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Capítulo 6 - A Agência

( capítulo com mais de 3.000 palavras)

— Provavelmente este lugar traz lembranças ruins a vocês — disse o agente Rezende após terem saído do elevador —. Todos os agentes novos fazem O Teste aqui, mas esta, na verdade, é a sala de treinamento.

— Nós não íamos começar pelo primeiro andar? — perguntou Raí.

— Na verdade este é o andar menos um.

— Mas no elevador...

— Este é o primeiro, segundo, terceiro e quarto andar, mocinho.

Agora que estavam sozinhos a imensidão da sala se tornava mais evidente. Dirigiam-se ao centro onde havia um tipo de palanque com um teclado e uma tela. Ao longe havia um cômodo com paredes medindo um quarto das da sala. De dentro saíam barulhos altos de explosão.

Quando chegaram ao centro daquele universo branco o agente Rezende parou.

— Obviamente vocês virão aqui para treinar quando quiserem. Tem quase tudo que vocês precisarem. — ele digitou rápido e no que Raí imaginou ser o terceiro andar (antes de perceber que estava contando de baixo pra cima) saiu uma das esferas gigantes que eles se lembravam muito bem e se pôs a rolar na direção deles.

— As paredes e o chão são feitos de nanotecnologia. É algo como aqueles ímãs redondinhos que formam vários objetos...

Enquanto Rezende explicava, Raí se questionava quanto aquilo tudo teria custado e de onde teria vindo o financiamento.

Ao passo que o agente falava a esfera se apressava em esmagá-los.

— Moço! — chamou Felipe olhando com pavor o enorme objeto de ferro. Quando ela estava a menos de dez metros o agente digitou novamente e ela sumiu em um buraco no chão. Na mente de Raí rapidamente surgiram imagens de pessoas sendo esmagadas no quinto andar. Então concluiu que havia um grande espaço entre os dois andares.

— É Rezende — disse o agente com um sorriso gentil. E continuou a explicar —. Você pode criar barras para treinar com seu chicote, criar pessoas, veículos...

Nesse momento uma agente ruiva entrou na sala e se dirigiu ao canto oposto ao cômodo barulhento. Ela devia pesar mais de cem quilos, usava uma calça preta e uma espécie de poncho. Era linda, fez o coração de Magno bater mais forte. Fez também um gesto para o agente Rezende que mais uma vez digitou no teclado.

— Vamos assistir. — disse ele enquanto a mulher fazia alongamento.

De repente quatro pessoas que mais se pareciam com manequins brotaram do chão.

— Não se deixem enganar — disse Rezende —, apesar da aparência eles são extremamente rápidos e fortes. VOCÊ ESTÁ PRONTA? — gritou. A ruiva fez um gesto positivo e imediatamente os homens começaram a atacar. Tatiana ficou impressionada com a agilidade da mulher obesa. Distribuía socos e chutes com uma velocidade enorme.

Após um tempo de luta, ficou imobilizada. Logo quando a agente Müller começava a se perguntar se tudo o que havia visto naquele dia era real, a ruiva disparou das próprias mãos uma espécie de luz, ou poderia ser um gás, algo que nenhum dos quatro soube identificar, pois jamais haviam visto antes. Os dois homens que seguravam o braço da mulher foram atirados pra longe com violência e depois ela disparou aquilo contra os outros dois, que fizeram o mesmo e desapareceram.

—...

—... que?!

— Uau!

Tatiana soltou um palavrão.

O agente riu das reações.

— Aquilo foi uma rajada de energia. — disse.

— Isso não pode ser real... isso não existe! — disse Tati enquanto Magno tentava parecer não impressionado.

—Existe. — disse Rezende com simplicidade.

Magno olhou para o lado da porta. N'O Teste havia uma fenda ali, onde se escondera a maior parte do tempo.

— Bem, vocês certamente querem passar mais tempo aqui, no entanto ainda há muito que ver e em muito pouco tempo.

— Mas já? — comentou Felipe.

O agente saiu e foi seguido pelos quatro. Mas sem tirarem os olhos da agente ruiva que já começara a lutar novamente.

De volta ao elevador o cérebro de Raí se pôs a trabalhar metodicamente no que ele acabara de ver, e quando trabalhava assim o tornava cego para tudo a sua volta.

— Isto é sério mesmo? — perguntou a gaúcha.

— Isto o que? — perguntou o agente após as portas se fecharem.

— Tudo isto. Eu quero dizer, não é uma piada? Uma brincadeira? — mesmo com tudo o que tinham aprendido na Sala Preta, uma pessoa disparar energia das mãos não era coisa fácil de aceitar.

O agente deu mais um sorriso gentil:

— Por que não seria sério?

— Por que não pode ser! — disse a loira com autoridade na voz.

Felipe a ajudou:

— Verdade. Nem...nem mesmo faz sentido!

— Umhum. — fez Magno, mas não teve certeza se alguém ouviu.

— Olhem — disse Rezende —, eu entendo como vocês estão sentindo, entendo mesmo, mas não há nada que eu possa fazer além de explicar e esperar que com o tempo vocês se acostumem. Você — ele olhou para Raí — que parece ser o sabe tudo, já entendeu o que ela fez lá?

Raí não respondeu. Apenas encarava as portas do elevador com olhos arregalados, fixos e devaneados.

As portas se abriram e eles se encontravam em um corredor curto com uma grande janela de vidro e uma única porta.

— Bem vindos à Área de inteligência — disse Rezende —! Este andar é responsável por vocês serem localizados e trazidos para cá... ah... responsáveis por seus pais não notarem sua ausência...

— Sobre isso... — começou Felipe. O agente o interrompeu:

— E Também é a parte responsável por A Agência saber sobre tudo e sobre todos. Eles acham as missões para serem feitas e o diretor Silva escolhe quem as irão fazer. Eles também produzem nossos equipamentos e fazem muitas outras coisas. Aqui e nas outras unidades d'A Agência estão os melhores supercomputadores...

Ao ouvir aquilo os olhos de Raí brilharam.

— ... com o acesso mais rápido do mundo. — terminou o agente.

— Os agentes de campo podem usar os computadores? — perguntou o cearense esperançoso.

— Podem. Mas não vá ficar só aqui. — disse Rezende o olhando nos olhos.

O agente se adiantou e abriu a porta. O piso era ligeiramente mais baixo. Na distante parede oposta à porta um gigantesco ventilador quase parando. E entre eles fileiras enormes de computadores. Felipe reparou no primeiro da fila à frente deles. O homem falava em um pequeno microfone dando ordem para que alguém fugisse de algum lugar imediatamente.

Abaixo do ventilador havia um computador maior, de aparência horrível. Parecia um carro que acabara de bater de frente com uma carreta. Mas para os olhos de Raí era como uma obra de arte. "Deve ser o melhor do mundo", pensou. Então se lembrou das unidades d'A Agência em outros países. Lembrou-se da agente Siqueira mencionando a unidade japonesa de onde viera seu Agencyphone. Com certeza o computador que via não era o melhor do mundo. De repente seu cérebro começou a jogar coisas em sua mente, como fazia às vezes, "Eu estou em uma sede de uma agência secreta mundial no subterrâneo de Manaus".

— Eita! — soltou ele.

— Impressionante, não — disse o agente Rezende —? Vamos até lá.

Eles passaram por aquele mar de computadores e subiram os dois degraus da espécie de palco em que a máquina ficava.

Sentado em uma poltrona pequena, que só fazia o computador parecer ainda maior, um jovem de rosto comprido olhava vidrado as várias telas a sua frente.

— E aí, Guilherme?

O menino desviou o olhar das telas para o chão. Parecia constrangido.

— Este — disse o agente Rezende indicando a máquina — é o computador principal. Só através dele nós podemos nos comunicar com as unidades internacionais d'A Agência.

Raí observou o que o menino fazia.

— Tu tá criando um software de que?

Guilherme não respondeu.

"Que falta de educação", pensou Tatiana.

— O agente Fernandes aqui é o melhor agente da área tecnológica. Ele criou a Ana em apenas três dias. — disse Rezende visivelmente encantado com o que dizia.

— Ana? — perguntou Felipe.

— Vocês irão conhecê-la mais tarde — Rezende olhou para o teto —. Se bem que ela está em todo o lugar...bom, vamos?

— Você nem explicou nada. — resmungou Raí.

— É, mas o tempo é curto, andem.

Magno se perguntava por que o menino não falava com eles.

— Tchau! — disse Guilherme para Raí olhando-o de canto de olho, cabisbaixo, como se Raí tivesse acabado de espancá-lo.

— Ah...tchau. — disse Raí meio confuso. De todas as pessoas naquela sala ele era a que menos tinha chance de entender o que tinha acontecido.

Após terem saído da sala a gaúcha disse para o cearense:

— Arranjasse um amiguinho novo.

Felipe imaginou Magno e Guilherme em uma sala, olhando um para o outro sem assunto. Começou a rir sozinho.

— Vocês não deviam rir disso — disse Rezende, dessa vez não havia um sorriso em seu rosto —. O agente Fernandes possui autismo. Ele tem dificuldade em se comunicar pessoalmente.

— Ah! — soltou Tatiana sem graça e Felipe desculpou-se.

— Mas — continuou o agente — isso não o impede de ser o melhor no que ele faz. Quando aquele cara chegou aqui nós estávamos precisando de uns trinta agentes nessa área. Então ele chegou e nós quase precisamos demitir alguns.

— E o que ele faz exatamente? — perguntou Felipe

— Ele é responsável pelo computador principal e pelos softwares de rastreamento e outras coisas que eu nem entendo bem.

— Hummm. — fez Felipe tentando parecer que havia entendido.

Uma mulher extremamente magra saiu do elevador acompanhada de três adolescentes: uma menina baixinha e gordinha que parecia insegura; o menino loiro de regata que Felipe reparara no refeitório; e um menino negro estiloso que parecia muito confiante.

— Agente Freire!

— Agente Rezende — disse a moça passando a mão em seus cabelos lisíssimos e verdes. Sua voz era rouca e ela cheirava levemente a cigarro —! Cê já levou os seus pra Sala de Treinamento?

— Já, foi o primeiro lugar onde eu os levei. — um sorriso tímido surgiu no rosto do agente Rezende.

— Sorte — disse a moça —! A agente Siqueira e a agente Fernandes estão lá discutindo de novo — ela não parava de mexer nos cabelos e Tatiana sabia o que aquilo significava.

"Dois agentes chamados Fernandes", pensou Raí. "Siqueira, Fernandes, Guilherme Fernandes, Freire, Milton Aquino, Rezende..." tentou organizá-los em sua cabeça de alguma forma.

— Pra variar — disse Rezende —. Aquelas duas não podem ficar perto. Qual o problema dessa vez?

— Ah nem sei — disse a agente fazendo careta —, eu nem quis ficar perto das duas. — a agente possuía olheiras e parecia exausta.

— Tá certa, haha. — disse o agente Rezende, um sorriso bobo tinha surgido no seu rosto. Tatiana lançou um olhar significativo para Felipe. Era óbvio que havia algo entre Rezende e a moça. Magno também percebeu e deu um sorriso tímido para os dois.

— Onde você já levou os seus? — perguntou o agente.

— Só na enfermaria, depois eu ia na Sala de Treinamento, mas...

— Heh, boa ideia começar por lá...é...ah...vamos? — ele perguntou para os outros meio constrangido. Quando se dirigia ao elevador a agente o parou.

— A equipe de busca trouxe o agente Monticelli de volta — o olhar dela mudou, assim como seu tom de voz. —. Ele está em coma.

— Em coma?! — Rezende levou uma das mãos à boca — O agente Monticelli? Em coma?

A agente assentiu.

— Mas... como?

— Eu também não consigo imaginar algo que poderia fazer isso com ele — disse a agente Freire. Seus acompanhantes pareciam ansiosos.

— Será que ele descobriu algo? — perguntou o agente Rezende, que agora estava visivelmente consternado.

— Espero que sim, para resolver de uma vez aquele caso horrível. Mas... só quando ele acordar.

— Deus ajude que ele acorde logo. — disse Rezende com seriedade.

— Sim. O mais curioso é pensar no que poderia ter feito isso com ele.

— Veneno? — perguntou Rezende.

— Não... também não funciona nele. — respondeu a agente com simplicidade. Agora parara de mexer nos cabelos verdes e cruzara os braços.

— Ah, eu não sabia. — comentou Rezende como se fosse algo comum.

"Imune a veneno?", pensou Magno. Um dia atrás estava em Minas cansado da mesmice de sua vida. Agora já havia visto uma mulher atirar energia de suas próprias mãos, e agora esse homem imune a veneno. Quando percebeu o quão longe estava de casa seu coração disparou. Ele apertou as mãos no bolso.

A agente Freire contraiu as bochechas, se virou para os novos agentes e fez sinal com a cabeça para entrarem na sala.

Ao voltarem para o elevador Tatiana disse para o agente Rezende:

— Sua namorada nem disse tchau.

— O agente Monticelli — começou Rezende ignorando-a — estava fazendo uma investigação sozinho no Mato Grosso. Muitos recém - nascidos estavam sumindo da maternidade em certa cidadezinha.

— Credo! — disseram Felipe e Tatiana ao mesmo tempo.

— Após um tempo nós perdemos completamente o contato com ele. Então ele mandou o sinal de socorro, fazendo com que uma equipe de busca fosse mandada — a voz do agente ficou meio rouca —. Ele é um grande agente e um grande amigo.

— Por que vocês pareciam surpresos por ele estar em coma? — perguntou Raí sem perceber a comoção do agente.

— Por que ele tem uma pele impenetrável. — o agente olhava para as portas do elevador com olhos tristes.

Todos olharam para o agente. Sabiam que ele estava triste, mas não podiam deixar de se espantar com aquilo.

— Cê tá dizendo — começou Magno, pegando os colegas de surpresa. Tatiana tentou evidenciar interesse para incentivá-lo a falar mais. — que ele...ele podia levar um tiro e...não ia acontecer nada?

—Sim — agora o agente Rezende parecia incomodado —. Vocês acham que eu ia brincar com isso?

Eles negaram.

— Tráfico de crianças — repetiu Felipe com nojo —. Nós vamos ter que lidar com esse tipo de coisa?

— Vão. Não pensem que trabalhar aqui vai ser sempre divertido e feliz. Não vai. Vocês vão perder colegas, falhar e ter que se acostumar com isso. — disse o agente. Eles ficaram em um silêncio pesado até o elevador chegar ao andar menos seis.

Em frente ao elevador havia uma grossa e intimidadora porta de metal e ao lado dela um painel pequeno com luz azulada.

— Agente Rezende identificado. — disse uma voz feminina robótica saindo do painel.

— O diretor está, Ana?

— Não senhor, o diretor Silva se encontra na enfermaria.

— Ah. — soltou Rezende desapontado.

— Essa foi a Ana que o agente Fernandes criou? — perguntou Raí. O agente fez que sim. O cearense ficou impressionado. Criar uma inteligência artificial não é algo que todo mundo pode fazer. Muito menos em três dias. Ele considerou a hipótese de Rezende estar mentindo. Parecia bem provável, embora ele não tivesse motivo para fazê-lo.

— Escutem! Abaixo de nós esta o refeitório, depois a sala de interrogatório, que é onde vocês fizeram o Teste Solo, depois os dormitórios, a Sala Preta e a prisão. Os dormitórios não são muito importantes e eu não pretendia levá-los à prisão. Então...o que vocês acham de nós irmos à superfície tomar um ar puro?

— Nossa — disse Tatiana —! Excelente ideia, já tava ficando extremamente chato!

— Melhor ideia! — concordou Felipe, animado.

Raí não se manifestou, pois queria decorar cada pedaço do lugar. E Magno assentiu. O que estivesse bom para os outros estava bom para ele.

— Ótimo — disse Rezende —! Entrem nessa joça!

Quando saíram do elevador e subiram as escadas, chegaram à frente da velha fábrica abandonada. O Sol já estava quase se pondo e o número de agentes que estavam ali quando chegaram havia aumentado. Os novatos, já com uniformes, circulavam por todo o lugar questionando coisas. Não havia nada além de árvores e mato ao redor deles. Nenhuma casa, nenhum poste, nem um sinal de vida além do verde e dos pássaros. O que era estranho, pois a viagem do aeroporto até ali não havia sido longa. Todos os carros haviam desaparecido assim como a ansiedade de Magno.

O agente Rezende pediu para que esperassem e foi falar com outro agente longe deles. Os quatro ficaram sem assunto por alguns segundos constrangedores.

— Bonito ele, né? — perguntou Tatiana para Felipe. O carioca apenas sorriu, não se sentia à vontade para falar sobre isso na frente de Raí e Magno. A ligação forte que sentira entre ele e Tatiana não acontecera com os outros dois e ele não sabia o que eles pensavam daquilo. Mas só se importava com isso porque eles teriam de ficar juntos como equipe.

Raí observava a chaminé desmoronada da fábrica. Não fazia sentido o jeito que ela caíra. Se fosse de velhice teria caído de uma forma diferente...

— Eu ainda tô com dificuldade de acreditar nisso, sabe — disse Felipe —? Acho que nem se a gente ficar aqui vários anos fazendo... essas... missões — sentiu-se ridículo por usar aquela palavra — eu vou acreditar... — e sorriu.

— Contasse pra alguém? — perguntou Tatiana como se o acusasse.

— Não, tá louca?

— Eu já tô pensando em outra coisa. — disse Raí — Imaginem os segredos que A Agência sabe. Imaginem as coisas que ela esconde... — os olhos do menino brilhavam.

— Tu é meio paranoico né? — perguntou Tatiana fazendo os outros rirem.

A conversa fluiu por um bom tempo entre os três, Magno não dizia nada, mas gostava do fato de estarem conversando.

— ... mas tem alguém aqui que tá mais nervoso que a gente, sabe... — disse Felipe aumentando o tom de voz.

Magno sorriu timidamente passando a mão atrás da cabeça. A agente Müller se dirigiu a ele:

— É... — ela se voltou para Raí — como ele chama mesmo?

— Nossa — soltou Magno antes que Raí pudesse responder fazendo Felipe rir —. É Magno. — disse o mineiro.

— Isso! Tu tá melhor, Magno?

— Sim — respondeu ele —. Era só nervosismo mesmo.

— Hum — fez a gaúcha —. Gente, que sono — e soltou um palavrão —, e que fome também.

— Oh garota — disse Felipe colocando uma mão na cintura —, tu comeu o seu almoço e o dele e ainda tá com fome?!

— Bah, tu não me conhece! — disse a loira cruzando os braços.

Raí os observava espantado. Aquilo era uma discussão? Ele não conseguia entender. Olhou Tatiana de cima a baixo. "provavelmente ela não deve ter muitos amigos, deve ser muito ligada aos pais e...fazer academia". Então seus olhos passaram para Felipe "diferente de nós três ele deve ser cheio de amigos, realmente faz balé como ele disse e pela sobrancelha feita obviamente ele...".

O agente Rezende apareceu do nada atrás dele fazendo com que o menino se assustasse.

— Achei que tinha se esquecido da gente. — murmurou a agente Müller.

— Não, eu não esqueci. Vamos indo?

O agente deu as costas para o portão ficando de frente para as escadas, mas ao invés de descer virou à direita e seguiu reto paralelo ao muro baixo que cercava a fábrica.

— Isso era uma fábrica de carros? — perguntou Raí.

— Ia ser — respondeu o agente —. Ela nem chegou a funcionar.

— E como construíram aquilo tudo lá embaixo com a fábrica aqui? — perguntou o menino.

— Quantos anos você acha que eu tenho — perguntou o agente sorrindo —? isso foi há quase um século.

Felipe soltou o braço de Tatiana para passar em uma parte mais estreita. O caminho era muito mal cuidado. Cheio de mato e barro.

— Cê sabe qual vai ser a nossa primeira missão? — perguntou Magno.

— Não — disse o agente sorrindo —. E se soubesse eu não poderia dizer.

Foi a vez de Felipe:

— O que acontece se a gente falhar na missão?... e eu já estou dizendo missão como se fosse uma coisa normal.

— Vocês serão designados para outra missão. Mas se falharem muito vocês podem acabar...indo pra casa ou virando ajudantes. E antes que vocês perguntem ajudantes são...bem, quando a colega de vocês desistiu entraram dois rapazes para levá-la, certo? Então, eles ajudantes. Eles ficam organizando arquivos, transportando coisas, esse tipo de serviço.

— Como tu sabe sobre ela? — perguntou Raí.

— Bem, as notícias voam aqui.

Uma mulher alta que ia mais a frente parou para esperá-los.

— Quem é aquela? — perguntou Felipe em voz baixa.

— A agente Fernandes.

A mulher usava um vestido verde claro florido e comprido, tinhas cabelos com cachos longos e um grande sorriso que parecia fixo.

"Ela queestava discutindo com a agente Siqueira?", Raí se perguntou.

— Ela sempre faz missões ambientais, sabe — disse o agente —? Desmatamentos ilegais, queimadas, desvios de rios...essas coisas...

— Já gostei dela! — interrompeu Felipe.

— Ela já apagou um incêndio em uma floresta sozinha uma vez. — adicionou o agente.

— Como ela fez isso? — perguntou Raí, que agora andava ao lado de Magno.

O agente olhou-o nos olhos:

— Ela é telecinética. — disse esperando a reação do cearense.

— ...Ah! — fez o menino erguendo as sobrancelhas. Não sabia o que dizer ou mesmo pensar sobre aquilo, mas sentia interiormente uma enorme vontade de rir, mesmo que acreditasse no que o agente dizia.

Eles alcançaram a agente.

— Rezende! — disse ela com um enorme sorriso.

— Fernandes. —o agente respondeu sério.

— Ah — ela pareceu constrangida por ter sorrido —, eu soube do agente Monticelli. Eu sinto muito. Vocês eram muito amigos, não é?

Nós somos. — corrigiu o agente voltando a caminhar agora acompanhado por ela.

— Uma pena o que houve com ele. — disse ela de cabeça baixa.

Viraram ao lado da fábrica. Ao longe havia o que parecia ser uma enorme garagem velha. Onde estavam tinha uma enorme quantidade de tijolos caídos da chaminé e um buraco do tamanho de um ônibus na parede. Dava pra ver que dentro da fábrica era escuro e sujo. Barulhos de goteiras e pombos ecoavam lá dentro. Tatiana se lembrou de um jogo de terror.

— A enfermaria é aqui. — disse Rezende quando chegaram à garagem.

— Quis deixar eles tomarem um arzinho? — perguntou a agente Fernandes.

— Sim — ele se voltou para os quatro. —. É que dava pra passar por baixo.

A porta da garagem se abriu no momento em que eles se aproximaram.

— Obrigado Ana. — disse Rezende.

O interior era exatamente o oposto do que se esperava encontrar em uma garagem velha. As paredes laterais pareciam acesas como as da Sala de Treinamento e as do corredor eram todas transparentes, assim como as portas. Tudo o mais limpo possível. No ar um cheiro forte de álcool. Alí estavam agentes com roupas brancas circulando às pressas.

— Eu vim ver o agente Monticelli. — disse Rezende para uma enfermeira.

Ela pediu para que a acompanhassem e saiu praticamente correndo. Eles apertaram o passo para acompanhar a mulher. Enquanto iam passando pelo corredor viam os pacientes. Uns dormindo, outros falando com enfermeiras, um gritando de dor. A enfermeira virou à direita e parou no início do novo corredor. Ela indicou a sala e saiu de perto deles.

Deitado na cama, de frente para eles, havia um homem de duzentos e quarenta quilos. Se a cama não estivesse inclinada seria impossível ver seu rosto. Estava com um cateter sob o nariz e vários eletrodos presos ao corpo. Os braços curtos imóveis ao lado do corpo enorme. Seus olhos pequenos estavam fechados e serenos. Parecia estar sonhando algo agradável.

O agente Rezende aproximou o rosto do vidro, em silêncio.

— Venham. — disse a agente Fernandes aos outros após olhar para o rosto do colega.

Havia uma fileira de cadeiras ao longe da sala onde ela foi, seguida por eles.

— Eles eram melhores amigos. Vamos deixa-lo a sós um pouco. — disse a mulher em voz baixa. Eles se sentaram e ela ficou de pé de frente para eles.

— Aquele é o agente Monticelli? — perguntou Felipe.

— Sim.

— Mas ele...ah...faz missões normais?....assim... — fazia o máximo para não mencionar a gordura do homem.

A agente o interrompeu:

— Ele é invulnerável. Não precisa correr ou se esconder.

— Ah...sim. — sussurrou o carioca.

— Meu Agencyphone não tá funcionando direito. Tem wi-fi aqui? — perguntou Raí em voz alta.

Magno o olhou espantado. Parecia desrespeitoso o colega perguntar aquilo naquela situação.

— Que fofo ele, né? Há pouco tempo nem tinha, agora ganhou e tá reclamando. — disse a agente Fernandes entre dentes passando a mão nos cabelos de Raí.

Tatiana e Felipe trocaram um olhar significativo. Raí encarou a agente:

— O que você acha que aconteceu com o agente Monticelli?

— Ah... — a mulher deu as costas a eles. Na sala a frente deles havia um paciente em coma — é meio complicado... As pessoas não entendem... a vida... ela é bastante...qual a palavra? Aleatória? Não, não é isso que eu quero dizer. — ela se voltou a eles — As coisas só... acontecem. Sabe... é como no reino animal...uma hora você é o mais forte, outra hora você encontra alguém mais forte. A vida humana não é diferente. Não importa quem está do lado certo. O agente Monticelli estava em uma missão muito séria e perigosa. Vocês sabem como a violência tem aumentado nos últimos anos. Ele só... achou alguém mais forte que ele...só isso. Mas não deixa de ser uma pena. — terminou séria.

— Hum — fez Raí. Tinha o modo de pensar bem parecido com o que a agente tentara explicar. Eles ficaram em silêncio por um tempo.

— O Rezende disse que você faz missões ambientais... — disse Felipe ainda em voz baixa.

— Ah sim — disse a agente com mais um sorriso inapropriado —. Eu sempre gostei de plantas e bichos desde pequena. Eu sempre peço ao diretor Silva para me colocar nessas missões.

— Eu também amo natureza — sussurrou Felipe —. Eu gostaria de fazer missões assim.

— Prepare para ficar desapontado — o sorrio da agente sumiu —. Parece que quanto mais eu ajudo mais coisa errada surge. Eu já tô cansada disso. Talvez eu faça missões como os outros. Eu já fiz antes quando eu ainda tinha equipe.

— Quem fazia part...

— Não — gritou o agente Rezende entrando na sala —! Não, não, não...ENFERMEIRA!

A agente Fernandes instantaneamente flutuou a um palmo do chão e rapidamente voou em pé até lá. Raí saiu correndo atrás dela chocado com o que acabara de ver e os outros três se entreolharam e o seguiram. Chegaram junto com duas mulheres de branco que entraram correndo.

— Saia! —disse uma delas a Rezende.

O agente voltou pra fora. Estava com as mãos na cabeça, sem saber o que fazer.

O monitor cardíaco mostrava números cada vez mais baixos. Uma enfermeira pegou uma seringa e sugou um liquido transparente, mas quando foi perfurar a pele do agente a ponta da seringa se amassou. A enfermeira lançou um olhar desesperado à outra que imediatamente pegou o desfibrilador.

Felipe agarrou o braço de Tatiana com força.

— Ai meu Deus. — disse ele.

— Voltem! — disse Rezende indicando o banco.

Eles voltaram andando, chocados. A agente Fernandes ficou com o colega.

— Gente! — disse Felipe arregalando os olhos para Tatiana.

Raí olhou para trás. O diretor havia chegado acompanhado de um agente baixinho de óculos e começou a falar com a agente Fernandes.

Eles chegaram ao banco.

— Vocês viram a agulha? — perguntou Raí

— Sim. — responderam Magno e Tatiana.

— O que aconteceu? — perguntou o carioca.

— Ela se dobrou quando a mulher foi fincar nele. — respondeu a loira.

Eles ficaram olhando os outros agentes de longe.

— E agora? — perguntou Felipe colocando a cabeça no ombro de Tatiana.

— Não sei. — respondeu ela.

— Elas vão tentar a ressuscitação cardiopulmonar. — respondeu Raí. Ele não entendia por que seus colegas de time estavam daquele jeito. Eles também não conheciam o agente Monticelli.

— NÃO!!! — gritou o agente Rezende dando socos no vidro.

— Rezende! — a agente Fernandes tentou segurá-lo. Ele a abraçou chorando com a cabeça no ombro da agente. O diretor colocou a mão no ombro do agente tentando confortá-lo.

Nenhum dos quatro disse nada. Apenas ficaram olhando aquela cena triste. Não havia nada para dizer.

Depois de alguns minutos o diretor veio falar com eles.

— Eu sinto muito por terem visto isso. Vocês vão pra casa agora e quando voltarem começarão uma missão, tudo bem — tinha algo muito consolador em sua voz.Eles assentiram e ele continuou —? Eu imagino que vocês estejam bastante cansados.

—Muito. — respondeu Tatiana.

— Vocês devem lembrar o caminho de volta para o portão.

Eles passaram ao lado dos agentes. Rezende ainda chorava.

Ao saírem do local viram que já estava escuro. Eles se puseram a voltar para o portão da frente da fábrica.

— Coitado dele. — disse Tatiana.

Ninguém respondeu nada.

— Vocês vão voltar? — perguntou a loira.

— Você vai? — perguntou Felipe olhando a amiga nos olhos.

A gaúcha deu os ombros.

— Eu vou. — afirmou Raí convicto.

— Se cês forem... — disse Magno.

Ao virarem no canto da fábrica viram que não havia iluminação alguma. Raí puxou o Agencyphone para iluminar o caminho.

— E agora a gente vai pra onde? — perguntou Felipe — Pra onde a gente desceu do carro?

— O agente Aquino — disse Raí apontando para o portão —! Alguém pergunta pra ele.

— Eu chamo ele de que? — perguntou a agente Müller — Aquino? Agente Aquino?

Eles chegaram à frente da escadaria.

— Agente Aquino.

— Olha eles aí! — disse ele animado com um sorriso. Visivelmente não sabia da triste notícia ainda — Em que posso ajudá-los?

— O diretor disse que a gente podia ir embora, mas nós não sabemos como.

— Ah — exclamou o agente —! Os motoristas estão com uma listinha, é só vocês falarem seus nomes pra eles e entrarem nos carros. Mas cadê a Agente Siqueira?

— Ela teve que sair — disse Felipe — e deixou a gente com o Rezende, só que a gente foi na enfermaria ver o amigo dele e...

— E o que? Como ele está?!

— Ele...faleceu — disse Felipe sem jeito —. Desculpa.

O agente Aquino abaixou a cabeça. Lágrimas surgiram lentamente — Eu... — ele fez que não com a cabeça — desculpe. — Depois ele inclinou o corpo para frente e simplesmente sumiu com um disparo alto. Uma ventania surgiu fazendo Felipe cair sobre Magno e um rastro de pó foi levantado por onde eles tinham vindo.

— O QUE FOI ISSO?!?! — gritou Felipe surdo.

— Ele é rápido — disse Raí assustado —. Ele...ele tinha dito que é rápido.

Não esqueça de deixar uma estrelinha se gostou! ^^

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