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40. Emily Cavendish

- A noite foi maravilhosa.- Hetty suspirou ainda de roupão à mesa do pequeno-almoço.

- A quem o dizes!- Edward mordeu a torrada com especial cuidado, como se ainda se lembrasse dos beijos roubados ou até bem mais que isso.

- Foi cansativa.- Bebi o meu café bem quente.

Não sei como voltaria a olhar para Helena depois do ocorrido na noite passada. Deve achar-me um pervertido nojento e imoral.

Não devia ter bebido tanto Porto. Se já é difícil resistir-lhe, só pioraria com o vinho.

- Estás a fazer uma tempestade num copo de água.

- Ela notou.- Pus mais açúcar no café.

- Com certeza já esqueceu, se calhar pensou apenas que nunca tinha notado que afinal...

- Edward, Helena não é burra.- Estreitei o olhar, envergonhado.

Helena notou. Que vergonha!!

- Milord está uma dama na sala de receções que insiste dar-lhe uma palavra.

- Que dama?

- Não se identificou, Sir.- A governanta atrapalhou-se.- É inglesa.

Olhamo-nos os três estranhando.

- Vou já.

Acabei o café e imaginei o que quereria comigo uma dama inglesa a esta hora da manhã. Ainda ontem demos uma festa, poderia ter-me dito o que precisava.

Entrei na sala, mas logo quis correr dali, até de costas reconheci quem era!

- Henry!

- Emily...- Sorri atrapalhado quando me saltou para os braços.

Que diria a Helena agora?

⭐👑⭐

- As camélias estão longe de florescer.

- Daqui a dois meses certos a rainha chega a Portugal.- Eduardo reviu os papeis.

- Ainda não fiz a minha visita a Coimbra.- Lembrei-me.

- Quando a rainha chegar. Seria uma ótima maneira de a apresentar ao país. Além disso encontrais-vos bastante ocupado agora.

- Os artistas estão a caminho, embaixadores e cronistas também. A recuperação da Opera vai de vento em popa...

- Estou há meia hora à tua espera!

O marquês ia tendo um chelique com a entrada repentina da minha adorável irmã.

- Porquê?- Tentei lembrar-me de algum compromisso.

- Hoje é Sábado. Nós saímos aos Sábados.

- Ainda falta uma hora.- Olhei intrigado para o relógio.

- Hum...- Eduardo olhou para o seu relógio de bolso.- Na verdade o relógio está parado.

- E ainda dizem que os relojoeiros suíços não falham.- Aborreci-me.- Vamos lá então. Ah e... mandem queimar esse relógio enquanto estiver fora.

- A rainha enviou esta carta, majestade.

- Talvez mais tarde, Sebastião.- Dirigimo-nos para as cavalariças.- E onde vamos hoje?

- Vamos a pé.- Francisca sorriu-me, impedindo-me de prosseguir caminho.- Quero dar um passeio à beira rio.

- Muito bem. Está uma tarde agradável.- Pus o chapéu de aba triangular e caminhei a seu lado.

- Como é que podes reinar uma terra que nunca viste?- Perguntou pouco depois, enquanto via uma caravela ser abastecida de mantimentos.

- Bem, eu só tenho de a administrar e para isso preciso de gente de confiança que faça passar as minhas leis e me comunique os seus problemas.

- Não sentes curiosidade de visitar, sei lá... a Índia?- Sentou-se no muro alto e sentei-me a seu lado.- Que mais bichos estranhos terá?- Olhou intrigada para a jaula do rinoceronte.

Estava vazia agora; o animal só vinha para aqui à noite, quando o ambiente estava mais calmo. Não me apetecia muito ter uma besta daquelas pronta a forçar uma jaula e causar o pânico por Lisboa.

- Será que há unicórnios? Fadas?

- Ham... se encontrarem, mandarei trazer para ti.- Prometi.

- Tu não me deixas usar nem uma tiara.- Fitou-me desconfiada.

- Já tivemos essa conversa minha menina.- Respondi.- Tens de resmungar com o teu avô, não comigo. Oh espera...!

- Não sejas assim!- Barafustou enquanto lhe apertava as bochechas fofas e rechonchudas.

- Se isso for o teu testamento, posso ficar com o teu puro-sangue árabe? É muito bom. E deixa-me também a propriedade na Escócia. Adoro as Hightlands.

- Não é um testamento idiota! Está para nascer o dia em que temo uma mulher.

- Mas tu temes Helena.

- Não é medo é respeito!

- Olha o embaixador.- Saltou do muro e correu até o inglês idiota. Aos dois na verdade.- Olá!

- Ai!- O imbecil assustou-se e deixou cair ao rio o que escrevia.- Alteza.- Voltou-se um pouco mais tranquilo e fez-lhe uma vénia.

- Com que então não temeis mulheres... Henry, tu assustaste-te com uma menina.

- Eu posso mandar cortar-vos a mão se não me fizeres uma vénia também.- Francisca encolheu os ombros ao falar com o amigo do embaixador.

- Perdão.- Sorriu curvando-se.

- A festa correu bem? Foi divertida?- Apressou-se a minha irmã a perguntar.

- Pareceu-me que sim.- Henry sorriu.

- Que festa?- Estranhei.

- Majestade.- Curvaram-se a contra-vontade.

- Lord Henry deu ontem uma festa na embaixada pelo que Helena me contou.

- Oh... claro. Os ingleses têm tido um contributo muito importante para o desenvolvimento dos negócios do país.- Admiti.

- Henry, andei à tua procura por todo o lado!

Ouvimos uma rapariga atrás de nós e voltei-me intrigado.

- Ah não...- O amigo de Henry coçou a testa.

- Com licença, eu tenho mesmo de ir.- Fez-nos uma vénia apressada e desandou dali como o diabo foge da cruz.

- Quem é ela?- Francisca estranhou.

- Eu não faço ideia.- Mas com certeza que Helena adoraria saber...

- Vamos até Xabregas?- Sugeriu.

- A pé?

- Que tal Belém?- Cruzou os braços.

- Queres ir a Xabregas? Assim seja.- Sorri sabendo o quão demorado era o caminho feito a pé.

⭐👑⭐

- Ontem parecias um pouco distraída na missa, Helena.

- Papá, eu não estava distraída.- Fitei-o aborrecida.- Simplesmente... não gostei da maneira como o padre fez o sermão. Garanto-vos que a palavra de Deus foi por mim refletida.- Bebi o chá.

- Eduardo, todos temos os nossos dias e os nossos gostos.- Beatriz tentou defender-me. Era desnecessário.

- Bons dias.- Catarina chegou por fim ao desjejum. 

O Lucas estava perto de bater com o nariz na chávena de café.

- Perdão, a Vitória tem andado um pouco rabugenta.- Bocejou.- Cólicas.

Sorri imaginando a situação complicada. Querem ajudar, porém não têm bem maneira de o fazer. É esperar que passe. 

Deve ser agoniante ouvir um bebé chorar sem ter como aliviar o sofrimento.

- Estás linda, Helena.- Olhou para mim de repente.

- Obrigada, troquei de cabeleireira.- Sorri, contente por terem notado a diferença.

Ouvimos chorar novamente:

- Lucas, podes ir lá tu, por favor?

O meu irmão já tinha terminado, fazia sentido que fosse ele a...

- Desculpa, Catarina, mas estou tão cansado...

- Claro.- Resmungou e levantou-se indignada.

O silêncio era censurável:

- Podias ir lá tu, certo?- Chateei-me com ele.

- Eu estou...

- A Catarina também! Já tinhas acabado de comer, podias ir cuidar da tua filha!

- Passei a noite acordado.- Encolheu os ombros como se fosse uma razão óbvia.

- A cuidar da Vitória?- Sorri, sabendo a resposta.

- É tarefa da Catarina cuidar da Vitória, não minha!

- E é por isto que eu não vou ter filhos!- Rosnei incrédula ao levantar-me.- A infanta espera-me.

- Ela acabou de dizer que não terá filhos?- Ouvi o papá perguntar baixinho e depois rir-se com o imbecil do meu irmão.

- Queres vir comigo, Catarina?- Sorri-lhe enquanto vestia as luvas.

