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22. Mais abaixo, Helena

- Trarei um chá de camomila.- Bianca anunciou ao ver que eu não estava para dormir.

Um chá não fará chegar-me o sono! O meu coração está tão acelerado que parece que vou ter um ataque a qualquer momento.

Peguei no livro que Henry me deu e fui lê-lo perto da janela. Não estava a funcionar, o sono não vinha.

- Bianca.- Chamei-a. Estava a arranjar o meu vestido de amanhã.

- Sim?

- O que é que fazes quando não queres estar num sitio onde deves ficar?- Olhei pela janela.

- Acho que não entendi.- Aproximou-se.- Contudo se é um lugar onde somos necessários... existem alturas em que as necessidades dos outros são mais importantes que as nossas.

Que bom, a minha consciência pesa uma tonelada agora!

- Se não for indiscrição... onde é que gostavas de estar, Helena?

- Acho que nem eu sei bem.- Admiti.- Deve ser só o cansaço.

- Tenta descansar. Boa noite.- Deu-me um beijo na testa e saiu.

- Raios!- Resmunguei e atirei o livro para cima da cama.

Passei as mãos pelo cabelo zangada comigo mesma. O meu pai estava mal e eu só sabia pensar num inglês idiota que só goza com a minha cara e num rei arrogante que só me quer manipular. O papá não merecia...

🌟👑🌟

- Sentes-te melhor papá?- Apertei a sua mão.

Com um acenar de cabeça negou.

- Há coisas que não podem esperar. Tens de levar a minha pasta até ao rei, o país não pode esperar por mim.

- Papá eu não sei nada do que ali tens, não sou a pessoa certa... porque não chamamos Souto Maior?- Parecia mais capaz que eu.

- Pega num papel e aponta o que te direi.

- Sim, papá.

Suspirei enquanto me ditava referências de pastas e assuntos que não entendia. Muitos e muitos números.

Assinou e ordenou-me para que levasse a pasta até ao rei, uma vez mais.

- Voltarei depressa.- Garanti-lhe e beijei a sua testa.

...

- O rei está a meio de uma reunião de Conselho. Não pode ser interrompido.

- Não está a entender. Eu trago importantes documentos de Estado. O rei precisa deles!- Insisti para o guarda.

- Uma mulher não é encarregada dessas tarefas.- Gargalhou com o outro.

Uma mulher também é toda boazinha, no entanto matei um homem.- Rosnei para mim mesma.

- Com o quê? O gancho ou o leque?

Oras!

- Eu exijo falar com o rei!- Gritei furiosa.

As portas abriram-se e os conselheiros começaram a sair, a reunião devia ter acabado.

Raios!

Tentei passar quando todos saíram, contudo as armas foram uma vez mais cruzadas à minha frente.

- Majestade?- Chamei na esperança de ainda ali estar.

Pensando bem, da ultima vez que nos vimos as coisas estavam estranhas... não sei se tenho assim tanta urgência em encontrá-lo.

- Quem deseja falar-me?- Apareceu.- Oh Helena, não esperava ver-vos aqui...

Os guardas descruzaram as armas.

- Vinde.

Mal o rei virou costas e mostrei a língua ao guarda idiota. A minha maturidade surpreende-me!

- Que vos trás até mim? Vosso pai está melhor?

- Não, nem um pouco.- Admiti, entregando-lhe a pasta que abraçava como se a minha vida dependesse disso.- O papá não sabe quando melhorará, pediu que vos entregasse a sua pasta para não empatar a política do reino.

- Um gesto altruísta por parte do marquês.- Sorriu ao receber a pasta.

- Ele pediu-me que escrevesse todas as instruções aqui.- Apontei para o papel.

- Hum... certo.- Analisou.- Agradecei a vosso pai por mim, o seu gesto significou muito.

- Sim, majestade.- Fiz uma vénia e preparei-me para sair.

- E vós? Estais bem, Helena?

- Não.- Sorri tristemente.

- Há algo que possa fazer para vos ajudar?

- Há coisas que não estão nem ao alcance do rei.- Admiti tristemente.- Tende um bom dia.

- Espera.- Pediu.

