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60. Eu sou a afronta!

Acordei entre os cobertores macios e os braços quentes do marido, tranquila e pronta para pôr mãos à obra na minha nova vida.

- Minha nossa!! Olha as horas, Henry!!- Preocupei-me quando alcancei o relógio de bolso sobre a mesa de cabeceira.

- O quê?- Voltou-se na cama e aconchegou-se mais.

- Se te gabas tanto da pontualidade dos ingleses, então este é o momento de a pôr em prática!- Vesti a minha camisa de dormir e procurei as pantufas. Será que as deixei espalhadas pelo meio do corredor? Jesus, isso seria um tema que renderia horas de conversa aos empregados com toda a certeza.

- Helena, mais logo.- Bocejou.- Volta aqui, volta. A cama está quentinha.

- Eu não vou pôr a pata na poça outra vez. As coisas correram mal com o rei de Portugal, não vão correr mal com a rainha de Inglaterra.- Prometi a mim mesma.- Eu juro que mais um monarca que se atreva a mostrar-me os dentes, eu invado a França, tomo a coroa, torno-me rainha e ateio fogo até os ver reduzidos a cinzas!

- Amor isso é muito ódio para as oito horas da manhã.- Coçou os olhos.

- Levanta esse rabo da cama, Henry!!

- Não.- Sorriu travesso e falou lentamente como se me desafiasse.- O que é que vais fazer quanto a isso?

Cruzei os braços amuada enquanto imaginava uma maneira de o arrancar dali.

O maldito atreveu-se a baixar os cobertores até expor o tanquinho.

- Acho que temos assuntos pendentes primeiro...

- Temos pois.- Cedi recordando a noite passada. Quem espera 10 minutos, espera uma hora, não é?!

⭐👑⭐

- Eu não quero desculpas esfarrapadas! Só tinhas de assinar um maldito papel e entregar em mão, Henry Beresford Hyde! 

Jesus! Afinal João sempre tinha bom feitio!!!

- Eu tenho uma guerra em mãos, preciso de aliados! Não preciso que os meus aliados se virem contra mim!- Bramiu a rainha fora de si.

- Eu entendo perfeitamente, majestade.- Henry estremeceu perante o primeiro berro da tia.

- O que fizeste foi uma tremenda falta de responsabilidade e demonstrou uma falta de tato imensa!- A senhora respirou fundo para se acalmar.- Eu devia cortar a tua renda.

Henry sorriu confiante.

- Aquele tratado podia cair nas mãos erradas, Henry Hyde!!!

- Mas não caiu.- O meu marido tentou aliviar a tensão.

- Faz mais uma piada e eu vou rir-me quando te bater.- Advertiu a mulher.

Eu gosto dela. Tem atitude. Sangue nas ventas... O mundo já precisava de uma mulher assim na frente faz muito tempo.

- E quem é a donzela?- O rei interrompeu a esposa antes que explodisse com os nervos.

- A minha esposa.- Henry ficou claramente aliviado com a mudança do tema de conversa.

- O meu nome é Helena Brotas Lencastre.- Declarei com firmeza.

A careta da rainha falou tudo. Oras, afinal não nos daríamos assim tão bem quanto esperei. Procurou um papel no meio da resma de folhas que um criado lhe segurava, tão direito quanto uma vassoura.

- Amante do rei.- Leu o que pareceu um excerto.

- Isso é mentira.- Henry respondeu depressa à acusação.

- Desculpe?!- Indignei-me.- Eu salvei o rei de Portugal umas três vezes e os seus espiões só lhe passam informações fantasiosas para denegrir o meu nome?!

Amanhã embarcamos para a França. É a minha vez de me tornar rainha! Se qualquer batolo idiota pode, porque não eu? Ah sim... não fui enviada por Deus e tudo isso.

- Os meus espiões nunca se enganam, senhora.- Procurou por mais informações úteis.- Tirando isso até é bem... aborrecida.

Aborrecida?! 

- A senhora não sai da frente da secretária o dia todo e eu sou a aborrecida?!- Desdenhei entre dentes.

- Tia, Helena...

- Majestade, Henry, para ti é majestade.- Advertiu ainda zangada.- Será possível que o menino não faz nada bem?! Ouvi coisas que muito me apoquentam quanto a Emily Cavendish.

Será que só existe essa mulher neste país?!

- Henry é meu marido sim, e não há nada que possa fazer para o mudar.

Henry endireitou as costas e aí sim, lembrei-me que a rainha podia fazer e muito para mudar a situação.

- Parece-me que não está a par dos nossos costumes, menina Lencastre.- Desdenhou com um sorriso convencido.

- Bom, eu estou a tentar habitua-me à cultura e tradições do meu esposo, assim como ele aprendeu as minhas.

- Então e... já casaram mesmo? Ou... embarcaram e decidirão em breve?

- Nós casamos faz três meses e pouco.- Henry sorriu-me.- Estamos à espera de resolver estes problemas para então casarmos pela nossa igreja.

- Nossa.- A rainha repetiu.- Uma católica?! Que falta mais, Henry? Tem um irmão espanhol?

 - Tia...

- Henry!- A mulher advertiu altiva.

- Tia!- Henry insistiu zangado.- Está a ser injusta com Helena. Não pode julgar uma pessoa por meio de espiões que se deitam com cortesãs. Acredito que se passarem algum tempo juntas entenderão que têm mais em comum do que alguma vez imaginaram.

- Eu tenho mais que fazer. Essa portuguesa ia destruindo o que levou meses para eu conseguir!

- Anne...- O rei tentou apaziguar a fúria da esposa.

Eu não me lembro de ter dito que gostava de conhecer esta mulher, porque é que a querem tanto ao pé de mim? Para me espancar e mandar para as Bermudas?

A rainha bateu o pé no chão aborrecida, fulminando-me com puro ódio. Eu com certeza não estava muito diferente.

- Um chá. Se gostar de vós podeis ficar.

- Ninguém ousaria mandar-me embora.- Sorri e Henry deu-me um pequeno encontrão com o ombro.

- Sois abusada.

- Ambas somos.- Ergui a sobrancelha.

- A diferença é que eu posso, e vós ainda não.- Sorriu-me numa cumplicidade feminina.

Apesar do seu mau feitio e péssimas maneiras, não parecia ser a doninha que Maria Ana era.

⭐👑⭐

- Aposto que te vais divertir imenso.- O meu marido endireitou a pequena flor no meu cabelo antes de me beijar.

- Claro.

- Só não sejas exilada, estamos a ficar sem países para onde ir.- Provocou-me.

- Isso não foi engraçado.- Indignei-me.

- Desculpa.- Corou, entendendo que eu não tinha achado piada nenhuma.- Vai lá e arrasa.

- Não te metas em sarilhos. 

A rainha, como inglesa que era, já me esperava no salão. As suas damas de companhia pareciam águias prontas a atacar. Confesso que me senti intimidada com tanta gente a olhar-me.

A conversa demorou imenso a começar. Era claro que estávamos a forçar algo por Henry, mas tudo bem. Por ele eu faço tudo, até ser uma traidora e enfrentar uma rainha mal-humorada.

- Então... fostes dama de companhia da infanta de Portugal?- Tentou introduzir um tema.

- Quereis saber algo genuíno sobre mim, ou quereis apenas testar se os vossos espiões fazem um trabalho eficaz?- Bebi o chá.

- Dizei-me então.- Pousou o pires e a chávena.- Quem sois, Helena Hyde?- Sorriu desdenhando do apelido novo.

Para ser honesta nunca parei para fazer essa pergunta a mim mesma.

- Sou mulher.- Tentei enumerar.- Sou católica, sou filha de num marquês, irmã de um governador, uma tia orgulhosa... uma dama de companhia orgulhosa da sua princesa.- Lembrei do que tive a oportunidade de aprender e ensinar a Francisca.- Gosto de viajar, gosto de pensar, gosto de ler, gosto de perguntar, gosto de aprender.- Eu era verdadeiramente desinteressante.

- O que gostais de aprender?- Perguntou-me com curiosidade.

- Tentei o Direito e pareceu-me interessante. Também gosto de filosofia, nunca me proibiram esses livros. E vós quem sois?

As damas de companhia embasbacaram-se com a minha ousadia. Fazer tal pergunta a uma monarca deve ser realmente uma afronta. Sei quem faria um escarcéu perante a minha interrogação. Apesar da reação das mulheres, a rainha sorriu e voltou a pegar na chávena para provar o chá.

- Sou a afronta e a esperança.

- Ouvi dizer que Inglaterra nunca teve muitas rainhas no poder.

- Sou a terceira. Aguentaram o trono melhor que muitos homens.

Isabel I levou a Inglaterra à sua época áurea, e Maria Tudor instalou o terror. Ambas poderosas, venceram os inimigos com a sua inflexibilidade, uma pelo terror e sangue na perseguição aos protestantes, a outra pelo orgulho e ambição. Somos nós mesmos que escolhemos como queremos ser lembrados pela história: gentis ou impiedosos.

- Deveis ter imensas sugestões de como fazer o vosso trabalho.- Supus sabendo como eram os homens. Só eles sabem administrar, gerir, mandar. São tão superiores e no entanto precisam de ajuda a tirar uma toalha molhada de cima da cama. 

- Nem falai.- Revirou os olhos.- Não há quem ature aqueles fala baratos.

Conversa vai, conversa vem... e acabamos por entender que afinal sempre tínhamos alguns pontos em comum. Devo ter feito alguma coisa bem, porque a rainha disse que adoraria passar uma tarde comigo outro dia que funcionasse para ambas.

- Peço desculpas pelo que vos chamei.- Sorriu sobre a nossa apresentação há uns dias atrás.

- Não fostes a primeira e com certeza não sereis a última.- Ignorei o sucedido.

Uma das damas de companhia murmurou algo no ouvido da rainha e então despediu-se para voltar às suas responsabilidades.

- Até qualquer dia, my lady.

- Majestade.

Terminei o meu chá e ainda fiquei por ali sozinha. Mulheres são cruéis e temíveis quanto a afastar oponentes. Maria Ana não permite ninguém atravessar o seu caminho, a rainha de Inglaterra mantém qualquer uma no seu devido lugar e eu... não serei muito diferente. Porque nos enfrentamos tanto? Não seremos mais fortes juntas? 

⭐👑⭐

- Correu bem com certeza.- Henry sorriu-me pondo o seu braço sobre os meus ombros.- A minha tia saiu de bom humor.

- Acho que estabelecemos a base de tolerância.

- Um pouco mais que isso, com certeza.- Supôs conhecendo-me bem.- Eu sei a esposa cativante e inteligente que tenho.

Um homem bem-vestido veio na nossa direção e Henry ficou tenso de imediato:

- Posso ajudar-vos?- Indagou para o estranho.

- Uma carta de De. João V.

Engoli em seco. Devia ser o embaixador português.

- Sois mensageiro, por acaso?- Henry indignou-se.

O que quereria João connosco? Não nos tinha deixado vir, afinal? Será que este embaixador teria poder para nos punir? Torturar? Se João lhe pagasse uma boa quantia de certeza que terminaria o que foi começado em Portugal.

- Cumpro ordens. Apenas isso. Não sei, nem quero saber o que aconteceu lá.

Respirei fundo e aceitei a carta que me estendia, reparei que tinha uma caixa média na outra mão.

Li às pressas o que a missiva continha. Uma história nojenta cheia de desculpas e pedidos de reconciliação. Primeiro arma aquele circo e depois quer que continuemos em paz?! Sou uma piada para ele?

- O rei enviou isto também.- Estendeu-me então a caixa que segurava.

Hesitante, encarei o meu marido antes de abrir. Seria veneno? Uma cobra?

- Oh...- Suspirei ao ver o que se tratava. O colar da mamã! Como novo, como prometera! Ele não o deitou fora, vendeu, estragou mais... João devolveu!

Ainda bem que decidiu entregar-mo a mim e não ao papá.

- Agradeça ao rei pelo colar, apesar de ter sido o mínimo, visto ter sido a rainha a estragá-lo.- Recuperei a compostura.

Uma tonelada saiu-me de cima imediatamente.

João não tinha perdão possível. Olhei Henry com um sorriso decidido e provavelmente matreiro e depois encarei o embaixador. Espero que conte especificamente o que vou fazer ao seu rei: reparei num dos castiçais acesos que iluminavam o corredor largo, e observando a chama e depois o embaixador, peguei fogo à carta que me tinha entregue.

- Espera, o que era?- Henry ficou perplexo, assim como o embaixador que não proferiu palavra, apesar disso, olhei-o com firmeza, num sinal claro que queria que transmitisse ao magnânimo rei de Portugal, D. João, o quinto de seu nome, o que diria:

- Apenas acendalhas importadas.- Encolhi os ombros e sorrindo continuei caminho.

Ao ver que Henry sorria como uma criança travessa a meu lado corri pelo corredor fora a seu lado.

- Por onde?- Chegamos a uma bifurcação. Eu não conhecia este lugar ainda.

- Para casa, milady. Temos o futuro à nossa espera.

FIM


⭐👑⭐

Certo, podem pegar-me fogo. Eu prometi que escreveria mais... até me lembrar que estávamos no fim.

Mas esperem! Ainda vem aí um posfácio. Desde já muito obrigada por me terem apoiado até aqui, obrigada por todo o carinho.😘😘

Até já, princesas!

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