete.

Eu sorrio quando ela fecha a porta, não sei por que tinha ficado tão animado em uma promessa de beijo que era apenas na bochecha.

Talvez desse alguma sorte. Antes de pensar muito nisso, meu telefone toca, pego do bolso enquanto ando pelo corredor do dormitório.

"-Oi.- falo idiota.

-Cara, eu tenho uma surpresa.- Will fala rindo.

-Não me diga que você quebrou de novo a porra do banheiro.- suspiro.- Eu tinha acabado de concertar!

-Não, não é isso.- ele bufa.- Eu e Howard sabemos o quanto você fica melhor em um jogo se transa antes.

-Estão se oferecendo?- rio achando graça.

-Não, saímos de casa e tem uma surpresa no seu quarto.- ele fala ficando com raiva.- De nada."