TWELVE
Boa leitura!
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"Agora teria a oportunidade de ficar mais perto dela, de dizer tudo o que queria, de serem verdadeiros amigos."
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— Hoseok, é o que estou pensando? — Taehyung espiava pra ver se ninguém prestava atenção a conversa.
— Pode ter certeza que sim. — Hoseok respondeu, convicto.
Ambos estavam na aula de educação física não praticando seus alongamentos, mas sem que os outros realmente soubessem. Há pouquíssimo tempo Jung achou o papel dobrado no mesmo banco da arquibancada, onde queria estar naquele momento em vez de testar a elasticidade de seus músculos. Pelo menos Taehyung estava ali e conversas não eram proibidas nos alongamentos.
— Então, conseguiu ler alguma coisa?
— Não deu tempo, o professor mandou que todos viessem pra cá e eu só li duas linhas, mas percebi que é algo sério. Parece que ela quer falar comigo.
— Será que pessoalmente? — perguntou, esperançoso.
— Duvido bastante, mas pode ser que sim.
— Como será a reação dela ao saber que você é você que também é o JH?
— Não sei... Ainda tenho medos sobre isso. — Jung tinha uma carinha triste e preocupada, não saberia dizer se era por causa de Mi Hi ou porque o professor havia acabado de mandar os alunos fazerem abdominais.
— Porquê?
— Sem querer estou envolvido em uma mentira, ela conhece o Hoseok de uma forma e o JH de outra, então, são como duas pessoas. Eu nao planejava que iria falar com ela pessoalmente, isso complicou as coisas... — Hoseok respirou fundo enquanto bagunçava os cabelos nervoso, realmente estava confuso com tudo, até mesmo atormentado. Sabia que a garota poderia não gostar disso e cortar totalmente os laços que tinham e ela ainda teria razão. Sem querer, Hoseok estava enganando-a.
— Acho que está pensando demais. As vezes tudo fica mais fácil de se resolver quando não colocamos tantas pedras no caminho. — Taehyung deitou-se preguiçosamente no tatame, seguido de Hoseok.
— Você facilita demais.
— É meu trabalho como seu melhor amigo.
— Obrigado. — sorriu. — O professor está olhando, é melhor a gente começar logo.
— Odeio abdominais... — Taehyung encerrou, fazendo um biquinho chateado.
Tempo depois, os dois amigos estavam já em sala de aula, longe de alunos suados e equipamentos de exercício. Seria a aula de biologia, e o professor estava atrasado pelo menos uns quinze minutos, o que era deveras difícil de acontecer. Taehyung e Hoseok permaneciam com poucas conversas enquanto os outros alunos faziam sua costumeira bagunça, até que o coordenador veio avisar o que todos já imaginavam: o professor de biologia não viria.
Gritos de alegria e alguns papéis voando foram a deixa para que os dois amigos juntassem suas cadeiras uma ao lado da outra. Iriam aproveitar para terem esse tempo juntos, organizar os trabalhos e, principalmente, decidir o que fariam por Mi Hi. Inclusive na mesma hora em que esse nome se fez presente nos pensamentos de Jung, o mesmo lembrou-se da carta que recebera mas que não teve o tempo necessário para ler. Agora teria.
Esperou com que alguns alunos saíssem da sala e suas mãos parassem de suar. Não sabia o porquê, mas estava ansioso demasiadamente por aquela resposta, chegava a sentir seu coração pulsar mais rápido e se policiou quanto a isso antes que tivesse um ataque do coração. Olhava para aquele papel com preocupação misturada a uma pequena felicidade de ver que Mi Hi voltara a escrever e que nem precisou escrever para ela de volta. Porém, se a menina havia escrito alguma coisa, podia ser algo bom ou ruim. Bem, só descobriria quando abrisse.
Hoseok pegou a carta com cuidado. Leu cada palavra com toda a atenciosidade que havia em si, captando cada uma das emoções escondidas contidas ali. Era estranho pensar que conseguia ouvir a voz da menina dizendo tudo aquilo e até mesmo sentir sua angústia, sentia-se preocupado por tudo que estava escrito ali, mas feliz por saber que tinha sua confiança. Ele poderia prosseguir, e melhor, teria a chance de dizer e ser tudo o que queria, não teria mais nada a esconder.
— Taehyung, acho que temos uma missão. — levantando os olhos à frente, disse. Havia um brilho diferente naquele olhar, algo que o encorajava.
— Qual?
— Precisamos ajudá-la, e isso é muito sério. — deixou a carta nas mãos do amigo, que a leu rapidamente. — Mi Hi precisa da gente, ela precisa de mim. — passados poucos segundos depois, Kim se pronunciou.
— Isso parece sério. O que pensa em fazer agora?
— Acho que vou escrever outra carta, pedindo para vê-la. — concluiu, ainda pensativo. — Se ela se sentir bem, ela vai me deixar chegar perto e ajudar.
— Acha que é a hora?
— Precisa ser. Não quero mentir pra ela. — Hoseok afirmou, convicto do que era certo a se fazer. Taehyung sorriu com aquela determinação, apoiando o amigo.
— Achei uma boa ideia, você pode até fazer isso de uma vez e já entregar na hora do intervalo.
— Isso.
— Parece que agora tudo irá se acertar, caro amigo. — Taehyung sorriu. — Espero que não seja tarde.
Na mesma hora Hoseok separou uma folha de caderno e uma caneta para começar. E então, eis que surgiu uma tarefa difícil: como diria a ela? Pareceu ser mais fácil na imaginação do que era na realidade. Não sabia como começar. Passaram um, dois, três minutos e nada, nem uma palavra. Taehyung lia tranquilamente seu livro enquanto Jung ainda pensava sentindo sua cabeça explodir. Nada.
"Porque a inspirsção tinha que sumir logo agora?! Eu vou morrer!", pensou. "Como dizer quem eu sou se ela nem deve se lembrar de mim?"
Uma das formas daquilo funcionar era se conseguisse encontrar com Mi Hi para dizer tudo o que precisava, mas se sentia incapacitado de pedir para vê-la, parecia que qualquer palavra errada soaria mal intencionada e ela nunca iria deixá-lo ser seu amigo. Um fato que percebera, era que teria que explicar as confusões pessoalmente, não achava certo dizer essas coisas por carta, na verdade era até arriscado. Mas um encontro funcionaria? Não sabia, e não saberia se não tentasse.
Com isso em mente, começou, ainda incerto.
Flashbacks passavam em sua mente. O dia em que se esbarraram pela primeira vez, os primeiros olhares, as trocas de cartas, as poucas vezes que se encontraram e puderam conversar. Aquela voz calma que parecia triste e cansada as vezes, aquele sorriso raro e aquela risada gostosa que poderiam iluminar uma cidade inteira, aqueles olhos escuros que deviam esconder uma imensidão, um universo. Agora teria a oportunidade de ficar mais perto dela, de dizer tudo o que queria, de serem verdadeiros amigos. Isso deixava-o tão, mas tão feliz, que queria gritar aos quatro cantos da escola para tentar acalmar esse sentimento tão puro e extravazador.
Terminou-a se sentindo aliviado. Dobrou o papel com cuidado para a tinta da caneta não manchar e chamou por Taehyung, que continuava distraído com o livro em suas mãos.
— Acho que estou pronto. — falou, recebendo a atenção do Kim.
Um pouco afobado para entregar logo, Jung pegou sua carta sem realmente pôr atenção em suas ações, deixando-a cair no chão. Sem querer, a cartinha voou até os pés de uma das últimas pessoas que Hoseok queria enfrentar no momento, ninguém mais ninguém menos que Kwan Heojoong. O papel estava ali, silencioso, sendo observado por Joong e Jung, simultaneamente. Hoseok congelou assim que viu um sorriso maligno brotar nos lábios do outro.
Levantou-se rapidamente de sua mesa, mas antes que conseguisse recuperar sua carta, Kwan pega-a e deixa-a fora do alcance de Hoseok. O garoto se divertia vendo o companheiro de classe tentando inutilmente restabelecer o que era dele, não conseguindo pela diferença de altura entre os dois e a falta de coragem de Hoseok em ser mais agressivo. Afastou-o com um empurrão, que o fez esbarrar em algumas cadeiras e cair no chão.
— Heojoong, me devolva, isso não te pertence. — vendo que não conseguiria nada a força – nem mesmo queria, era contra sua índole além de sentir um pouco de dor em sua costela –, tentou convencê-lo pelas palavras.
— Não estou com vontade. — respondeu secamente, observando o papel em suas mãos. — O que é isso, uma cartinha? Recadinho de amor? Você não me surpreende, Hoseok.
— Por favor, Kwan... Me devolva.
— O que acham de descobrir o que tem aqui? — o garoto perguntou a seus colegas, ouvindo respostas positivas e deixando Jung ainda mais aflito e estagnado. — Deixa eu ver... Olá garota do 612, aqui é o JH, seu talvez mais novo amigo... Sério isso?
— Kwan, pare! — Jung gritou, já com seus olhos marejados e sem conseguir se mover. Heojoong apenas ignorou, continuando sua leitura.
— Estou escrevendo para dizer que eu aceito ajudá-la, na verdade essa era minha intenção desde o início quando te vi e li seus escritos (movido pela curiosidade, apenas). Mas, creio que para fazer isso preciso mostrar quem sou, acho que assim posso ser mais sincero com você. Eu acho que gosto de conversar com você, espero que ache o mesmo. Obrigado por aceitar ser minha amiga. — riu, tanto ao ler aquelas palavras que na sua concepção eram toscas demais, quanto ao ver que Hoseok chorava ao ser tão humilhado e exposto. O restante da turma presente fazia o mesmo, mais por achar Hoseok um bobo. — Quem diria que Jung Hoseok estaria trocando cartinhas com uma garota. É alguém daqui? Não? — com aqueles soluços silenciosos, deduziu que não era dali. — Que tal a gente te ajudar a falar com ela? Quero descobrir quem é a grande sortuda de ter um amigo como Hoseok.
Não, definitivamente não.
Não permitiria que Kwan chegasse perto de Mi Hi, não iria deixar que ele ousasse encostar em um fio de cabelo dela, a garota não merecia sofrer aquela humilhação nas mãos dele, era apenas uma menina que queria ser ouvida. Lutaria por ela como um leão, se precisasse.
— Não, por favor! — com um descuido de Heojoong e empregando mais força em seus músculos, Hoseok consegue se levantar e recuperar sua folha de papel, um pouco amassada. — Nunca mais faça isso, está me ouvindo?
— Você é muito bobo, Hoseok. Você e Taehyung. — cruzou os braços de forma autoritária, rindo mais em seguida e direcionando seu olhar rapidamente para o outro que engoliu em seco. — Me admira que mais alguém queira ser amigo de vocês dois, apesar de que essa pessoa nem deve saber quem são vocês. Idiotas.
— Ele não é idiota! — brandou, em defesa dos dois.
Taehyung ouvia a tudo, calado e aflito. Se sentia um tolo, não conseguia nem mesmo se mover de sua mesa. Não conseguia acreditar até onde ia toda aquela maldade que Heojoong exalava. Queria tanto, mas tanto fazer algo por Hoseok, via ali o quanto ele estava indefeso e machucado, mesmo que seu corpo mostrasse atitude, via em seus olhos molhados como tudo aquilo estava o consumindo por dentro.
Odiava ser impotente perante a essas situações. Hoseok sempre o defendeu de tudo porque Kim não conseguia fazer isso sozinho, era medroso e admitia isso para si mesmo, sempre se escondia por medo. Porém já era demais, estava na hora de honrar sua amizade. Precisava estar com Hoseok, do lado dele, nem que pra isso precisasse ir contra seu maior medo.
— Não dê ouvidos a ele, Hobi. Ele está errado, como sempre esteve. — Taehyung tomou a atenção de todos, e, saindo de seu lugar depois de toda aquela cena – estava perplexo e com medo, deveras –, limpou as lágrimas de seu amigo com o polegar, enquanto encarava Kwan nos olhos. Heo se surpreendeu em ver aquele garotinho trêmulo ousar mexer com ele.
— Estou? Falou o menininho fracassado que nem consegue subir em um palco, parece que vai fazer xixi nas calças, como agora. — Taehyung sentiu um aperto no peito, haviam tocado em sua ferida. — Vocês dois não passam de dois viadinhos fracassados que não conseguem nada, ninguém liga pra vocês.
Taehyung negou silenciosamente e engoliu o nó que se formou em sua garganta, não queria chorar ali e deixar seu amigo ainda mais frágil. As risadas a sua volta só faziam mal para os dois que, cedendo a tudo aquilo, resolveram não responder ou rebater ao outro que ainda ria deles. Lutar contra nessas horas seria mais que errado, seria desperdício. Não precisavam disso, sabiam que Heojoong estava errado, nenhum deles era fraco ou fracassado.
— Vamos sair daqui. — Tae falou, baixinho, apenas para Jung ouvir. — Você precisa respirar, e de qualquer forma, temos uma carta pra entregar e uma amiga pra salvar. — sorriu, tentando demonstrar sua confiança. Jung acenou, confirmando que não estava ali para discutir e nem brigar. Tinham um dever mais importante agora.
Com cuidado, Taehyung ajudou Hoseok a andar, já que o outro ainda sentia um pouco de dor nas costelas. Jung sorria orgulhoso por seu amigo ter enfrentado de frente a pessoa de que mais tinha medo, Taehyung havia sido corajoso. Kim sorria por se lembrar de todas as vezes que o amigo o protegeu, e agora, era ele quem o protegia, se sentia feliz por saber que não havia fugido e nem vacilado, mesmo que por dentro estivesse deitado em posição fetal a soluçar.
Heojoong continuou ali, fechado, imponente, odioso. Via os dois passando por ele calmamente, como se não tivesse imposto dureza a pouquíssimos minutos. Não entendia. Não entendia como aqueles dois podiam continuar bem mesmo depois de ter dito tudo o que disse. Não entendia como eles não pareciam ligar para o que todos ali pensavam. Não entendia porque não brigavam, deviam ser covardes, isso sim. Heojoong saía como o maioral, porém, dessa vez não se sentia melhor que eles.
"Eu não estou errado. Eles que são fracos, não você.", insistia em afirmar para si mesmo.
Acompanhado de Taehyung, Hoseok deixou a sala, enraivecido, envergonhado, exposto, indignado e totalmente quebrado. Aquilo havia sido muito cruel, muito mesmo, Heojoong não tinha o direito de pegar em suas coisas, de mostrar a toda a sala de aula e, principalmente, de humilhar a ele e Taehyung. Se um dia teve dúvidas sobre Heojoong ter ou não sentimentos, agora elas estavam sanadas completamente.
Mas agora não era o momento pra isso. Sabia que Taehyung não estava bem, via isso naquela carinha tristonha e pálida. Era muito para o garoto assimilar.
Taehyung levou-o para o banheiro masculino. Adentrando, os dois lavaram seus rostos nos quais caminhos de água levemente salgada haviam deixado singelos rastros. Entretanto, ao se abaixar para fazer isso Hoseok voltou a se sentir incomodado em sua lateral, Taehyung percebeu. Preocupado, pediu para que o amigo levantasse o uniforme para ver se tinha algo muito sério.
— Você está machucado. — Kim concluiu, vendo duas marcas leves na costela do amigo que começavam a ficar com um tom roxo. Passeou seus dedos por ali de forma calma para que Jung não sentisse dor, se sentia culpado por algo que nem havia feito.
— Estou bem, vou colocar gelo quando chegar em casa, nem vai doer mais. — Hoseok abaixou a blusa, voltando a arrumar seu uniforme. — Obrigado por ter enfrentado Heojoong.
— Não fiz nada, eu fui um fraco na maior parte do tempo...
— Com toda certeza que não. Nunca vi você tão seguro, você é incrível, Taehyung-ah. — sorriu. Taehyung teve vontade de abraçá-lo, e percebendo isso, Hoseok abriu os braços recebendo o calor e mais algumas lágrimas de seu amigo que molharam um pouco sua blusa.
— E-eu não quero mais ter medo, Hobi. — Taehyung soluçou. — Não quero me sentir m-mal por causa dele. Não quero que ele te machuque outra vez.
— Ele não vai me machucar, a nenhum de nós. — assegurou. — Você vai conseguir enfrentar ele, eu sei que consegue, você é forte. Mas não quero que brigue, entendeu mocinho? — brincou, bagunçando os cabelos do mais novo.
— Eu nem sei brigar. — riu, secando as lágrimas recentes.
Lavaram o rosto mais uma vez, se sentiam melhor agora, mesmo com as dores recentes. A carta no bolso de Hoseok parecia queimar pela ansiedade que sentia, estaria dando um passo muito importante. Não seria Heojoong ou qualquer outra pessoa que impediria que ele ajudasse Mi Hi.
Saindo pelos corredores, os dois amigos iam em direção ao tão conhecido armário 612 deixar sua singela correspondência, contudo, algo no meio do caminho impossibilitou que isso fosse feito.
Hoseok congelou quando parou perto do bebedouro, aquela cena era capaz de fazê-lo chorar novamente, com ainda mais intensidade e dor, como espinhos perfurando sua pele incansavelmente. Sentiu um aperto no seu coração e olhos úmidos ao ver aquela forma delicada e pálida abraçando seus próprios joelhos e, aparentemente, soluçando baixinho.
Era Son Mi Hi.
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Olá cubinhos de açúcar, tudo bem? Já sorriram hoje?
Olha, foi difícil escrever esse capítulo, viu? Tive que dividir em duas partes para que não ficasse tão grande e nem tão... pesado de ler. Acredito que o próximo seja dessa mesma proporção.
Hoje tivemos algo mais tenso, como os enfrentamentos de Taehyung e bem pouco dos pensamentos de Heojoong, pretendo trabalhar mais ele aqui também. Porém também vimos um pouco mais dos sentimentos de Hoseok em relação a Mi Hi e a amizade dele com Taehyung, eu fiquei muito soft escrevendo essa parte que cogitei a ideia de explodir kkkkkkk entretanto, creio que o próximo não será tão tranquilo assim, algumas coisas precisam acontecer para que no final tudo se resolva, ok?
(Desculpe a nota final enorme, senti saudades de vocês)
Se cuidem meus amores, amo vocês!
Até logo♡
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