33. Isso... é um talvez?
A letra era tão cuidada, delgada e fluída e...
- Henry, é papel. Podes mexer-lhe o quanto quiseres que não ganha forma.
- Não sejas invejoso.- Bebi mais um copo de vinho e reli a carta com mais atenção.
As suas palavras eram tão puras e honestas, tão carregadas de sentimento e saudade.
- Edward, só porque não sabeis ser romântico por uma vez que seja, não significa que o meu irmão sofra do mesmo mal.- Hetty provou a sobremesa deleitada.- O que é que ela diz?- Tentou pegar numa carta por abrir, porém fui mais rápido.
- Até amanhã. Preciso de descansar.- Levantei-me depois do copo acabar.
- Mulheres! É isto que mulheres fazem se nos aproximamos demais!- Ainda ouvi Edward praguejar.
- Cala a boca, mal-educado!- Hetty rosnou.
Troquei-me pela camisa de dormir e fiquei sozinho à luz das velas, a ler cada palavra de cada uma das cartas.
As primeiras que escreveu esperavam apenas as minhas para serem enviadas, mas as ultimas... pareciam quase um diário, um desabafo da sua frustração com a minha demora, e com o meu esquecimento.
Doía na alma achar que me tinha esquecido dela. Foi impossível esquecer Helena, nem por umas horas, ou tempo suficiente para trabalhar eu consegui camuflar a sua imagem.
Helena tinha-me dado a volta à cabeça, ao estômago (que sentia uma coisa estranha cada vez que a via), a... a tudo! Ela tinha-me coisado de uma maneira estranha.
⭐👑⭐
- Está frio.- A infanta enrolou-se em mais um xaile e sentou-se perto da lareira a fazer os exercícios de francês que o jesuíta lhe tinha entregue.- O mano prometeu vir tomar chá comigo.
- Não vos zangais com ele se não puder aparecer, o rei é muito ocupado.- Desculpei a muito provável ausência daquele sacana.
- Sabeis francês, Helena?
- Um pouco.
- Podes ajudar-me aqui?
- Deixa ver.- Procurei a resposta pelos seus apontamentos.
Realmente a infanta estava com muita dificuldade em entender. Francês era dificil até para mim, quanto mais para uma menina de 9 anos.
- Só mais este.- Apontei outro exercício, vendo-a desmoralizada.
- Eu odeio o meu irmão por me obrigar a aprender estas coisas inúteis.- Rosnou baixinho e zangada.
- Podem dar jeito um dia.- Sorri-lhe.
Afinal de contas roguei todo o tipo de pragas a Lucas quando me forçava a aprender inglês, e olha: agora deu finalmente muito jeito!
- Perda de tempo.- Fez os exercícios com a força do ódio.
- Bons dias.- D. João entrou nos aposentos de Francisca, onde nos encontrávamos.
Era uma sala de estar, antes do quarto, onde podíamos aproveitar sossegados ainda assim.
- Majestade.- Todas fizemos a maldita vénia. João não a merecia.
Luísa estava prontinha para levantar as saias do vestido e Carolina parecia de mau humor. Dionísia mantinha sempre aquela cara imparcial, como se fosse a melhor a cumprir as ordens de sua majestade, o rei de Portugal.
Idiotas.
- Bons dias.- Sentou-se ao lado da irmã.- Sei que me atrasei um pouco, porém tenho de ser rápido.
Francisca pareceu entristecer-se, no entanto apressou-se a pedir um chá e biscoitos. Reparei que o rei olhou para mim, por curtos instantes, até que desviei o olhar. Não era capaz de olhar para ele. Foi capaz de ler e queimar as cartas de Henry sem me dizer nada. Isso não é amizade, nem respeito, nem coisa nenhuma!
Não merecia sequer que o olhasse.
- Ouvi dizer que a rainha vem a caminho.- Mostrei-me entusiasmada com o assunto que mais o incomodava.
- Sim.- Respondeu simplesmente.
- Vai poder lanchar comigo?- A pequena infanta indagou curiosa.
- Não sei, Francisca. Ser rainha é ser muito ocupada.- Acariciou as suas bochechas.
- E... o que é que ela faz?- Perguntou estranhando.- Se és tu que fazes tudo, então o que faz ela?
- Bem...- Tentou explicar.- Ocupar-se-á de tarefas humanitárias que eu não consigo ter tempo para cuidar. Irá a inaugurações de conventos, cuidará de financiar orfanatos, dará a cara pelas causas enquanto tento resolvê-las à secretária.
- Parece chato.- Fez uma careta.- Helena tinha razão quando disse que ser rainha podia ser aborrecido.
- Ai sim?- O olhar do rei voltou-se para mim zangado.
O de todas as outras aias parecia divertido à espera de uma execução.
Obrigada, Francisca. A sério. Verdadeiramente.
Tentei dizer alguma coisa, mas o ar faltou-me e senti-me envergonhada demais. Era muita vergonha para algo que tinha sido dito há tantos meses atrás. Acho que foi em Mafra que tivemos esta conversa.
- Tens de entender, Francisca, que Helena é apenas vossa aia de companhia. Jamais saberá claramente as funções de importância que uma rainha desempenha.
Eu sorri muito divertida e tive que me conter para não rir.
Então ele diz que me ama, queima as minhas cartas e anda de abstenção por uns dias... algo me diz que ponderou trocar de rainha.
- As vossas mentiras divertem-me.- Exibi o meu sorriso presunçoso.
- Só as minhas mentiras, ou algo mais?- Retribuiu a arrogância e o meu sorriso desapareceu. O bastardo prometeu não usar a situação e aqui está ele, frente a todos, a ameaçar soltar a bala de canhão que destruiria a minha reputação. Bem... mais do que a festa já o fez.
Sois desprezível, hesitei em dizer. Isso seria o gatilho para algo que não queria.
- O chá demora muito?- Perguntou olhando bem para mim impassível.
O ódio por tê-lo à mesa era tão grande, que até o chá custou a descer.
Eu nunca imaginei que pudesse odiá-lo tanto. Nós ainda há uns dias éramos bons amigos, melhores amigos.
⭐👑⭐
- Hetty estás fantástica.- Suspirei assinalando os assuntos que deveria mencionar na reunião com o rei, ainda faltavam umas quantas semanas, porém devemos preparar-nos com antecedência.
- Não sei.- Abria e fechava o leque nervosa.
- Até a mim me está a deixar nervoso.- Edward comentou aborrecido lendo o seu livro.
- É aqui?- Estranhou quando a carruagem parou.
- É.
- É um pouco mais... iluminado que St. James.- Sorriu entusiasmada.
- St. James é praticamente uma fortaleza, Henrietta. A Ribeira é apenas ostentação.- Expliquei-lhe ajudando-a a sair da carruagem.
- A rainha deveria inspirar-se aqui para umas quantas melhorias.- Murmurou olhando o chão de mármore e as paredes de azulejos. Os espelhos e as escadarias e paredes forrados a ouro. D. João era adepto do barroco claramente.
- Aquieta-te Henry.- Edward deu-me um pequeno encontrão.- Ela não está aqui. Parece que tens pulgas.
- Uau...- Suspirou deslumbrada.
St. James primava mais pelo luxo verdade, o uso do vermelho e do dourado, no entanto a Ribeira era mais... limpa. Branco e dourado não têm como falhar, davam até um pouco o aspeto de céu, de estarmos mais acima que o comum dos mortais. E quem vive no céu? Deus. E quem vive na Ribeira? D. João, o V.
- Cuida da minha irmã, Edward.
- Mas...
- Eu sei que consegues.- Pisquei-lhe um olho antes de ir em busca de Helena.
- Desgraçado!
Tentei na biblioteca, e ela não estava. Na capela também não, e lá fora também não estaria. O tempo está com cara de chuva.
⭐👑⭐
- Padre, eu estou arrependida.
- Confessai os vossos pecados, irmã.- O prior falou dentro do confessionário e arrependi-me imediatamente de ir ali.
Mas a quem recorreria?!
- Eu...- Hesitei, brincando com as mãos, nervosa demais por admitir tal ato em voz alta.
- Irmã, Deus não julga.
- O que dizemos aqui, fica aqui, certo?- Murmurei.
- Fica com Deus, irmã.
Claro que fica.
- Eu amo uma pessoa.- Hesitei.- Beijei outra.
- Oras irmã...
- Deus não julga, padre!- Repeti assustada.- Eu só... eu queria estar preparada, não queria passar uma grande vergonha com a minha inexperiência, porém agora a pessoa que beijei está pronta para me envergonhar frente a toda a corte se eu der um passo em falso.
- Irmã, de boas intenções está o inferno cheio.
- Eu sei.- Admiti envergonhada.
- E irmã, o casamento e o cortejo servem para isso mesmo. É algo que deve ser vivido a dois e não a três. O cavalheiro está ali mesmo para vos auxiliar, e completar. É natural a vossa inexperiência, não tendes que vos envergonhar dela.
Corei, ele tinha razão. Nem mencionei a outra situação, ou ficaria roxa de vergonha.
- Que farei agora, padre? Se o meu amado descobre...
- Tereis de lhe contar a verdade.
- Isso não.- Queixei-me.- Não significou nada para mim.
- Então a pessoa irá entender.- Insistiu e engoli em seco.- Arrependeis-vos?
- Mais do que qualquer outra coisa.- Desesperei-me.
- Pois então, tendes mais alguma confissão, irmã?
- Não, senhor padre.- Estremeci.
- Ide em paz, que vossos pecados foram absolvidos, e que Deus vos acompanhe.
- E a minha penitência?
- O peso na vossa consciência é suficiente.
- Amén.- Fiz o sinal da cruz e saí.
Na verdade não me sentia mais aliviada.
Como contaria a Henry que beijei João?
- A infanta requer a vossa presença, menina.- Uma empregada veio informar e agradeci-lhe antes de respirar fundo e sair da capela.
- Ei!- Fui puxada para uma sala enquanto atravessava o corredor.
- Bom dia, milady.- Roubou-me um beijo quando menos esperava.
- Henry!- Afastei-o assustada lembrando-me do rapto.
- Perdoa a minha ousadia, mas precisava de te ver com urgência.- Pegou nas minhas mãos e juntou as nossas testas.
As minhas pernas fraquejaram e esqueci-me de como se respirava por instantes. O seu cheiro... Oh mãe do céu!
- Henry, a infanta espera-me.- Murmurei sem querer soltar-me.- Tenho de ir.
- Só mais uns momentos.- Sorriu matreiro.
Não era certo encontrar-nos assim, às escondidas, muito menos quando nem me corteja ainda.
Envergonhada, desviei o olhar para a sala e reconheci os retratos dos antigos reis. João vinha aqui todos os dias inalar o rapé e beber com os irmãos.
- Temos de sair daqui.- Eles podiam entrar a qualquer momento.
Que loucura faria João se nos visse juntos?!
- Mas...
- Henry, de verdade.- Soltei-me e dirigi-me à porta.
- Sentirei saudades.- Suspirou e corei.
- Tonto.- Levei as mãos ao rosto.- Ups...- João estava prestes a abrir a porta quanto ia a sair.
Fechei a porta depressa com o pânico de o ver ali. Com certeza era uma ilusão que iria embora.
Ainda nervosa, voltei a abrir e o rei ainda ali estava. Eu não tinha pinga de sangue.
- Que foi Helena? Pareces ter visto um fantasma.- Abriu a porta e entrou zangado.
Deus, sou eu outra vez. Ajudai-me, por favor, que sei que errei. Por favor!
- Embaixador.- Cruzou os braços zangado, olhando para mim em busca de uma explicação.
- Majestade.- Henry demorou a curvar-se.- Espero que vosso correio não se tenha voltado a perder.
- Só o que aquece a lareira.- João lançou a flecha em cheio na cicatriz de Henry, que avançou uns passos.
- Nós estávamos mesmo de saída.- Interpus-me entre eles e puxei Henry antes de cometer uma loucura.
- Para quê tanta pressa Helena?- O seu sorriso gozão denunciava o golpe baixo que estava prestes a cometer.- Sentai-vos Henry, creio que deveis saber com quem lidais.
Estremeci e senti-me desfalecer. Era para ser eu a contar a Henry.
