46. Boahinmaa
- Quando casa o rei ao certo?- Perguntei ao papá olhando o calendário.
- Prevesse que a 28 de Outubro.- Bebeu o copo de Porto.
- E quando chega a rainha?
- Na semana que vem.- Encolheu os ombros com indiferença.
- Semana que vem?! Por quanto tempo dormi?
- É normal perderes a noção dos dias, Helena. Hoje é o primeiro dia de Setembro.
Faz quase um mês que fiz anos. Pareceram décadas.
- Tudo bem.
Teria de casar num fim de semana de Novembro.
O papá não se opôs totalmente à nossa união, sabia que Henry era um homem honrado. Inglês, porém honrado.
- Não queres esperar por Abril ou Maio do ano que vem?- Catarina estranhou quando me viu analisar os domingos de Novembro.
- Não.- Sorri.- Se o dia estiver bom para Henry, estará bom para mim.
A verdade é que ele tinha uma agenda mais preenchida e arriscada que a minha.
- Em Novembro faz tão mau tempo... escolhe a primavera, com certeza conseguireis um dia mais bonito.
Eu não queria esperar mais por Henry.
- Acho que a data deve ser escolhida a dois. Para ser honesta não me parece a altura certa para começar a planear o casamento. Deixai o rei casar-se primeiro, depois logo se vê.
O papá passava os dias fechados no gabinete, a toda a hora chegavam e partiam mensageiros do Palácio com documentos e caixas.
Tenho saudades de Francisca...
⭐👑⭐
- Consegues ouvir?
- Parecem... gargalhadas.- A minha irmã estranhou o bom humor do povo.
- São sim, e há música também!- Ouvi com atenção as pandeiretas. As traseiras do palacio ficavam apenas a umas ruas de Alfama.
As ruas estavam enfeitadas com fitas e balões de papel coloridos, o povo cantava e bailava até de manhã.
- Porque estão tão contentes, Manuel?
- Porque o rei se vai casar.
- Sim, mas não com eles.- Atirou o óbvio.
- Portugal terá uma nova rainha, isso é suficiente para eles, Francisca.
Estava mortinho para sair e dançar, namorar, arranjar um pouco de confusão... partir à aventura.
- O João tem andando estranho.
- Mais que nunca, está ocupado. É muita coisa para ele cuidar.
- Acho que devíamos ajudá-lo...
- Ah não. O António está lá com ele.- Desfiz-me dos planos. João parecia uma galinha ultimamente. Bastava alguém respirar perto dele e tinha um chilique.
- Reparei que tem rezado muito.
- Sabes que João sempre foi um beato.- Revirei os olhos. Não entendia como conseguia ser um fervoroso apologista da ciência e no entanto, desperdiçar horas infindáveis por semana em missas, orações e rezas.
A mim bastava-me o domingo.
- O António também falou contigo?- Suspirou.
- Sim.- Imaginei o que pensava.
- Achais mesmo que quer ir para padre?
- Não um qualquer, com certeza farão dele Bispo.- Encolhi os ombros. Afinal de contas, era um infante.
- Ele é vivo demais para passar o resto da vida dedicado a Deus.- Entristeceu-se.
- Se João te ouve põe-te de castigo.- Impliquei com ela, porém acabei por lhe mostrar um sorriso.- Sabes, ele sempre preferiu o Alentejo. Uma vida pacata, longe da corte e de todas as intrigas, com mulheres simples e do campo.
Com certeza António não iria aderir ao celibato, no entanto não duvido da sua vontade e devoção a Deus por uma vida dedicada ao Criador.
Disse-me que iria dias depois do casamento, algo me diz que o rei não sabe destes seus planos. Eu também tencionava partir depois, não sei se pelo Dia de Todos os Santos, se pelo Natal.
Ansiava viajar, conhecer o mundo. Visitar o resto da Europa e as suas cortes e quem sabe o Novo Mundo? Não apenas o Brasil, mas as colônias britânicas também e as espanholas.
- Eu quero muito que a rainha seja simpática e gentil, João já é severo e amargo o suficiente sozinho.- A minha irmã cruzou os braços pensativa.
Não acho que João seja tudo isso, pelo menos longe de responsabilidades não o é.
Eu acho que nem passa pela cabeça de Francisca que João está perdido por Helena.
- Vais ver que será maravilhosa e sendo mais velha, com certeza terá mais experiência para lidar com as manias de João.
⭐👑⭐
- Sai.- Pedi depois de satisfeito.
- Mas majestade...
- Eu disse sai!- Apontei a porta incrédulo e a rapariga correu dos meus aposentos.
Que mania esta de estar sempre a contestar as minhas ordens!
Atei o robe e fui até ao meu gabinete. Havia muito trabalho pendente... meu Deus, uma semana!
A minha mulher estava perigosamente perto. Na verdade sempre me pareceu que este momento estava longe de acontecer, mas agora... parece estranhamente real.
A breve distração e contentamento do povo dão-me um ligeiro período para as minhas tarefas. Havia imenso a fazer.
Espero que Eduardo esteja a cuidar dos passaportes como deve de ser, porque eu, não tenho tempo nem de os mirar ao longe.
Prejuízos no Alentejo com a falta de chuva, prejuízos no Norte com chuva a mais... que raio de país este!!
Piratas na Madeira, holandeses nos Açores, espanhóis que ainda lutavam na fronteira com lusitanos.
- Parecem piolhos. Uns de cada vez, de cada lado a chupar, e quando se vir... dominaram tudo.- Mordi o lábio e esfreguei o queixo pensando.
Enviaria mais homens para as frentes de batalha, aumentaria o orçamento de guerra, e enviaria um bom diplomata para negociar, de uma vez, a paz com aqueles filhos da mãe.
Portugal é meu! É dos Bragança e não deles! E mesmo que tenham duas gotas de sangue portuguesas... o meu reino teve ser guiado por um português e não um espanhol que cospe no que somos.
As colonias ainda estão um caos do seu domínio. Antes de tomarem o meu trono, Portugal era a maior Nação do Mundo, agora é a segunda maior... por enquanto; certificar-me-ei disso, ou não me chame João Bento de Bragança!
Indemnizações, indemnizações...
- João?
- Hum?- Esfreguei a cara quando me ouvi chamar.
- Está tudo bem? Passaste aqui a noite?- O António sentou-se frente à secretária.
Havia imensa claridade a atravessar as janelas.
- Talvez.- Bocejei.- Mas pelo menos o meu trabalho está feito.
- Bons dias majestade!- Os conselheiros começaram a chegar e deixei a cabeça cair na secretária.
O trabalho nunca está feito.
- Voltarei em breve.- Apertei o robe para vestir algo decente nos meus aposentos.
Num outro dia iria deixá-los à espera por umas duas hora, porém hoje creio que não chegou nem a metade do tempo. Havia imenso trabalho a fazer, e quando se trabalha não se brinca.
⭐👑⭐
- Helena!
- Bons dias, alteza.- Sorri ao ver a felicidade instantânea da princesa.
Pelo que raparei o Palácio estava uma autêntica azáfama. Haviam flores como nunca antes, empregados e empregadas cuidavam dos detalhes mais minuciosos. Mobílias, lençóis e tintas andavam cá e lá, dando os últimos retoques nos aposentos da rainha.
- Tive saudades!- Veio abraçar-me com força.
Que amor!!
- Eu também.- Garanti.
Já não coxeava, embora de vez quando sentisse dores.
Anteontem Henry convidou-nos a todos à embaixada para um jantar. Foi bom, um pouco estranho, na generalidade muito giro. Henry tocou para nós. Eu nunca o tinha ouvido tocar cravo, foi simplesmente magnífico. Para além disso, a Hetty tocou violoncelo e como tinha talento...
- Queres vir ver a girafa? O mano trouxe África para cá.- Sorriu entusiasmada.
- O que é uma... girafa?- Isso nunca tinha visto.
- Anda!!!- Pegou na gata e pediu para eu a seguir enquanto corria.
Parou numa janela junto à sala do conselho, onde o jardim pertencia exclusivamente ao rei.
- Aqui Boahinmaa!- Falou à janela e agarrou numa das muitas jarras de rosas brancas que enfeitavam o Paço.
Seria algo do género de um macaco? Estamos no terceiro andar. Não existem animais assim tão altos. Nem mesmo os elefantes.
- Agarra aqui Helena.- Passou-me a gata.
As restantes damas de companhia tinham um sorriso jocoso. Que bicho afinal era uma girafa?!
- Cruzes canhoto!- Quase caí para trás quando uma cabeça enorme entrou pela larga janela.
- Bom dia Boahinmaa!- A princesa deu as rosas para o animal comer, enquanto se ria de mim.- Não tenhas medo, só come plantas.
- Para quê uma língua tão grande?- Apesar da bicha não gostar de carne não me inspirava confiança.
- Para lamber as folhas?- A pequena infanta fazia festinhas na girafa enquanto comia.
Tinha dois pequenos chifres cobertos de pelo, umas orelhas caídas e o seu pelo era num tom entre o caramelo e o amarelo torrado desvanecido, manchado com umas formas castanhas, no entanto a sua maior característica era com certeza o pescoço enorme! Era mesmo enorme!!
- Não, isso não!- A infanta tentou impedir o animal de comer a corrente de flores que enfeitavam o corredor até ao fundo.
- Ah!- Exclamamos todas quando os enfeites caíram ao chão e em corrente eram engolidos pela girafa.
- As rosas não deviam picar-lhe a boca?
- A língua dela é grossa. Em África as árvores de que se alimentava tinham folhas espinhosas!- Disse aflita enquanto tentava impedir o entrelaçado de bonitas flores de acabar na garganta da girafa que mastigava vagarosamente.
- Para trás!- Tentei afastá-la agarrando-a por um dos pequenos chifres e a abusada tentou enxotar-me com a língua, o que me fez recuar repugnada.
Os guardas acabaram por cortar os enfeites, e depois de engolir o que sobrou, lá conseguiram expulsar a cabeça da girafa dali.
- Huff...- Francisca respirou fundo e olhou para toda a confusão do corredor: os enfeites no chão, uma jarra partida e pétalas brancas por todo o lado.- Se alguém perguntar, estávamos de passagem. Foi o maldito cão do Manuel que fez isto.- Magicou pegando na Diamante.- E acima de tudo, o rei não saberá de nada.- Fuzilou Dionísia.
- Pois, é um pouco tarde demais para isso!- Rosnou João atrás de nós. Vinha seguido pelos vários conselheiros.
Eu ainda tentava recuperar do susto.
Parece-me que fizemos um pouco de barulho a mais...
- Olha para esta confusão, Francisca Josefa de Bragança!- Bramiu.- Eu já te tinha dito para não deixares a girafa entrar, eu até te tinha proibido de brincar com a girafa!
- A girafa, o leão, o rinoceronte, o elefante... isso é chato! São animais lindos!
- Que te podem matar!- Silenciou a menina.
O rei tentou acalmar-se um pouco quando notou o silêncio magoado da princesa.
- Até amanhã cavalheiros.- Dispensou os homens que se despediram e afastaram após uma vénia.- Senhoras, creio que está na hora da oração da manhã.- Deixou implícita a ordem.
- Majestade.- Saímos com cuidado tentando não atrapalhar os trabalhos dos empregados que tão exaustivamente tentavam limpar aquela catástrofe.
⭐👑⭐
- Como está a minha futura esposa?
- Henry...- Praticamente rosnei, furiosa que me tivesse assustado. Depois do incidente com a girafa não sabia mais o que me tocava pelas costas, podia ser uma anaconda enorme e gorda e nojenta...
- Estás tensa.
- Que observador, milord.
- Está tudo bem?
- Sabias que João tem uma girafa no jardim?
- Ham... sim.- Brincou comigo.- Aliás, toda a Europa já sabe.
- Pelos vistos o meu quarto, no palacete, não faz parte da Europa.- Bufei ainda nervosa.
- É um animal interessante?
- Não! É um bicho hediondo, doido por sangue e...
- Oras, li que era herbívoro.- Henry riu de mim, enquanto brincava com uma madeixa do meu cabelo.
- Eu fui atacada!
O meu noivo silenciou-se, porém o sorriso idiota não saiu dali.
- Preciso que decidas um dia para a cerimónia.- Lembrei-o.
- Por mim pode ser amanhã mesmo.
- Henry!- Dei-lhe um leve encontrão.
- Eu não sei porque temos de esperar tanto.- Defendeu-se.
- Escolhe o mês, pelo menos.
- Novembro, está bom?
- Sim, está.- Não gostei do tom.- E podíamos começar a fazer a lista de convidados.
- Mas...
- Para depois decidirmos onde será a cerimónia.- Impedi-o de continuar.
A ideia de casarmos os dois sozinhos não podia subir à minha cabeça também.
- Tudo bem, queres vir à embaixada mais logo?
- Ham... pode ser em minha casa desta vez, ou a tua irmã cansa-se de mim muito rápido.
- Impossível.- Sorriu-me.- Até logo, milady.- Beijou-me antes de ir.
- Henry!- Adverti pela milésima vez.
- Não! Diamante eu disse para parares! DIAMANTE QUIETA!!
Ouvimos um ladrar muito alto e raivoso e tivemos de nos afastar para a gata da princesa e um cão enorme passarem desalmados por nós.
- Já sentia saudades do ambiente da Ribeira.- Suspirei aborrecida.
- Sem dúvidas que St. James é mais pacato.- Henry viu os animais ir.
- Porque é que não deixas a tua gata longe do meu Henrique?
- Foste tu que me deste a Diamante, idiota! Se o teu cachorro sarnento toca num pelo que seja da minha gata eu vou dizer ao João que foste tu a partir a jarra da tia Catarina e... que beijaste Luisa.
- Isso foi à anos!- O infante mais novo indignou-se.
- JOÃO!!!!
- Henrique, Henrique vem aqui.- O infante correu o mais depressa que pôde.
- Queres filhos para isto, Henry?- Indaguei baixinho para aquela confusão toda.
- É saudável, fortalece os laços entre irmãos.- Olhou para a infanta roxa de raiva.- Além disso terão sangue inglês, não terão tanto veneno nas veias.
- Hyde!- Dei-lhe uma pancada forte e o tolo rio como se tivesse graça.
Só momentos depois me lembrei que o teria assim, a provocar-me todos os dias, a fazer-me rir... e era como um bálsamo para todas as feridas.
- Desculpem, viram a Diamante?- A infanta veio perguntar-nos.
- Por ali.- Henry apontou.
- Obrigada.- Tirou os sapatos e correu atrás do irmão.
- Eu continuo a achar a infanta adorável.- Admitiu num suspiro.
- Sem dúvidas.
...
- Henry.- Sorri e pousei o livro.- Ainda bem que pudeste vir.
- Não é como se tivesse outra escolha.- Sorriu de lado e soube que não estava verdadeiramente aborrecido.
- Catarina.- Beijou-lhe a mão como cavalheiro que era.- Diz-me então, meu amor, que precisas que faça?
Ele chamou-me meu amor...
- Precisamos de ver a lista de convidados. Achei que pudesses ir escrevendo todos os que te lembras e depois vais riscando quem não queres ou acrescentando...
- Bem eu...- Tentou imaginar.- Não conheço assim tanta gente, quer dizer não conheço assim tanta gente que quero que esteja presente no nosso dia.
- Eu também gostava de o manter mais íntimo e familiar...
- Helena, convidei Soutto Mayor para o vosso casamento.- O papá entrou todo contente e suspirei resignada.- Oh Henry!- Cumprimentaram-se de modo caloroso.
Eramos fidalgos. Fidalgos de famílias imporfantes, querem que tenhamos pelo menos 500 pessoas na cerimónia.
- Espero que não se importem.
Henry olhou para mim como se pedisse para falar, porém neguei e tomei eu a palavra, depois de respirar fundo muito bem.
- Papá... na verdade nós importamo-nos.
- O quê?- Sorriu confuso.
- Queremos uma cerimónia íntima, apenas com os amigos mais importantes e familiares mais próximos, entendes? Não queremos... toda a gente.
- Oh... Henry, põe juízo na cabeça da minha filha, isso é impossível! Há gente que...
- Eduardo, eu entendo que queira fazer o nosso dia memorável, porém desejamos isto, nós dois.- Reforçou Henry com calma.
O papá ficou ali quieto olhando ora para mim, ora para Henry.
- Vocês lá sabem... Que é que eu posso fazer?
Catarina sorriu-nos quando o papá saiu. Parece que desta vez tinhamos conseguido.
- Deixa ver...- Henry sentou-se a meu lado e começou a fazer a lista.- Os rapazes com certeza!- Sorria entusiasmado rabiscando nomes.
- Sentes muitas saudades?
- Sim. Embora vá aqui a clubes ingleses, não é o mesmo.- Encolheu os ombros.- É... as pessoas. Dizem que lar é onde a família está, pelos vistos os clubes e a cidade também.- Olhou para mim profundamente.- Não me sentia plenamente confortável aqui sem a minha irmã e Edward. São duas pessoas que gosto muito. Eu sentia-me um estranho em Lisboa antes deles.
- E agora?
- Ainda um estranho, porém mais adaptado. Acho que Lisboa... se está a transformar no meu novo lar.
As suas palavras pareceram-me tão francas e doces que quase chorei. As minhas regras deviam estar quase aí.
- A lista de convidados, cavalheiro.- Catarina lembrou quando Henry deu a entender que me iria beijar.
- Sim.- Sorriu-me enquanto se lembrava de todos os que queria presentes.
- É a tua vez.- Estendeu-me a pena e o papel.
- Tudo bem.
Não seria difícil, não conheço assim tanta gente.
Henry saiu, talvez em busca de algo mais interessante para fazer. Uma conversa com Lucas, quem sabe.
- Está na hora da sesta.- A minha cunhada cantarolou despedindo-se de mim com uma piscadela, embalando a Vitória nos braços.
A sério que Henry queria que os dias girassem à volta de fraldas, arrotos, horas da sesta, hora do banho, hora do... Poupem-me!!
- Que é isso?
- Uma espada.- Henry encolheu os ombros ao responder com naturalidade.- Vais ficar aí sentada, pi queres ajuda?
- Calma, apressadinho.- Pousei as coisas e fui até ao jardim.
- Ainda de cortas.- Provoquei-o quando tentava uns movimentos.
- São decorativas. Pelo menos assim espero.
Estendeu-me uma delas.
- É pesado.
- Já estive com piores.- Sentiu o peso da sua.- A do meu tetratetra avô pesava 8Kg.
Quem aquenta tanto num só braço?
- Tentai apontar.- Imitei os seus movimentos e instantâneamente levei a mão abaixo do peito.
- Tudo bem?- Caminhou depressa até mim.
- Eu acho que... ainda não estou pronta para esforços.- Lamentei dorida.
- Tenta a outra.- Sugeriu.
- Eu não consigo nem escrever com a mão esquerda.- Exclamei.
- Tentai.- Insistiu com calma.
Não consegui apontar por muito tempo, além disso tremia com o esforço.
- Ok. Algo mais simples: os pés.
Hum?
- Um frente ao outro assim. Avanço e recuo. Avanço e recuo. E não ocupo tanto espaço.
Fazia sentido.
- Cabeça erguida, milady. Se estiveres a olhar para os pés, como te desviaras de investidas inimigas?- Ergueu uma sobrancelha certo de si.- Costas mais direitas.
- Henry, isto é luta ou aula de etiqueta?- Aborreci-me.
- A esgrima é como a dança, faz-se a dois, ou com mais, porém não é luta. Um cavalheiro só desembainha a espada quando a sua honra ou segurança são postas em causa.
- Tudo bem.
- Vamos, vamos.- Incentivou-me com um sorriso e fui repetindo os seus movimentos de maneira desastrosa.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro