Savannah Willians

-Troco.- pego outra carta e deixo a minha no baralho.

-Você não pode fazer isso.- Nate fala sério.

-Claro que posso.- arrumo minhas cartas.

-É assim que funciona, idiota.- Dean olha para as cartas.- Minha vez?

-Sim.- eu e Nate respondemos ao mesmo tempo.

Dean olha para as cartas que tem e então puxa uma, demora mais um pouco e descarta a mesma carta, não precisava dela, então fico calma.

-Esse jogo é tão idiota.- Nate fala puxando uma carta.

-Isso é por que você não sabe jogar.- Dean bate os dedos na mesa.- Vai logo.

-Para de ser apressado.- Nate joga uma carta e pego ela trocando por uma que não preciso.

-Bati.- coloco as cartas em cima da mesa.

-Não vale!- Dean grita.

-Quinta vitória seguida.- Ethan fala da mesa de jantar onde estava trabalhando.

-Vocês são horríveis!- rio enquanto Nate balança a cabeça.

-O que você estava fazendo aqui?- Dean pega as cartas dele.

-Não era para juntar tudo da mesma cor?- ele pergunta.

-É por isso que você é horrível nisso!- Dean bufa.- Entregou o jogo pra ela.

-Eu ganhei por mérito!- me defendo.

-Quem ganhou agora?- Harper volta do banheiro.

-Savannah.- Dean e Nate falam desanimados.

-Quinta vez seguida.- ela sorri me dando um high-five e se joga no sofá.

-De novo, moças?- começo a embaralhar.

-Ah, me dá isso aqui.- Dean pega.- Agora você vai ver o que é embaralhar.

-Ok, então.- relaxo na cadeira.

Esses dias estavam ótimos, adorava passar tempo com eles, e me via em cada um deles, óbvio que éramos irmãos, mas nem tínhamos convivido e tínhamos tanto em comum.

Ethan e eu não gostamos de muito barulho. Nate e eu odiamos que passe a geleia primeiro do que a pasta de amendoim. Dean e eu assistimos várias vezes Bad Boys 1, 2 e 3.

Ou seja, nem precisava muito de convivência para saber que éramos irmãos de verdade, dava pra ver isso na nossa casa e no jeito.

-Aqui.- ele começa a distribuir.- Nada de roubar, Savannah.

-Eu não estava roubando.- me defendo.

Começamos a jogar e algumas rodadas passam sem ninguém falar nada, minhas cartas são boas e posso bater esse jogo em alguns segundos.

Ethan levanta e dá a volta vendi as cartas de cada um, então ele olha para mim e mexe o queixo para Nate, eu observo a carta que ele joga.

Não é a minha. Mas sei que tem ela.

-Pare de ver as cartas.- Dean cobre as dele.

-Eu nem estou jogando.- Ethan se defende.

-Não importa.- ele descarta uma carta.

Nate sorri pegando a carta e soltando justamente a que eu queria, pego rapidamente e bato em cima da mesa rindo deles.

-Sexta vez!- grito.

Dean deixa as cartas e bufa cruzando os braços como uma criança mimada, sorrio bagunçando os cabelos dele e indo até a cozinha.

Abro a geladeira e meu telefone vibra, percebo que é Morgan, tinha marcado com ela faz tempo, ainda não tinha saído de verdade, mas ela parecia ser bem legal.

"Tudo em pé para amanhã?"

"Sim, tudo bem aí?"

"Claro, e você?"

"Meio presa em uma reunião em família. Mas me surpreendi com eles."

"Sorte sua. Minha família só me surpreende da forma negativa."

"Sério?"

"É, menos meus irmãos. Gêmeos. Quase anjos."

"KKKK quase?"

"Pois é. Te vejo amanhã então."

"Até."

Guardo o celular e pego uma garrafa de água, bebo um pouco e vejo Dean ensinando melhor Nate a jogar baralho, tadinho, é terrível.

Mordo o lábio e fico com vontade de ligar para Carter, mas só se passaram duas semanas e meia, eu não queria parecer desesperada.

Coloco os cabelos para trás e fecho a geladeira, mas logo pego o celular e encosto meu corpo na bancada enquanto abro a conversa dele.

"Carter."

Abaixo o celular e meu coração bate mais rápido, porque sou tão idiota quando o assunto é ele? Não consigo ficar quieta e calma.

Com ele sempre é ansiedade e um furacão.

Meu celular treme quase na mesma hora e eu sorrio abrindo e lendo a mensagem dele, meu coração bate ainda mais rápido.

"Oi, linda. Saudades? Vou sair já já, ir na casa dos meus pais, quer vir?"

Eu falei que não ia me encontrar com ele antes das quatro semanas, ainda mais nós pais dele, devem me odiar por causa de ser uma Copeland.

"Seus pais? Eles devem me odiar, Carter."

"Claro que não, foram eles que abriram meus olhos."

"Sério? Ou é uma das suas brincadeiras?"

"É sério, linda. E aí, vamos?"

Olho para meus irmãos e respiro fundo, estava me divertindo com eles, além do mais, não tinham dado quatro semanas para sair com Carter.

Mas eu ia falar a verdade.

"Queria muito ver se é verdade, mas tô com meus irmãos."

"Ah. A família Copeland reunida."

"Não consigo saber se a mensagem teve ironia."

"Não teve. Aproveite com seus irmãos. A gente sai em exatamente doze dias."

Sorrio sozinha percebendo que ele está contando, o idiota está contando os dias que faltam para completar as semanas que pedi.

"Devia me preocupar em você estar contando?"

"Ansiedade, linda. Ansiedade."

"Até mais, Carter."

"Se diverte, linda."

Desligo o celular e volto para meus irmãos, Ethan sentou para jogar também e Dean começa a embaralhar as cartas com as mãos ágeis.

-Vocês todos vão perder.- estralo meus dedos.

-Ethan é o melhor jogador que eu já vi.- Dean explica.

-Vamos ver.- sorrio pegando minhas cartas.

-Vocês todos são competitivos demais para o próprio bem.- Harper senta no colo de Ethan e vê as cartas.

-Não vale jogo de dupla.- Nate fala mal humorado ao ver as cartas.

-Deixa de chorar.- Harper aponta com o queixo e Ethan assente.

Ok, essa era a primeiro vez que eu realmente gostava de ficar em família e preferia isso do que sair ou ficar no gelo treinando cambalhotas.

✩

Graham Carter

Abro a porta do carro e pego a caixa, está muito frio e esqueci minhas luvas, meus dedos estão quase caindo no caminho da porta.

Aperto a campainha várias vezes e minha mãe abre, entro rapidamente e tiro meu casaco enquanto esfrego as mãos com força.

-Nossa, eu falei pra você lembrar das luvas.- ela fala no mesmo tom de "eu avisei".

-Trouxe o vestido.- deixo em cima da mesa de jantar.

-Deu pra ocupar o tempo?- ela pergunta de bom humor.

-Sim, mas eu peguei o jeito rápido demais e terminei mais cedo do que eu esperava.- explico entediado.

-Ah.- ela faz careta.- Tem mais algumas roupas se quiser ficar aqui e me ajudar.

-Claro.- balanço os ombros.

-Esse tédio todo é por causa de Savannah?- ela sorri.

-É. De manhã tenho treino, de tarde fico em casa. De noite quase morri de tédio.- resumo minha vida.

-Quem diria....Antes você estaria na balada ou com alguma menina.- ela pega as roupas e coloca em cima da mesa.

-Ela é diferente.- pego uma das roupas.- Não sei, ela me faz sentir um tsunami de emoções.

-Geralmente isso acontece quando estamos apaixonados.- ela me olha sonhadora.

-Sei lá, mãe.- balanço os ombros.- Os irmãos dela me odeiam, com razão. E acho que nunca vamos poder namorar de verdade.

-Ah, e agora você liga para o que os outros pensam?- ela sorri.- Se quer namorar a garota. Namore.

-Tenho que passar mais tempo com você.- falo e ela ri.

-Viu? Você descarta sua mãe muito fácil.- ela pega minha e agulha.

-Eu te devo desculpas.- pego minha e agulha também.- Você é a melhor mão de todas.

-Eu sei.- ela fala séria.

Sorrio começando a costurar o rasgo e percebo que não tenho uma conversa dessas com minha mãe já muito tempo, e Savannah é a responsável por isso.