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7. A pergunta é: Quem és tu?

- Baixa a espada!- Ordenei-lhe ao apontar a pistola.

- Com certeza, para onde é que a queres apontada?

Um arrepio percorreu-me a espinha. Péssimo sinal!

- Sai da frente!- D. João ordenou.

Aham! Como se o ladrão imbecil fosse obedecer.

- Não.- Riu.

- Sai!- Espetou-lhe a espada de repente, essa distração foi o suficiente para conseguirmos sair a galope o mais depressa possível.

- Falta muito para chegarmos a casa de vosso avô?

- Ainda estamos longe.- Obriguei o cavalo a ir mais depressa. Era difícil cavalgar entre as árvores a uma velocidade tão grande, podíamos bater numa a qualquer momento.

- Não eram três?- Olhei para trás dando por falta de um dos homens.

- O outro morreu.- Explicou como se fosse óbvio.

- Não me digas que achas que só por lhe meteres uma espada no braço, o bastardo morre?!- Gritei em descrença.

Ouvi relinchar alto e não fui a tempo de parar o meu cavalo. O terceiro homem atravessou-se à nossa frente.

Tanto o meu cavalo quanto o do rei, assustados, relincharam e apoiaram-se nas patas traseiras.

- Sou lindo demais para morrer!

- Pelo menos arranja uma desculpa credível.- Revirei os olhos. Que faria agora?

- Diz-me então bonequinha... quem és tu?- O criminoso agarrou no meu rosto com força.

- A pergunta é: Quem és tu?- Afastei-o com força.

- Não sou ninguém.

Claro.

Bastou um sinal com a cabeça e os outros dois apontaram-nos as espadas. Pistolas eram caras demais para eles.

- Passa para cá os brincos. Dêem-nos o ouro.

- Não temos ouro. É metal.- Ainda tentei mentir.

- Achas-me parvo?!- Puxou-me os cabelos e caí no chão.

- Helena?

- Eu estou bem.- Sentei-me no chão.- Eu estou bem.- Muito dorida mas bem.

- Helena Brotas Lencastre... filha do marquês Eduardo Brotas Lencastre, conselheiro e ministro oficial do rei. Eu faço o trabalho de casa, princesinha.

Quando não esperava, puxei-o até ao chão pela gola da camisa e sem lhe dar tempo para agir encostei-lhe a espada ao pescoço, aquela que apontava ao rei.

- Deixem o meu irmão ir e poupo a vida deste miserável!- Ameacei encarando os dois restantes. O rei puxou a minha pistola e apontou aos dois ao negar-me firmemente.

- Mata-o, não nos faz diferença.

Eu não teria coragem de matar um homem!

Encarei o rei desesperada. Eu não consigo matar alguém. Eu não consigo!

Um sorriso compreensivo tomou o seu rosto.

- Mulheres não matam.- Zombou de mim, com a lâmina fria encostada ao pescoço.

- Mulheres não vestem culotes.- Respondi friamente. Fechei os olhos com força e deslizei a espada pela garganta alheia, tão facilmente como uma faca quente pela manteiga mole.

Senti um liquido quente tocar-me a mão, barulhos engasgados de quem ainda morria. Completo horror! Em momento algum tive coragem de olhar.

Eu não acredito que fiz isto.

Ouvi um tiro que me acordou do transe. O rei tinha disparado num deles e foi a tempo de matar o outro com a espada.

- Estais bem?- Desmontou do cavalo e veio ter comigo.

- Sim.- Tentei respirar fundo.

- Fostes muito corajosa.- Murmurou afagando o meu braço.- Tentastes proteger-me.

- E falhei redondamente.- Suspirei. Não conseguia olhar para as minhas mãos. Tinham sangue!

- Não. Eu estou aqui. Estou bem.- Puxou um lenço branco de renda e limpou o excesso de vermelho.- Vamos antes que apareçam mais.

Abatida, subi para o meu cavalo novamente. Não proferi palavra até chegarmos ao palacete. D. João insistiu em vir comigo, quis certificar-se que chegava sem mais problemas.

- Peço muitas desculpas por vos fazer passar por isto.- Proferiu baixo, próximo do destino.

Encolhi os ombros e encarei as mãos. Tinham sangue seco nelas, as rédias estavam sujas de vermelho e parte do pelo do animal também. Nem preciso de comentar como está a minha camisa.

O rei também tinha a camisa suja de sangue. A espada dos bárbaros foi deixada para trás.

- Também foi a primeira vez que... terminastes com alguém?- Sussurrei.

- Não.- Respondeu firme e frio.- E com certeza não foi a última.

- Espero não ter de fazê-lo novamente.- Estremeci. Os homens não me tinham feito nada.

Entramos a passo pelo pátio, a nossa chegada foi anunciada rapidamente e com certa preocupação.

- Que aconteceu? Helena, falai!- O avô andou como pôde até mim.

Desmontei.

- Eu não queria, avô... por favor... eu... mas foi...

- Com calma. Dizei-me com calma, minha flor.- Abraçou-me com força. Desfiz-me a chorar na segurança dos seus braços.

- O papá?- Perguntei.

- Saiu à tua procura com um grupo da minha guarda. Atrasaste-vos muito, ficamos preocupados.

- Fomos intersetados por três homens nas vossas terras. Salteadores. Tentaram roubar-nos, porém Helena foi muito corajosa. Se estamos aqui inteiros foi graças a ela.- O rei falou o que não consegui.

- Dizeis-me que eram três contra dois e mesmo assim foi minha neta a proteger-vos?! Não vos vejo a vós sujo de sangue! Não conseguis manter uma simples mulher em segurança?! Tem de ser ela ainda a defender-vos?!- Rosnou o avô.

- Cuidado com o que proferis, Albuquerque, ainda sou vosso rei.- Ameaçou.- Se não conseguis manter seguras vossas terras, talvez devam voltar para a coroa...

- Quando é para proteger são minhas, quando são para vossa mercê cavalgar já são vossas?! Estas terras são dos Albuquerque desde a altura de D. Manuel e não é nenhum gaiato que mas vai tirar!

- Estais muito seguro de vossas palavras!- D. João levantou o tom.

Eu não conseguia ouvir mais estas palermices.

- Preciso de um banho.- Soltei-me do avô e fiz uma vénia ao rei antes de partir.

***

- Desvalorizarei vossas palavras por saber que as proferistes de cabeça quente.

- Majestade, a minha neta precisa de mim. Tenha um bom dia.- Saiu virando-me as costas.

Velho insolente!!

Não o renego por respeito a Helena... Ele tinha razão: fui cobarde. Conseguia muito bem com os três e no entanto deixei a minha vida à responsabilidade de uma mulher sem qualquer treino ou defesa. Era para ser o contrário.

Não me perdoaria se algo lhe tivesse acontecido.

Com a recepção pouco calorosa do velho Albuquerque, voltei para o palácio a cavalo e sozinho. Talvez se desta vez acontecer algo, me comporte como um homem.

Já perto fui interceptado pelo grupo de buscas do marquês.

- Majestade? Que fazeis aqui? Por acaso não vos cruzastes com Helena?- Encheu-me de perguntas.- Isso é sangue em vossa camisa?

- Estais nas minhas terras, Lencastre.- Lembrei.

- Bem sei majestade. Perdoai-me, contudo não encontro Helena e já partiu há tanto tempo que me deixou preocupado.

- Está com vosso sogro.- Acalmei a sua preocupação e contei-lhe o que se tinha passado.

O seu olhar de repúdio e desprezo diziam-me palavras piores e mais duras que o proferido pelo velho de há pouco.

- Lamento incomodar-vos, tende um bom dia.- Cavalgou de volta seguido dos seus homens.

Boa. D. João V, O cobarde! Já conseguia ouvir o meu cognome anunciado pela eternidade.

***

Depois do meu banho, livre de todo o sangue, já vestida e penteada, bebi um chá quente para me aquecer.

Não tinha apetite para o que quer que fosse.

Devia de estar horrível ao chegar. Encharcada, ensanguentada e despenteada. Que linda conjugação!

- Quero ouvir tudo com calma.- O papá bateu à minha porta, entrou e puxou uma cadeira para perto da janela, onde eu estava.

- Não foi culpa dele. Não foi, papá!

- Eu sei, Helena.

- Eu só... sei que é meu dever proteger o rei, no entanto ter de matar para que tal aconteça é... um pouco demais para mim.

- Ninguém deveria de passar por isso, principalmente tu, Helena.- O papá pegou-me na mão, passando-me algum apoio.

- O avô...- Lembrei-me repentinamente da discussão com D. João. A qual fugi.- O rei vai destitular o avô! Temos de...

- Não, ele não vai Helena. O rei é jovem, o teu avô um velho: os dois de cabeça quente só dizem disparates. Quando se acalmarem, a razão virá ao de cima. Não faz sentido o rei retirar todos os títulos e riquezas tão antigas do teu avô. Somos uma família muito antiga e poderosa.

- Não mais que os Távoras.- Apontei os factos.

- Os Távoras apenas bajulam o rei e recebem umas moedas em troca, nós não.- O papá garantiu.- Servimos a família real com lealdade, respeito e afinco.

O papá já cumpria a sua tarefa junto do rei, agora era a minha vez. Seria a melhor dama de companhia de D. Francisca.

***

- Avisaram-me de que viria.- Uma dama da corte, com um bonito vestido e um elegante penteado recebeu-me num dos salões do palácio; o mais pequeno e modesto de todos, ainda assim, muito bonito.- Sou Dionísia Cabral, duquesa de Monfalim, uma das 5 damas de companhia de D. Francisca. Agora somos 6, pelo que vejo.

Porque é que uma criança precisa de tanta companhia?!

- Sou Helena Brotas Lencastre.- Falei com simplicidade, num tom superior.

- Bem sei.- Sorriu de forma pouco sincera.- Vinde. Iremos ao encontro da infanta.

Durante o caminho pelo Paço, Dionísia pôs-me a par da rotina da princesa e da minha tarefa. Leitura da bíblia e oração da manhã ao acordar; depois do pequeno-almoço a missa junto da comitiva do irmão, Sua Majestade, o rei; de seguida aprendia as letras e a matemática e mais há tarde, por volta da hora do lanche, as aulas de educação e boas maneiras.

- Nos tempos livros gosta de ler e passear pelos jardins.

- Muito bem.- Sorri entendendo as regras de como tudo funcionava por aqui.

- É aqui.- Parou frente a uma porta de madeira, maravilhosamente adornada com relevos cobertos a ouro, onde mais abaixo anjos nos observavam de forma meiga e traquina.

Os dois guardas permitiram a nossa passagem ao abrirem a porta, que dava para uma sala de receção ou sala de estar. Seguimos pela única porta na divisão de padrões floridos e tons rosa-pastel e demo-nos num enorme quarto. A cama astronómica parecia pequena em tamanho espaço.

Ao lado da cama de dossel enorme havia um longo roupeiro e do lado oposto do quarto, três espelhos e um pequeno pedestal, onde provavelmente a menina era vestida e aperaltada.

Havia várias prateleiras com livros infantis e várias bonecas vestidas com os mais adoráveis vestidos. Junto da janela estava uma cruz, o apoio para uma bíblia e um rosário sobre um banco de joelhos negro, forrado a veludo encarnado.

As paredes vestiam tons de amarelo claro às riscas. No chão, o soalho fazia um barulho oco quando os sapatos lhe acertavam e uma bonita carpete vermelha que mostrava o império português adornava o chão.

- Onde está D. Francisca?- Perguntei curiosa.

- No banho.- Prosseguiu caminho até uma outra porta daquele enorme quarto.

Assim que a abriu senti uma humidade quente e percebi que era a sala de banho onde estava a princesa.

- Eu prefiro esperar aqui.- Se havia alguém que presava a privacidade dos outros era eu.

Deve de ser muito embaraçoso ter desconhecidos a assistirem de camarote aquando o nosso banho.

- Como quiserdes.- Respondeu com alguma secura.- Avisarei Sua Alteza de vossa chegada.

- Agradeço.- Sorri o melhor que pude e então a antipática entrou por aquela porta a dentro.

Ouviam-se murmúrios das conversas do outro, sempre era aconchegante para cortar o silêncio assustador de um lugar desconhecido, onde uma única tarefa mal feita, ou uma resposta fora do agrado e seríamos demitidas sem a menor das preocupações, trazendo desonra para a família.

