2° Tem. 23 capítulo
LARISSA
Estando completamente atrasado para o trabalho pela primeira vez em anos, deixei a cama as pressas e mais rápido ainda tomei um banho de 5 minutos e corrir atrás da primeira roupa que apareceu a minha frente. Deixando a arma no coldre coloquei o distintivo no pescoço no lado de dentro da camisa e sai do quarto com as chaves do carro já em mãos.
Luane: Não vai tomar nem mesmo um café? - Ouvir sua voz ao levar a mão até a maçaneta, sendo assim me virei e notei um sorriso irônico nos lábios dela.
Lari: Estou muito atrasada - Comentei ainda a analisando - Mas você já sabe disso.
Luane: Sei sim e é por isso que mandei mensagem para sua chefe em seu nome e sendo uma ótima amiga, ela acabou te dispensando até o meio dia - Desse enquanto enquanto misturava algo em sua xícara, eu por outro lado estava me controlando para não joga-la pela janela do apartamento - Você está bem Lari? - Questionou desfazendo lentamente o sorriso que formava em seus lábios e em resposta, apenas deixei as chaves sobre a mesa de centro e me aproximei a passos lentos, enquanto a mesma se afastava na mesma proporção - Amor, aconteceu alguma coisa? - Permaneci em silêncio, precisava de calma até alcançar o meu objetivo, o qual teve seu fim quando a mesma não teve mais para onde se afastar já batendo de costas contra a parede e acabou engolindo em seco.
Lari: Já tendo me conseguido algumas horas de folga, você ainda teve a cara de pau de me deixar lutar contra o tempo para tentar minimizar a porra do meu atraso? - Questionei o mais devagar possível ao deixá-la sem saída.
Luane: É... - Tentou dizer, porém as palavras não saíram. Seu olhar parecia não saber onde deveria se focar, uma vez que percorria tudo o que era possível dentro do espaço da sala - Eu posso...
Lari: Não tenho o dia todo, Sales - Fui formal ao dizer e dessa vez seu olhar ganhou um ponto fixo, minha boca. Ato que me fez sorrir enquanto a fitava com atenção.
Luane: Bom, devo dizer que foi muito interessante e satisfatório, vê-la se virar em tão pouco tempo, agente Carvalho - Sorriu parecendo não mais se intimidar - Você se sairia muito bem naquele programa brasileiro "Se vira nos trinta" - Alargou ainda mais o sorriso ao me ver assentir e em resposta, apenas levei a mão até seus braços e a puxei para mim a virando de costas e a prendendo novamente contra a parede com o braço em meu poder elevado até pouco mais do meio de suas costas - Era só brincadeira Larissa, não precisa dessa agressividade toda - Disse um pouco mais séria, porém não estava me importando, acabei viajando a um momento que odiava me lembrar.
Flashback On
Havia chegado do colégio mais tarde que o de costumes e como se não tivesse avisado, meu pai já me esperava na entrada de casa. Eu tinha apenas 15 anos, não morava no país. Sou americana, porém vivi dez anos da minha vida na Alemanha, dos quais, cinco preferia esquecer para sempre.
??: Por que não chegou no horário? - Perguntou já com a maldita garrafa de bebida em mãos.
Lari: Sabe a resposta pai, os dirigentes do colégio mandaram um aviso a todos os pais - Respondi já passando por ele, o mesmo apenas fechou a porta e me segurou pelos braços.
??: Olhe para mim quando estiver falando contigo, entendeu? - Foi firme ao dizer e mais firme do que sua voz, era o aperto em meu antebraço.
Lari: Esta me machucando - Comentei tentando me livrar de seu toque.
??: Que merda você está fazendo para não chegar no horário combinado? - Me ignorando, perguntou.
Lari: Eu estava no colégio, participando dos programas curriculares como todos os outros alunos - Respondi mais uma vez, como se não tivesse me ouvido, apenas virou um forte golpe em meu rosto, o qual sangrou na hora.Era sempre assim, a paz não me acompanhava. Tudo era desculpa para ele encher a cara com bebida e como consequência, descontava todas as suas frustrações em mim - É por isso que a mamãe te deixou! - Não medindo as consequências, acabei gritando em plenos pulmões. Essa foi a primeira vez que acabei indo parar em estado grave em um hospital. Ele não mediu força durante o espancamento. Como não haviam testemunha ou provas, fiquei sob essa tortura por mais dois anos, tendo a minha total liberdade apenas aos 17 anos, que foi quando voltei para os Estados Unidos. Essa foi a melhor coisa que pude fazer e conhecer os Gonçalves pouco depois, foi o melhor presente.
Flashback Off
Luane: Lariii?! - Saí do transe ao ouvir seu grito e só então me dei conta do que estava fazendo. Havia saído fora de mim, sem nem ao menos perceber. Estava a ponto de quebrar o seu braço, por causa de um passado idiota.
Lari: Me desculpa, não era minha intenção te machucar - Pedi ao solta-la e me certificar de que não havia feito nada grave. Mantendo o silêncio, a mesma faz uma massagem rápida em seu membro e o movimento para ter uma melhor certeza, para só então me encarar - Não fiz de propósito.
Luane: O que aconteceu? - Questionou se mantendo encostada a parede, apenas me observando com cautela, algo até normal, faria o mesmo se estivesse em seu lugar - Nunca te assim.
Lari: Não é nada - Falei simples e dei as costas pegando novamente as chaves do carro e deixando seu apartamento.
Como pude ser tão idiota a ponto de deixar essa merda me dominar depois de tanto anos? É pior ainda, contra alguém que estou aprendendo a amar. Sou mesmo muito otária talvez até mais do que sempre julguei aquela escrota que desde que entrou na vida da Brunna, sempre soube a render com poucos minutos. Não devia ter deixado isso toma conta de mim. Estava indo muito bem, anos sem nem mesmo pensar em tal assunto. Nem quando estou em ação, isso vem a minha mente, mesmo sendo a grande causa para que a Cia tenha se tornado a minha única opção de carreira profissional, já que vi nesse distintivo um meio de fuga, algo que pudesse me ajudar a superar tudo ligado ao meu passado, fazendo de mim uma pessoa mais forte e independente. Entrar para a Cia, foi um sonho realizado, por saber que seria capaz de agir em prol dos inocentes e contra os marginais fora da lei. Pegar o certificado junto ao distintivo, me fez ver que eu poderia ser muito mais do que aquela adolescente indefesa perante um pai alcoólatra. Eu poderia enfim fazer a diferença. Soltando um longo suspiro com tais pensamentos, acionei o alarme do veículo e levei a mão para abrir a porta, porém fui impedida.
Luane: Mesmo que não me conte o que aconteceu ali dentro, não vou deixar você sair assim - Disse firme tomando para si minhas chaves - Você não está bem e não adianta insistir no contrário, então não vai dirigir até eu ter certeza de que está apta a isso - Travou novamente o carro e se encostou contra o mesmo - Podemos subir? - Questionou mantendo os braços cruzados e diante do meu silêncio, proceguiu - Não precisa me explicar nada agora Larissa, só não quero que se machuque - Soltando um longo suspiro, disse me fitando com intensidade.
Lari: Tudo bem, você ganhou essa - Falei me dando por vencida e dando passagem para que ela seguisse na frente, ao mesmo tempo em que meu celular tocou - Pode ir andando, já te alcanço - Tentei, mas a mesma não se moveu um músculo, então respirei fundo antes de atender a chamada.
Ligação On
Lari: Alô - Mesmo sabendo de quem se tratava escolhi pela forma mais convencional.
Bru: Lari, você está bem? - Perguntou logo de cara e não estranhei, pois sempre que algo acontecia, ela sabia. Não sei como, simplesmente era assim.
Lari: Estou sim, não precisa se preocupar - Garantir, escolhendo a dedo cada uma das palavras, já que alguém não tirava os olhos de mim para nada.
Bru: Onde você está? - O que de verdade aconteceu?
Lari: Já disse que estou bem sua chata e você sabe onde eu estou - Falei exibindo um meio sorriso ao me dar conta de algo óbvio - Me procura depois, a gente precisa conversar. Tchau.
Bru: Sobre o... - Não querendo dar detalhes, apenas desliguei na cara dela.
Ligação Off
Me mantendo em silêncio ao devolver o celular ao bolso, me virei em direção ao elevador e acionei o andar correspondente assim que Luane se colocou ao meu lado, dentro do mesmo.
Luane: Vai me dizer o que ela queria com você? - Perguntou assim que as portas se fecharam.
Lari: Ela quem?
Luane: Ninguém se preocupa tanto contigo como a Brunna, Lari e apenas ela saberia que algo aconteceu mesmo a distância - Sorriu se encostando a parede - Irmãs,lembra?
Lari: Claro que sim - Retribuir seu sorriso ao ser puxada pela cintura - Da mesma forma que você e aquele inferno - Assetiu me beijando em seguida, cortando o mesmo assim que as portas se abriram - Prometo responder a sua questão quando terminarmos isso aqui - Garanti a puxando pelo corredor até alcançar seu apartamento.
Luane: Eu com certeza não vou reclamar - Se livrando do meu coldre junto a arma, seguidos da minha camisa logo depois de trancar a porta, simplesmente me empurrou com nenhuma delicadeza sobre o sofá...
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