✥ㅡ INVISÍVEL ㅡ✥
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Na mansão dos governadores das terras humanas, a pessoa que eu mais tinha medo era Kennai. Sua imposição sobre mim, o poder de saber onde eu sempre estava, e sua total capacidade de me intimidar com apenas um olhar sempre me assombraram.
Certa vez, eu finalmente decidi enfrentar meus pesadelos. Quando acordei na manhã seguinte ao castigo que o pai dele me colocou, não hesitei em empurrar uma cadeira contra o armário mais alto da cozinha que abrigava as carnes mais suculentas que seriam servidas na festa da noite. Nesta hora, Lena tinha saído com Grant para cortarem lenha enquanto eu fiquei encarregada de rasgar as peles dos animais e separá-las das carnes para assar mais tarde. Para o banquete onde apenas os ricos apreciariam.
Eu estava com tanta fome que meu estômago rugia a cada três minutos, resultado de passar a madrugada e boa parte do dia anterior sem comida. Kennai foi bem inflexível sobre isso quando ordenou que eu ficasse longe de todas as mercadorias de sua família, tão parecido com seu pai que mal me aguentei de raiva antes de atirar um livro em sua direção. Mas a porta já estava fechada e trancada por fora.
Não consegui dormir naquela noite. Já era normalmente difícil para mim adormecer com a promessa do imortal tão recente em minha cabeça, e se tornou ainda pior com a fome penetrando meu estômago.
Por conta disso, quando todos estavam fora de vista, aproveitei a oportunidade e peguei uma parte da carne disposta na travessa. Já estava assada, e cheirava tão malditamente bem que não me aguentei. Peguei um pedaço maior.
Kennai me encontrou cinco minutos depois, quando já estava na metade. Tinha me escondido dentro do balcão no meio da cozinha, mas ele me achou da mesma forma e me puxou para fora com fúria mal disfarçada.
ㅡ Então é isso que você, sua ratinha inútil, tem feito enquanto estamos fora? ㅡ Ele rosnara para mim, o rosto petrificado.
Eu tinha soltado a carne no chão, meu medo tão aparente como a prova que soltava seus caldos deliciosos na madeira farpenta da cozinha.
Kennai apertara meus braços com tanta força que os hematomas ficaram por dias, então se inclinou para perto de mim e disse bem baixinho:
ㅡ Meu pai vai adorar chicotear a ratinha que está roubando de nosso jantar quando retornar de seu compromisso. Enquanto ele não chega, você vai ficar aqui. Se sair e eu tiver que procurar você, Asterin ㅡ Ele estreita os olhos para as lágrimas nos meus ㅡ, então eu mesmo terei prazer em fazer isso.
ㅡ Não! Eu não fiz por mal, eu juro! Estava com fome. Não conte para seu pai, por favor, Kennai!
Mas minhas palavras foram ignoradas.
E ele me jogou para dentro do balcão escuro novamente, fechando a portinha com deliberada frieza e cravou um cadeado do lado de fora.
ㅡ Você não tem medo de um espaço pequeno quando está roubando de nós, não é? ㅡ Ele disse do outro lado, a voz abafada. ㅡ Vamos ver se aguenta ficar aí por mais tempo.
ㅡ Kennai, não! Não me deixe aqui! Você sabe que eu tenho medo!
Ele foi embora. Ele foi embora.
O choro sobe por minha garganta alto e forte, e logo eu estou soluçando sem freio enquanto chuto a portinha com toda força que tenho.
E então, por puro milagre do destino, a porta se abre violentamente. O cadeado voa para o outro lado, batendo na pia. E eu saio correndo como se o próprio demônio me perseguisse. Quando vejo os soldados ㅡ que treinam no quintal da casa ㅡ, me ponho a correr como uma louca em direção à floresta. Ignoro a dor apunhalando meu pé e simplesmente corro. Até encontrar o imortal que me persegue.
Foi nesse momento que meus sonhos com os olhos azuis deram início. Foi aí que aprendi a adorar lutar de volta, então começava a treinar bem cedo antes do expediente, e quando saía também. Kennai me observava, perigoso, mas jamais ousou levantar um dedo para me parar. Eu não estava atrapalhando em nada no trabalho, é claro. Ele não teria do que reclamar.
Mas agora, deitada no mármore brilhante do soberano Dakar, cercada de inimigos e por uma magia sem sentido que ainda flui para fora de meu corpo, nunca me senti tão assustada em toda minha vida. O medo, a aflição e todas as outras coisas que jamais me fizeram sentir aprisionada voltaram com toda força naquele momento. Nada se comparava ao agora. À realidade.
Ver meu irmão ㅡ o homem que eu devia minha vida ㅡ acorrentado, ferido e desacordado sendo segurado pela magia de Dakar. Nada me preparou para esse golpe.
Tento me erguer do chão, mas não encontro forças no braço.
ㅡ Grant! ㅡ berro a plenos pulmões, as lágrimas obscurecendo minha visão.
Ele tenta levantar a cabeça, eu vejo, mas o esforço é muito e ele deixa levar-se novamente pela dor.
O sorriso de Dakar me enche de fúria.
ㅡ Não! Ele não! ㅡ grito, tirando forças de não sei onde para me colocar de pé.
Corro, cega pela fúria, em direção à meu irmão, mas quando estou a um passo dele, meu corpo se choca fortemente contra uma barreira invisível.
Caio de volta no chão, arquejando. Quando olho na direção de Dakar, vejo que ele soltou Grant e agora meu irmão está jogado sem cerimônias no chão, o sangue manchando o piso.
Chorando incontrolavelmente, aperto a mão contra a parede invisível que nos divide, sussurrando:
ㅡ Grant. Acorda, por favor. Sou eu, Ast. Abra os olhos.
Ele não faz. Na verdade, nem se mexe.
Não. Não ele. Não meu irmão, que lutou na guerra, viu seus companheiros morrerem ㅡ e seu melhor amigo, que levou uma flechada no peito para salvar Grant, que tinha família ㅡ e voltou para casa totalmente destroçado. Não ele que fez o possível e impossível para que eu pudesse me sentir segura de tudo, quando na verdade todo aquele medo fora causado pela guerra.
Ele não merecia isso. Nada disso. Ele é um homem inteligente e corajoso, por mais que sua coragem tenha tido boa parte drenada por conta de assassinatos em um campo de batalha. E ele não deveria estar aqui... porque é o único que me resta. Minha família. Meu irmão. Eu faria de tudo por ele.
E Dakar sabe perfeitamente bem disso.
Fecho os olhos com força, recompondo minha integridade pouco a pouco. Quando olho para Dakar, ele tem uma expressão presunçosa de quem sabe exatamente qual será minhas próximas palavras.
ㅡ O que você quer que eu faça, seu filho da puta? ㅡ rosno, os dentes cerrados.
ㅡ Como você ousa... ㅡ Um dos guardas fala, arrancando a espada do coldre.
Dakar ergue a mão, seu poder escapulindo dos dedos quando o homem não faz menção de obedecer sua ordem silenciosa. O soberano, no entanto, não atira nele, apenas me encara com complacência.
Ele sorri largamente, os dedos alisando uma parte de sua coroa.
ㅡ Imaginei que iria querer fechar acordo, humana. Geralmente meus preços são bem mais altos, mas já que você está aqui, podemos negociar melhor.
Ele não respondeu à minha pergunta. Bato o punho com força na parede invisível.
ㅡ O. Que. Você. Quer?
Fúria acompanha cada uma de minhas palavras, o fogo fundido como uma borda de aço ao redor de cada uma. As chamas formam espirais dentro de mim, rodopiando entre si e esperando apenas o momento onde eu permitirei que elas ataquem. Porém, olhando ao redor, imagino que jamais terei uma chance de acerto.
Dakar se recosta em seu trono, calmamente retirando a coroa da cabeça e brincando com os espinhos que a adornam. Ele olha para Grant com nojo evidente, estalando a língua antes de se dirigir a mim.
ㅡ Sabe, Asterin, eu normalmente faria isso de uma forma mais fácil. Te matando, quero dizer.
Gelo sobe pelo meu corpo, mas tento controlar o medo.
ㅡ Porém, querida humana ㅡ graceja ㅡ, se eu te matasse, não poderia usufruir dos seus poderes. Ah, que cara confusa é essa? Não entendeu? Permita-me demonstrar.
Com um tiro certeiro do poder saindo de seus dedos, Dakar ergue a mão preguiçosamente em direção ao homem que o desafiou há alguns minutos. Meus olhos se arregalam quando ele abruptamente solta Korian e implora com os olhos para seu soberano.
Mas ele não se contém. A magia atinge o guarda em uma velocidade que nem eu mesma consigo prever. O raio azul poderoso saindo da mão de Dakar se prende no homem, que agoniza no chão.
Apenas assisto a cena com óbvio terror, mas agora a magia de Dakar não o atinge mais. Ele pousa a mão suavemente sobre seu trono, um sorriso nos lábios enquanto assiste seu soldado se debatendo no chão. E ele tem... água saindo de seus lábios abertos.
O homem tem a mão na garganta, tentando parar aquela tortura, mas é tarde demais. A água inunda seus pulmões, deixando-o sem ar e lutando para respirar. Retiro os olhos dele, fechando as mãos em punhos com o sentimento de incapacidade que toma conta de mim. Não poderei ajudá-lo. Ninguém pode.
Por fim, ele se aquieta. Morre. Seus olhos encaram o teto, e as mãos caem fracas sobre seu peito. Dakar finge limpar uma sujeira de seu terno antes de me encarar, um sorriso nos lábios.
ㅡ Viu isso, humana? Ah, mas é claro que viu. Mas esta é a melhor parte.
Meus olhos se arregalam quando ele estala os dedos, fazendo um instrumento totalmente dourado e pequeno surgir em suas mãos. Ao mesmo tempo, Korian se agita, lutando contra o único homem que o segura. Dakar olha para ele.
ㅡ Reconheceu, não é? Está sendo útil agora, semideus.
Quando ele acaricia o instrumento ㅡ que mais parece uma flecha com cabo gordo esculpida em ouro maciço ㅡ, uma pequena luz vermelha sai do topo afiado. Dakar fecha os olhos, apontando a outra mão na direção do homem morto. Quando olho para ele, fico chocada ao ver uma luz idêntica à outra emergindo de seu peito.
E indo diretamente para a flecha que Dakar segura.
Ele suspira quando a luz acaba, sorrindo para meu rosto estupefato. Korian parece estar quase a ponto de desmaiar.
ㅡ Eu deveria ter imaginado que uma humana como você jamais viu algo assim, não é? Mas é exatamente isso que sua mente está pensando, Asterin. Eu tomei os poderes dele.
Tomou. Porque o matou de forma cruel e covarde, sem lhe dar chance de retaliar. E fez isso apenas para me provar um ponto. Imagine o que deve fazer quando está realmente com raiva.
ㅡ Geralmente, quando são fêmeas, satisfaço minhas necessidades masculinas antes de destroçar seu corpo. ㅡ um riso maligno escapa de seus lábios ㅡ É música para os ouvidos ouvi-las implorar.
Ódio sobe pelo meu corpo, sufocando os pensamentos. Meu peito vibra com poder, o dragão dentro de mim implorando para se libertar.
ㅡ Ah, mas não é tão ruim assim para elas, humana. Não pense mal de mim. Normalmente faço isso com Inferiores ou as Nada. Nunca com uma semideusa, a menos que ela tenha me irritado. Mas com você, não posso. Sinta-se privilegiada, querida.
ㅡ Você não vai tocar nela! ㅡ Korian grita, seu rosto estranhamente pálido em contraste com as roupas escuras que veste.
Dakar ri.
ㅡ E você acha que pode me impedir, Korian? Você também tem seus interesses nela, não? Pois bem. Eu tenho os meus, e os terei atendidos caso não queira que esse humano inútil morra em minhas mãos.
Assim que ele termina de falar, um gemido baixo de dor sai e Grant. Imediatamente colo meu rosto à parede invisível, olhando para ele.
ㅡ Grant. Acorde. ㅡ imploro, ouvindo mais um gemido. ㅡ Acorda, por favor.
Ele volta a desmaiar. Com um rugido furioso, lanço o ombro contra a parede, recebendo um choque de dor em meu braço esquerdo inteiro.
ㅡ Deixe-o ir embora! ㅡ grito para Dakar, recebendo nada além de um sorrisinho.
ㅡ Oh, eu deixarei que todos vocês vão embora, humana. Mas apenas se você cooperar e me dar o que quero.
ㅡ Você nunca vai conseguir tomar os poderes dela, Dakar. Nunca! ㅡ Korian vocifera, o rosto uma máscara de puro ódio.
A risada de Dakar me enche de medo.
ㅡ Não acho que você saiba alguma coisa sobre isso, semideus. Eu poderia tirar os seus agora e você não teria como me parar.
ㅡ Os poderes de um semideus jamais serão roubados por alguém como você. Um Nada.
O sorriso de Dakar tensiona, um músculo em sua mandíbula duro como pedra.
ㅡ Um dia o farei engolir essas palavras, Korian. ㅡ ele promete, voltando a atenção para mim. ㅡ Então, humana? Espero que aceite nosso acordo e trabalhemos juntos.
ㅡ Isso não é um acordo.
ㅡ Ah, mas é claro que é. Você tem a opção de negar. Mas, nesse caso, seu irmão fica aqui para ser devorado.
Estremeço interiormente, olhando para o rosto ensanguentado de Grant.
ㅡ Eu vou fazer o que você quiser ㅡ digo com convicção. ㅡ, mas apenas se prometer que no final disso tudo, meu irmão sairá daqui ileso.
Dakar abre um sorriso imenso, as presas brilhando como uma lâmina afiada.
ㅡ É claro. Eu não suportaria mesmo um humano sendo torturado em minhas masmorras por muito tempo. Sabe, os gritos me cansam.
Meu corpo treme de raiva, e ele percebe. Seus olhos vermelhos intensos cobrem-se de maldade quando ele estala os dedos para os guardas ao nosso redor. Eles rapidamente correm para me agarrar quando tento correr para o outro lado, segurando meus braços com força.
ㅡ Grant! ㅡ chamo uma última vez, meus olhos se enchendo de lágrimas ao ver o estado que o deixaram.
As pálpebras dele tremulam, um gemido bem baixo escapando de seus lábios. Por fim, depois do que parece ser uma eternidade, seus olhos se abrem em fendas, e meu irmão franze a testa para a escuridão do salão. Seus olhos se focam em mim três segundos antes dos guardas me arrastarem.
ㅡ Ast? ㅡ É a última coisa que ouço-o dizer antes deles me puxarem para fora.
✥ · ✥ · ✥
Korian está quieto. As últimas horas têm passado como um borrão para mim. Minha cabeça não descansa; apenas fico olhando o buraco na parede enquanto compasso a reunião várias vezes na mente. Desde que nos jogaram de volta aqui, Korian tem gemido e soltado maldições diversas, provavelmente por conta da ferida aberta em sua barriga.
Eu tento, mas é difícil não me divertir com a série de reclamações que ele solta durante o dia. Parece mais uma criança fazendo birra porque a mãe não o deixou brincar.
Quando ele solta outra maldição, pergunto, a diversão em cada palavra:
ㅡ Você está bem, Korian?
Ele para de se lamuriar.
ㅡ Você está rindo? ㅡ a incredulidade em sua voz me faz gargalhar baixinho.
ㅡ Você parece uma criança reclamando. Nunca imaginei que veria um semideus dessa forma.
ㅡ Que forma?
ㅡ Resmungando o tempo inteiro.
ㅡ Bem, pelo menos estou resmungando vivo. Você já estaria morta há muito tempo se estivesse com o mesmo ferimento.
Me recosto na parede, puxando os joelhos para perto.
ㅡ Bem, minha perna está ferida e eu consigo andar muito bem.
ㅡ Você não andou. Foi arrastada.
Faço uma careta.
ㅡ Obrigada por me lembrar. Estou cheia de hematomas.
ㅡ Eu também. Nunca senti tanta magia contida quanto estou sentindo aqui. Mesmo com essas algemas.
ㅡ Sim. Hmm... Você sabe por que aconteceu aquilo comigo lá no salão? ㅡ pergunto, tentando soar casual. ㅡ Você disse que as algemas anulam os poderes. Como eu...
Korian suspira.
ㅡ Você tem poderes fortes demais para seu corpo humano, Asterin. Algo assim só funcionaria corretamente em um corpo imortal, e dessa forma você também conseguiria controlá-lo.
ㅡ Mas eu conseguia controlar quando estava no seu castelo.
ㅡ Não. Você não o controlava. Eu via. Quando o fogo saía, você apenas o guiava para onde queria queimar. Infelizmente achava que assim o estava controlando, mas o treinamento necessário para fazer isso pode durar a sua vida inteira. Principalmente porque ninguém jamais viu algo assim, então seria tudo feito pela primeira vez. Não saberíamos como agir.
Balanço a cabeça.
ㅡ Mas o que você acha de...
Sou interrompida bruscamente quando a porta de ferro da minha cela se abre violentamente, batendo do outro lado da parede. Um guarda caminha para dentro, seguro e confiante. Além de me jogar um olhar de nojo, nada mais sugere que vai me levar para algum lugar. Quando vê o espaço vazio entre mim e o outro lado da cela apertada, faz um sinal para fora.
Outro guarda entra literalmente arrastando uma mulher pelos cabelos. Tento pular para cima quando a reconheço de mais cedo. Ela está desacordada e com as costas ensopadas de sangue. Cortes feios e profundos marcam seus ombros e descem por sua espinha até quase o quadril. Chicotadas. Ela foi brutalmente chicoteada enquanto estávamos fora.
O homem a joga no chão sem gentileza, e eu estremeço quando ouço o barulho seco de seu corpo magro batendo no chão. E assim, com apenas mais um olhar em minha direção, eles vão embora, deixando-nos a sós.
Puxo minhas algemas com rapidez até onde ela está. A mulher geme e tenta se virar, mas a dor não permite.
ㅡ Quem está aí, Asterin? ㅡ a voz de Korian chega até mim enquanto eu delicadamente viro o rosto da mulher para que seu nariz não esteja pressionado no chão.
ㅡ Eu não sei. Mas... é a mulher que vimos mais cedo. Ela foi chicoteada. ㅡ respondo, franzindo a testa para a quantidade de rasgos em sua pele. As cicatrizes não ficarão nada bonitas.
ㅡ Chicoteada? ㅡ Korian repete, a voz levemente aguda ㅡ Dakar não chicoteia os prisioneiros como castigo. Ele prefere...
Minha cabeça se ergue em um rompante quando sua voz vai sumindo aos poucos.
ㅡ Prefere o quê?
ㅡ Por Taryan. Se eu estiver certo, Asterin, não teremos a mínima chance de sair daqui.
ㅡ E desde quando tínhamos essa chance? O que está pensando?
ㅡ Os únicos que usam chicote como castigo são as pessoas do Reino Lunar. Eu já tinha ouvido falar que alguns tinham se juntado com Dakar contra seus reinos, mas duvidei até então. Dakar prefere muito mais usar magia para torturar as pessoas, apenas porque sua força interior não passa de uma mera fachada.
ㅡ Fachada? ㅡ Minha testa se franze enquanto balanço a mulher que geme para que ela acorde. ㅡ Está dizendo que aquilo tudo é mentira?
ㅡ Não mentira. Mas ele finge. Viu o instrumento que ele usava, não é? É uma relíquia que nasceu em Taryan há séculos e era cobiçada por vários Nadas por aí. Dakar foi o único que conseguiu capturar o artefato, então passou a assassinar todos os imortais que via apenas para roubar seus poderes. Ele é nada sem aquela coisa.
ㅡ Você está... errado. ㅡ a voz baixa e dolorida da mulher alcança meus ouvidos. Quase não ouço nada. Me inclino para ela, segurando-a para que não vire.
ㅡ O que disse?
Ela engole em seco antes de falar.
ㅡ Dakar agora tem seus próprios poderes. Não é... muito, mas... ele tem.
ㅡ Quem está falando, Asterin?
ㅡ Quem você acha que está aqui além de mim e você?
Ele bufa.
ㅡ Essa sua grosseria ainda vai te fazer perder a língua.
ㅡ Dakar está... se reunindo com seu exército. ㅡ a mulher continua, se contorcendo de dor. ㅡ Você tem que... sair... daqui.
ㅡ Ele está se reunindo? Ele pretende atacar algum reino?
Assim que termino de falar, a mulher se vira lentamente, agarrando a gola da minha camisa em seu pequeno punho.
ㅡ Ele não está pretendendo atacar apenas um reino. Ele quer um caos completo em toda Taryan. Não entende, humana? Dakar vai criar uma guerra!
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