Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

9. Bebés não vêm de cegonhas

- Boa noite, papá.- Entreguei a capa azul escura ao empregado. O papá lia qualquer coisa sentado na sua poltrona, na sala enquanto fumava cachimbo.

- Helena!- Sorriu ao ver-me.- Vieste.

- Eu não quero ficar longe de ti, papá. Todos estes anos foram mais que suficientes.- Abracei-o.

- Anda, o jantar está pronto.- Fomos até ao salão de jantar e quando se sentou, reparei que estava mais empolgado que o costume.

- Passou-se alguma coisa?

- Uma maravilha. Vou ser avô!

- Parabéns! Como assim o Lucas vai ser pai? Já?- Tentava mentalizar-me.- Catarina vai ser uma grávida linda! Aposto que vai ficar com as bochechas ainda mais adoráveis! Talvez possam vir para Portugal depois.- Lembrei-me.

- Não, isso é muito arriscado. Quando puder, eu mesmo vou para S. Paulo ver o meu neto.

- Temos de lhes mandar notícias.- Declarei imediatamente.

- Com certeza, Majestade.- Brincou e lá jantamos os dois.

⚜👑⚜

Seria a austríaca uma boa opção mesmo?

É que... caramba! É feia que dói! O que Deus pôs a mais numas, não chegou para outras.

- Majestade?- A passagem foi aberta pela Távora.

Pensei que não viesse hoje depois da conversa desta manhã.

- Que quereis? Já está tarde para se andar por aí a passear, Lara.- Beberiquei o meu vinho do Porto olhando a lua com atenção.

- Pensei que quisésseis vir um pouco para os jardins. A noite está agradável.- Abraçou-me por trás, falando-me num tom doce e baixo.

Tentador...

- Não me apetecer sair hoje.- Desapertei-lhe o nó do robe rosa-pastel.- Só estou disponível para vós, de momento.- Ataquei-lhe os lábios enquanto sentia o seu corpo coberto pela camisa de cetim cor de marfim.

Encaminhei-a até à cama real e ali nos satisfizemos pela noite dentro.

- Não entendo o apreço que vossa irmã tem pela brasileira.- Conversou baixinho comigo, passando as mãos pelo meu peito.- Chegou hoje e já só falta a infanta fazer-lhe a vénia!

Helena já estaria a dormir? Ou estará a ler? Com toda a certeza estará mais feliz que eu no momento.

- Podíeis pagar-lhe o favor que vos fez.- Sugeriu sem lhe ser permitido.- Com certeza uns sacos de ouro e uns quantos títulos lhe satisfariam.

- Helena fez-me um favor que nunca conseguirei pagar.- Lembrei a sua coragem de ontem. Maravilhosa nos trajes masculinos, o seu cabelo numa trança larga, sem todos os acessórios e preparos da corte.- Um favor que nenhuma outra faria.- Suspirei imaginando como seria ter Helena no lugar de Lara.

Os seus beijos escaldantes, o seu corpo ardente implorando pelo meu, nós dois...

- Então poderíeis casá-la com um duque.

Por que é que ainda abre a boca?!

- Ou...- Subiu para cima de mim e passou as mãos pelo meu peito. Assim, sim é outra conversa.- Poderíeis proporcionar-lhe uma noite convosco. Deitar-se com vossa majestade é algo extremamente exclusivo.

- Aceitaríeis partilhar-me com Helena?- Brinquei divertido, a senhora não tem de aceitar nada!

- Uma noite não tem mal.- Encolheu os ombros e beijou-me.

- Esquecei-vos apenas que Helena é uma dama de respeito, que prefere guardar-se para o casamento.

Daria tudo para ser o noivo.

- Casamento algum substitui a honra e o prazer de ser tocada por vós.

Gostei da sua resposta bajuladora.

- Mais uma?- Indagou, arfando de desejo.

- Todas as que eu quiser.- Sorri-lhe e dei a volta por cima.

⚜👑⚜

- Parece-me bem assim, escutai.- Anunciei ao papá a carta que tinha escrito para responder a Lucas.

4 de Novembro de 1707
Lisboa

Amado irmão;

Fiquei radiante ao saber que irei ser tia e o papá nem se fala. Parece que ganhou décadas de vida! Estamos tão ansiosos pelo pequeno... ou pequena!

Cheguei bem e fiquei tão feliz por ver e visitar os lugares por onde passava em criança... Está tudo igual. Tanto aqui em casa, como pela cidade.

O rei ofereceu-me o cargo de dama de companhia para a infanta Francisca e aquela menina é tão enérgica e feliz... às vezes vejo-me nela.

A corte ainda me é um lugar assustador e há vários cavalheiros e senhoras que me olham de lado por vir do Brasil. Alguns mais rudes gozam com o meu pouco de sotaque que tenho.

Não me importo. Em poucos dias ganhei o apreço do rei e talvez a sua amizade, muitos não fizeram tanto em meses.

Ah! É verdade. D. João adorou a nossa prenda, pelo que diz. Embora tenha sido um tanto ou quanto... conturbado início.

Escrevei-nos regularmente. Queremos saber como vai a gravidez e como Catarina fica maravilhosa grávida. Sei que serás um ótimo pai e Catarina é praticamente um anjo com titulo de mãe.

Muitas felicidades e paz do vosso pai e irmã;

Eduardo e Helena Brotas Lencastre.

- E então?

- Está ótimo, Helena. Amanhã mesmo entregá-la-ei ao mensageiro.- Comeu um pedaço de chocolate.

- Eu vou deitar-me. Até amanhã papá.- Beijei a sua testa e subi para descansar.

A lua estava em quarto crescente e iluminava muito pouco.

Ah que inveja da lua! A maldita pode estar todos os dias no mesmo lugar e dali de cima vê todo o mundo!

Ela vê o meu irmão enquanto me vê a mim e no entanto aqui estou. Só.

⚜👑⚜

- Como vai o café?- Manuel entrou pelos meus aposentos dentro durante o meu pequeno-almoço. A única refeição privada do dia.

- Que coisa ridícula é essa na tua cabeça? É para o baile de mascaras?- Interroguei bem sabendo do que se tratava.

- É uma peruca. Está na moda em Paris e Milão. Deveríeis saber pela vossa confidente viajada.

- Quem?

- A Lencastre, oras!

- Calai-vos idiota. Andais por aí a espalhar boatos e mexericos. Ireis manchar a reputação da pobre rapariga.- Repreendi.

- Mas o que...- Olhou para a cama.- Demasiado amarrotada, camisa no chão...- Cheirou a almofada.- Uma mulher passou por aqui e diria que foi... a Távora.

- Da próxima vez que for caçar levo-te a ti ao invés dos cães.- Provei o meu pão com queijo.- Estive a pensar em oferecer o meu cavalo e um vestido.

- Obrigada, mas a minha renda é-me suficiente para comprar casacas, camisas e culotes.

- Não para ti, tolo, para...- Hesitei em falar.

- Para a Lencastre.- Entendeu.- Quem diria que o rei é um autêntico Casanova?!

- Poupa-me!

- Olha então: dormes com a Lara, queres casar-te com a austríaca e desejas Helena. Somos cristãos, não politeístas hereges.- Riu.

- Eu sou rei idiota. Eu posso tudo!- Encolhi os ombros e beberiquei o café quente.

- Touché Majestade.- Fez uma vénia irónica e exagerada.

⚜👑⚜

- Bons dias, alteza.- Fiz a minha vénia ao chegar aos aposentos de D. Francisca e de a encontrar a acordar.

A duquesa de Saldanha tinha acabado de abrir os cortinados pesados.

- Hum!- Puxou os cobertores para cima da cabeça.

Como a entendo.

- Vinde, alteza. O banho está pronto, se nos atrasarmos chegaremos tarde à oração da manhã.

- Ou o quê?!- A menina sentou-se devagar na cama e desafiou-a.- Ireis dizer a meu irmão que me recusei a ir ouvir a palavra do Senhor? Espalhareis pela corte que sou uma herege possuída pelo diabo?! Sei das minhas tarefas Mascarenhas, não preciso que me estejais constantemente a lembrá-las; na próxima vez, ireis lembrá-las a meu irmão, se me faço entender.

- Sim, alteza.- Estremeceu.

- Saí, não vos quero ver hoje.- Aborreceu-se e foi para o banho sem qualquer cerimónia.

Alguém se levantou com os pés de fora...

- Hoje vai ser difícil.- Maria sussurrou preocupada. Ela era realmente simpática.

- Alguma voluntária?- A Távora perguntou olhando em redor.

Todas se entreolharam e encolheram os ombros.

- É só uma menina.- Sorri-lhes com simpatia e entrei na divisão de banho.- Está tudo bem?- Indaguei enquanto a via passar o sabão pelos braços na banheira de mármore com espuma.

- Está tudo ótimo.- Resmungou.

- Em que posso ajudar-vos?- Predispus-me.

A menina suspirou. Tentava conter a sua fúria, que chegava a ser adorável para alguém com o seu tamanho.

A empregada lavava o seu cabelo com cuidado com sabão de anis.

- É pelo assunto de ontem?- Tentei entender para depois ajudar.

- Mas é claro que é pelo assunto de ontem!- Chapinhou com força e irritação.- Quem é que ele pensa que é para me proibir de ir ao baile?!

- Sua majestade, rei de Portugal.- Lembrei entre risos.

- É injusto! Ele devia ser o símbolo da Justiça!

- Eu também tenho um irmão mais velho, sabeis? E pode nem ser rei mas é tal e qual comigo, como D. João é para vós. Sei que é difícil, contudo tentai entender, vosso irmão quer apenas o vosso bem. Está a tentar proteger-vos.

- De quem?! Neste palácio não entra um mosquito sem a autorização dele.

Verdade.

- Vereis. Ele ainda há de recompensar-vos.

- Assim nunca acharei o meu príncipe.- Murmurou, ignorando por completo o que eu falei.

Este pensamento pode ser um grave problema!

- Princesa, há algo que tendes de entender.- Parei e sentei-me na larga borda da banheira, encarando-a com atenção.

- Dizei.

- Mulheres como nós tão se podem dar ao luxo de ter príncipes encantados. Infelizmente sois infanta, eu filha de um marquês. Somos usadas como moeda de troca, por poder, riqueza ou aliança.

- Moeda de troca?!

- Sim, alteza.- Entristecia-me por estar a ter esta conversa com ela.

- Então o meu irmão vai entregar-me a um rei velho barrigudo e feio e eu vou ser...

- Não, espere, eu não disse isso!- Parei-a. Ou meio que disse e agora vou ter de desdizer!- Vejamos... Sabeis como o Mundo foi criado. Adão era um homem sozinho e precisava de companhia e apoio.- Eu odiava esta versão da coisa. Mulheres não são animais de estimação de homens, porém se eu começasse a pôr ideias libertinas na cabeça de uma menina o rei iria executar-me!

- Sim e?

- E... Deus ao ver a sua infelicidade, criou a mulher.- Expliquei.- Semelhante a ele, de uma forma que o complementasse. O homem tem a força, a mulher a sagacidade; o homem é impulsivo, a mulher tem sangue frio. São uma boa equipa. No entanto é preciso nascer um fruto deles. É a mulher que recebe a semente do homem e cria o bebé dentro dela e que depois cuida dele. Sem mulher não há bebé, sem homem não há bebé e é para isso que nos querem, para ter bebés.

Eu não estou a acreditar que estou a ter esta conversa. D. João vai decapitar-me!

- E como é que a mulher recebe a semente do homem?

- Não faço ideia.- Respondi depressa.- Assim como Deus escolheu Eva para Adão, vosso irmão e no meu caso pai, decidem quem é melhor para nós.- Eu odiava esta explicação. Era muito retrógrada.

- Entendi.- Sorriu um pouco.

Um homem não vê uma mulher pela inteligência, astúcia, coragem, cultura ou conhecimentos. Um homem quer apenas saber se uma mulher tem as suas partes intocadas para ele, como se fosse um prémio a ser pegado.

Nojento e estúpido. Não somos vacas parideiras.

- É melhor secares-vos. Podeis constipar-vos.- Saiu do banho e enrolei-a na toalha branca com bordados enquanto a ajudava a secar.

A empregada olhou-me de soslaio um tanto ou quanto preocupada.

Já no quarto todas a ajudamos a vestir e pentear. Tomou o desjejum e lá foi para a oração da manhã com o rei, na capela privada.

Nós fazemos a oração da manhã junto com a restante corte, na igreja do palácio.

- Minha irmã apareceu-me...

- AH!

- Perdão, não queria assustá-la.

- Majestade!- Anunciei num tom acusatório e não de surpresa agradável desta vez.- Ainda me dareis um ataque de coração!- Fiz a vénia.

- Não exagerai.- Desvalorizou. Parecia verdadeiramente aborrecido.

- Passou-se algo? Posso ajudar?

- D. Francisca veio ter comigo para a oração da manhã fascinada em ter aprendido como são feitos os bebés!- Acusou-me.

Problemas...

- E que vos disse ela?

- O que vós lhe dissestes!

- Eu não lhe contei nada demais.- Tentei tranquilizar a fera poderosa.- D. Francisca é grande o suficiente para entender que bebés não vêm de cegonhas, ainda assim é nova demais para o entender... cientificamente. Ou era isto ou uma menina com a ilusão de vir a encontrar o amor da vida dela nas próximas semanas.

- Como assim?

- Vossa irmã está verdadeiramente furiosa por não poder ir ao baile. Para ela bailes são lugares onde donzelas encontram príncipes.

- E bailes não são isso?- Perguntou mais divertido agora.

- Há mais condes, marqueses, barões e duques que príncipes.

- D. Helena, entendo que queirais esclarecer minha irmã, no entanto em certos assuntos, deixai comigo.

- Oh claro, porque qualquer mulher se sentiria muito à vontade em anunciar para o irmão que sangra e como deve de agir.- Supus.- Vós nem chegastes perto de uma verdadeira crise feminina.

- Verdade, porém posso aprender como agir.

- Majestade, existem coisas que devem ser ditas e ensinadas de mulher para mulher. Compreendo que não confieis em mim, contudo a infanta precisa de alguém para isso. Todas nós...- Referi-me a sermos damas de companhia.- Somos estranhas para ela. Começai a escolher as companhias de vossa irmã pela vontade dela e não pela vossa.

- Foi por isso que fostes escolhida, porque minha irmã assim o quis.

- Confiai em mim, então.- Saí antes de ser assustada novamente.

D. Francisca já estaria com os professores a esta hora. Porque não conhecer um pouco das diversões da corte?

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro