Graham Carter

-Para de se mexer.- Savannah pede.

-Estou nervoso.- passo a mão pelos cabelos.- Eu dei um soco em Nate. Se ele tentar retribuir?

-Eu não vou impedir.- ela balança os ombros.

-Savannah.- arregalo os olhos.

-Você tava fora de si naquele dia.- ela fala séria.- Merecia mesmo um soco.

-Já pedi desculpa.- me aproximo.- Eu fui um idiota naquele dia, e no outro quando eu invadi aquele jantar.

-Verdade.- ela fala baixinho.

-Desculpa.- sorrio beijando a testa dela.- Vou ser o namorado legal, lembra?

-Espero.- ela morde o lábio.

-Epa!- Dean abre a porta.- Trouxe mesmo o bocó.

-Dean.- Savannah bufa.

-Desculpe.- Dean me encara.- E aí?

-Oi.- falo sério.

-Harper está colocando as velas no bolo e Nate já vai chegar.- Dean olha no relógio de pulso.- Então é melhor entrarem.

-Ok.- Savannah segura minha mãe e me conduz até o hall de entrada.

Tiramos nossos casacos e ela coloca eles dentro do armário, então Dean nos guia até a sala e vejo a amiga de Savannah, ela parece bem concentrada em colocar as velas no bolo.

Ethan Copeland está ao lado dela, acendendo cada vela que ela ajeita com um sorriso bobo no rosto direcionado para Harper, os dois parecem se entender bem.

-Querem alguma coisa para beber?- Dean pergunta.

-Não quero nada ainda.- Savannah coloca os cabelos para trás enquanto coloca o presente em cima da mesinha.

-Uma cerveja.- peço.

-Quem está dirigindo?- Dean franze as sobrancelhas e bufo.- Não faz mal eu querer a segurança da minha irmã, idiota.

-Acha que eu beberia se estivesse dirigindo?- pergunto.- Não sou tão idiota, imbecil.

-Eu estou dirigindo, Dean.- Savannah apazigua.

-Ok.- ele vai até a cozinha.

Ficamos lado a lado e Savannah me encara, eu balanço os ombros me defendendo e ela suspira me puxando até onde Harper e Ethan estão.

-Ah, oi!- Harper olha para mim.- E aí, Carter?

-Ele está tentando.- Savannah sorri.

-Isso que é o importante.- Harper acende a última vela.- Não é, amor?- ela olha para Ethan.

-É.- Ethan me observa.- Como vai seu pai?

-Ótimo. Ele está adorando trabalhar no hotel.- digo a verdade.

-Ele é um ótimo gerente.- Ethan bebe um pouco do uísque.

-E as aulas?- Harper cutuca Ethan.

-Ah, sim, você foi naquela entrevista?- Ethan pergunta para Savannah.

-Que entrevista?- pergunto confuso.

-Ethan me ajudou a conseguir uma entrevista em um hospital. Como psicóloga de trauma.- Savannah explica.- A entrevista para o estágio vai ser na terça.

-Você não me disse.- a observo.

-Não conversamos muito esses dias.- ela sorri para mim e Ethan dá um gemido de nojo.

-Ele chegou!- Dean entra na sala.- Ele chegou. Apaga a luz!- ele grita.

-Shhh.- Harper apaga a luz com calma.

Ficamos em silêncio e abraço a cintura de Savannah enquanto ela começa a se mexer ansiosa, Nate sai do carro e ouço as chaves dele.

Sorrio quando Savannah morde o lábio de animação e a porta abre, conseguimos ver Nate tirando a jaqueta e fechando a porta rapidamente.

-Gente?- ele pergunta.- Que fogo é esse?- ele começa a vir na nossa direção.- Se Harper souber, ela me mata...

A luz acende e Nate arregala os olhos quando Harper grita surpresa, mas ao mesmo tempo só ela grita surpresa e Nate começa a rir.

-Ah, pronto.- Harper cruza os braços.- Vocês nunca fizeram uma festa surpresa?

-Você não avisou que era pra gritar feito um louco.- Dean se defende.

-Achei que a gente ia começar a cantar.- Savannah fala.

-Para de rir, idiota.- Ethan joga uma almofada em Nate.

-Vocês não...- ele toca a barriga.- Puta merda, isso é muito bom.- ele respira fundo.- Posso entrar e vocês fazem de novo?

-Isso!- Harper assente.

-Sério?- Ethan pergunta desanimado.

-Vai logo!- Savannah expulsa Nate.

-Ok, ok.- ele vai rindo até a porta.

Talvez eu tivesse me precipitado, talvez os Copeland não fossem tão ruim quanto o pai deles, mas eu só estava considerando a ideia, isso era só uma parte do dia deles que eu estava vendo.

✩

Savannah Willians

Era o quarto dia seguido que eu dormia na casa de Carter, tinha ido pegar algumas roupas lá no dormitório e quando passei não tinha ninguém no quarto.

Tinha que dormir onde era para eu dormir, mas estava tão bom com ele que não conseguia largar, parecia que ele me viciava com tudo que ele fazia.

Estava vestindo uma das camisas de time dele enquanto ia escovar os dentes, Carter entra no banheiro e beija minha cabeça enquanto pega um copo e enche de água.

-Não foi tão ruim.- ele fala.

-Eu falei que não ia ser.- me curvo para cuspir.- Eles são legais.

-É.- Carter mexe os ombros.

-Ah, nem vem, você adorou eles.- limpo a boca.- Tá só se fazendo de durão.

-Não é isso.- ele sorri quando me viro.- Não é... Savannah...- ele começa a rir quando eu cutuco o abdômen dele.- Savannah!

-Admite.- começo a fazer cosquinhas e ele tenta pegar minhas mãos.- Admite!

-Tá!- ele fala e eu paro.- Eles são legais, eu gostei de hoje.

-Isso basta.- sorrio.

-Agora...- ele respira fundo.- A vingança.

-Não...- balanço a cabeça.- Eu sou muito sensível com...

Ele me coloca no ombro e logo estou deitada na cama tentando parar as mãos deles enquanto rio que nem uma louca me remexendo na cama.

-Carter....- minha risada é descontrolada.- Carter...para...

Meu celular começa a tocar e eu empurro ele com o pé, Carter sorri se afastando e voltando para o banheiro e vou até a mesinha onde ficam os celulares quando dormimos.

Viro meu celular e vejo que é minha mãe, minha boca seca e meu sorriso logo desaparece do rosto percebendo que se minha mãe está ligando...

"-Oi, mãe....

-A treinadora falou que você faltou hoje.- ela fala séria.

-É, eu tive um...

-Não tem desculpas, Savannah.- ela levanta a voz.- Você não pode faltar. Tudo que investi em você...

-Foi só um dia.- franzo as sobrancelhas.

-Um dia é muito para desacostumar.- ela fala com raiva.- Sabia que ir para a Flórida não era boa ideia.

-Mãe...

-Não falte mais treinos, senão eu vou ser obrigada a punir você.- ela fala naquela voz que ela faz e eu tremo.

-Ok, não vou mais faltar.- abaixo os olhos até o chão.

-Ótimo."

Ela desliga e eu afasto o celular processando a conversa que acabei de ter com minha mãe, respiro fundo e coloco o celular de novo ao lado do celular de Carter.

-E aí, quem era?- ele aparece limpando o rosto.

-Ninguém.- me deito no meu canto.

-Sei.- ele deita ao meu lado.

-Era minha mãe.- falo enquanto ele fica atrás de mim.

-O que ela queria?- ele beija meu ombro.

-Queria saber porque eu tinha faltado hoje.- mexo na colcha da cama enquanto ele acaricia meu braço.

-E você disse o que?- ele se apoia no cotovelo.

-Nem tive a chance de dizer nada.- suspiro.- Na verdade, eu não disse quase nada.

-Ela falou por vocês duas?- ele brinca e eu sorrio fraco.- Ei, não deixa ela te desanimar.

-Eu só não quero destruir tudo que ela gastou comigo.- explico para ele.

-Ai você vai ficar fazendo patinação invés de algo que você gosta?- ele franze as sobrancelhas e o encaro.- Você não queria aquela vaga no hospital?

-Queria.- mordo o lábio.- Eu só não sei como dizer pra ela que eu não quero ser profissional.

-Simples, diz de uma vez logo.- ele beija minha testa.- Se quiser eu até fico com você.

-Muito encorajador.- sorrio.

-Olha, se você for ficar fazendo as vontades da sua mãe...- ele se aproxima.- Você não vai viver nunca.

-Eu sei.- acaricio os cabelos dele.- Obrigada.

-Eu que devia ganhar a vida como psicólogo.- ele sorri.

-Ah, é?- levanto as sobrancelhas.

-Sim, e vou exigir um pagamento a vista.- ele sobe em cima de mim.

-Isso é aproveitamento.- falo enquanto ele ajeita meus quadris e coloco minhas pernas ao redor dos dele.

-Não conheço essa palavra.- ele beija meu pescoço me fazendo rir.

Só Carter mesmo para me fazer rir depois de uma conversa com a minha mãe, e pior, acho que não conseguia mais dormir sem as brincadeiras de Carter.