35. O aniversário de Helena
Passaram-se alguns dias e eu ainda não sabia se acreditava nos sentimentos de Henry ou não. Eu queria tanto acreditar, mas ao mesmo tempo... é como se me tivesse mentido todo este tempo.
Embora me tenha contado. Ele confiou em mim para contar a verdade, não esperou estarmos a meio de um cortejo ou de um noivado, ou de um casamento para isso. Ele está a deixar-me escolher.
Amar não é algo que se escolha, no entanto não quero ser enganada.
- Muitos parabéns, Helena!
- Obrigada, Bianca.- Aceitei o seu abraço.
- Espero que gostes.- Entregou-me um pequeno envelope, enrolado em tecido e encontrei um lenço lindo, bordado com o meu nome.
- Obrigada.- Sorri apreciando as rendas.- Não precisavas de...
- Helena, é um lenço.- Sorriu e puxou-me para fora da cama.- O teu banho está pronto.
- Helena, posso entrar?- O papá bateu à porta.
- Um momento.- Vesti o robe e tentei não parecer tão acabada de acordar.- Podes entrar.
- Estás linda.- Sorriu acarinhando as minhas bochechas e beijando-me a testa.
Abracei-o com toda a força que tinha.
- Muitos parabéns, meu amor.
- Obrigada papá.
- Senhor Eduardo?- O mordomo vinha com uma caixa bem grande na mão.
- Pode deixar aí.- Voltou-se para mim. O papá tinha vestido a sua melhor casaca para o dia de hoje. Sinto-me lisonjeada.- Então, vais abrir ou não?- Divertiu-se quando me viu ali quieta, a olhar para ele.
- Tudo bem.- Sorri e afastei a tampa da caixa.- Oh papá... é maravilhoso!
- Pensei que o pudesses usar no baile de hoje à noite.
- Mas claro!- Rodei com o vestido à minha frente. Era de um tom verde-água, com várias pedrarias e rendas e tinha um laço... pareceria uma rainha nele!
- Obrigada!- Saltei para os seus braços e beijei a sua bochecha com força.
- E isto.- Sorriu tirando uma caixa de dentro do bolso.- Era da tua mãe.
Havia um fino colar de diamantes e pérolas, com brincos a condizer.
- É lindo.- Sorri.
- Dei-lho depois de se recuperar do teu parto. A tua mãe, mesmo exausta, sorria contigo nos braços.
Lá está o maldito nó na garganta outra vez.
- Papá, eu não quero... hoje não é dia para...- Não adiantou dizer mais nada; havia uma única lágrima a querer escapar e mesmo essa, sequei depressa.
- Sim.- Suspirou e sorriu de ânimo mais leve.- Veste o teu melhor vestido. Espero-te lá em baixo.
Demorei todo o meu tempo no banho, depois vesti-me com o máximo cuidado, dando atenção aos detalhes, finalizando com um chapéu de penas coloridas, violeta e brancas, que ficaria a completar o vestido lilás com bordados a branco.
- Estás magnifica. Parabéns, Helena.- Beatriz sorriu, beijando a minha mão com um certo carinho protetor.
Tentei não afastá-la muito depressa. Estávamos a tentar ser gentis uma com a outra.
Depois do pequeno-almoço, o papá mandou acender as velas a um grande bolo com recheio de chantilly e doce de ovos. Digno dos deuses!
- Pediram para vos entregar isto, menina.- A governanta apareceu com uma caixa na mão.
Sorri imaginando de quem seria. Luísa? Maria? Francisca?
O papá sorria esperando que abrisse o presente.
- Oh...
Estava deslumbrada. Era uma caixa de rosas vermelhas, que por vezes brilhavam com pequenos diamantes nas pétalas, como se fossem gotas de orvalho na madrugada.
Quem me daria algo assim?
- Há um bilhete.- Beatriz entregou-me o cartão que pelos vistos vinha em cima, agarrado ao laço.
Sorri-lhe e li em voz alta:
- Um feliz aniversário, Helena e muito obrigada por me fazeres feliz todos os dias!
Ass: D. Francisca Josefa, infanta de Portugal.
- Que querida!- Enterneci-me com o seu bilhete.
- Bem, tens de lhe ir agradecer pessoalmente e também já não está cedo para mim.- O papá olhou para o seu relógio de bolso.
- Vou só buscar as luvas.- Sorri apressando-me com a caixa de rosas na mão até à sala de chá.
Se bem me lembro foi onde as tinha deixado ante-ontem. Pedi aos empregados para não mexerem nas minhas coisas, iria ficar desorientada, já que deixo tudo por todo o lado. Assim consigo ter a mínima noção de onde ficam os meus bens.
É melhor do que andar horas à procura deles.
- Hum.- Sorri quando as encontrei junto a um dos livros de teologia do papá.
- Com licença.
Congelei no momento, de costas para a porta, sem coragem de me voltar ao ouvir tal voz.
- Posso entrar?
- Ham... sim.- Mordi o lábio sem saber como agir perante Henry e toda a situação.
- Peço perdão incomodar-vos tão cedo, porém queria ser um dos primeiros a dar-vos os parabéns.- Sorriu estendendo-me um ramo de flores, segurando o seu chapéu de aba triangular na mão.
- Obrigada.- Sorri encantada com o bonito ramo colorido.
Era a primeira vez que Henry me dava algo assim. Sempre me deu livros, ou uma flor do jardim que prendia no meu cabelo... e que eu costumava tirar antes de encontrar alguém. Tinha-as todas guardadas entre páginas de livros.
- Vosso pai disse que tinha pressa.- Sorriu sem saber que mais dizer.
- Tenho mesmo. O recado está feito, podeis ir agora.- O papá encostou-se na ombreira da porta.
Franzi a sobrancelha aborrecida. O papá não podia-nos mais uns minutos?
- Eduardo, podes vir aqui ver uma coisa?- Beatriz tocou no seu ombro e piscou-me o olho.
A contra gosto, o papá foi com ela. Não sem antes deixar a porta bem aberta e chamar Bianca:
- Sem gracinhas.
- Eu sei que não é um buquê muito romântico, mas eu achei que apenas rosas fossem muito aborrecidas, um jardim inteiro parece o mais certo para vos comparar. Sois tanta coisa: gentil, inteligente, preocupada com os outros, resiliente, corajosa, aventureira, linda, estonteante...
- Acho que entendi.- Fiquei vermelha com as suas palavras e reparei quando Henry deu com as rosas da infanta.
Por momentos lamentei que ali estivessem e que já tivesse construído um monte de ideias erradas do que aquilo significava.
- Espero que me possas perdoar um dia.- Sorriu tristemente, o que contrastava com o seu entusiasmo de há pouco, enquanto apontava para cada flor diferente e comparava com uma característica minha.
- Não há... nada a ser perdoado. Confiastes em mim e eu agradeço essa confiança.
- Podemos esquecer que tudo isto aconteceu?
- Nada me deixaria mais feliz.- Sorri com peso que me tinha sido tirado de cima, e pelo seu sorriso de alegria.
- Bom, isso não são preocupações que tendes de ter hoje.- Aproximou a sua mão da minha e quando já sentia o seu toque...
- Um passo atrás, cavalheiro.- Bianca advertiu.
Arght!!
- Claro!- Corou constrangido.- Até mais logo milady. Happy birthday!
- Tende um bom dia e obrigada, Henry.- Desejei.
Quando Bianca virou costas para o acompanhar à porta, segurou o chapéu junto ao peito e lançou-me um olhar intenso, enquanto o beijava discretamente.
Ai meu Deus!
As pernas fraquejaram e o coração falhou uma batida.
Ele tinha beijado o chapéu!!!
- Podemos ir agora?
- Tenho de encontrar o leque papá!!- Corri escada acima para encontrar o meu acessório mais elegante.
⭐👑⭐
- Estás muito bonita hoje.- Francisca sorriu bebendo o seu chá, de mindinho bem empinado.
João apenas sorriu. Ouvíamos um violinista do Porto que vinha procurar um patrocínio do rei. D. João abriu vagas para ouvir os melhores instrumentistas e enviar os realmente bons para academias musicais em Itália, Inglaterra, ou para a terra natal da rainha.
Recebi um traje completo dele, apesar de bastante feminino. Pergunto-me como conseguiu as minhas medidas. Era uma casaca branca, com bordados a ouro que não me caía simplesmente a direito, ajustava-se às minhas curvas e em vez de acabar com um corte quadrado, acabava de modo redondo, o que não me fazia parecer tão baixa. Uma camisa branca, culotes beje e colete a condizer completavam o visual.
Quando me entregou a caixa, pareceu receoso, como se temesse o meu desagrado perante o seu presente como se fosse uma ofensa, contudo foi algo que me agradou imenso. Já não precisava de usar as roupas do papá que me ficavam a nadar.
Reparei que alguns senhores falavam com o papá. A princípio estranhei, mas depois os olhos postos em mim, a forma como uns olhavam para os outros... reparei também que, os que eu conhecia que iam ter com o papá eram viúvos, ou ainda não tinham sequer casado.
A desgraça começa cedo! Não há respeito nem pelo meu aniversário!
- É suficiente.- O rei levantou-se e o rapaz levantou arco das cordas.- Tendes realmente grande talento, em breve falarei convosco.- Sorriu, porém não pareceu sincero.
Eu ainda sentia um nó no estômago pelo que vi acontecer aqui à minha frente.
Toda a corte foi dispensada.
- Eu...- Respirou fundo e endireitou as costas.- Tenho imenso trabalho a pôr em dia. Divirtam-se.
- Com certeza que vamos!- A infanta pegou na Diamante que se assustou pela forma repentina como a tinham acordado, e dispensou as minhas colegas mas não a mim.
As mãos da menina tinham arranhões recentes e isso não parecia incomodá-la.
- Ireis ler para mim, pode ser?
- Claro.- Sentou-se no banco, junto a uma janela aberta voltada para o jardim, onde batia o sol.
A gata ronronava com as festinhas que a menina lhe fazia com cuidado.
- Este.- Entregou-me o livro que queria.
⭐👑⭐
- E então? Como presenteastes vossa dama?
- Isso não é de vossa conta, eu acho.- Sorri malandro para Edward.
- Isso significa que fostes um desavergonhado.- Endireitou a gravata.
- Nada disso, tolo.- Ofendi-me.- Dei-lhe um ramo de flores.
- Oh... que romântico, Hyde.- Brincou.
- Havia uma grande caixa com rosas vermelhas ao lado.- Desabafei mordendo o lábio em seguida.
As rosas só poderiam ser de uma pessoa.
- Au!- Divertiu-se.- Sabeis de quem são?
- Praticamente.- Encolhi os ombros.
- Mas... recusou o vosso buquê?
- Bem... não. Pareceu entusiasmada, acho que só estava a tentar ser gentil...
- Sempre ouvi dizer que o que conta é a intenção. Talvez prefira uma única flor vossa, a uma floresta de outrem.
Não acreditava muito nas suas palavras.
- Como é que conseguem viver aqui assim?- Tirou o chapéu e abanou-se.
Realmente hoje estava muito calor.
Pus-me a pensar em Helena, uma mulher maravilhosa só poderia nascer numa altura destas: num dia solarengo e quente para fazer todos felizes. Helena reluzia como um diamante perante os raios de sol.
- Um duelo?- Desembainhou a espada.
- Não. Aqui é ilegal, exceptuando quando é para decidir acerca da honra, promessa ou uma mulher.
- Povo chato. Espero que a festa de Helena hoje à noite seja mais animada.
- Porquê se não vais?
- Ah!- Levou a mão ao peito.- Eu irei. Tenho de ter a certeza que não cometes nenhuma idiotice.
- Como por exemplo?- Parei e cruzei os braços.
Edward era bem pior que eu e vinha-me agora com moralismos?!
- Como beberes demais e acabares por fazer figura de idiota na frente do sogro...
- Eduardo não é...
- Ou ter um ataque de ciúmes cada vez que alguém dirija a palavra à aniversariante, ou caso tentes beijar a aniversariante ou desafies alguém por algo muito estúpido.
- Edward, eu sou embaixador! Um dos meus muitos talentos é ter sangue frio.
- Infelizmente faz calor por esta altura.- Sorriu e prosseguiu caminho.
Idiota!!
Reparei nas janelas abertas e sem mais que fazer... decidi espreitar.
Davam para o corredor entre a corte e os aposentos reais.
Vazio, vazio, vazio, vazio, vazio... Ops!
Quando me aproximei da penúltima janela ouvi a voz que acalentava a minha alma.
- Helena, as vossas histórias continuam a ter um final chato.
- No entanto continuais a pedir para ser eu a ler para vós.
- Acho que... ainda não perdi a fé num fim mais... tradicional.
- Não.- Contrapôs certa de si.- Vós gostais sim de ouvir os finais onde a princesa mata o dragão e atira o príncipe para o fosso.
- É isso que acontece ao príncipe?!- A menina parecia escandalizada.
- Bem... tentou beijar a princesa sem autorização.
- Ah... pois foi. Sendo assim é bem feito! Achais que ficava bem de espada?
- Ham... se eu responder vosso irmão manda-me para as masmorras e já lá estive tempo suficiente.
- Helena!- A menina riu.
- Porque demoras...- Tapei a boca de Edward antes que notassem a nossa presença.
- Deixai uns príncipes para eu matar também, tenho de ir fazer xixi.
- Ham... então apressai-vos. Creio que não entendestes a moral da história.
- Ficai com a Diamante.
- João vai depor-me quando descobrir que criei uma assassina.- Riu baixinho.
- Quantos príncipes já matastes?- Perguntei e gritou assustada. Até a gata a arranhou.
- Parece que me vou estrear hoje.- Rosnou baixo olhando pelo corredor.- Vai embora Henry, é feio ouvir conversas alheias.
- Ela tem um ponto...
Empurrei Edward para longe e aprimorei o meu sorriso. Adorava quando Helena ralhava comigo, ficava extremamente sexy.
- Quero ouvir uma história também.
- Podeis lê-la, já tendes idade para isso.
- Não. A vossa voz é maravilhosa, quero ouvir-vos.
- Henry!- Resmungou.- A infanta deve estar quase aí e não quero que nos veja juntos.
- Vossas palavras quebram o meu frágil coração.- Saltei, apesar das roupas apertadas e consegui sentar-me no parapeito da janela.
- Que foi?- Resmungou com um pequeno sorriso.
- És tão bonita.- Admiti perdido no seu olhar.- Ainda não sei o que fiz para merecer vosso apreço.
O seu rosto corou instantaneamente.
- Henry, vai embora.
- É. Estou a ficar enjoado.- O Edward resmungou ali em baixo.
Não queria ir. Queria ficar o dia todo ali, a olhar para ela.
Como conseguia ser tão formosa sem esforço algum?
- Henry...- Olhou para o corredor para esconder o seu rubor.
- A infanta ainda demora, milady.- Diverti-me e tirei o chapéu.
- Ide embora, resolvemo-nos logo.- Murmurou insistente aproximando-se.
- Posso levar um beijo? Sabeis... para não morrer de saudades até logo.- Sorri sugestivo e um sorriso tímido surgiu nos seus lábios.
- Até logo, Henry.- Beijou a minha bochecha devagar e voltou a afastar-se.
Não era exatamente o que queria, mas já é bom.
- Podemos continuar.
Desci ao ouvir a menina que se aproximava.
- Porque estás tão vermelha?
- Ham... está muito sol hoje.
⭐👑⭐
- Parece que a vossa festa não surtiu o efeito desejado.
- A quem o dizes. Parece que vieram ainda mais depressa.- Resmunguei bebendo o champanhe.- Esta noite está mais para uma leilão.
- É vossa noite Helena, não deixai nada arruiná-la.
Sorri com a preocupação de João, embora estivesse mais interessado numa jovem condessa casada qualquer, filha de um dos muitos amigos do papá.
- Controlai-vos. Pelo menos enquanto conversamos.
- As minhas noites têm sido solitárias sem Luísa. Tenho de encontrar outra que ocupe o seu lugar.
- Podias fazer uns meses de celibato. Fazia-te bem.- Dei-lhe duas chapadinhas no peito.
- Nem na cova.- Garantiu e riu abertamente.
Todos que se aproximavam faziam a vénia ao rei. João parecia cada vez mais inchado, apesar da rotina.
Pergunto-me se dá para morrer inchado como um balão.
- Lucas!!- Reparei em quem acabava de entrar no jardim.- Catarina!!
- Oh Helena...- O meu irmão abraçou-me com força e de sorriso no rosto.
- Estava cheia de saudades!- Garanti sem soltar o aperto.
Catarina sorria para nós dois, compreensiva e doce como sempre.
- É bom ver-vos juntos novamente. O Lucas falava em ti todos os dias.
Sorri mais, fechando os olhos nos braços do meu irmão.
- Estás maior.- Beijou a minha testa.- Mais bonita.
- Oh pára!- Dei-lhe uma chapada no ombro.- Não me esqueço que me escreveste muito pouco.
- Desculpa.- Admitiu.
- Olá Catarina.- Abracei-a também de modo caloroso, no entanto notei que me abraçou com um braço apenas.
Eu sou tia!!!
Como é que me podia esquecer?!?!?
- Olá princesinha.- Olhei para a bebé nos seus braços.- Ela é linda.- Sorri para Catarina.
- É pois. É a princesa da mamã, não és?- Beijou a testa da menina que abanava as mãos curiosa com todos.
- E do pai também.
- Não sejas ciumento, Lucas!- Ralhei e voltei a dar atenção à minha sobrinha.
- Como se chama?- Acarinhei a sua bochecha.
- Vitória.
Um nome não muito comum, porém lindo.
- A nossa pequena grande Vitória.- Sorriu orgulhosa.
- Lucas, estás de volta!- O papá veio dar um abraço caloroso ao filho e à nora.
- Toma, mandei fazer especialmente para ti.- Estendeu-me uma caixa mediana.
- Espero que sejam as cartas que não me escreveste.- Impliquei com ele enquanto abria.- Oh meu...
Fiquei ainda uns instantes estupefacta a olhar para o enorme colar de diamantes no veludo negro.
- Essa reação fez-me ganhar o dia.- Sorriu.
- É... lindo, Lucas.- Imaginei como ficaria linda ao usar o colar de duas peças.- Devias de dar presentes destes à tua esposa, não a mim.
- Eu tenho vários.- Divertiu-se.- Achámos que te ficaria muito bem.
- Obrigada!- Abracei-os entusiasmada.
- Não vais... pô-lo?
- Tenho o colar da mamã...- Toquei nas pérolas ao peito. Não me parecia certo trocar.
- Helena, podes usar o colar da tua mãe na missa de Domingo, um colar destes não.- O papá riu-se para a Vitória, enquanto a admirava e mimava.
- Se vocês dizem...- Fui para dentro e pedi ajuda a Bianca.
A primeira peça do colar era composta por grandes e médias gotas de diamantes, ligadas a ouro entre si. Era um pouco pesado, mas tão belo... a segunda peça era maior que a primeira, porém mais leve, visto usar apenas diamantes mais pequenos, era feita para adornar o vestido principalmente.
- Que tal estou?
- Uma autêntica rainha.- Bianca sorriu.
Endireitei o maior dos diamantes que pendia para o pequeno espaço entre os meus seios.
- Onde foram eles?- Estranhei quando não vi o meu irmão e Catarina.
- Deitar-se. Estavam muito cansados.- Olhou para mim de lado e o seu sorriso cresceu.- Fica-te realmente muito bem.
Pelo jardim, reparei que todos me olhavam com especial atenção e isso sim, fez-me ter fé de que a noite estava ainda por começar.
⭐👑⭐
- Os diamantes são mesmo os melhores amigos das mulheres.- O António bebeu admirando a beleza estonteante de Helena.
Bebi dois copos de seguida para entupir a apoplexia que se ia formando. Ela estava simplesmente magnifica.
- Só espero que não o use quando Maria Ana chegar, ou a verdadeira rainha ainda se ofende.
O Manuel tinha uma quota de razão. O colar que enviei à minha, agora esposa, parecia digno dos anjos, contudo depois de ver este...
- Vejam só quem já se está a fazer ao bife.
⭐👑⭐
- Boas noites, Helena. Muitos parabéns.- Henrietta fez-me uma pequena reverência.
- Obrigada.- Sorri para a rapariga ruiva.
- Comentava com o meu irmão como estais deslumbrante esta noite.- Sorriu abertamente e corei.
- Obrigada.- Sorri envergonhada sem saber que mais dizer.
Henry permanecia calado.
- Esta seria uma boa altura para dizer alguma coisa.- Edward segredou alto o suficiente para eu ouvir.
- Ham... eu...
- Homens! Quando necessário, o cérebro nunca funciona.- Hetty aborreceu-se.- Vinde Helena.- Enlaçou o braço no meu.- Vinde apresentar-me aquele grupo de cavalheiros.
Diverti-me com o seu modo de falar e lá fui com ela.
Henrietta tinha um sentido de humor bem mais sensível que Henry e respostas tão ou mais audazes que o irmão.
- Cavalheiros, majestade, permitam-me apresentar-vos lady Henrietta Hyde, filha do duque de Clarendon.
- Majestade.- Fez uma vénia.
- Lady Hyde.- João fez-lhe um singelo sinal de respeito com a cabeça e os irmãos repetiram, de um modo menos "superior", mas repetiram.
- Posso convidar-vos para a próxima dança, menina Hyde?- O infante António sorriu minimamente confiante.
- Nem por isso, obrigada.- Recusou da melhor maneira que pôde.- Não gosto muito de dançar.
- É verdadeiramente uma pena.
João entendeu tão bem quanto eu o que acontecia ali e deu um encontrão no irmão.
- Então... ireis dançar ou não, Helena?- João provou os aperitivos.
- Não me está a apetecer...- Suspirei e reparei em Henry do outro lado do jardim a falar com um par de tolos poderosos enquanto me encarava.
- Podíamos festejar... noutro lugar.
- Que lugar?- Estranhei os planos do rei.
- Por aí. Fora da jaula. É um péssimo começo da idade adulta este.
- Não posso sair assim, o papá jamais me perdoaria.- Recusei.
- Lisboa vista de cima, bailes a sério, sem sermos incomodados...- Tentou-me.
- Mas...- Voltei a olhar Henry. Queria que me convidasse para dançar.
- Como saíremos sem sermos notados?- Hetty indagou.
- Pela porta da frente.- João garantiu de cabeça erguida.
- Não posso deixar o papá preocupado assim.- Decidi não muito convicta.
- Posso pedir-lhe.- João encolheu os ombros. Fiz-lhe a minha pior careta. João daria uma ordem ao papá, não pediria.
- Depois da meia-noite, esperem meia-hora nas traseiras do palacete. Se não aparecer podem ir sem mim.- Combinei.
- Henrietta...- Mordi o lábio e sorri.- Podes ir contar ao teu irmão?
- Já lá estou.- Entusiasmou-se com esta nova aventura por uma cidade que lhe era desconhecida.
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