Gelei de imediato.

- Não temos de falar sobre o que aconteceu na noite do baile?

- O que há a ser falado, majestade?- Zanguei-me.

- Não quero importunar-vos com isso. Tendes problemas maiores com que lidar agora.- Acabou por admitir.

Rosnei para mim mesma e ignorei-o.

- As melhoras.- Dispensou-me.

Não há nada a ser falado, há tudo para ser ignorado.

Para o papá entregar a pasta, significa que sabe que não irá melhorar nos tempos mais próximos. Será que é um presságio de uma despedida? Eu não quero que seja.

- Helena?

Voltei-me para trás rapidamente. O corredor estava vazio.

- Henry?- Sequei uma lágrima solitária.- Que fazeis aqui?

- O rei decidiu finalmente conceder-me uma audiência.- Sorriu.- E vós? Porque chorais?

- Nada.- Desviei o olhar rapidamente. Que vergonha!

Olhou pelo corredor e deu-me a mão:

- Prometei-me que não voltais a chorar, Helena. Ficais tão mais bonita com vosso sorriso no rosto.- Beijou-me a testa devagar.

Senti um solavanco cá dentro... Espero que seja um ataque cardíaco!

- Tenho de ir agora.- Afastou-se um pouco e choraminguei por dentro.

- Henry, vós também ficais muito melhor sem essa peruca ridícula.- Sorri ao olhá-lo com atenção.

Tocou nos caracóis falsos.

- As figuras que o parlamento me obriga a cometer.- Sorriu divertido.- Vemo-nos mais tarde, milady.- Prosseguiu o seu caminho.

- Até logo, Henry.- Tomei o cominho para casa, o que tinha a fazer no paço estava feito.

🌟👑🌟

- Papá, o recado está dado.- Entrei no seu quarto e vi-o de mão dada com aquela mulher novamente.

- Bons dias.- D. Beatriz sorriu-me.

- Bom dia.- Respondi com secura.- Se me procurarem estou na capela.- Virei costas e vim embora.

Sei muito bem quando não sou bem vinda!

...

- Eu creio que está na altura de ir.- Beatriz suspirou aconchegando-se no xaile.- Vossa filha deve-vos tempo e atenção.

- Helena está bem. Precisa de desanuviar um pouco. Sinto-me culpado por tê-la aqui presa em casa, por minha culpa.

- Não é culpa tua, Eduardo. Estarias do lado dela, se fosse ao contrário. Helena não se sente presa acredita em mim.

- Espero que te tenhas razão.- Dei-lhe a mão e um sorriso meigo tomou o seu rosto.

- Helena não parece gostar muito das minhas visitas...- Olhou para a porta encostada.

- Porque dizeis isso?- Andaria Helena a ser mal-educada para Beatriz?

- Esta é a casa dela, é normal que não goste de estranhos...

- Não sois uma estranha para mim.- Sorri-lhe.

- Eduardo, tenta entendê-la. Está assustada.

- Não tem razões para isso.- Estranhei.

⭐👑⭐

- Oh Bianca.- Abracei-a de lágrimas nos olhos.

- Shh... pronto... vai ficar tudo bem...

- E se não ficar?

- Mas vai. Vosso pai tem uma saúde de ferro.- Secou-me as lágrimas.- É só uma febre. O pior já passou Helena.

- O papá mandou-me entregar a pasta ao rei. O papá sabe que não vai melhorar.- Deitei-me a chorar no seu colo, enquanto encarava o crucifixo no altar.

Eu rezava com tanta força, tanta força... quando o papá melhorar farei do nosso jardim o mais bonito de Portugal, como recompensa por ter ouvido as minhas preces.

- Claro que vai, só irá demorar um pouco mais. Não pensai mais nisso, Helena; vossos temores tornam uma situação simples num pesadelo.

Era o papá que cuidava de mim, era ele que me fazia sorrir sempre que eu estava triste e tinha sempre a coisa certa a dizer. Todos estes anos longe dele só me fizeram lembrar o quanto o amava e precisava. Se o papá se... eu não teria mais ninguém. Estaria sozinha nesta selva enorme...

