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A Verdade

Dizer que eu fiquei desesperada seria pouco. É claro que eu sabia que um dia precisaria conhecer a mãe de Bru, mas, por Deus, eu ao menos gostaria de estar vestindo alguma roupa. E eu sabia que nem aquilo poderia fazer agora, com medo de fazer algum barulho que pudesse ser ouvida do outro lado da porta.

Ainda assim, levantei apressada e girei a chave na fechadura o mais devagar e silenciosa que consegui, fazendo um sinal para Bru ficar quieta e parar de se mexer tanto pelo chão de madeira.

— Bru? Está em casa, filha?

Bru me encarou com o olhar alarmado, perguntando o que deveria fazer e eu me aproximei dela devagar, evitando fazer barulho, abraçando-a até estar com a boca perto do seu ouvido.

— Espere um instante — instruí num sussurro quase inaudível.

— Bru? — sua mãe tornou a chamar, a voz agora se aproximando do quarto.

— Responda como se tivesse acabado de acordar.

— Oi, mãe — Bru respondeu e eu quase ri da sua falsa voz de sono, que mais parecia uma voz de pós-sexo. O que era exatamente a verdade.

— Está estudando? — Nós duas pulamos assustadas quando ela tentou abrir a porta, mas obviamente estava fechada.

— Estava dormindo, mãe — Bru se apressou a falar, antes que a mãe perguntasse o porquê daquela porta estar trancada. — Está tudo bem?

— Ah, sim. Só queria te avisar que Jonas vem jantar aqui hoje. Deve estar aqui por volta das sete.

— Pode deixar que eu ajudo a preparar o jantar — ela falou, parecendo já saber o que a mãe queria.

— Obrigada, filhinha. Vou só tomar um banho e escolher uma roupa bonita. Você me ajuda com isso também?

— Claro, mãe.

Esperamos em silêncio enquanto ouvia os passos se distanciando e estava prestes a falar quando Bru colocou uma mão sobre minha boca, pedindo para que eu esperasse mais um pouco. Apenas quando ouvimos uma porta abrindo e fechando, seguido de uma música de funk carioca tocando alta pela casa, foi que ela relaxou.

— Essa foi por pouco — ela falou, soltando o ar com força.

— Muito pouco — concordei, abraçando-a com força.

— Você precisa ir, Ludmilla. E rápido. Dona Mia Gonçalves nunca demora no banho.

— Tudo bem.

Beijei sua boca rapidamente antes de me afastar, começando a me vestir às pressas. Ainda estava abotoando a minha blusa, e com minha saia em mãos, quando Bru começou a me empurrar para fora do quarto, depois de olhar pelo corredor para se certificar de que o caminho estava livre.

— Te ligo à noite — prometi, já parada à porta da sala, puxando-a para um último beijo. — Te amo, Bru.

— Vai logo! — ela ordenou, me empurrando de leve para fora do apartamento, um sorriso enorme no seu rosto. — Também te amo — ela murmurou ainda sorrindo e soltou um beijo no ar antes de fechar a porta.

— Você só pode estar brincando, Julia! — resmunguei por entre os dentes, parando à sua frente para bloquear a sua passagem. — É a festa do seu filho. Você não pode sair dessa forma.

Eram quase onze da noite quando vi Julia falando ao celular e logo entendi que algo não estava bem. E foi só me aproximar para ouvi-la falando, pouco antes de desligar, que ia resolver o problema agora mesmo. O problema é que dentro de dez minutos o espetáculo da entrada do bolo aconteceria e era esperado, no mínimo, que as mães do aniversariante estivessem ali. Mas pelo visto Julia não estava muito incomodada com isso.

— Ludmilla, é por uma hora apenas. E não vou sair da casa. Só preciso fazer algumas ligações.

— Agora?! Não dá para esperar até amanhã?

— Claro que não. Você acha que eu não ficaria se tivesse opção? Acha que eu quero perder a hora dos parabéns do meu filho?

— Eu não estou vendo você fazer grande esforço para ficar — retruquei num tom calmo, embora fervilhasse por dentro.

— Ludmilla, eu não vou discutir com você agora. Ainda mais aqui — ela reclamou, olhando rapidamente para a multidão às suas costas.

Estávamos perto da porta de vidro que dava para dentro da casa, alguns degraus acima da área onde a festa estava acontecendo, mas mesmo com a música alta, as pessoas só precisariam dar uma segunda olhada na nossa direção para saber que estávamos discutindo. E a última pessoa que eu queria que visse isso era Marcos. Não hoje no seu aniversário, quando ele estava tão feliz se divertindo com os amigos.

Então apenas dei um passo para o lado, deixando Julia passar e entrar na casa.

Soltei um suspiro cansada, esgotada e sobrecarregada enquanto descia as escadas, indo  direto para o bar, pegar algo forte para beber.

— Está tudo bem?

Logo reconheci aquela voz doce, aquele cheiro único, só dela, ao meu lado e me apressei a esconder a alegria que me invadiu apenas por ouvir sua voz,  ainda tentando manter nosso segredo. Mas quando me voltei na sua direção, foi impossível agir com naturalidade, o copo de uísque puro parado à caminho da minha boca.

— Merda, Bru — resmunguei, tendo que trincar o maxilar por um tempo e respirar fundo.

— O quê?

— Você está linda demais. Não era assim que deveria estar.

— Era para eu estar feia? — ela perguntou, franzindo o cenho. — Além do mais, porque você está agindo assim? Você ajudou a escolher tudo isso.

— É mas eu... Eu não tinha visualizado tudo junto. E eu acho que esse vestido encolheu um pouco.

— Não encolheu nada. Você é que está vendo demais. E para de me olhar desse jeito ou as pessoas vão perceber! — ela pediu apressada.

— De que jeito? De quem está doida para te–

— Não fala! — Bru me interrompeu e eu cheguei a ver sua mão erguendo para tapar minha boca, mas se conteve a tempo.

Apenas sorri, meneando a cabeça para tentar afastar aquelas imagens que teimavam em invadir minha mente sempre que estava pensando em Bru e levei o uísque à boca, dando um longo gole.

— Mas você não falou se está tudo bem — Bru insistiu depois de um tempo.

Olhei para ela rapidamente e só então entendi o motivo da sua pergunta.

— Você viu — murmurei antes de dar outro gole, acabando a bebida. Não sabia se era bom ou ruim Bru ter me visto discutindo com Julia. — Não, não está bem, mas logo vai ficar. — Discretamente peguei sua mão na minha, apertando-a de leve antes de soltá-la. — Desculpe por não ter ido à sua casa hoje.

— Tudo bem. Que bom que você conseguiu trazer a DJ Barbara Labres, em cima da hora.

— Era o meu presente para Marcos, a Dj mais badalada do momento, e quase não consegui convencê-la a vir de outro estado para tocar aqui.

— Mas a festa ficou linda. Tudo está perfeito.

— Está mesmo — comentei, olhando apenas para ela, fazendo-a rir. — Vá se divertir, Bru. Vá dançar. Saia de perto de mim antes que eu te agarre agora mesmo.

— Você não faria isso — ela afirmou, embora houvesse dúvida no seu olhar.

— Não? — perguntei arqueando uma sobrancelha e ela recuou um passo, ainda rindo. — Isso, vá. Mas fique longe daquele Ruivo metido à homem, está ouvindo?

— Sim, senhora — ela falou antes de se afastar e eu quase grunhi em desespero. Lá estava Bru me chamando de "senhora" de novo.

— Outra, por favor — pedi ao garçom, erguendo o copo vazio.

O resto da festa transcorreu sem maiores problemas, com exceção de um ou outro convidado que acabou bebendo além da conta. Julia só reapareceu perto do final, ainda falando ao celular. E apesar de ter ficado irritada com sua ausência — ainda mais quando Marcos procurou a mãe um pouco mais cedo e não a encontrou — eu acabava me acalmando sempre que olhava para Bru e a via olhando na minha direção, como se percebesse que precisava dela naquele momento.E tudo que ela precisava fazer era sorrir de leve. Cheguei a pensar que poderia ficar com ciúmes dela naquela festa, com medo de que ela acabasse dançando com o tal ruivinho ou qualquer outro garoto da escola, mas Bru o tempo todo ficou apenas com as amigas, dançando com elas. E quando elas estavam ocupadas dançando com seus respectivos namorados, Bru simplesmente voltava para a mesa e conversava com quem estivesse perto, não dando abertura a ninguém para lhe chamar para dançar.

Nos dias que se seguiram, nos falamos apenas pelo celular, sempre à noite quando estava sozinha. E foi num desses momentos, quando estava falando com ela ao celular, dentro do meu escritório, que Julia bateu à porta, não esperando que eu autorizasse a entrada para abri-la.

— Podemos conversar? — ela perguntou enquanto fechava a porta atrás de si.

Bru estava falando algo comigo, mas logo ficou em silêncio ao ouvir a voz de Julia.

— Ah, vou desligar — ela avisou rapidamente.

— Nos falamos depois.

— Tudo bem.

Encerrei a ligação e coloquei celular no bolso da calça enquanto levantava.

— Está tudo bem? — perguntei estranhando sua expressão séria demais.

Julia tinha chegado tarde toda aquela semana, geralmente após às onze da noite, por isso não me preocupara em trancar a porta do escritório como geralmente fazia para conversar com Bru. E logo hoje que eu estava doida para começar uma conversa mais quente com a minha pequena, Julia chegara mais cedo. Por sorte ainda não tinha começado a falar nada que pudesse me deixar excitada, ou então teria sérios problemas agora.

Por um instante Julia nada falou, apenas apontando para o pequeno sofá de couro que havia ali.Nós duas sentamos lado a lado, mas ela logo se voltou de frente para mim.

— Nós sempre fomos honestas uma com a outra, desde que nos conhecemos — ela começou e aquelas palavras me deixaram nervosa, com medo de que ela tivesse descoberto tudo. — Nós brigamos muito por causa disso, por uma não concordar com o que a outra faz ou fala, mas eu não quero que isso mude entre nós.

— Nem eu, Julia.

— E também nunca escondemos nada uma do outra, certo?

Engoli em seco sem saber bem o que dizer. Mentir? Falar a verdade, contar tudo de uma vez e então pedir o divórcio? Mas não era daquela forma que eu queria que as coisas acontecessem. Havia também uma chance de ela não estar falando de mim. Afinal, eu não tinha sido a única a agir estranho nos últimos dias.

— Por que você está falando isso?

Seu olhar caiu para os suas mãos sobre seu colo por um momento e quando ela voltou a falar, continuou daquele jeito, evitando meus olhos.

— Nós não temos sido muito honestas uma com o outra ultimamente. — Vi sua mão indo em direção à minha e só então Julia voltou a me encarar. — Isso não está dando certo.

— Isso?

— Nós. Nosso casamento — ela explicou. — Ou eu sou a única a pensar dessa forma? — Mas Julia não me deu tempo de falar, respirando fundo antes de continuar. — Há algumas semanas eu recebi uma oferta para dirigir a nova filial da empresa em São Francisco. De início eu disse que não, que tinha minha família aqui e não podia ir para o outro lado do país. Mas então o diretor geral veio de Washington só para conversar comigo e fez várias reuniões me mostrando todas as vantagens, me apresentou os projetos que eu teria em mãos quando chegasse lá. Projetos incríveis de construções que seriam impossíveis aqui em Nova York. Projetos que são como sonhos para todo arquiteto.

Ao final, sua voz estava tão empolgada que não foi difícil entender do que tudo aquilo se tratava.

— Você aceitou — concluí num tom baixo, porque não restava dúvidas.

Julia apenas assentiu e ficamos em silêncio por algum tempo, até que ela o quebrou.

— Há alguns meses eu provavelmente falaria sem titubear que podemos fazer isso dar certo. Que nosso amor é maior que tudo e que poderíamos manter nosso casamento à distância, fazendo viagens sempre que possível.

— E você não pensa mais assim? — perguntei, não por mim, mas por ela. Porque eu sabia que eu não queria manter aquilo.

— Você pensa? — ela devolveu, franzindo o cenho.

— Não — respondi por fim, sem precisar pensar muito a respeito. — Nós duas mudamos. Não apenas nos últimos meses, mas nos últimos anos. Acho que apenas não nos demos conta disso. Nos afastamos demais. Seja você com o seu trabalho ou eu com o meu. Nossa prioridade não é mais o nosso casamento há muito tempo.

Julia me encarou por um tempo, parecendo pensar naquelas palavras e então assentiu de leve.

— Eu não queria que terminasse assim — ela murmurou. — Eu te amei por muito tempo. E ainda te amo.

— Mas não é como antes, é? — deduzi, porque também era daquela forma que me sentia.

— Não. Não é — ela admitiu. — Eu só me sinto um pouco egoísta agora, te deixando sem nem tentar mais um pouco.

— Eu poderia até te acusar de ser egoísta em outra época, Julia , se não entendesse como você se sente. Não adianta tentar. Você não quer, nem eu. Não porque eu não te ame. — Levei uma mão ao seu rosto, fazendo-a me encarar quando ela desviou o olhar. — Eu sempre vou ter amar, Julia, você sempre será meu primeiro amor, a que me deu filhos maravilhosos e foi minha companheira por todos esses anos. Mas esse amor que sinto por você, nesse momento é apenas um amor de amiga. Nosso casamento já não vai bem há algum tempo e se insistirmos nisso, vamos acabar perdendo o que ainda temos. E eu não quero perder isso.

— Nem eu — ela murmurou e então me puxou pela camisa, me abraçando com força. A abracei de volta, acariciando seus cabelos enquanto ela chorava com o rosto no meu ombro e ficamos ali sem falar nada por longos minutos. — Eu pensei que você fosse gritar comigo — Julia falou com a voz embargada, se afastando para me encarar enquanto enxugava as lágrimas. — Pensei que você fosse me chamar de egoísta e dizer que eu nunca penso em você ou nos nossos filhos.

Levei uma mão ao seu rosto, ajudando a enxugar suas lágrimas e limpando sua maquiagem que tinha borrado um pouco.

— Provavelmente eu teria feito isso em outra época.

— Você está tão calma e serena. — Seu olhar se fixou em mim por um instante, como se tentasse me avaliar. — O que mudou?

Aquela pergunta poderia ser simples para ela, mas para mim não era. Claro que eu poderia apenas dizer que eu tinha mudado e nada mais, mas Julia estava sendo honesta comigo e o mínimo que ela merecia era o mesmo de volta.

— Eu conheci outra pessoa.

Obviamente não era aquilo que ela esperava ouvir de mim. Sua expressão relaxada logo ficou surpresa, seu cenho franzindo enquanto sua boca entreabria de leve e por um instante ela nada falou, apenas absorvendo aquelas palavras.

— Você... Quando? — ela gaguejou, parecendo não saber bem como agir.

— Há algumas semanas.

— Semanas? Quantas, Ludmilla?! Duas? Dez? Há quanto tempo você está me traindo?! — Antes mesmo que ela despejasse aquelas perguntas em cima de mim, eu já me arrependia de ter sido sincera demais. Julia não merecia isso. Ela não merecia o que eu tinha feito. Porque por mais que eu não a amasse mais, ela continuava sendo minha esposa e o mínimo que merecia de mim era fidelidade. Coisa que eu não fui capaz de lhe dar. — O que já aconteceu entre vocês?

E foi apenas a culpa e vontade de realmente terminar aquele casamento da melhor forma possível, que me fez mentir.

— Nada — respondi no tom mais calmo que consegui empregar, segurando suas mãos nas minhas quando ela me encarou com o cenho ainda mais franzido.

— Como nada?

— Nós nos conhecemos há algumas semanas e gostamos uma da outra. Mas nada aconteceu.

Julia ficou um tempo em silêncio, provavelmente indecisa se acreditava ou não em mim.

— Ela sabe que você é casada?

— Sim. — Apertei suas mãos entre as minhas e continuei falando antes que ela fizesse mais perguntas, me obrigando a mentir mais. — Por isso eu não estou brigando com você por escolher a sua profissão ao invés da sua família. Porque você não era a única que estava pensando que esse casamento não estava mais dando certo.

— Você ia pedir o divórcio — ela deduziu por fim e eu apenas assenti. — Por causa dela?

Novamente eu nada fiz a não ser assentir e seu olhar desviou do meu por um instante, se focando nas nossas mãos unidas, antes de voltar a me encarar.

— Ela é assim tão especial?

— Julia, nós não precisamos falar disso, está bem?

— Você a ama? — ela insistiu ainda assim. — Só me responde isso.

Respirei fundo tentando decidir o que responder, mas percebi que jamais poderia mentir sobre aquilo.

— Amo.

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Não sei se me encontro chocado com o capítulo, Ludmilla se abrindo finalmente para Julia ou com vocês batendo a meta antes do esperado. Meus amores até um domingo especial 🙌🏾❣️

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