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Falta

**2 semanas depois**

Graham Carter

-Cara, você não está bem.- Will sorri.

-É pra minha mãe, idiota.- falo concentrado.

-Ah, claro.- ele ri sentando ao meu lado.- E pra que sua mãe precisa...disso...

-A filha de cinco anos de uma amiga dela vai fazer aniversário em três semanas e ela não tinha tempo, então ela me ensinou...

-A costurar.- Howard aparece com uma cerveja.- Agora sim você é a mãe da casa.

-Desde quando vocês são tão imbecis?- levanto a cabeça distraído de vez.

-Desde que você aprendeu a cozinhar, costurar e faz caridade para menininhas de cinco anos.- Will olha para o vestido de princesa rosa.

-Savannah vai adorar isso.- Howard começa a piscar várias vezes.- Ah, nossa, Carter, você cozinha, costura, faz menininhas de cinco anos felizes....eu amo você!

Will vai na gargalhada e sorrio balançando a cabeça, a imitação dele com uma voz feminina deveria ir para um programa de TV ao algo do tipo.

-Olha, vocês dois vão ir pro inferno só de caçoar de uma menininha de cinco anos.- me levanto com o kit de costura e o vestido.

-Ah, não fica brava, mamãe.- Howard fala.- A gente vai ser bonzinho!

-Vai se foder, Howard.- começo a subir as escadas.

-Meu deus! Ele falou um palavrão!- Howard suspira.- O que você está ensinando para nós, Carter...

Sorrio entrando no meu quarto e colocando as coisas em cima da cama, pego meu celular e vejo que tem algumas mensagens da minha mãe.

Ela me ensinou em algumas horas e peguei o jeito, tinha furado o dedo várias vezes e olhar para aquele rosa todo estava me dando dor de cabeça, mas eu conhecia a menina.

Morava na frente da nossa casa, uma família legal e eu queria fazer algo legal para eles, por isso eu estava furando meu dedo pela vigésima vez.

-Merda de agulha.- murmuro chupando o dedo.

Eu estava mau-humorado demais, aquela dieta depois de um tempo estava me fazendo ficar entediado e os treinos estavam funcionando apenas para passar mais raiva.

Ou seja, eu estava puto o tempo todo e costurar aquele vestido rosa de princesa era a única coisa que me deixava com a cabeça no lugar até agora.

Descobri também que eu não gostava de jogar jogos de tabuleiro por odiar perder, e também não suportava quebra-cabeça por todas aquelas pecinhas minúsculas.

A campainha toca lá em baixo e eu deixo eles atenderem, estou muito bem sentado na cama e ainda tentando não furar o dedo quando a porta abre.

Meu primeiro pensamento é Savannah desistindo desse tempo...mas só quem eu vejo é Kathleen, ela sorri colocando a bolsa na cômoda.

-O que você está fazendo aqui?- pergunto.

-Eu vi como você estava triste.- ela começa a se aproximar.- Vim te alegrar.

-Você não é colega de Savannah?- pergunto surpreso.

-Ela pediu para mudar, não estamos mais no mesmo quarto.- Kathleen franze as sobrancelhas.- Qual é a do vestido?

-Nada demais.- coloco ele de lado.- Legal que queira me ajudar, mas eu não preciso, ok?

-Claro que precisa.- ela sorri quando eu levanto.- Nos divertirmos tanto aquela noite...

Ela está falando da noite do bar, que ela me levou para o dormitório e que quando eu acordei fiquei surpreso ao saber que Savannah era colega de quarto dela.

-Olha, eu realmente não estou afim.- abro a porta.

-Que chato.- ela faz bico.- É por causa de Savannah?

-Sim, é.- admito.- Agora...- aponto para o corredor.

-Ela é uma Copeland. Achei que você os odiasse.- ela pega a bolsa com raiva.

-É, mas algumas coisas mudam quando Savannah está envolvida.- digo.- Você tem que parar de aparecer aqui.

-Vamos ver se Savannah vai mesmo mudar você.- ela toca meu queixo e sorri passando por mim.

Reviro os olhos com raiva e fecho a porta, viro a chave e volto a deitar na cama, esqueci o vestido por um tempo e contenho minha vontade de pegar o celular.

Mas parece que não sou eu quem vou mandar mensagem primeiro, por que assim que meu celular vibra e eu vejo quem é...um sorriso largo toma meus lábios.

Savannah Willians

Em minha defesa...eu fiquei preocupada.

Ethan me falou que o pai dele teve que faltar hoje por causa de um problema em casa, e achei por um momento que fosse ele, fiquei realmente preocupada.

Mas quando ele respondeu a mensagem...

"Então eu sou mesmo irresistível."

"Seu idiota, eu só queria saber se você estava bem."

"Estou ótimo. Fazendo várias coisas legais."

"Ok, então."

Desligo meu celular e viro na cama, não consigo dormir de jeito nenhum, todos aqui parecem não ter o mesmo problema que eu já que ouço Dean roncar daqui.

O celular vibra e eu mordo o lábio.

"Achei que não íamos nos falar por quatro semanas."

"Você não ia falar comigo. Não disse nada sobre mim."

"Espertinha. Então pode me chamar a hora que quiser."

"Nada disso. Foi só um lapso."

"Um lapso muito bem vindo."

"Boa noite, Carter."

"Boa noite, linda."

Sorrio desligando meu celular e colocando ele na mesinha, então abraço o travesseiro e me cubro até o ombro, porém ainda não consigo dormir.

Levanto colocando as chinelas e saio do quarto, desço as escadas com cuidado e quando estou passando pelo sofá vejo que Nate dormiu lá.

Abro a geladeira e pego uma garrafa de água, tomo um pouco percebendo que ele estava assistindo Jogos Vorazes antes de dormir e sorrio.

Quando devolvo a garrafa para a geladeira ouvi um barulho, franzo as sobrancelhas e olho para Nate, ele então começa a tremer e a gritar muito alto.

Nunca vi ele fazendo isso, me encolho quando um dos gritos dele é tão alto que me dá medo, alguém passa por mim. É Dean.

-Dean...

-Sob controle.- ele vira Nate para cima.- As vezes acontece.

-O que ele tem?- me abraço.

-Traumas. Todos tem.- Dean parece acostumado.- Pode dormir. Eu fico com ele.

-Não, eu quero ajudar.- me aproximo.- O que você faz quando...isso... acontece?- pergunto.

-Fico com ele até passar.- Dean arruma o lugar e sento ao seu lado.- Sorte Harper e Ethan terem o sono pesado.

Olho para Nate e ele está sendo...ou seriam lágrimas? Estou com muita raiva de quem deixou ele traumatizado para perceber, aperto meus pulsos com força.

-Pare com isso. Não posso lidar com dois ao mesmo tempo.- ele aponta para meu pulso e paro.

-Então você percebeu?- pergunto surpresa.

-Claro.- ele suspira.- E então? Quer falar sobre? Vai demorar aqui...

-Não tenho o que falar sobre.- coloco os cabelos para trás.

-Nate também nunca quer falar.- ele balança a cabeça.- Somos da mesma família, afinal.

-Por causa dos traumas?- sorrio e ele ri.

-Claro. Mas tento ser a melhor pessoa sempre.- ele balança os ombros.

-Você é uma boa pessoa. Um irmão melhor ainda.- falo e os olhos dele brilham.

-Você também não é nada ruim como irmã.- ele fala fingindo não estar emocionado.

Nate grita mais uma vez e me encolho, Dean segura a mão dele e aperta com força, talvez se segurando para não acordar Nate do pesadelo.

Li em vários cantos que pode ser ruim você acordar pessoas de pesadelos, então a única coisa que podemos fazer é esperar passar ao lado dele.

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