João não tem misericórdia e depois disto, eu não voltaria a olhar para a sua cara ou a dirigir-lhe a palavra, nem que fosse parar novamente às masmorras.
- E vós sabeis?- Henry riu.
João apenas sorriu e plantou a mão na cintura.
- Deveis respeito a Helena. Trancar-vos com ela numa sala não é atitude de respeito. Cuidai bem dela, amai sem limites e se eu souber de uma única traição, sereis capado. Não por mim, mas por ela.- Divertiu-se ao olhar-me.
- Esperai, então primeiro queimais as minhas cartas e depois vindes aqui como se nada fosse dar conselhos inúteis como se vos importasses? Desculpai, mas depois do que fizestes, nada do que falais é tolerável para mim.
- Creio que mereço vossas palavras e vossa cólera, sim.- Admitiu, no entanto não se deixou abater.
Henry tinha razão.
- Não espero vosso perdão, também não o pedi. Só espero que possamos conviver em paz a partir de agora.
- Oh... então o que vos apoquenta é a guerra.- Henry sorriu.- Podeis dormir em paz esta noite. Ao contrário de vós, sei distinguir os meus assuntos ao contrário de vós. Se vos desaparece um par de meias, metade dos empregados deste palácio não volta a acordar.
- Henry, por favor.- Pedi. Estava a ser injusto agora.- Eu sei.- Olhou para mim.- Eu sei que não ireis aceitar perdão, muito menos eu.- Olhei o rei com reprovação.- Pelo bem de vossas negociações.
Henry desviou o olhar do meu e pareceu engolir fel quando virou costas.
- Não tolerarei mais nenhuma das vossas jogadas ciumentas.- Declarou antes de sair e apertar a minha mão.
- Deixar-me num estado de nervos para te divertires, faz de ti desprezível.- Cuspi zangada antes de sair também.
- O que é que ele quer?- Henry estranhou quando saí.
- Não sei.- Admiti.
- Tu...- Olhou para o chão e depois para mim.
- Claro que não!- Como é que podia pensar que amava João depois de tudo isto?!
- Eu nem vou perguntar sobre ele, porque está na cara!- Rosnou apontando para a porta.
- E isso é importante para nós?- Estranhei.
- Eu não sei.- Admitiu.- Eu amo-te, Helena.
- E eu amo-te, Henry.- Segurei a sua mão e tentei acalmá-lo. Tinha todas as razões do mundo para estar nervoso, e eu também. A diferença é que já estava um pouco habituada.
- No corredor não.- Cantarolei envergonhada quando tentou beijar-me.
- Com certeza, perdoa a minha ousadia.- Sorriu matreiro.- Mal posso esperar para o fazer, escondidos de todos, enquanto os meus lábios tocam nos teus, devagar, depois mais ávidos, saboreando e desfrutando o momento.
Senti a garganta seca e estremeci só de imaginar. Houve algo em mim... que não deveria ter dado sinal de existência!
- Até mais logo, milady.- Sussurrou antes de prosseguir o seu caminho.
- Desavergonhado.- Murmurei chateada enquanto tentava apaziguar o vermelho das minhas bochechas.
- Helena, demoraste!- A infanta resmungou.- Preciso de ajuda.
- Estou a ir.- Sorri lembrando-me de Henry. Dos seus olhos, do seu cabelo, da sua atitude apaixonante.
⭐👑⭐
- Papá!- Empolguei-me quando o vi de volta, enquanto acendia o cachimbo.- Beatriz.- Sorri-lhe respeitosamente.
- É bom estar em casa outra vez.- Abraçámo-nos.
- Como correu?
- Bem. Um problema simples.- Sorriu beijando a minha testa.- E aqui? Tudo bem?
- Sim.- Sorri lembrando a festa.
- Helena...?
- Papá, correu tudo bem. Não confias em mim?
- Sozinha não.
- Ah!- Chateei-me.
- Eduardo.- Beatriz riu e o papá acompanhou.
Eu não estava a perceber a piada. Estavam a rir de mim, ou comigo?!
- Bom, vamos jantar que amanhã tenho de acordar cedo.- Sorriu e seguiu-me até ao salão de jantar, onde a refeição já esperava.
O papá falou-me de como era Montemor e o que tinha acontecido em concreto. Notava-se que estava cansado e não iria ser eu a impedir o seu repouso.
- Até amanhã.- Abracei-o antes de ir dormir.
...
- Papá, muito café faz mal.- Adverti vendo-o encher a segunda chávena. Vi pessoas morrerem de apoplexia pelo excesso.
- Não hoje.- Suspirou aborrecido.
- Senhor, está um cavalheiro na sala de visitas que quer falar consigo. Diz tratar-se do embaixador inglês.
Corei instantaneamente. Que raios é que Henry faria aqui tão cedo?!
O papá ficou estático e acabou por pousar a chávena de café no pires.
- Passam agora 10 minutos das 9H da manhã. Não há respeito naquela terra?!- Aborreceu-se enquanto se levantava.- O que será que o miúdo quer?
Gostava de ter telepatia ou algo assim para lhe dizer para se ir embora. Não é bom conversar com o papá quando está aborrecido.
Fiquei ali, sozinha com Beatriz, enquanto imaginava como correria a conversa. Estava morta de curiosidade! Aceitaria? Iria zangar-se comigo? Que faria?
- Não sei de nada, não vi nada.- Beatriz sorriu e olhou o corredor sugestiva enquanto comia o seu pão com compota.
- Maravilha!- Corri com cuidado até à sala de visitas e colei o ouvido na porta.
- Se não foram assuntos de estado que o trouxeram até minha casa, que outro assunto teremos pendente?
Não dei conta que ruía as unhas, nunca foi um vicio meu. Agora parecia acertado, no entanto.
Eu estava tão nervosa que tremia!
- Na verdade não se trata de um assunto, porém de uma pessoa em especial.
Oh Deus! Ele está a falar de mim!!
- Helena, não é...
Tapei a boca a Bianca antes que notassem que ouvia conversas atrás das portas. Estava tão nervosa que suava!!!
- Espero que não estejamos a falar de Helena, embaixador!
- Estamos sim. Eu... vim pedir-vos para cortejar vossa filha.
O papá hesitou em responder e quase desfaleci.
Diz sim, diz sim, diz sim, diz sim!!! Diz sim, homem de Deus!!! Eu é que vou sofrer de uma apoplexia sem nem beber café!
- Vou dizer-vos o que disse aos outros: assim que Helena fizer 18 anos ponderarei a vossa proposta, até lá quero-vos bem longe da minha porta!- Rosnou e senti-me desfalecer.
- E isso é quando exatamente?
- Não sabeis nem quando é o seu aniversário, e quereis cortejar a minha filha?!
- Pois. Se eu cortejasse Helena, saberia quando é o seu aniversário...
Verdade. Um pormenor que nos escapou.
- Fora daqui, Henry!
- Isso é um talvez, presumo.
- Fora!
Foi Bianca que me puxou antes de algum deles sair da sala. Eu estava desolada.
- Pensa assim, quando atingires a maioridade Henry será o primeiro a vir falar com o marquês.- Tentou acalmar o meu estado de nervos.
Eu apenas corri para o quarto e tentei não chorar preocupada. Por que é que o papá não tinha dito que sim? Por que não me deixa a mim dizer que sim?
De qualquer maneira havia tempo. Falta um mês para o meu aniversário, Henry pode mostrar-se merecedor o bastante ao papá, pois eu já sei como ele é gentil e respeitoso.
- Helena, anda lá. Vou chegar atrasado ao conselho.- O papá batia insistentemente na porta, apressei-me a aprontar a minha bolsinha para o acompanhar.
- Estou pronta.- Tentei sorrir.- O que queria o embaixador?
O papá semicerrou os olhos e analisou-me.
- Afasta-te dele, Helena. Aquele inglês é problemático.
O único problema é amá-lo.
- Estou à tua espera. Não fiques para trás.- Desci à sua frente, e atravessei o hall de entrada.
Bianca sorriu para me encorajar antes de sair:
- Vai correr tudo bem, Helena. Sei que vai.
Engoli em seco e tentei pensar noutro assunto.
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