- O marquês mandou chamá-la menina.- A governanta benzeu-se, informou-me e benzeu-me outra vez antes de sair.

- Só entro lá se aquela cobra tiver saído.- Impus a mim mesma secando as lágrimas e o nariz a um lenço.

- Helena!- Bianca repreendeu.- Estamos numa igreja.

Benzi-me e saí da capela. Precisava de me recompor um pouco. Aproveitei e passei pelo jardim para apanhar umas flores para o papá. O seu quarto mais parecia um velório... Escolhi as flores mais garridas do jardim para o animar.

- Chamaste, papá?- Entrei e pousei as flores em cima da mesa de cabeceira, onde também estava uma chávena de chá de limão.

- Sim.- Sorriu e ajeitou-se de modo a ficar confortável.- Incomoda-te que Beatriz me venha visitar?

Eu vim aqui para ter uma conversa destas?!

- Chamaste-me para falar sobre ela? Há tanto para falarmos e é logo esse o assunto que ides buscar?- Ofendi-me.

- Então sempre tinha razão...

- Sim, incomoda-me que essa senhora entre aqui como se fosse dona desta casa.- Dei uma volta pelo quarto ou iria chorar irritada. Quando o papá estava com ela era como se me esquecesse, era como se fosse um fantasma entre estas paredes.- Papá, sê sincero comigo: tu vais melhorar, não vais?

- Que pergunta é essa, Helena?

- Tu pediste-me para entregar a pasta ao rei e isso significa que... que... 

- Vem aqui, Helena.- Pediu com o maior carinho e cuidado.

Sentei-me a seu lado como pediu e abracei-o.

- Daqui a uns dias eu já vou estar bom. Eu não quero que te apoquentes comigo, luz dos meus olhos. Eu vou estar bom e vamos dar uma grande festa! Maior ainda do que a do rei! Chamaremos cantores italianos, pasteleiros franceses...- Contava com tanto entusiasmo que certeza que me fez sorrir.

- Eu não preciso de uma festa, preciso que fiques bem e melhores depressa.- Abracei-o com força.

- Mas dizei-me, porque não gostais de Beatriz?

- Eu não desgosto dela.- Admiti.- Só me é uma situação estranha.

- Achas que te consegues habituar à sua presença?

No seu olhar entendi que esta era a derradeira pergunta, aquela que decidiria tudo a partir daqui. O papá merece ser feliz novamente...

- Claro, afinal de contas ainda só nos vimos um par de vezes.

Um sorriso rasgou o seu rosto por completo.

⭐👑⭐

- Conseguis melhor.- Insisti, aborrecida com o rei.

- Helena...- Deixou-se cair por entre as almofadas, aborrecido.- Dizei-me como vai vosso pai? Estou farto deste tempo livre convosco, ao lado dele sempre se fazia algo de importante.

Farto deste tempo comigo?! Então faz-se a mim por uma noite inteira e agora já não pode comigo?!

- Por esta hora a embaixada portuguesa já deve ter chegado a Viena.

- Mais um triunfo no vosso jovem reinado.- Sorri por circunstancia e fechei o meu livro de apontamos com força e fúria.

O rei tinha a corda do desespero ao pescoço e faltava muito pouco para a futura rainha o enforcar. O maldito bem pode dizer que é apenas um enlace de conveniência, contudo eu bem vejo que este está tão assustado quanto um cachorrinho à chuva numa noite de tormenta.

- Parece-me que hoje não estais muito no humor para me aturar. Amanhã o papá voltará para vos aconselhar e com toda a certeza terá bem mais sucesso que eu.

- Enquanto estiveste fora, resolvi as negociações com o embaixador inglês. Instabilidade politica, é por isso que não pode haver partidos. Há idiotas que ainda insistem...

- Ana aguentará firme, eu creio. Uma soberana está acima de assuntos mundanos, como esse.- Encolhi os ombros.

- Bom, Henry voltará para lhe prestar apoio de qualquer forma. Embarca daqui a uns dias...

Ele não me disse nada. Iria embora sem se despedir?

- E voltará para devolver a resposta da rainha?

- Poderias fingir melhor?- Havia um sorriso no seu rosto, porém os seus olhos queimavam em fúria.- Incomoda-me esse vosso apreço pelo reles inglês.

- Claro.- As suas duras palavras chocaram algo dentro de mim.- Agora as minhas relações têm também de ser controladas por vós? Onde está isso escrito?

- Primeiro, sendo Francisca menor de idade: sou eu, e depois é uma questão de bom senso, Helena. Qualquer dama com sensibilidade entende como me incomoda o facto...

- Eu não sou uma dama qualquer.- Interrompi-o.- E não sou uma de vossas concubinas para vos agradar!- Deixei claro.- Talvez se não fosses tão arrogante comigo eu fingi-se um pouco melhor, sim.

João estava embasbacado.

- E agora que falais... realmente reparei em algo: não creio que exista amizade entre nós.- Encolhi os ombros. Doía admitir tal coisa.- Não me olhais de igual para igual quando estamos juntos sozinhos, continueis a ver-me como se fosseis superior a mim. Isso não é compatível com o conceito de amizade. Não é compatível para mim.

- Que dizeis?

- Pedi a Luísa para falar de vossa noiva. Deixo isto aqui.- Demiti-me de algo que nem era um emprego oficial.- Aposto que vossa amante adorará saber que o lugar que ocupa na vossa cama está comprometido.

O seu rosto não expressava mais nada, nem ódio, nem tristeza, nem mágoa ou fúria. Era vazio.

- Majestade.- Verguei-me perante ele, humilhada por cada vez que o fazia.

- Mais abaixo.- Ordenou num tom de voz normal, sem gritar.

Encarei-o surpresa, odiando-o ainda mais por estar a adorar o show. Hesitei em levantar-me de vez, porém o seu olhar foi de mim para o chão, como se ordenasse outra vez o mesmo.

Se me levantasse ia para as masmorras.

Sem opção, desci um pouco mais.

- Mais, Helena.- Levantou-se e ficou de braços cruzados à minha frente.

Recusei olhar os seus joelhos, era suficiente.

- O que vos faz pensar que me podeis desafiar assim?!- Indignou-se, sempre num tom baixo.

Acocorou-se à minha altura e olhou bem nos meus olhos:

- Eu mostrei-vos o meu mundo, aproveitei cada momento a vosso lado como se fosse o ultimo, protegi-vos como faria a uma irmã, então agora dizei-me Helena. O que vos faz desafiar-me assim? A mim?!- As suas palavras eram como agulhas afiadas.- Tratei-vos de igual para igual sempre que pude, porém não podeis esquecer o vosso lugar: sois apenas a filha de um marquês, eu sou rei de Portugal, escolhido por Deus.

- Num trono roubado por vosso pai.

Reparei que o seu maxilar se moveu, como se ficasse mais tenso.

- Foste a segunda mulher fora do meu sangue em quem confiei. Como a primeira traíste-me.

A palavra traição abalou-me.

- Eu jamais vos trairia, jamais vos voltaria as costas.- Indignei-me.

Ele achava-me traidora?

- Diz-me João.- Pedi baixinho, depois de longos minutos em silêncio a olhar-nos um ao outro com ódio, desconfiança e dor. 

Entendi que tratá-lo assim o incomodava. Dantes não acontecia.

- Diz-me.- Tentei pegar nas suas mãos, só que escapou. Levantei-me e fiquei outra vez de pé, um palmo abaixo dele, que era mais alto que eu.- Tu estás assim por ciúmes? Estás assim porque gosto de Henry e vos recusei?

Os seus olhos desviaram-se dos meus.

- Entende: Henry pode dar-me uma vida sólida, estável. Pode dar-me uma família. Isso, por muito que te ame, nunca me poderás dar. Tu estás noivo, João.- Murmurei magoada.

- Faltam meses para essa peste chegar. Não arranjes desculpas!

- Desculpas?! Acabaste de admitir, queres-me apenas para uns meses, apenas para satisfazer os teus desejos, não para me amar de verdade, não para passar bons momentos. E não é a humilhar-me que conseguirás o que queres de mim.

O silêncio foi longo até ser perturbado.

João levou a sua mão quente ao meu pescoço e acariciou-me a bochecha. Isso deixou-me tranquila, ele tinha entendido o que queria dizer.

- Não perdes pela demora, Lencastre.- Murmurou no meu ouvido e saiu, deixando-me ali sozinha e abalada.

O que é que isso significa?! Não parece coisa boa.

⭐👑⭐

- Não, não ponham o arranjo daquele lado.- Quando voltei para casa o papá analisava os preparativos para festa no jardim.- Pensando bem, ele ficava bem onde estava.- Repensou e os empregados voltaram a pô-lo no sitio.- Boa tarde amor.

- Olá papá.- Abracei-o.

Começaram a pôr os doces e as bebidas em cima da mesa.

- Vai trocar-te, os convidados devem de estar a chegar.- Apressou após beijar-me a testa.

O Sol começava a pôr-se. Os músicos afinavam as cordas dos instrumentos e o jardim estava enfeitado com candeeiros de velas por todos os lados, estava magnifico.

Quando cheguei ao quarto, Bianca tinha já o meu banho a postos e o vestido bem engomado pronto a vestir.

- Não podeis demorar-vos.- Advertiu uma vez mais.

...

- O marquês vai esfolar-me.- Murmurou pela terceira vez enquanto me fazia o penteado aprimorado.

Eu achava divertido todo este seu temor. A rainha da festa é sempre a ultima a chegar, principalmente quando a festa é em minha casa!

- Acalmai-vos, Bianca.- Sorri-lhe.

- Nem falai, nem falai, Helena...- Bufou apressada.- Pronto, parece-me muito bem.

Peguei no leque e dei mais uma olhadela no espelho.

- Está maravilhoso, muito obrigada.- Sorri-lhe e desci as escadas, atravessei a sala de recepções e entrei no jardim, já cheio de convidados. O pai gargalhava com o copo de vinho na mão enquanto recebia alguns convidados e convivia com amigos.

Inspirei fundo e desenhei um sorriso antes de me aproximar dele e cumprimentar alguns convidados.

Só tinham passado uns dias que para o papá pareceram anos. Nunca consegue ficar quieto!

- Helena!

- Boa noite.- Cumprimentei a infanta com uma vénia.

- O pudim de chocolate está uma maravilha!- Elogiou com o rosto coberto de chocolate.

- Francisca, isso não são modos.- O rei repreendeu autoritário e estendeu-lhe um lenço para se limpar.- A festa está deveras agradável, Helena.- Elogiou.

- Muito obrigada por virem.- Revirei os olhos. Não estava com humor para João desde esta manhã. Aquilo que fez foi horrível.

- Prometido é devido.- Sorriu com a sua postura de soberano.- Para além do mais, vosso pai é muito mais que um bom conselheiro, é um amigo fiel e se ainda não me afundei, muito o devo a ele. Fico feliz que se encontre melhor de saúde...

Senti um arrepio estranho, como se estivesse a ser observada. Olhei em redor, porém pareciam todos bastante entretidos com as suas conversas e piadas, ninguém em especial me prestava atenção.

Estranho.

- Podeis vir comigo por uns momentos?- A infanta puxava-me pela mão. Encarei o rei com um encolher de ombros e o seu suspiro mostrou a sua frustração.

- Em que posso ajudar-vos?- Indaguei quando nos sentámos nas arcadas mais ao fundo do jardim, longe dos olhares indiscretos.

- Lembrais-vos daquele livro em branco que me destes?

- Sim.

- Eu tenho-o usado como diário. Não tinha como colar-lhe uma fechadura, portanto atei apenas uma fita bonita em redor e escondi-o no fundo do armário. Ia buscá-lo todas as noites, quando estava sozinha e escrevia um pouco do que era o aborrecimento do palácio. Escrevia sobre o que imaginava ser o mundo lá fora. Imaginava reinos distantes de fadas e princesas mágicas, um mundo de príncipes encantados e dragões que cospem fogo.

- Parece interessante.- Sorri contente pela sua criatividade. A sua capacidade de ver para lá dos muros do Paço maravilhava-me.

- É... até Dionísia descobrir.- Baixou a cabeça tristonha.- Ela contou ao mano e mostrou-lhe o livro.

- Ora, isso parece-me pouco educado.- Desaprovei.

- Ainda por cima agora o João pôs-me de castigo por escrever aquilo.

- Aquilo?- Estranhei.

- Eu...- Corou.- Por vezes escrevia como sonhava serem os príncipes de longe...- Confessou baixinho.- Não digo que seja certo imaginar como seria um cavalheiro, mas era o meu mundo perfeito. Não prejudicava ninguém.

Eu acreditava nela. Não pecava por pensamento era uma menina inocente e ingénua neste ninho da cascavéis, para ela um príncipe de longe era o do "(...) e viveram felizes para sempre."

- E agora?

- Agora?

- Sim, qual é vosso castigo afinal de contas?- Perguntei.

- O mano proibiu-me de sair.

E mandá-la logo para um convento, João?! Sempre seria mais simples!

- Quem sabe mude de ideias.

- D. João, rei de Portugal e de outra metade do Mundo não reconsidera.- Suspirou de maneira dramática.

Coitadinha.

- Porque não vos divertis um pouco hoje?- Não sei que diversão terá uma festa como esta para a princesinha, todos nós temos mais 10 anos que ela. Com quem brincará?- Tenho a certeza que o rei mudará de ideias.- Levantei-me.

- Espero que sim.- Foi andando para junto da mesa dos doces, aborrecida.

Ah João...

- Boas noites, milady...

- Henry.- Voltei-me assustada.

Como assim o papá também o tinha convidado?

- Parece que não é apenas o rei que sabe dar festas.- Olhou ao redor.

- Eu tenho de ir, com vossa licença.- Dei um passo para longe.

- Helena...

- Não estamos propriamente no palácio onde me podeis abordar sem ninguém se importar, estais em minha casa, lord Hyde.

- Mas claro.- Sorriu um tanto ou quanto divertido.- Tranquilizai-vos que vosso pai não terá de se preocupar comigo, vim apenas despedir-me dos ares de Lisboa.

Despedir-se.

- Fazei uma boa viagem.- Não dei muita importância e engoli o solavanco que o meu coração deu.

- Gostaria de vos trazer algo quando regressasse.- Impediu-me uma vez mais de prosseguir caminho.

- Não preciso de nada, porém agradeço-vos.

- Eu insisto. Uma garantia... de que quando voltar vos cortejarei.

Ah! Quanta ousadia!

- O que é tão engraçado, milady?

- Vossa confiança!- Sorri.- Quem vos garantiu que quero algo convosco?

- Vossas conversas, olhares...- Fingiu pensar.- Oh e corais imenso.

Descarado!

- Hum... seria o plano perfeito, só vos esqueceis que não sei nada sobre vós.

- Sabeis que sou sir Henry Hyde, conde de...

- Quais são as garantias de que me falais a verdade?- Sorri tão divertida quanto ele.- A verdade é que vos conheço muito pouco e não estou disposta a apostar assim o meu pescoço. Para além disso a fama dos ingleses não é a melhor...

- Também ouvi dizer que as mulheres por cá tinham bigode, no entanto parece que não é bem assim.- O seu tom tornou-se firme, alguém estava zangado por ter sido recusado.

- Boas noites, Henry.

- Posso pelo menos escrever-vos?

- Vossas mãos não estão algemadas ao que me parece.

- Pois bem!- Saiu furioso.

Eu espero que lhe passe. Era assim ou ser questionada pelo rei que não arredou olhares da nossa conversa. Sabe-se lá o que diria ao papá... Perdoa-me Henry.

👑👑👑

Olá, princesas!

Até que enfim eu decidi pôr de lado a timidez e perguntar-vos se estão a gostar. Estão? Então deixem uma estrelinha.

Parece que as coisas andam a pegar fogo entre o rei e Helena, ai se o Eduardo descobre... 

Já têm um ship? Tipo... Jelena? (Caramba ficou tipo aquele do Bieber!) Ou preferem Hylena? (Realmente o ship com o inglês não tem maneira de ficar bom ao ouvido... mas e ao heart?!)

Quero saber tudo! Bom fim-de-semana!

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