TEN
Boa leitura!
(*achei que Epiphany combinou bastante com o clima do capítulo. Espero que gostem.)
🍃📚🍃
"Ele era assim, um sol que irradiava luz a quem o permitia."
🍃📚🍃
Ainda desnorteado, se virou para ver quem havia esbarrado em si. As vezes estava tão absorto em não desistir de falar com Mi Hi que nem vira quem estava por perto, gostaria de pedir desculpas pela sua falta de atenção. Mas ao ver de quem se tratava, uma sensação de medo e apreensão o tomou.
Era Kwan Heojoong.
Taehyung percebeu de longe o pavor tomar conta de seu hyung, mas ele mesmo também estava com medo. Heojoong era um velho e não muito amigável conhecido pelos dois, alguém que temiam e evitavam, principalmente Taehyung. Infelizmente não conseguiria defender o amigo se este precisasse de ajuda.
Hoseok se martirizou mentalmente por não ter visto Heojoong ali, poderia ter prestado mais atenção e evitado problemas. Mas agora, não havia nenhuma saída.
— Deveria olhar mais por onde anda, Jung. — o garoto maior falou de forma ríspida e assustadora.
— Desculpe-me, Kwan. Não o vi. — Hoseok respondeu pelo menos dois tons abaixo do dele. Nunca iria revidar, mesmo que quisesse.
Heojoong não fez nada mais do que o olhar de forma repulsiva e sair andando com um ar autoritário. Hoseok agradeceu aos céus por isso, e por ele não ter visto Taehyung ali. Infelizmente seu amigo não escapava de piadinhas em relação à seus gostos e sonhos.
Taehyung sonhava em um dia se tornar um ator. Desde pequeno ele se via atuando em teatros, filmes e doramas de todo o país. As vezes, decorava cenas inteiras de filmes sendo que só havia assistido uma vez, e conseguia reproduzi-los de uma forma excepcional. Era talentoso, ninguém poderia negar.
Ao adentrar o segundo período do fundamental, demonstrar esse talento passou a ser um tanto difícil e constrangedor. Seus coleguinhas diziam que isso era coisa de menina e de pessoas fracas, isso fez o tão grande sonho de Kim murchar de uma forma avassaladora. Um desses coleguinhas era Kwan Heojoong, que o acompanhara até o ensino médio e nunca se esqueceu desse fato, sempre o diminuindo por isso sempre que podia.
Assim Taehyung começou a tentar odiar teatros, filmes, dramas e qualquer tipo de arte cênica. Mas, na verdade, passou a odiar a si mesmo por não conseguir odiar o que tanto queria.
Hoseok viu Heojoong indo em direção a seu grupinho, sendo recebido de forma extremamente respeitosa e não pôde deixar de pensar: será que mesmo por baixo de toda aquela maldade e intimidação não havia um coração? Não havia sensibilidade? Não havia um sonho?
Heojoong era uma pessoa que Jung tinha medo, mas também queria uma oportunidade de conversar algum dia. Talvez assim pudesse o entender.
Agora, se deparava com outro problema: onde estava Mi Hi?
A garota parecia ter evaporado completamente do pátio. Hoseok olhou para todos os lados que podia, mas não a encontrou. Isso o deixou com uma feição tristonha.
— Tae, ela... Estava bem aqui. — Hoseok voltou pra perto do seu amigo, que continuava tenso. — Viu pra onde ela foi?
— O-o quê? — Tae perguntou meio atordoado, sem ter entendido uma palavra que seu hyung dissera.
— Está tudo bem?
— Eu acho que preciso de água. — repousou as mãos em suas têmporas. — Isso, água.
— Taehyung... Você está pálido. — observou, apreensivo. — É melhor irmos pra enfermaria.
— Não! — negou quase que imediatamente. Não queria dar mais preocupações a ninguém. — Está tudo bem, juro.
Jung não acreditou muito, mas ajudou seu amigo a chegar no bebedouro e conferiu se ele tomou bons goles de água antes de voltar pra aula. Até percebeu uma melhora, mas continuava preocupado com a saúde de Taehyung, além do mais, não fazia muito tempo que o menino havia saído de uma gripe.
A aula passou até bem rápido na visão de Hoseok. O dia em si estava bem diferente, como se o tempo estivesse correndo contra o próprio tempo. Parecia que o mundo estava mais veloz, e Jung estava mais lento. Taehyung permanecia bem silencioso, e é claro que Hoseok percebeu, mas não se opôs quando seu amigo decidiu ir embora sozinho por um caminho mais longo. Ele precisava de um tempo pra pensar um pouco, deixaria pra conversar com Taehyung mais tarde.
Hoseok andava quieto pensativo de volta pra casa. Se sentia confuso, preocupado e, estranhamente, aflito. Como resultado disso tudo, se fazia milhares de perguntas, a ponto de as vezes ficar até mesmo desnorteado.
"Porque existem tantas pessoas ruins no mundo? Será que elas sabem que são más? Heojoong sabia que fazia mal para Taehyung? E se ele soubesse, continuaria fazendo o mesmo? Ele escolheu ser assim?"
Eram muitos questionamentos que vinham na mente do garoto. E a maioria não possuía uma resposta.
Ser humano era bem confuso e complicado. Muitas das coisas que julgamos corretas podem soar erradas para outros, e muitas das coisas que gostamos podem ser ridículas aos olhos de outra pessoa. Mas será que era assim com a maldade também? Será que, na mente das pessoas malvadas, existe o pensamento de que elas são boas?
Jung não sabia dizer. Só esperava que ao final, tudo ficasse bem. Só desejava que Heojoong não fizesse mal a seu amigo, que Taehyung seguisse seus sonhos, e que Mi Hi voltasse a sorrir. Seu próprio bem-estar não importava muito, desde que as pessoas que gostava estivessem bem.
Ainda com os pensamentos na garota do 612, percebeu que a mesma se encontrava a poucos metros de si, caminhando tranquilamente enquanto observava as nuvens no céu. Estava tão radiante quanto a vira na mesma manhã. Seus passos lentos e vagos, cabelos balançando com o pouco vento, um ar sereno e pensativo.
Dessa vez não a perderia de vista. E também não perderia a oportunidade de falar com ela, mesmo que morresse de vergonha ao fazer isso. Sua vontade de se aproximar dela era muito maior.
— O-oi. — se aproximou devagar, temendo estar atrapalhando de alguma forma. — Tudo bem, Mi Hi?
— Oh, oi, estou bem. — apesar de surpresa, Mi Hi o respondeu calmamente. — O que quer comigo?
— Você estava andando sozinha e pensei que gostaria de ter uma companhia.
— Companhia? — indagou.
— É. — respondeu divertido, enquanto se mantinha caminhando ao lado dela. — As vezes nos sentimos sozinhos e gostamos da companhia de alguém.
— Não sei se gosto muito de companhias... — Mi Hi pensou um pouco antes de concluir seu pensamento. — Mas acho que posso aceitar a sua.
Mi Hi não sabia muito bem o porquê de ter aceitado que Hoseok a acompanhasse. Não sabia o porquê de seu coração ter começado a bater mais rápido. Não sabia o porquê de tantas sensações. Não sabia se achava ruim ou bom.
Aquele garoto sorridente continuava sendo uma incógnita... Uma equação que não poderia compreender. Ele era diferente de todas as pessoas que já conhecera, mas, talvez com o tempo, ele mostrasse sua verdadeira face. Mal sabia ela que era ele mesmo bem ali ao seu lado, com cada defeito, cada perfeição, cada detalhe e cada sorriso que possuía. Ele era assim, um sol que irradiava luz a quem o permitia.
— Quer conversar sobre alguma coisa? — Jung perguntou, um pouco sem jeito. Ele deveria ter pensado sobre algum assunto interessante antes de falar com a garota, assim não pareceria tão chato.
— Bem, eu... Não sei como fazer isso. — a menina disse, um pouco mais baixo.
— Conversar?
— Acho que sim. — concluiu.
— Ah, não é tão difícil, é só usar as palavras certas e dizer o que sente. — Hoseok possuía um ar inteligente. — O resto acontece naturalmente.
— Mas como saber quais são as palavras certas? — Mi Hi não sabia muito bem o que perguntar, mas estava curiosa sobre o assunto. Até porque, era bem difícil um assunto tão simples a interessar.
— Bom, isso depende. — pensou por um instante. — Mamãe sempre diz que devemos deixar o coração falar por nós. Mas acho que as vezes ele exagera um pouco. — sorriu.
— Você parece ser bom nessa coisa de falar. — afirmou.
— Ah, não tanto. As vezes quero falar muitas coisas, mas não consigo. — o garoto falava sem muita importância, mas a garota do 612 continuava atenta a cada sílaba proferida por ele. — Tem dias que sinto medo de me expressar, é como se eu mesmo não ouvisse minha voz.
— Eu também não ouço minha voz. — disse, por fim. Hoseok direcionou seu olhar a ela, mas não foi correspondido.
Mi Hi mantinha seus olhos fixos ao chão, com medo de acabar mergulhando nos de Hoseok e ele perceber o que ela pensava. Ela o entendia muito bem. Mas, diferente do garoto de cabelos castanhos, ela vivenciava esse medo todos os dias, e não sabia o que fazer para mudar. Sua voz nunca era ouvida, e sempre a fizeram pensar que era melhor assim.
Isso a fez pensar em como havia se deixado vulnerável ao garoto que andava consigo. Como falara tão tranquilamente com ele? Porque se deixava confiar? Ele era um completo estranho, não precisava saber o que se passava com ela.
— Essa é a minha rua. — parou de repente, assustando Hoseok. O mesmo parou para observar onde estava, e concluiu que a casa dela não era tão longe da sua. — Acho melhor nos despedirmos aqui.
— Tudo bem. — Hoseok pôs as mãos nos bolsos, já que não sabia o que fazer com elas. — Venha falar comigo amanhã no intervalo.
— Falar?
— É, como nos falamos hoje. — sorriu. Mi Hi não conseguia deixar de admirar aquele sorriso. — Sua voz é bonita, gostaria de a ouvir mais vezes.
As bochechas da menina atingiram tons avermelhados, deixando Jung ainda mais encantado. Mi não sabia mais o que fazer, o garoto já havia elogiado seu sorriso, e agora também sua voz? Ele queria que ela explodisse de vergonha?
— Eu vou... Tentar. — respondeu, se afastando rapidamente dele.
Hoseok permaneceu ali parado a observando mudar sua trajetória, pensando no grande passo que havia dado naquele dia. Queria que, em breve, se tornassem amigos, se comprometeria a isso. Seria difícil, mas ele tinha esperanças. Mi Hi merecia sorrir.
A menina continuava seguindo seu caminho, apressada. Eram muitas emoções em tão pouco tempo, muitas coisas que a deixavam confusa em relação ao garoto. Hoseok parecia conseguir a desarmar, isso a preocupava. O que faria se ele fosse como as outras pessoas e a machucasse?
Mas, por outro lado, metade de si dizia que ele era diferente. Hoseok parecia ver além de suas cicatrizes, além de seus medos. Mi Hi sentia a verdade em Hoseok, mesmo que fossem tão distantes um do outro. E ela entendia o pouco que ele mostrara, ela sentia o pouco que ele dissera, ela era o pouco que ele via.
Adentrou seu portão, mas ficou um pouco no jardim, não havia reparado que as flores haviam desabrochado naquela manhã. Aquelas florzinhas haviam a lembrado, sem querer, da conversa que teve mais cedo com o menino do sorriso. Ela também sorriu, mesmo que bem pouco.
— Você é bem forte, florzinha. — acariciou fracamente as pétalas de uma margarida que ali crescia. — Queria ser igual a ti. Queria conseguir crescer nesse jardim cruel que é o mundo. Queria me ouvir.
Mi passou apenas mais alguns segundos antes de se levantar e entrar em sua casa, a realidade a esperava. Mas um pingo de esperança agora a motivava, quem sabe um dia sua voz pudesse ouvida. Não por outras pessoas, mas, principalmente e exclusivamente, por si mesma.
🍃📚🍃
Olá cubinhos de açúcar! Há quanto tempo!
Desculpe ter demorado tanto, mas eu realmente não estava muito bem e essa história exige mais do meu cuidado e atenção. Espero que esse capítulo tenha ficado bom, voltei a estar insegura com minha escrita.
Apesar de tudo, sinto que alcancei o que queria com o que escrevi aqui (o capítulo ficou até maior do que o esperado). E fico feliz com as mais de 600 views que 612 tem, vocês são uns amores♡
Bom, espero que nos vejamos logo.
Beijos de açúcar!!😘
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro