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63°

Ouvir isso, foi como se estivessem me atingindo com um cruzado de direita acompanhado de um soco inglês bem no meio da cara.

Bru: Eu ouvir isso bem? Estamos falando em salvar a vida dela e você me fala que precisamos matá-la? - Soltei tudo de uma vez só, não estava conseguindo raciocinar e se for para chegar nesse ponto tão incerto nem quero - Perdeu o juízo?

Dr: Não é da forma que você está pensando - Se defendeu - Não quero matá -la e sim salva-la, como você disse - Falou me deixando completamente confusa, porém um pouco mais calma por saber que o plano não é matar ela, até porque eu não iria deixar, para fazerem isso, iriam precisar passar por cima de mim primeiro.

Diego: Estamos esperando a sua explicação convincente - Disse cruzado seus braços.

Dr: Ela não é convincente - Disse e eu já estava pronta para rebater quando ele concluiu - É a única chance que ela tem.

Diego: Como assim? Existem rumores de um raio-x adulterado especificamente para esse uso - Tomou a palavra e vi que o RS estava completamente perdido no meio do assunto - Por que criar algo que uma vez injetado não tem como ser removido? Isso não tem cabimento.

Dr: Por que princípio, o projeto não iria ser usado como uma arma, mais sim como uma cura, então não havia porque criar um modo de remoção - Explicou e Diego o olhou fixicamente.

Diego: Como sabe disso?

Dr: Eu fazia parte do projeto, porém não quis continuar devido a nova proposta que nos foi apresentada - Disse e em segundos já estava sendo posto contra a parede.

Diego: Você está envolvido nessa merda toda?! - Vendo onde isso tudo poderia dar; achei melhor intervir, até porque o médico não tem culpa.

Bru: Diego, se acalma - Falei o empurrando para trás e ficando entre os dois - Não foi ele quem criou essa idéia de destruição, ele queria a salvação... Então se acalma e deixa ele terminar, quanto mais tempo perdemos, menos ele tem.

Diego: Tudo bem, você tem razão - Disse ajeitando o seu palitó - Conclui logo essa sua teoria, para sabermos se aprovamos ou não.

Dr: Mesmo estando fora, eu nunca perdi contato com algumas pessoas que estão dentro - Disse checando se estava tudo no lugar - Falei com uma em particular e perguntei sobre o chip e como eu já sabia, não há uma possibilidade de remoção... Ele foi projetado para funcionar em qualquer meio , seja com a vítima acordada, dormindo ou até mesmo em coma... Com a diferença de que em qualquer uma das últimas opções, ele age em uma proporção menor - Respirou fundo - O único meio para ele deixar de funcionar, é Se a vítima morrer... Com isso acontecendo, ele percebe que já alcançou seu objetivo e se autodestrói com um curto circuito mínimo, onde não vai causar nenhum dano cerebral.

Bru: Você disse que quer salva-la? - Perguntei e ele assentiu - Mas como pretende fazer isso?

Dr: Como falei antes, ela precisa morrer e para isso iríamos por em ação um método já usado antes... É arriscado, mas em meio às opções que temos, essa é a única chance que ela tem - Disse caminhando até o quarto dela e nós o seguindo - iríamos descarregar uma alta carga de energia elétrica diretamente no peito dela, o que fará seu coração parar imediatamente, precisando esperar um minuto exato... Esse é o tempo que o chip leva para detectar inatividade cerebral e se autodestruir - Concluiu abrindo a porta e nos dando passagem  - Não posso fazer nada, sem a autorização de vocês... Então pensem com calma no que querem e tentem chegar a uma decisão o mais rápido possível , no mínimo antes das cinco da manhã - Disse saindo do quarto, nos deixando a sós.

Me sentei no mesmo lugar onde estava antes e Diego fez o mesmo do lado, o RS foi embora para tentar acalmar a irmã que não estava em boas condições por causa do que está acontecendo.

Nem sei por onde devo começar analisar os pontos de tudo, o que ouvi, é muita coisa para ser entendida em tão pouco tempo. As chances são mínimas, independentemente de qual for a nossa escolha, quero dizer. Independente de qual for a decisão de Diego, que assim como eu, estava preso em seus pensamentos sem desviar o olhar da filha.

Flashback on


5 dias depois de chegarmos aqui, nos levantamos pela primeira vez em muitas semanas, no mesmo horário. Enquanto Ludmilla foi tomar seu banho, eu desci para preparar o nosso café, coisas simples, o que não levou sequer meia hora. Voltei para o quarto e ela ainda não tinha saído do banheiro, achando que era somente hora, entrei na intenção de fazer companhia, porém ao entrar no boxe do banheiro, a encontrei de joelhos embaixo d'água, com as duas mãos na cabeça. Nem pensei em nada, somente desliguei o registro e me abaixei na altura dela.

Bru: Lud? Eu? Olha para mim? - Pedi em um tom baixo para não piorar ainda mais a situação e senti meu peito se apertar ao receber aquele olhar vermelho devido ao choro sobre mim - Vem, vamos sair daqui.

Peguei uma toalha e jogue sob seus ombros a ajudando ficar de pé. Caminhando a passos lentos e vacilantes, ela se deitou e eu a cobrir. Iria sair para pegar algum analgésico que pudesse ao menos aliviar um pouco a dor, porém ela me segurou pelo braço de maneira tão suave que por um momento desacreditei ser ela.

Lud: Onde você vai? - Perguntou tão baixo, que quase não deu para ouvir.

Bru: Pegar algo, para ajudar - Falei, me abaixando em sua altura - Você não pode ficar assim.

Lud: Eu vou ficar bem... Só... Fica aqui comigo - Disse e sem ter como insistir no contrário, suspirei fazendo o que ela pediu. Mal me deitei ao seu lado e a mesma se virou me abraçando e deitando a cabeça no meu peito.

Nada mais foi dito por um longo tempo, ela precisava descansar e eu iria garantir que isso acontecesse e recebendo um cafuné nos cabelos, ela não demorou a adormecer, o que me fez suspirar aliviada e mesmo assim não entender o que aconteceu dessa vez. Ela acordou cerca de quatro horas depois e como prometido, não saí de seu lado. Conversamos sobre alguns minutos bem nada haver até ela fazer uma pergunta que me pegou de surpresa.

Lud: O que vai acontecer, se meu pai não conseguir o que é preciso para me ajudar?

Bru: Temos que pensar que ele vai conseguir... Não importa como - Falei ficando de frente para ela, de modo que nossos olhares se encontraram - Ele vai.

Lud: Mais se não conseguir? - Insistiu e eu fiquei sem saber o que dizer.

Bru: Não sabemos - Foi tudo o que eu disse.

Lud: Claro que sabemos - Sorriu - Tú só tá com medo de dizer.

Bru: Não vamos falar disso, por favor? - Pedi, mas ela é insistente demais.

Lud: Precisamos Bru - Levou a mão ao meu rosto - Você melhor do que eu, sabe que isso aqui - Fez sinal para sua cabeça, se referindo ao chip - Pode me matar a qualquer momento.

Bru: Vamos conseguir tirá-lo - Falei sentindo meus olhos arderem - Sei que vamos.

Lud: Se isso não for possível, só quero que tú fique bem - Disse me dando um beijo e me puxando para dentro de seu abraço, onde eu me sinto segura - Me promete isso?... Que vai fazer o possível e impossível para ficar bem?

Bru: Não vai ser necessário... Mas se é tão importante para você, assim... Eu prometo.

Flashback off


Olhei as horas e o relógio já marcava quase 4 horas da manhã e o nosso tempo estava se esgotando.

Bru: Precisamos nos decidir o quanto antes, Diego - Falei e ele direcionou seu olhar para mim.

Diego: Como pai, o direito legal da decisão cabe a mim - Disse sério - Porém, você merece decidir o que é melhor para ela, mas do que eu... Ela te ama e confia em você, então vou fazer o mesmo - Respirou fundo ao dizer - Qual é a sua decisão? Perguntou me deixando um pouco surpresa e já com os prós e contras  sendo testado pela mente.

As chances não são boas, se não fizermos nada, ela morre até o fim do dia. E com certeza isso me destruiria, aceitando a opção do Dr Araújo, ainda sim ela corre risco, mas pelo menos terá uma chance, o que não vai ocorrer com ela aqui nessa cama, se não fizermos nada.

Bru: Vamos aceitar a proposta do médico - Falei e ele sorriu... Desgraçado estava me testando. Diego: Vamos chamá-lo - Disse já saindo do quarto.

Não demorou para o médico preparar tudo o que iria usar e organizar a equipe para acompanhá-lo em todo o processo.

Como restrição do hospital, não poderíamos entrar na sala, mas poderíamos observar cada passo que era dado através do vidro e depois de muita insistência, ele aceitou deixar o som ligado, assim saberíamos o que eles estariam discutindo caso qualquer coisa desse errado.

Enfermeira: Pressão, batimentos cardíacos... Ambos estáveis - A enfermeira informou.

Dr: Tudo bem, coloque o desfibrilador no máximo e afastem-se - Disse já o colocando sobre o peito da Lud, que em seguida teve uma parada cardíaca e em segundos falência total - Contagem! - Informou e o relógio a sua frente se acendeu... Assim que bateu um minuto exato, ele deu início a reanimação - Coloquem em duzentos - Pediu executando o movimento de imediato, sem   deixar  seu olhar sair do monitor cardíaco, mas nada mudou - Duzentos e cinquenta! - Pediu e mais uma vez nada - Trezentos!

??: Senhor, nós a perdemos... Não tem mais nada que possamos fazer...




História está na reta final já, falta menos de 10 Capítulos! Como eu amando e não queria terminar kkk e acho que vocês também não querem.

Vocês querem uma segunda temporada?

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