- Não posso deixar a Vitória sozinha, Helena.- Embalava a minha sobrinha nos braços.

- Boa sorte então, e até logo.- Entristeci-me.

Eles adoram fazê-los, mas desprezam cuidá-los.

⭐👑⭐

- Tens de lhe contar.- Edward cantarolou entre-dentes.

- Não ainda.- Rosnei do mesmo modo.- A Cavendish parece uma lapa: não descola. Se eu saio, ela sai também, se venho para a corte, vem também, se me deito...

- Hetty ficou a entretê-la para que tu ganhasses bolas e contasses a Helena!

Levei as mãos ao rosto.

- Eu tenho assuntos mais urgentes a tratar que Emily.

- O rei viu a tua cara ontem, viu como correste mal a ouviste. Aquele português pode ser muita coisa, mas não é parvo. Se não explicas a situação a Helena, ele vai ser o primeiro a dar o tiro.

- Eu sei.- Bufei cansado.

Passei o fim de semana a imaginar uma maneira de contar a Helena sem que ficasse furiosa comigo.

- Eu rezo por ti, prometo.

⭐👑⭐

- Está um dia lindo!- A infanta saltitava contente entre os arbustos e canteiros de flores coloridas.

- Está sim.- Suspirei sentindo o calor e o sol na pele.

Este tempo pedia por uma sobremesa fresca à sombra de um carvalho depois de um mergulho no rio.

Infelizmente estamos na Ribeira e não em Sintra.

- Dizem que na Áustria faz frio.- Parou e olhou para trás.- Achais que vão deixar gelo no quarto da rainha para que se sinta mais confortável?

- Ham... não.- Sorri com a sua imaginação.

- Há tanto tempo que não toco...- Olhou através da janela da sala de música. As portas estavam encostadas.- Bem...- Caminhou para dentro determinada.

Olhei para as minhas companheiras em busca de coragem antes de atravessarmos os canteiros e seguirmos a infanta.

- Tendes a certeza, alteza?- Carolina praticamente pediu clemência aos ouvidos.

- Sim!- Sentou-se frente ao cravo.- Helena, podeis ir buscar as partituras aos meus aposentos?

- Volto já.

Atravessei os corredores e já no quarto da infanta, procurei entre as prateleiras a pasta devida.

- Milady. 

- Bons dias Henry.- Sorri ao encontrá-lo próximo à sala de música.

- Podemos falar?

- Passa-se alguma coisa?- Pareceu-me preocupado.

- Ham... não, porém é urgente.

- Eu... irei entregar isto à infanta e venho já.- Prometi.

O que seria assim tão grave? Que se teria passado?

Depois de entregar as partituras a Francisca voltei ao corredor:

- E então?

- Calma.- Sorriu-me e tentei tranquilizar-me um pouco.- Estás deslumbrante.

- Henry... o que é que fizeste?!- Cruzei os braços.

- Estava a ser honesto.- Olhou para mim e depois para a janela, para me encarar novamente.- Este fim de semana chegou Emily Cavendish de Inglaterra.

- Quem é? Estava na festa?

- Não. Emily é... seria a minha noiva se não tivesse vindo para Portugal.

- O quê?- Precisava de ouvir novamente.- Noiva?!

- Ouve-me até ao fim, por favor.- Pediu e deixei-o falar.

Disse que ela era filha de um duque influente, que não a suportava, que a doida o perseguia, que era feia, que se conheciam há anos. Que ela sempre fora perdida de amores por ele.

- Tu estás a usar-me como fuga deste casamento, Henry?

- Não, claro que não Helena!- Afligiu-se.

João tinha razão. Ela linda a maneira como eu acreditava em mentiras.

Tinha-me caído tudo. Não sentia sequer o chão debaixo dos pés.

- Ela sabe sobre nós?

- Acho que não.

Eu sentia-me um boneco. Fui usada. Apenas das circunstâncias do meu cortejo... foi por isso que Henry demorou tanto!

- Helena, por favor. Eu contei-te porque confio em ti, porque te amo. Emily não significa nada para mim, apenas para o meu pai.- Pegou na minha mão assustado.

- Porque não me disseste antes? Se essa mulher não viesse algum dia me dirias, Henry Hyde?

O seu silêncio era a resposta.

- Ela não é importante, tu és.

- Eu... com licença.- Afastei a minha mão da dele.

Henry era tudo para mim, o homem que amava, a pessoa que mais admirava e respeitava, e ousou esconder-me isto.

Lembrei-me dos segredos que lhe contei. Pareciam migalhas ao lado disto. Não consigo deixar de me sentir como uma fuga.

- Não foi culpa minha encontrar-te aqui. Não é culpa minha se te amo.

Ele ama mesmo?

- Não me olhes assim, Helena. Partes-me o coração. Diz alguma coisa, por favor... milady.

Eu tentava lembrar-me dos seus gestos românticos para me encantar. Livros, sorrisos, flores (vez ou outra), dançar, falar.

Parecia tudo bem fácil agora.

- Tu... amas-me, Henry?

- Que pergunta é essa?- Abraçou-me.- Claro que te amo, Helena. Tu és tudo para mim, és a minha prioridade, o que tenho de mais precioso. Eu amo-te com todas as minhas força.

- Eu nunca te menti.- Analisei.- E tu nunca me mentiste...

Ele confiou em mim para contar este assunto.

- Se realmente não é importante, então eu confio em ti.- Respirei fundo tomando a minha decisão.

- Eu não que quero perder, milady.

Confia Helena. Por amor de Deus, confia. Ele nunca te mentiu.

- Tu só me perderás se me mentires.- Lembrei.- E vieste contar-me a situação, mesmo que em cima da hora. Eu confio na tua palavra.

Acarinhou o meu rosto e beijou a minha testa e depois os lábios.

- Eu amo-te, nunca te esqueças disso.- Jurou com um sorriso singelo.

- Eu também te amo.- Sorri.

Henry encolheu-se quando ouviu as primeiras notas no cravo e eu diverti-me com a sua surpresa.

- Quem está a matar o pobre instrumento?

- Ela está a tentar.- Dei-lhe um empurrãozinho.

- Tem de tentar mais.- Divertiu-se.

- Eu tenho de ir.- Beijei a sua bochecha e caminhei até à sala de música.

- Boa sorte.

...

- Explica-me com mais calma.- Pedi durante o passeio a cavalo.- Estive a pensar e... parece que há ainda tanto que não sei sobre ti, Henry.

- Tens razão.- Pareceu lembrar-se.- O que desejas saber ao certo?

- Sei lá... tudo. A tua cor favorita, onde estudaste, onde vives...

O seu sorriso tornou-se tão belo que pareceu iluminar todo o seu rosto.

- Estudei em Eton, e com tutores privados. Foram os melhores anos da minha vida. Foi lá que conheci o Edward.

- Não nas aulas, presumo.- Sorri desconfiada. Eu sabia que Henry não era propriamente um monge, e sabia também que desde que assumimos, digamos... um compromisso, ainda antes do cortejo, nunca mais se deitou com nenhuma outra mulher.

- Bem, Edward estava em casa. O pai é conde de Richmond, ele conhecia bem as redondezas.

- Com que idade é que aprendeste a usar uma espada? 

- Acho que... aos 12 anos já o fazia muito bem.- Sorriu.

Eu podia surpreender-me, até me lembrar que D. Afonso Henriques decidiu conquistar Portugal aos 14 anos, e não foi com pistolas.

- Devo ter começado com 5 ou 6 anos. E vós? 

- Infelizmente não me permitiram aprender.- Encolhi os ombros e riu-se.

- Não, onde estudaste?

- No Brasil, com jesuítas. Com o meu irmão aprendi sobre economia e um pouco de direito. Catarina ainda fez um grande esforço para me ensinar a bordar, só me saíam nós. Não me saía nada mal mas rendas no entanto.

- Quem vos ensinou a usar a pistola?

- O instinto de sobrevivência. O Brasil está apinhado de bandeirantes imorais. Mais vale prevenir. Sabeis tocar gaita de foles?

- Não!- Riu.- Mas o Edward sabe. Ele odeia quando implico com ele acerca disso.

- Também usa saia?

- Kilt? Ah não. Isso já seria demais para ele.- Gargalhou.

- Se eu pedisse... ensinavas-me a usar uma espada?

- Bem... se tu prometeres usá-la com honra e não palitar cada um que te enfureça, não vejo porque não.- Encolheu os ombros e a sua resposta foi a certeza de que tinha escolhido o homem certo.

Ou ele tinha-me escolhido a mim. É o mesmo.

- Henry!- Despertei quando ouvi o seu nome ser proferido por outra pessoa.

- Santo Deus, o que é que Te fiz de errado?- Olhou para o céu e imediatamente entendi quem era a rapariga que aí vinha.- Emily. Mana.

- Desculpa, eu pensava que o passeio a cavalo era amanhã.- Henrietta sussurrava atrapalhada.

- Henry, não quereis apresentar-me Lisboa?- Aproximou o seu cavalo do meu de um modo tão brusco que o meu (coitadinho) até deu um solavanco.

- Não. Eu estou ocupado, lady Cavendish.

- Henry, já te disse, não precisamos de formalidades.- Sorriu como uma mulher vulgar. O seu chapéu de penas era exagerado e excêntrico, o traje de montaria um nojo para a filha de um duque.

Pensava que inglesas, mais que quaisquer outras tinham bom gosto.

Bem devagarinho alcancei a pistola da minha sela, infelizmente Hetty impediu-me discretamente.

- Além disso se estivesses ocupado estarias no palácio, não aqui.

- Não vos devo explicações.- Voltou-se para mim.- Perdão, podemos continuar?

- Claro.- Contornei a inglesinha de...

Tudo bem, eu consigo entender o que João quer dizer às vezes.

Caminhamos apenas uns metros até tomar novamente a palavra.

- Peço imensa desculpa pela situação, eu...

- Quem é ela?

- Ah!!!

- Helena!

Foi tudo muito rápido. O meu cavalo assustou-se com a aproximação repentina do dela e eu caí ao chão.

Devia estar mais atenta.

- Au.

A minha mão doía imenso.

- Acho que não partiste nada.- Henry veio auxiliar-me e ajudou-me a levantar.- Espero que tenha sido só um susto.

- Com certeza foi.- Sequei as poucas lágrimas. A dor era insuportável, no entanto se mantivesse o pulso quieto aliviava um pouco.

- Vem, eu levo-te a casa, está bem?

Anui dorida. Não me apetecia continuar aqui.

- Mas nós íamos...

- Sai daqui, Emily!- Henry rosnou com tanta fúria e ódio que pensei que fosse cuspir fogo. Nunca o vi assim.- Volta para Inglaterra, deixa-me em paz!

- Mas nós éramos...

- Nós não éramos nada, não não fomos nada. Eu mal posso olhar para ti!

Ele tinha de estar mesmo pelos cabelos para lhe falar assim. Henry sempre foi tão... contido.

Ajudou-me a subir e segurei as rédeas com uma só mão. Até ao palacete foi sempre carrancudo e pensativo. Eu sei que ele estava mal, porém ficava bem sexy com aquela cara carrancuda.

- Aceitas um chá?

- Não eu...

- Não era um convite, lord Hyde.- Sorri dando-lhe a mão que não me doía.

- Obrigado.- Suspirou enquanto o puxava para dentro.

Parecia aliviado por não ter de voltar a encontrar-se com ela tão depressa.

- Tens de ter calma.- Insisti quando se sentou frente a mim, na sala de estar.

- Aquela mulher não entende a palavra «não». Eu tentei ser delicado, não dá mais! Olha o que fez contigo!

- Henry, eu estava desatenta.- Suspirei.- Ok, tudo bem. Ela foi grosseira e indelicada, só...

- Tu ias dar-lhe um tiro.- Sorriu certo de si.

- Não ia nada, eu sou uma dama!- Endireitei as costas.

Henry brincava com o seu chapéu, talvez para se distrair um pouco.

- Quando olhais para mim... sentis que olhais para uma criança frágil, imatura e indefesa ou para uma mulher forte, inteligente...

- Perdão milady, que tipo de pergunta é essa?- Franziu o sobrolho.