Caminhei até à janela donde se via o jardim florido. O tempo mostrava algumas nuvens brancas no céu azul claro do dia harmonioso, nada de chuva para hoje, pelo que me parece.

Do lado contrário do palácio devem de ficar as janelas com vista para a Praça do Comércio, por onde passei uns dias antes. Deve ser intrigante ver todos os navios e grandes cargas e tentar perceber para onde vão.

- Bons dias.- Ouvi uma voz de criança.

- Bons dias, alteza.- Fiz a melhor vénia que consegui.

- Fico feliz pelo meu irmão me ter feito a vontade!- Saltitou entusiasmada.

Sorri envergonhada. Esta menina adorável tinha gostado assim tanto de mim?

- Fico feliz por saber que a minha presença vos agradou tanto.- Retribui o sorriso radiante.

- Mas bem...- Recompôs-se como uma verdadeira dama.- Vejo que já conheceste Dionísia.

- Sim, é verdade.- Tentei não dar a entender o quão aborrecida estava em relação a essa Cabral.

- Estas são Carolina Borges, marquesa de Saldanha.- Apresentou uma donzela de cabelos muito negros e pele alva. As suas bochechas eram adoravelmente rosadas, bem como os lábios, tendo os olhos castanhos claros. - Luísa Monforte, filha do duque de Cadaval.- Introduziu uma outra. Esta tinha cabelos quase loiros e uns olhos âmbar. Tinha um tom moreno mascarado pelo pó de arroz e era magnifica.- Maria de Aguiar, esposa do duque de Alorna - Parecia que vinha do reino da Inglaterra, tal eram o tom dos seus olhos e cabelos. Olhos de um azul intenso aveludavam e arrefeciam um rosto branco com lábios carmesim. Os seus cabelos pareciam tecidos pelo próprio Sol.- E Lara Pires Mascarenhas, filha do marquês de Távora.- As suas curvas chegavam a ser voluptuosas. Os seus olhos castanhos escuros e cabelo da mesma cor denunciavam a sua origem mais que portuguesa, o seu tom de pele era claro, porém não igualava o translucido. Era belíssima e com certeza cobiçada numa corte tão devassa como esta, no entanto o seu olhar era perigoso, fatal. Esta Távora sabia como jogar os jogos de poder e tinha de ar de que prejudicaria qualquer um que se cruzasse no seu caminho.

Espero que seja tudo da minha cabeça.

- Senhoras, esta é Helena Brotas Lencastre, filha do marquês de Montemor-o-Novo.

- A Helena é de muito longe...- O tom de desdém da Távora inundava os meus ouvidos.- Como tem ido o Alentejo? Ou devo dizer Brasil?

Víbora.

- Cada vez melhor!- Exagerei no mesmo tom dela.- Devia de experimentar umas semanas na colónia, Lara, é maravilhoso.- Com alguma sorte o navio naufraga.

- Prefiro as Beiras.

- Então que faz aqui?- Sorri desafiando-a.

- O mesmo que a senhora.

A conversa encerrou-se por aí. Não iria levantar tumultos nos meus primeiros minutos.

- Menina, está na hora da missa.- A Luísa aproveitou a oportunidade para lembrar. 

- Oh... não pode ficar para depois? Não é por não ir à missa uma vez que Deus me condenará.- Pediu.

- Menina, não podemos renunciar a Deus!- Escandalizou-se Carolina.

Notei o subtil revirar de olhos da princesa e o seu total aborrecimento.

- Quero o meu vestido amarelo às flores.- Ordenou à criada

Tentei entender qual a minha tarefa.

D. Francisca é uma menina inocente e acessível. Foi ela mesma que nos apresentou, algo que é tarefa de uma ama ou governanta, não que seja prejudicial em algo tê-lo feito.

***

As portas abriram-se sem se ouvir bater ou chamar. Os sapatos de tacão ressoavam no chão como um relógio suíço.

Só uma pessoa teria um caminhar tão cuidado e refinado.

- Majestade.- Lara Cascavel Mascarenhas sorriu abertamente assim que deu de caras com o rei e efetuou uma vénia perfeita.

Todas lhe fizemos a vénia, sem o encarar no primeiro momento, exceto, claro, D. Francisca, que fez apenas uma curta e subtil reverência ao irmão.

- Bom dia.- Sorriu com a sua habitual e contagiante felicidade. Era bonito de se ver uma menina tão alegre.

- Bom dia, minha pequena e delicada flor.- D. João aproximou-se e deixou-lhe um beijo na testa.

- Ia agora para a capela...- Justificou-se, tentando escapar dos sarilhos.

- D. Francisca hesitou bastante em comparecer à missa de hoje.- A Dionísia fez a queixa.

Santo Deus, que gente irritante.

- É verdade?- D. João olhou para a irmã com reprovação.

- Era só hoje...- Murchou um pouco, o sorriso sumiu.

O silêncio era cinzento e triste. Esta menina não podia confiar em ninguém. Foi Dionísia que a denunciou, contudo poderia ter sido outra qualquer.

- Lembro-me de vos pedir que me mantivésseis a par dos progressos da minha irmã nos seus estudos e educação.- A postura do rei enrijeceu.- Não vos pedi para serem umas doninhas metediças que a humilham perante mim, esperando a minha reprimenda à vossa princesa e um obrigado de minha parte.

O recado era claro.

- Não é a primeira vez que conversas destas vêm ao de cima e que seja a última vez que aconteçam. A próxima deixa de ser digna de ser dama de companhia de D. Francisca, Infanta de Portugal!- Caminhou pela fila de nobres de cabeça baixa, até chegar a mim, nem um pouco submissa ou preocupada com o assunto.

Eu não tinha feio nada de errado.

- Lencastre...- Sorriu subtilmente. - Não esperava vê-la aqui hoje.

- Posso dizer o mesmo, majestade.- Curvei-me um pouco, num sinal de respeito, vestindo o meu melhor sorriso.

- Saí, todas vocês!- Ordenou sem quebrar o contacto visual comigo, como se me analisasse, embora o sorriso brincalhão nunca o abandonasse.- Menos vós.- Mandou-me. Francisca permaneceu na sala também (ainda bem, porque estar na mesma divisão que o rei e sozinhos levantaria atenções que eu não desejava de todo).

- Devíeis recuperar-vos.- Aconselhou erguendo o queixo, como se fosse o cão responsável da matilha. Enganou-se na direção, de certeza.

- Não aconteceu nada.- Engoli o temor.

Não sangrei nem me magoei. Não via o porquê de parar. A paz voltaria com o esquecimento.

- Não é comum uma mulher encarar tal situação com tanta naturalidade.- Indagou desconfiado.

- Eu não sou uma mulher, sou a mulher.- Sorri confiante em mim mesma.- As minhas mãos nunca mais voltarão a ser puras, apenas isso.- Não, não era apenas isso.

Eu matei um homem. Estou condenada ao Inferno!

- Admiro vossa frieza.- Deu uma volta pelo quarto e pegou numa das bonecas.- Por aqui as damas são um pouco... enfadonhas com qualquer coisa que envolva sangue.

Como é que lidam consigo mesmas todos os meses?

- Essa não.- A menina reparou melhor na boneca que o irmão segurava e olhava atentamente.- Vesti-a para uma festa de chá no jardim. Queres vir?

- Estarei um pouco ocupado.- Sorriu embaraçado.- Tenho audiências esta tarde.

- Talvez amanhã.- Entristeceu-se.

- Sim, talvez.- Suspirou abatido.- Porque não ides com Helena tomar chá?

D. Francisca sorriu-me com entusiasmo.

- Vindes?

- Com muito gosto.- Fiz-lhe uma vénia.

- Por aqui!- Pegou-me na mão e arrastou-nos às duas a correr, mal as portas do quarto se abriram.

As restantes damas de companhia pareciam surpresas e chocadas com tanta confusão e falta de compostura.

- Devagar, peço-vos!- Falei-lhe entre risos, enquanto me despedia de D. João com um aceno de mão apressado e desajeitado. Reparei que ainda riu e não levou a peito a situação.

- D. Francisca, não a conseguimos acompanhar a esse passo!- Queixaram-se todas elas.

- Não precisam.- Respondeu simplesmente.- Apenas Helena e Lara virão comigo. Têm a manhã livre.

- Sim, menina.- Todas dispersaram.

Uma manhã inteira com a Távora, vai ser tenso!

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