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54. Homens jogam sujo

- Eu sinto que tive um sonho estranho.- Bocejei quando acordei nos meus aposentos e me olhei no espelho ao lado. Lentamente, pus os pés no chão e com calma ergui-me. Sentia-me muito cansada.

- Helena! Estás bem!- Fui abalroada pela infanta mal abri a porta do meu quarto. Não pude fazer nada para me manter de pé, não deu tempo para me defender assim que a vi saltar do sofá.

- Au...- Suspirei quando bati com a cabeça no chão. Afinal não foi um sonho, eu estive mesmo numa arena, numa incrível e quase fatal finta à morte.

Olé, que sobrevivi!!

- Francisca Josefa!- Ouvi o rei repreender algures.

- Deixa lá. Sentir-me viva sabe bem.- Suspirei nos braços da princesa.

- Não, não. Desculpa-me.- Levantou-se e ajudou-me a levantar do chão também.- Não devia ter feito isto, estás fraca.- Sacudiu a minha camisa com cuidado.

- Tu estás tramada, minha menina!- O papá puxou-me a orelha.

- Isso dói! Au!

- É bom que doa para aprenderes a lição!- Rosnou zangado.- Já te tinha dito para parares de te vestir de homem, viste no que deu?! Hã! Viste?!

- Não tenho a culpa que sejam cobardes orgulhosos.- Afastei-me indignada.

Doíam-me as pernas de tanto correr, não estava habituada a isso. Talvez deva adotar alguns hábitos de Henry, nomeadamente os mais saudáveis. Todo aquele cabedal não depende de comida extra, com certeza! Estou tão mortinha por poder enfim, vê-lo sem camisa... que homem lindo!

- Vamos dar uma volta, Helena?

- Majestade, Helena tem de se recuperar.- Beatriz surpreendeu-se com o pedido do rei.

- Um passeio nunca fez mal a ninguém.- Há tanto tempo que não montava com João... desde que a austríaca chegou mal tenho espaço para lhe dizer um olá.

- Helena, tu vais deitar-te e descansar.- O papá insistiu.

- Talvez mais tarde, agora acabei de receber um honroso convite de sua majestade para um passeio. Até logo!- Vesti as botas de couro às pressas e ainda a atar uma fivela peguei na casaca alva, saltitando escadas abaixo.- Demoras muito, ou queres que te leve às costas?

- Vai com calma que os dezanove já me pesam.- Fingiu-se queixoso dando um novo nó na gravata.

- Perdão, não sabia que eras um ancião agora. Na verdade notei que o teu humor anda como o do meu avô.

- Pará de me comparar ao velho do Albuquerque!

- Não te atrevas a referir-te assim do meu avô outra vez!- Retribui no mesmo tom procurando pelos estábulos.

Era um solar simpático este. Era bom viver num sitio assim com Henry. Acordar e sentir o ar do campo, o som dos pássaros, nadar no rio... seria uma vida tranquila. A vida como embaixador pode ser instável e nómada.

- Por onde majestade?

- Guiai, bela dama.- João respondeu no mesmo tom jocoso ajustando as rédeas à sua medida.

- Posso acompanhar-vos?

Não, nem pensar. Rainhas hipócritas não entram nos meus passeios!

- Não sei, pode ser sujo.- Dispensei levemente a senhora.

A coitadinha ia partir uma unha e tombar do cavalo, eu mesma me certificaria disso.

- Amanhã.- João garantiu-lhe.- Agora não.- Declarou e seguiu à frente.

O olhar da lady dizia tudo o que pensava sobre mim. Asquerosa!

- Eu até nem desgosto de Coimbra.- O rei suspirou quando nos viu distantes do solar.- Tem demasiada erva... mas é tranquila.

- Não és um homem do campo, basta uma margarida para teres um ataque de alergias.- Brinquei enquanto ouvia o agradável som da erva amachucada à nossa passagem, já fora dos caminhos da cidade.