- Não sei, eu... nós temos 5 ou 6 anos de diferença. É imenso tempo.- Refleti. Emily parecia mais velha que eu.

- A idade é só um número, Helena.- Respondeu-me com uma voz doce.- Há rapazes que se tornam homens aos 17 anos, e outros que o fazem aos 30, ou até aqueles que nunca chegam a tornar-se verdadeiramente homens. Acho que com as mulheres é assim também. Mostraste-vos uma mulher de grande coragem. Achais que cometeis erros? Quem não os comete? Atitudes que não devias? Bem... eu também.- Fez uma careta e ri divertida.- Faço-vos sentir uma criança, é isso?

- Não, não de todo.- Sorri abertamente e sorriu comigo.

- Com licença.- Catarina entrou com Vitória nos braços.- Ouvi dizer que pediram um chá.

- Sim.- Mordi o lábio, descontente por termos companhia.

- Os nossos homens foram dar uma volta, portanto nós ficamos em casa para cuidar da tia, não é bebé?- Fez beicinho para a Vitória.

- Cuidar de mim?- Aborreci-me.

- É.- Olhou para Henry.

- Eu acho que com toda a confusão não foram devidamente apresentados. Catarina, como sabes este é Henry... embaixador inglês; Henry, a minha cunhada e sobrinha, a Catarina e a Vitória.

- Embaixador?! É um pouco frio, Helena.- Catarina desdenhou.

- Bem, Henry é....- Era estranho dizer em voz alta.- É...

- Oras Helena, nunca vos achei envergonhada.- Mordeu os lábios para me provocar.

- Nós... Henry faz-me a corte.

- É mais namoro.- Garantiu a Catarina.

- Henry!- Atirei-lhe uma almofada e riu-se.

- Saudades quando era assim...- Suspirou como recordado outros tempos.- Vocês são adoráveis. Não percam isso.

Suspirei lembrando-me do que o meu irmão me disse e entristeci-me.

- Não vamos perdê-lo nunca.- Prometeu-me.- E com certeza dará origem a uns... 7 filhos.

- Sete?- Olhei-o de soslaio.- Se tiveres um sai-te a sorte grande.

- O teu pai riu-se hoje de manhã.- Olhou-me de um modo tão sério que cheguei a pensar que se tratava de uma reprimenda.

- O papá é como o Lucas quando toca a crianças: ridículo.

- Helena...

- Olha o chá.- Vi a empregada entrar com a bandeja de prata.

Servi a bebida e reparei que apesar do tempo quente, bastou sentir o vapor e o aroma do chá para Henry relaxar.

- Como foi a festa?

- Animada.- Respondi lembrando-me do estado do papá quando chegou a casa.

- Foi... inglesa.- Olhou o chá com estrema atenção.- Deu para matar um pouco as saudades de casa.

- Como conseguiu chegar a embaixador tão cedo?- Catarina indagou curiosa e realmente quis saber.

Henry era sobrinho da rainha, para mim era suficiente. Embora tenha de possuir outras qualidade diplomáticas, eu creio.

- A minha tia achava-me tão chato que pensou que eu seria a pessoa ideal para moer o juízo do rei de Portugal.

Dou-lhe o crédito, João era uma mula casmurra.

- Então e o rei não achou uma traição que a filha do marquês em que depunha a sua maior confiança fosse cortejada por vós?

- Foi o rei que desencadeou toda esta situação.- Henry encolheu os ombros.

- Acho que foi mais a minha teimosia.- João não me tinha obrigado a ir, afinal de contas.- João pode ter muitos defeitos, e por vezes pode ser um pouco... insuportável, contudo melhor que ninguém sabe distinguir o pessoal do profissional. E sabe bem que por muito que não goste do que Henry representa, do que Henry fala ou até do que Henry pensa... é uma boa pessoa, que me respeita, me cuida e me ama.- Melhor do que alguma vez João faria.

- E os vossos assuntos com o rei já estão tratados?

- Por agora sim. Sou um mero observador, principalmente aquando o casamento. A rainha quererá saber todos os pormenores. Políticos e nem tanto.- Bebeu o chá.- Quem não gosta de uns mexericos, não é verdade?

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