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39. Ingleses são complicados

- Posso dormir aqui?- Estranhei quando a minha irmã entrou no meu quarto e se deitou dentro das cobertas.

- Claro.

Nem se tinha dado ao trabalho de esperar a minha resposta.

- O Edward ressona muito alto.- Desculpou-se e enrolou-se bem nos cobertores.

- É, ressona sim.- Suspirei abraçando-a.

O Edward contou-me o que aconteceu, hoje e ontem. Eu devia chamá-la à razão, porém creio que aprendeu a lição da maneira mais dura possível.

- Quero voltar para casa, Henry.

- Eu não posso voltar. Tem de haver um representante oficial de sua majestade aqui.

- Eu ainda sou parente da rainha, estes gordos idiotas deveriam ter-me mais respeito.- Rosnou algo que tinha tudo e nada a ver.

- Vai passar.- Garanti aconchegando-a nos cobertores.

⭐👑⭐

- Helena!- A pequena infanta correu para os meus braços.- Senti saudades.

- Eu também.- Sorri-lhe contente por poder voltar à corte.

- Ela também sentiu.- Voltou a pegar na gata ao colo.

- Hum... estou a ver que tendes cuidado bem da Diamante.

- Sim, como prometi. Eu sou uma princesa responsável.- Ergueu o queixo e sorri orgulhosa.- Viestes ter com o mano?

- Não, nem por isso.- Queria ao máximo evitar João.

- Carolina disse-me que Maria já teve o bebé. Gostava de ir visitá-la um dia destes.- Acariciou a gata.- E vós?

- Eu?! Sem bebé nos próximos 20 anos!- Respondi prontamente.

- Não Helena!- Riu alto e até levou as mãos à barriga.- Ai ai...- Secou as lágrimas.- O António disse-me que Henry vos cortejava agora.

- Oh... sim.- Corei atrapalhada.

- E? Como é?

- Como é o quê?- Estranhei uma vez mais.

- Ser... sabeis, cortejada.- Murmurou.

- É bom. Henry trata-me bem.- Não sabia que mais responder.

- Só assim? Que horror. Pensei mais dele, pareciam tão fofos juntos...

- É complicado.- Suspirei.- Henry continua a ser gentil, querido, educado e apaixonado como antes, mas... é estranho. Agora todos sabem. Tira um gostinho especial que tinha.

- Uhh... Helena, não sabia que eras uma romântica.- Desdenhou.

- E não sou; apenas com Henry.- Confidenciei e sorriu.

- Com a vossa licença alteza, sua majestade pediu que toda a corte se reunisse na sala do trono.

- Vou já.- Respondeu à senhora que nos veio chamar.- Não saias daqui, Diamante. Venho já.

Para ser honesta não queria dar de caras com o rei por nada no mundo... até chegar ao salão e encontrar uma cabeleira ruiva na multidão.

Com certeza que João teria algo de extrema importância (ou não) para nos contar. Acerca do quê exatamente? Não sei, e também não é de meu interesse saber.

A infanta deixou-me para se pôr lado a lado com os irmãos; à medida que passava todos se afastavam, por outro lado, mais eu era dissolvida por toda aquela gente.

Decidi recuar. Afinal de contas só precisava de ouvir, se tanto.

- Peço...- Ia a dizer quando me senti embater em alguém.

- Shh...

- Tu não estavas do outro lado da sala?- Resmunguei com Henry.

- E agora estou aqui.- Pegou na minha mão e adorei sentir a delicadeza e cuidado com que me tocava.

- Sabes porque fomos chamados?

- Nem quero saber, para ser honesto.- Senti-o encolher os ombros.- Achei que virias e vim também. Senti saudades.

Corei e apertei um pouco mais a sua mão. Não estava sozinho nisso.

- Hum... temos de combinar alguma coisa...- Murmurava de modo molenga e isso dava-me arrepios bons.

- Surpreende-me.- Desafiei-o.

- Como vossa mercê desejar.

Silenciou-se por um momento porém logo se lembrou de algo.

- Hoje às 15H, vai até à capela real.

- O que andas tu a tramar, Henry Hyde?

- Saberás em breve. Sempre vais à embaixada?- Mudou de assunto.

- Ham... não sei.

- Tudo bem.

Depois do comunicado do rei, chegou a hora da aula de etiqueta da infanta e após essa, a hora de almoço.

Francisca estaria ocupada demais com a sua mascote nova, e com ela todas as aias, excetuando eu, claro.

Quando as vi mais distraídas aproveitei para me escapulir e ir até à capela para... rezar.

Tinha pouca gente e cheirava a cera e flores perfumadas. A luz da tarde iluminava os frescos no teto, através dos vitrais.

As poucas senhoras que ali estavam permaneceram de joelhos, sem abandonar as suas orações. Esperei que fossem embora, o que não aconteceu; esperei por Henry também e não o vi.

Esperei, esperei e voltei a esperar um pouco mais.

Aquele maldito tinha-me deixado aqui, pendurada!

Desgraçado!!

Reparei no confessionário aberto, iria confessar abertamente a Deus o castigo duro que queria que fosse atribuído a Henry Hyde!!

- Perdoai padre, porque quero a vingança.- Fui clara ao sentar-me.

- Até que enfim, irmã. Estava a ver que me fazia cadáver!

- Henry?- Murmurei estupefacta para a janelinha esburacada.

- Confessai os vossos pecados, ou quslquer coisa assim.- Insistiu.

- Que pecados?- Indignei-me.

- Não sei, sois perfeita aos meus olhos.- Admitiu.- No entanto...

- No entanto o quê?!- Cruzei os braços e olhei para o altar enraivecida.

- Se eu abrisse a janelinha, davas-me um beijo?

- Toma vergonha na cara.- Indignei-me.

- Está decidido irmã: vossa penitência serão 5 beijos a vosso amado.

- Ele não tem merecido padre.- Indignei-me.

- Que vos fez o malandro?- Riu.

- Deixou-me aqui pendurada, como se eu fosse adivinha.

- Ele com certeza sabe que sois inteligente. E o que fez ele, para acabarem assim, apaixonados?

- Ah ele...- Corei e olhei as mãos. Era estranho dizer estas coisas em voz alta, eram pequenos pormenores rosados e brilhantes da minha mente.- Eu não sei ao certo, só sei que gosto. Não devo contar tudo.

- Irmã, não se ocultam segredos a Deus!- Dramatizou.

- E Ele sabe-os a todos.- Tal como Santo António, tenho de Lhe acender uma velinha a agradecer, já agora.

- Contai-lhe algo.- Sugeriu.- Algo que ainda não saiba, talvez algo que nunca contastes a ninguém antes.

- E ele iria contar-me um segredo seu?- Senti o bichinho da curiosidade.

- Qualquer um.- Deixou claro.

- Hum... não sei, ele já sabe tanto de mim...- Tentei lembrar-me de algo que nunca tenha dito para ninguém.- Talvez a infanta tenha razão. Eu não era propriamente romântica, mas ele fez-me ser. Ao lado de Henry é diferente. É como se... se realmente houvesse mais no mundo que dinheiro e ouro. Ao lado dele à um sorriso, um momento a dois, um abraço, a promessa do regresso, eu creio.- Admiti francamente.- Eu amo-te porque me tratas como se fosse a única e mais bonita mulher do mundo, mesmo que seja mentira eu acabei por adorá-la.

- É o que sinto verdadeiramente, Helena. É único, como tu.

- Não digas essas coisas, Henry.- Enrubesci, envergonhada.

- É para ti.- Abriu a janelinha e estendeu-me uma flor.

- Oh...- Olhei ao redor e acabei por lhe sorrir quando reparei que estávamos sós.- Obrigada, Henry.

Prendi a flor no cabelo e, com delicadeza, pousei a mão no seu rosto, e beijei-o.

- Au!- Bateu com a cabeça na janelinha quando tentou aproximar-se mais. Ri baixinho da sua distração.- Não tem graça.

- ... tem de ser único, é importante que este casamento esteja nas bocas do mundo até...

- O rei!- Empurrei o nariz de Henry de volta ao confessionário e fechei a janelinha.

- Ei!- Resmungou e levantei-me depressa.

- Helena!- João quase deu um pulo para trás, estava acompanhado pela sombra habitual: o confessor.

Como se o padre idiota fosse salvá-lo de alguma coisa.

- Não pretendia interromper vossa confissão.

- Não interrompestes, tinha terminado os meus assuntos aqui.- A minha cabeça tentava arranjar uma única forma de fazer Henry sair sem ser notado, e para Henry sair, estes dois tinham de o fazer antes.

- Ainda estais zangada comigo?- Indagou.

- Porque haveria?

- Eu não sou o advogado do diabo aqui!- Indignou-se.

- Cruzes, Deus não permita.- O lambe botas fez o sinal da cruz. Gostava de saber se é assim tão religioso quando anda nas poucas-vergonhas com Carolina... e com fidalgos.

- Não disse que éreis.

- Olha aqui minha menina, não fui eu que fugi com um inglês pela noite dentro.

- Eu sei, majestade. Vossa mercê não aprecia a privacidade, é por isso que decidiu permanecer na praça a namoriscar raparigas até se fazer dia!- Rosnei.

- Eu sou um homem livre, Helena, vós não.

- Até onde sei, estais noivo... casado? É o mesmo.- Encolhi os ombros.- Eu estou simplesmente a ser cortejada.

- Imagino... deve de estar a correr muito bem para estares aqui.- Cruzou os braços e encheu o peito, como costumava fazer quando se chateava.- Viestes rezar para que Henry se engasgasse e morresse?- Riu.

- O quê?- Recuei estupefacta com o que ouvi.- Sois idiota ou assim?!- Gritei.

- Lembrai-vos que falais com o rei!- Aquele padre imbecil ousou dirigir-me a palavra.

- Fora daqui!- O rei expulsou-o como se fosse um cachorro sarnento.

- Com licença.- O confessor saiu sem protestar.

- Oras Helena, sabemos que não gostastes propriamente das circunstancias forçadas.- Encolheu os ombros.- E vamos ser honestos, não sois o tipo de mulher que anseia casar...

- Lá por não querer casar convosco não significa que não queira fazê-lo.

Os seus olhos abriram-se muito e então levei a mão à boca; como se isso pudesse redimir a parvoíce que acabei de dizer!

- Isso foi muito... 

- Perdão, eu não queria...- Suspirei arrependida. Não queria feri-lo.

- Sabes, eu aprendi uma lição valiosa contigo, várias aliás.- Sorriu tristemente.- Devo ser mais ponderado, ouvir vosso pai e... que tudo o temos também nos pode ser tirado.

- És tu quem nos tem afastado, João.- Lembrei magoada.- Os teus ciumes.

- Eu não gosto do inglês, não gosto. É um arrogantezinho de merda que...

- João...!!- Elevei o tom, apesar de estar na capela.- Eu respeito Maria Ana, exijo o mesmo respeito quando falamos de Henry!

- Maria Ana é rainha de Portugal, Henry é apenas...

- Conde de Clarendon, embaixador aqui e tem a faca e o queijo na mão para te falir ou arranjar uma guerra contigo. E ama-me.

- Adoro quando começas a acreditar em mentiras baratas.- Riu.- Como o amor consegue dar a volta à cabeça das mulheres.

- Idiota.- Rosnei quando saiu.

Cravei as unhas nas mãos para não bater em ninguém.

- Estás bem?- Henry saiu do confessionário de mansinho.

- Porque não estaria?- Brami magoada.

O meu melhor amigo está cada vez mais longe e a tornar-se num dos meus piores inimigos. A pessoa que me respeitava pelo que eu era, pela minha inteligência e perspicácia passou a ver-me como outra mulher qualquer: tola e ingénua.

- Queres por ordem alfabética ou numérica?- Tentou gracejar.

Eu estava a ficar sozinha. Sem João, Maria, ou até mesmo Luísa.

- Ei...- Henry pegou na minha mão e puxou-me para um abraço.- Não o ouças. Aquele gabarolas só te vai dar o devido valor quando te perder. Não mereces ser tratada daquela maneira, Helena.- Beijou a minha testa e senti-me um pouco mais aliviada.

- Eu sou egoísta?- Indaguei. Podia ser uma característica minha que me tinha escapado.

- Não, nada disso.- Sorriu.- Tu és gentil, afável, forte, inteligente, linda...- Endireitou a flor no meu cabelo.- Delicada.

Deixei-me ficar ali, nos seus braços.

- A infanta já deve estranhar a tua demora.

- Sim.- Soltei-me e respirei fundo.

- Vemo-nos mais logo.- Prometeu e sorri não muito convicta.

Uma semana depois

- Papá, vamos chegar tarde.- Insisti, olhando para o espelho uma ultima vez.

- Helena, não vejo a pressa em ir. É uma noite de ingleses, iremos sentir-nos a mais com certeza.

- Henry convidou-nos, significa que nos quer lá.

Beatriz enlaçou o braço no do papá e então despedimo-nos de Catarina, Vitória e Lucas. Com certeza que se iriam divertir imenso.

Já eu passei o caminho todo até Cascais a rever a minha lista mental de temas de conversa, só para estar preparada.

- Tem tudo imensa classe.- Beatriz murmurou para o papá quando entrámos nos jardins.

Pareciam todos muito entusiasmados nas suas conversas, viam-se até reencontros de velhos amigos e novos conhecidos.

As raparigas conversavam baixinho em grupos de três ou quatro. Tinham vestidos lindíssimos, floridos e rendados, tinham perucas altas e encaracoladas. Qual delas a mais estilosa.

À medida que avançava reparava que maioria delas pareciam fadas. Eram simplesmente perfeitas: loiras, olhos azuis ou verdes e pele tão alva que parecia porcelana.

Senti-me estranha. Sentia-me como nunca senti antes.

- Acho que devemos voltar. Vir foi realmente uma má ideia.- Dei a volta.

- Mas estavas tão entusiasmada...- O papá estranhou.

- Não estou mais.

- Helena!- Virei-me de repente para a voz que me chamava.- Estás linda!

- Obrigada, tu também.- Tentei retribuir a simpatia de Henrietta.

- Eduardo, my lady.- Cumprimentou o papá e Beatriz com uma vénia.

- Menina.- Sorriram.

- Henry está um pouco ocupado com os lordes do Porto...- Cochichou comigo.- Acho que não o libertam tão cedo... daqui a umas três garrafas talvez consigam falar-se.- Bebeu o champanhe do copo.

Diverti-me com as suas palavras. Ingleses aguentavam assim tão bem a bebida?

- Bom, vou levá-la. Prometo devolvê-la sã e salva.

- Aham.- O papá resmungou.

- Três garrafas de Porto?- Choquei-me baixinho com ela.

- Algo que ireis aprender é que vocês, portugueses, são um pouco fracos no que toca à bebida. Além disso, os ingleses ficariam ofendidos se o embaixador não provasse as maravilhas que enriquecem a Inglaterra a cada dia que passa.

- Está cá imensa gente...- Murmurei.

- Vieram de todo o país. Não que seja muito grande.- Segredou divertida.- Já sentia saudades.

Sorri com o seu conforto e à vontade.

- Permitam-me apresentar-vos, lady Helena Lencastre.- Henrietta juntou-me a um grupo de raparigas.

Fiquei muito nervosa de repente.

- Pensei que fosse uma festa de ingleses apenas.

- Lizzie!- Uma rapariga de cabelos loiros como os raios de sol falou.- Perdoai a minha irmã. O meu nome é Agatha Windsor.

O jardim estava banhado a luz das velas e isso dava-lhe um aspeto tão mágico...

- Há quanto tempo não vão a Inglaterra?

- Faz dois anos.- Respondeu Agatha.

- Cheguei há uns meses.- Uma morena respondeu.

- E vós?- A pergunta passou por mim.

- Nunca lá estive.- Admiti.

- Tendes de ir a Londres um dia.- Sorriram.

- York é bem mais bonita.- Henrietta falou.

- Eu gosto de St. James.- Lizzie falou.

- Eu vivi lá, é chato.- Hetty revirou os olhos.

- Então e... alguma de vocês está noiva?- A morena perguntou.

- Não tão cedo.- Hetty sorriu.

- Sobrinha da rainha, irmã do embaixador e filha de um duque, apenas um rei teria a oportunidade de tal compromisso.- Lizzie comentou.

⭐👑⭐

- Com licença meus senhores, terão de me perdoar, porém há mais convidados a quem devo atenção.- Tentei livrar-me dos empresários do Porto.

- Ainda não provou um dos meus, Hyde!- Um gordo de bochechas já rosadas sorriu.

- Talvez mais tarde.- Recuei de peito cheio.

Estavam satisfeitos com o acordo que fiz com o rei, estavam satisfeitos comigo e com o seu negócio. O seu apoio e aprovação eram importantes para mim, pois era eu quem os representava aqui, quem defendia os seus interesses.

- A noite não está maravilhosa? Olha que paraíso, Henry... não lavava as vistas fazia tanto tempo...

- Estás bêbado?!

- Só um cadinho assim.- Juntou os dedos.

Era uma pergunta retórica, pelo cheiro a álcool que emanava.

- Vê se te aguentas longe da confusão pelo resto da noite, Edward. Tenho a atenção em mim, nada pode correr mal hoje.

Reparei em Helena ao longe, lá em baixo no jardim. Parecia estar a enquadrar-se muito bem.

- Lord Henry, está uma noite fantástica.

- Está pois.- Suspirei vendo-me ficar emaranhado em mais uma conversa infindável.

Pelo menos Helena estava melhor que eu...

⭐👑⭐

- ... e então eu disse "Jarros?! O mínimo seriam rosas!"

As outras todas riram do comentário, eu tentei acompanhar, embora não tenha entendido a piada ao certo.

- Oras, todas nos apresentámos mas não perguntámos por vós, my lady.- A conversa regrediu e voltou-se para mim.

As inglesas eram reservadas e preferiam ouvir a falar.

Isso deixava-me desconfiada.

- Vosso pai faz o quê? 

- É conselheiro do rei.

- Oh, então é por isso que aqui estais.

- O quê? Não!- Indignei-me.

Quer dizer, em parte talvez fosse.

- Isso foi bastante desagradável, miss Lizzie.- Hetty defendeu-me.- Com licença.

Fomos as duas embora dali.

- Conversar é complicado.- Murmurei nervosa e abanei o leque mais depressa.

- Boas noites.- Um cavalheiro fez uma pequena reverência e prosseguiu caminho com um sorriso torto e um olhar curioso.

- Boas noites.- Respondemos em uníssono.

- Com eles é mais fácil.- Piscou-me o olho.

Eu devo ter um problema sério: no início nem com Henry conseguia falar!

- Vocês são um povo complicado.- Acusei.

- É verdade.- Admitiu.- Mas vocês também.

- Verdade.- Concordei.

- Boa noite, meninas.- Fomos abordadas por um par de cavalheiros.

- Senhores.- Hetty retribuiu a simpatia.

Enquanto conversavam olhei para o palácio e reparei que Henry conversava com um casal, tentava ser cordial ao que parecia.

O sorriso dele era simplesmente perfeito.

Os seus olhos cruzaram-se com os meus e envergonhada, acenei-lhe discretamente. Lá de cima, fez um pequeno gesto com a cabeça.

- Eu perguntava-me aqui com o meu amigo, se as meninas nos concederiam uma dança.

- Eu não danço.- Rejeitei com educação.

- Que mal fará uma dança?- Hetty aceitou.

O loiro foi com ela, enquanto o amigo ficou a meu lado.

- Então sois inglês...- Tentei começar uma conversa. Para ser honesta, estava a ser bem dificil quebrar o silêncio.

- É.

- E vós, daqui.- Sorriu.- Tendes um sorriso bonito.

Franzi o sobrolho e revirei os olhos discretamente.

- Eu... tenho de ir. Foi uma honra.- Caminhei até ao palacete e subi as escadas apinhadas de gente, atravessei os salões cobertos de conversas e no meio de toda aquela confusão, entre encontrões e empurrões, achei um espaço livre na varanda.

Daqui dava para se ver a praia, e foi a imaginar a água fria nos pés que suspirei.

- Eu juro, pela Lua abençoada,
Que banha em prata as copas do pomar...

Ouvi a porta trancar-se e sorri ao reconhecer a voz e os versos:

- Não jures pela Lua, que é inconstante,
E muda, o mês todo, a sua órbita,
Para o teu amor não ser também instável.

Completei e Henry encostou-se à varanda, de costas para o jardim:

Pelo que devo jurar?

- Não jures nunca.
Ou, se o fizeres, jura só por ti mesmo,
O único deus da minha idolatria,
Que eu acredito.

Falei francamente os versos que sabia de cor, que me tinham ficado gravados na alma desde a primeira vez que li o livro.

- Não me lembro de mais, confesso.- Sorriu-me.

Encolhi os ombros. Faremos a nossa própria poesia, se necessário.

- Estava difícil de conseguir um minuto.- Suspirou e delicadamente puxou-me um pouco mais para si.

- Henry!- Olhei para trás.

- Ninguém nos vê.- Sorriu de mãos dadas comigo.- Tens-te divertido?

- Mais ou menos.

- A minha noite só agora melhorou.- Encostou a sua testa na minha.

- És um grande lambe-botas.- Provoquei-o.

- Achas que minto?!- Riu.

- Exageras às vezes.

- Tenta não ser maravilhosa.- Achou uma solução.

O seu nariz roçou no meu e quando senti a sua respiração no meu rosto senti-me entorpecida.

O meu coração batia tão depressa que achei que iria falhar a qualquer momento.

Lentamente, Henry aproveitou a minha mão na sua e encaminhou-a até ao seu peito, mantêndo-a ali.

- Creio que conseguis sentir.- Murmurou contra os meus lábios.

Era verdade, apesar da camisa, do colete e da gravata, sentia o coração dele tão descompassado quanto o meu. Saber que se sentia como eu fez-me ficar ofegante.

- Eu seria incapaz de vos enganar, Helena. Quando digo que vos amo, não é da boca para fora. É isto que sinto.- Reforçou sem soltar a mão quente que segurava a minha no seu peito.

O seu beijo veio lento e quente, arrebatando o meu coração.

As suas mãos deixaram as minhas e envolveram a minha cintura, já eu, apoiei-me no seu peito quente e acelerado.

Depressa se tornou faminto, rápido, intenso, escaldante, eu estava louca para o ter para mim. Só para mim. Pela primeira vez não senti vergonha ao imaginá-lo nu comigo, pele na pele, unidos num só enquanto nos beijavamos assim. Eu queria mais, bem mais que apenas beijos espetaculares como estes.

- Não me faças perder o único fio de bom senso que me resta.- Afastou os nossos lábios e suspirou baixinho.

Aí sim, senti-me ficar roxa de vergonha por imaginar o que imaginei. Senti-me... vulgar.

- Desculpa, eu não queria...- Afastei-me e tentei arrefecer as bochechas.

- Não há nada a desculpar.- Disse firmemente, quase como se estivesse zangado com o que tinha dito.- Mas... talvez para isto não acontecer esteja lá vossa aia sempre.

- É...- Embaracei-me e olhei para baixo com vergonha.

Havia algo que não estava ali antes, algo que pelo menos eu ainda não tinha reparado.

- Já provastes o suflê?- Puxou a casaca verde esmeralda a tapar o que eu tinha reparado.

Henry estava com as bochechas tão vermelhas que começavam a ganhar um tom roxo.

- Já. Está muito bom.- Sorri-lhe embaraçada.

Henry também me imaginava como eu o pensei à pouco, caso contrário a sua masculinidade não teria sido notada por mim, como é habitual.

- Eu... o papá deve de andar à minha procura.- Suspirei satisfeita com este momento a dois.

- Sim, claro.- Desencostou-se prontamente da varanda, voltando-se para o jardim.

- Até já.- Beijei os seus lábios uma última vez e destranquei a porta de vidro para poder sair dali.

- Vistes Henry?- Edward falou alto.

- Está ali.- Apontei para trás e reparei que o papá estava no outro lado da sala a beber e a olhar bem para mim.

Teria visto algo? Será que ainda estou muito encarnada?!

Que vergonha!!

Meu Deus, será que alguém viu alguma coisa lá em baixo?!

⭐👑⭐

- Estão a perguntar por ti, Henry.

- Eu... não posso ir agora.- A minha voz falhou quando ouvi o Edward atrás de mim.

- Hoje não te podias ter demorado tanto com Helena, há imensa gente que veio aqui só para te conhecer pessoalmente. Anda daí.

- Eu não posso ir agora!- Rosnei.

- Porquê?- Estranhou, porém um momento depois olhou para mim de alto abaixo e senti-me ficar ainda mais envergonhado.

- Henry, Henry, Henry... parece que está a barraca armada.- Riu como se tivesse descoberto a melhor das piadas e levou o resto do vinho aos beiços.

Afastei a casaca envergonhado.

- Eduardo, venha cá ver isto!- Falou alto e tapei-lhe a boca.

- Está calado, seu bastardo filho da mãe!

- Olha para o teu estado, Henry! Isso está enorme!- Gargalhou.- O que é que aconteceu? Ela deixou-te pousar a mão nos peitos, foi?

- Não fales assim de Helena, já te disse!- Rosnei furioso. Só queria enfiar-me num buraco bem fundo.- Ela notou.

Aquele imbecil ria tanto que cheguei a pensar que ia cuspir os pulmões.

- Eu não sei como me livrar disto!- Tapei a cara.

- Sabes pois.- Olhou para o jardim.- Que tal aquela loira, é bonita.

- Eu não vou deitar-me com uma mulher qualquer!

- Hum... as coisas feitas à mão são mais o teu estilo? Tudo bem.- Riu.- Eu vou dizer-lhes para esperarem mais 10 minutos. Tenta não sujar os culotes.

- Edward!

⭐👑⭐

Bom, sacanagens à parte, como estão princesas?

Eu sei que tenho demorado, mas espero que isso passe agora, porque estamos de aulas suspensas por cauda do Corona!😎

Só que não.

Tenho aulas virtuais. Tudo bem.

Como puderam ver, temos um novo ícone na nossa capa!!!!🥳🥳🥳

Ficamos em segundo lugar, na categoria de ficção histórica no concurso The Bridgertons Contest!!!

Simplesmente amei o feedback da @Whistledown_Lady, a organizadora do concurso.

Muito obrigada a todas (os) que lêem e me incentivam a escrever todos os dias. O vosso apoio é muito importante para mim!

Ah e passei no exame de código!! Já só falta o de condução e tenho o meu popó.

Muito obrigada e até à próxima!!😚

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