- Oras Helena, todos nós temos um ser bucólico cá dentro. A natureza traz o melhor de nós à superfície.- Desmontou e sorridente apanhou uma flor silvestre, sentiu o aroma e acabou por largá-la ali mesmo.

O Henry dava-me flores sempre que se lembrava e isso fazia-me tão feliz... significava que ele tinha pensado em mim algures durante o seu dia ocupado.

- Eu ainda casei com sol, Helena.- Sorriu a olhar para o céu.- Não terás a mesma sorte.

- Pelo menos eu não me casarei no meu aniversário.- Ri da sua provocação.- Eu nem me importarei se chover. A família de Henry sentir-se-ia em casa.

- Coitadinha, o noivo é tão pobre que não consegue pagar um teto...

- Estás a ser rude agora.- Zanguei-me.

- O teu sentido de humor pirou com o tempo.

- Não, tu apenas brincas com o que não deves.- Lembrei, e como ele, desmontei e fui caminhando por entre a erva já amarelada e seca do outono, em breve cresceria verde.

- Faz quanto tempo que nos conhecemos?

Quanto tempo? 

- Um ano?- Soltei.

- Não, não pode ser. Quando chegaste já era rei.- Pôs-se a contar pelos dedos.- Pelo menos há uns três anos, ou dois anos e pouco.

- Só três anos?- Estava estupefacta. Parecia menos tempo.

- Como o tempo voa.- Sorriu suspirando.- Ao lado dos amigos o tempo para.

- As coisas têm mesmo de mudar?

- Um pouco, sim.- Senti os olhos molharem e fui acalcando a erva ao meu redor com tristeza.- Nós amadurecemos e crescemos, João. Eu não sou a mesma que veio do Brasil e tu não és o mesmo rei que encontrei aqui.

- Isso é verdade, a responsabilidade fez-me crescer um pouco.

- Só mesmo um pouco.- Aborreci-me revirando na memória as suas atitudes imaturas para a idade que tinha.

Esta nova fase parecia mudar tudo. Nós iríamos estar os dois casados em breve, com menos tempo para nos divertirmos e mais deveres. Iríamos ver-nos menos, rir menos, conversar menos, apoiar-nos menos.

Claro que nada será igual daqui para a frente!

- Nós vamos ficar bem, há pessoas novas na nossa vida. Pessoas que nos amam e que nós amamos, que estarão sempre do nosso lado. Não há que temer a mudança.

O rosto de João nunca foi tão transparente a algo. Ele continuava sem amar Maria Ana. Tudo bem, ainda só se passaram uns dias e de qualquer modo eu não podia dizer a verdade sobre ela.

- Ela ama-te. A rainha é louca por ti.

- Não, ela é louca pelo que acha que sabe de mim. Assim que me conhecer volta-me as costas.- Encolheu os ombros com desinteresse e sentiu o vento frio no rosto.- Eu sou um homem do mundo Helena. Há tanto para ver, experimentar, descobrir! Por muito que ame a Deus não consigo ser tão cego quanto ela.

Sentei-me ali no chão fofo. Sabia a liberdade... Henry montaria comigo aos domingos? Iríamos ler na praia ao pôr do sol? Dar-me-á uma flor todos os dias ou só o fez até agora para me conquistar?

- Há qualquer coisa nela... há algo estranho. É perfeita demais...

- Tu estás a queixar-te por teres uma esposa perfeita?- Estranhei quando se sentou a meu lado, na verdade ri dele.

- Qual é a mulher que permanece casta por 25 anos?! Cá para mim prefere mulheres.

- Talvez os truques que empregas com as tuas amantes não funcionem com a tua esposa.- Apontei o provável e claro defeito.

- Isso nem é posto em questão, pois as táticas que uso nas rameiras jamais usarei com a minha mulher.- Declarou chocado.- Sabes que mais? Esquece... é melhor termos esta conversa depois do teu casamento.

- Eu acho que Maria Ana se sente frustrada.- Confessei.

- Frustrada? Frustrada com o quê? Só temos... uns cinco dias de casados, não dá para ficar frustrada em tão pouco tempo!

- Não és tu.- Sorri-lhe.- Ela pensava que esta corte era como na Áustria, ela sente-se posta de parte porque aqui todos os seus conhecimentos e curiosidades são ignorados. Riem-se dela por não saber jogar. Por isso gosta tanto de ti, és o único que dá valor ao seu talento e conhecimento.

- Na verdade finjo ouvi-la para não se aborrecer. Ela é chata e entediante, e os seus conhecimentos afinal não me servirão de nada. Não pretendo partilhar o poder que é meu por direito, nem morrer cedo demais para a deixar na regência do reino.

⭐👑⭐

- Oh Henry!- Corri para os seus braços assim que entrou na saleta de recepções.

- Eu também senti saudades.- Murmurou no abraço apertado.

Eu ainda estava viva, eu ainda o sentia a meu lado.

- Helena? Está tudo bem?

- Sim.- Afastei-me um pouco, radiante enquanto apreciava os seus olhos e o seu sorriso lindo e brilhante, o sorriso que tinha sempre a meu lado.

- Mesmo? É que não costumas ser tão efusiva.- Olhou para Bianca tentando encontrar alguma reposta para o meu entusiasmo.

- Costumo pois!- Indignei-me.- É só que... eu amo-te. Queria que soubesses disso.

- O que é que aconteceu em Coimbra?- Franziu o cenho.

- Eu ia morrendo...

- OUTRA VEZ?! Mas tu não te consegues manter longe de sarilhos por mais de um mês e meio?! Olha, tu vais ao meu casamento, nem que tenha de te pôr num colete de forças para que não faças bodega até lá!

Sorri mostrando as minhas covinhas, enquanto Bianca levava as mãos à testa, também cansada com a minha falta de bom senso, estava prestes a contar-lhe toda a situação quando Edward entrou com o pau esquisito ao ombro.

- Bem me parecia que ele se estava a demorar... não vais apresentar a tua noiva aos rapazes, Hyde?

- Só uns minutos.- Henry voltou a encarar-me sério, de um modo que quase me fez cuspir a história toda, no entanto a curiosidade falou mais alto.

- É. Não vais apresentar-me aos teus amigos?

- Quero saber a confusão em que te meteste desta vez.

- Eu já não sou uma menina, Henry.- Dei-lhe a mão e segui Edward pelos corredores do palacete até me encontrar no jardim.

Havia meia dúzia de rapazes apoiados em tacos iguais aos de Edward, ou com eles ao ombro enquanto riam e se provocavam. Notei uns arames em forma de arco no chão e entendi que era mais um daqueles jogos esquisitos da terra de Henry.

- Ora rapazes, comportem-se na presença de uma dama.- Edward impôs quando viu que dois deles já estavam numa conversa picada que muito em breve se converteria numa luta "amigável" como os homens tanto lhe chamavam.

- Eu já aqui estava.- Corei envergonhada com o aborrecimento de Hetty que se afundou mais ainda no livro que lia.

Eu estava um pouco nervosa, os amigos de Henry gostariam de mim? Eu iria gostar deles?

- Helena, estes são o David, o Anthony, o Richard, o William e o James.- Indicou cada um dos amigos.

Donde é que saem estas carinhas larocas? Vá lá Portugal, é este tipo de coisa que temos de importar, esqueçam a porcaria da lã!

- Rapazes, esta é Helena, a minha noiva.

Ficaram a olhar uns para os outros, meio desconfiados. Que bom! Primeiro elas, depois eles.

- A sério?- O James, um loiro de cabelo tão claro quase branco e de intensos olhos verdes olhou para um moreno que acho que se chamava David. Eu vou ter de apontar para não me esquecer.

- Eu pensei que fosse uma piada, uma desculpa para nos trazeres cá.- Anthony, que tinha o ar mais sensato deles todos ousou abrir a boca e a ideia que tinha dele foi borda fora.

- Estão a ser grosseiros...- Hetty comentou bebendo uma chávena de chá e correndo o olhar pelas linhas negras das palavras.

- My lady, é uma honra conhecê-la.- Um deles, de cabelo castanho num tom caramelo aproximou-se e beijou-me a mão. Felizmente Henry murmurou "Richard" no meu ouvido e sorri mais à vontade.- Ignorai os meus amigos parcos de emoções. Estamos verdadeiramente felizes por Henry ter encontrado a sua alma gémea num país diferente, enquanto devia estar a cumprir ordens de estado e não a namoriscar, mas... muito felizes! Estamos mesmo muito felizes.

Henry coçou a testa meio embaraçado.

- E por falar em casamento, parece que nos deves 150 libras a cada um.- Um outro acompanhou as palavras do amigo e tirou um canudo de papel de dentro da casaca cor-de-rosa.- Declaro por este meio solenemente e tendo-vos a todos vós como testemunhas, amigos, que não casarei antes dos 35 anos. Caso a minha palavra não seja cumprida devo-vos 150 libras a cada um e uma garrafa do melhor Bordeux que tiver. Assinado Henry Hyde.

- Posso trocar por Porto?- Edward indagou.

- Vocês são tão chatos...- Henry aborreceu-se.- Tudo bem eu...

- Porque é que tens um documento oficial a dizer isto?- Peguei o papel da mão do amigo moreno e corri os olhos para achar uma data. Tinha três anos.

- Porque é homem, e homens são idiotas.- Henrietta sorriu sobre o livro.

Se eu tiver uma criança um dia, espero que seja uma menina, e que não saia ao pai.

- Eu não entendo a surpresa, e sei que os meus amigos também não estão assim tão chocados como demonstram, gostam de apenas de provocar Henry e de embaraçar-vos.- Um outro de cabelos muito negros e olhos claros sorriu-me.- É um prazer conhecer-vos finalmente lady Helena. Ouvi falar imenso de vós.

- Espero que só coisas boas.- Senti-me mais confortável com a sua abordagem.- A honra é toda minha.

- David, o meu nome é David.- Sorriu e deu um chuto no taco, parecendo assim um pêndulo pelo movimento que fez inúmeras vezes.

- Eles eram mais educados lá.- Henry estava claramente chateado com a recepção dos amigos.- O mar fez-lhes mal.

- Se nos azedou a nós, imagina os teus pais.- James comentou com um sorriso e Henry fez uma careta.

- Jogais?

- Que jogo?- Aceitei o taco que Edward me estendeu.

- Pall-mall.- Henry explicou-me.- Mas aqui as regras são respeitadas muito pouco. Basta passares a bola por dentro dos postos. O primeiro a fazê-lo ganha.

- Muito bem.- Parecia simples.

- Helena, tu não queres jogar isso, eles são uns autênticos selvagens.- Hetty fechou o livro e apreciou as jogadas.

- Henrietta, ofendeis a minha honra.

- Tendes uma William?- Hetty sorriu dissimulada.

David e James olharam um para o outro, apreciando a disputa entre aqueles dois.

- Aqui tens.- Edward pôs a bola no chão e posicionei o taco.

- Muita calma, foca-te no marco...

- Henry, eu acho que consigo passar uma bola por um aro de metal.- Aborreci-me e joguei. Sorri contente por conseguir fazer a jogada.

- Ei!!- Indignei-me quando o tal William bateu a bola dele com força na minha e saí de jogo.

- Bem vinda ao pall-mall, milady!- Henry riu com Anthony.

- Do inicio, my lady.- Richard apontou para a bola a uns largos passos de distância e voltei a posicioná-la no inicio.

- Henry!- Indignei-me quando o meu próprio marido me expulsou assim do jogo. 

- Desculpa amor, não é nada pessoal.

Ai é assim que vai ser?!

Eu vou tirar-lhe aquele sorriso presunçoso da cara com o taco se for necessário.

William também tinha recomeçado.

- Eu estava a acabar!- Edward resmungou com James que riu e encolheu os ombros. Também ele teria de recomeçar.

- Helena, estamos aqui para nos divertir, não é preciso ficares tão zangada...

Henry tinha começado com as falinhas mansas, o que me fez olhar com mais atenção para o jogo. A sua bola ficaria fora com uma boa tacada... no entanto a de Richard estava mais perto e fácil de meter fora.

- Lamento, de verdade que lamento.- Mirei a bola e joguei.

Henry ficou chocado e indignado voltou ao inicio.

- Edward, eu estava a um marco de ganhar!- Rosnei furiosa por ter de recomeçar pela centésima vez quando ganhou por me pôr fora.

- E eu ganhei.- Gabou-se.

- Arght, seu...- Apertei os punhos para não lhe apertar a garganta.

- Energúmeno?

- Imbecil?

- Idiota?

- Isso tudo!- Aceitei as sugestões.

- Helena, é por isso que não se pode jogar com homens; não sabem jogar limpo.- Hetty teve a gentileza de me servir uma chávena de chá.

- Então e que tradições inglesas terá o casamento?- James perguntou quando se sentou à mesa e provou uns biscoitos.

- Os casamentos ingleses não são diferentes dos portugueses.- Henry interrompeu o problema que o amigo queria criar.

- Todos vocês estudaram juntos em Oxford?

- Estudar? Quanto muito visitávamos umas quantas salas durante o ano.- William molhou a bolachinha no chá.

- Eu estudei sim.- Henry impôs.

- Sim, Henry era quem mais se esfolava pelos bons resultados.- James afirmou negando com a cabeça enquanto falava. Sorri com a honestidade.

- Lá noites acordado ele passava...- Anthony provou um pãosinho com fiambre tranquilamente enquanto eu ponderava seriamente este casamento.

- Como tem sido por lá?- Henry lançou a primeira pergunta que se lembrou.

- Tenso...- David respondeu.- Os meus vizinhos foram para a Escócia. O mais novo só tem 16 anos.

- Os meus primos do norte voltaram para Londres. A situação está caótica... os escoceses estão a perder a olhos vistos, têm armas artesanais; não demorarão muito a perecer.- William contou, não sei se com pesar, se com o orgulho de uma nação que oprime outra.

Que moralidade tenho para o julgar? O meu irmão é Governador no Brasil.

- Mandaram o Sandringam para parlamentar.

Henry fez uma careta tão repugnada que ri, no entanto ao reparar no olhar reprovador dos amigos recompus-me.

- Sandringam?- Tentei recuperar a posição séria. Pelos vistos o assunto não era para brincadeiras.

- O duque de Sandrigam tem asco a escoceses.- Anthony respondeu quando viu que Henry não o faria de modos contidos.- Não é proposta mais audaz quando estala uma guerra.

- Nunca nos demos muito bem.- O meu marido admitiu.- Acho que por ele saber que tenho sangue escocês.

- Se não é capaz, então porque é que a rainha o escolheu?- Estranhei.

- Porque estava farta daquele idiota, e com alguma sorte acha que nunca mais o vê. O Sandringam era horrível com ela.- Henry justificou.- Com alguma sorte leva uma bala perdida.

- E tu, que é que lhe fizeste?- Provoquei-o.

- Olha!- Fingiu-se ofendido e acabou por sorrir-me.- Eu sou calmo, ponderado...

- Sobrinho da rainha...

- Com um pai chato e influente...

- Se eu não estivesse pronto, não me teriam pedido para vir.- Henry afastou o pessimismo dos rapazes e sorri com a sua firmeza.- E para que saibam estou muito satisfeito com o resultado.

- Como sempre humilde, Hyde.- James riu.

Henry sorriu orgulhoso.

- Fazias falta lá.

- Duvido muito. As minhas conquistas são de médio a longo prazo, venço-os pelo cansaço.- Bebeu o chá.- A Escócia pede uma intervenção rápida e eficaz, como um golpe de espada.

Pousou a chávena no pires:

- Além disso não tenho pressa em despachar-me de Lisboa. Cá faz sol.

- Se eu tivesse uma beleza dessas a meu lado também não ia querer ir-me embora, não senhor.- Anthony comentou e ousou piscar-me o olho.

- Os teus amigos são um bocado abusados.- Comentei bem alto para todos ouvirem.

- Não, eles são comportados.- Declarou num tom cortante.- São autênticos monges.- Endireitou as costas e rosnou.

- E vós, como estais, Henrietta?- David sorriu-lhe.

- Tranquila, e vós?

- Muito bem desde que cheguei.

Havia um clima a rolar ali? O David era sem dúvidas o mais doce e sensato.

- Podemos ir até ao palácio?- Richard sorriu entusiasmado.

- A esta hora?- Henry olhou para o relógio de bolso.- Está tarde para isso.

- Sim, qual é a pressa de te ires meter no covil de um católico absolutista, Richard?- James recostou-se e bocejou.

- Qual é o problema de ser católico e absolutista?- Indignei-me.

Os rapazes olharam todos para mim, diria que chocados. 

- Ela é católica?!- William engasgou-se com o chá.

- Os teus pais vão deserdar-te, a tua tia vai degolar-te!

- Vocês ingleses são verdadeiramente um drama.- Aborreci-me e bebi o meu chá.

- Até onde sei, Helena casará comigo, então as suas crenças são problema meu e não vosso.

Bianca murmurou no meu ouvido que em breve se fariam horas de jantar e que seria um caminho longo até casa.

Tinha razão.

- Foi uma honra cavalheiros.- Levantei-me iniciando as despedidas.- Até uma próxima vez.

- Não queres ficar para jantar?- Henry ergueu-se também.

- Não, não quero interromper, têm com certeza muita conversa a pôr em dia.

Imaginei que não fossem temas agradáveis aos meus ouvidos.

- Sendo assim... eu acompanho-te.

Atravessamos o palacete até que Henry lembrou a conversa pendente.

- Não é algo que tenhas com que te preocupar.- Beijei as suas mãos. Pensei verdadeiramente que não voltasse a vê-lo.

- Eu amo-te Helena.- Declarou depois de beijar a minha testa bem devagar.- E não há nada que aqueles idiotas digam que me vá fazer mudar de ideias. Eu peço desculpa, eles foram uma péssima receção.

- Ser católica é um interpeço assim tão grande?- Eu sabia que não corriam dias felizes para os católicos lá, mas não sabia que tinham tamanha aversão.

- Não para mim.- Sorriu.

- Mas isso significa que... que tu como anglicano... poderás... sabes... divorciar-te de mim, quando te aborreceres?- Indaguei muito nervosa após lembrar a particularidade da sua doutrina.

Vi que mordeu o lábio para não rir de mim.

- E quando é que eu me aborreceria contigo, Helena? Eu amo-te, eu casei contigo e vou casar outra vez. Põe nessa cabecinha que isto só acaba daqui a dezenas de anos, quando eu, bem velhinho, morrer.

Senti um calor doce no coração por tamanha doçura da imaginação. Eu provavelmente pereceria primeiro, pareço atrair problemas.

- Até amanhã e diverte-te.- Beijei-o depressa mal vi a carruagem chegar.

Ficou ali a acenar-me de sorriso no rosto até me perder de vista.

- Os amigos são tão civilizados quanto ele.

- Não são nada. Henry é bem mais... Oh Deus! Bianca, tu já viste a sorte que me calhou?- Sorri.

- Calma Helena, ainda a procissão não saiu do átrio da igreja.

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