Any

No domingo de manhã tomei café com Noah e com a minha mãe. Ela comentou conosco sobre marcar alguma coisa para que possamos conhecer o Jorge, já que eles estão saindo faz um mês e nem sabemos a cor dos seus olhos.

Um jantar.

E segundo a minha mãe, o meu namorado terá que nos acompanhar.

Ficamos assistindo um pouco do programa de culinária depois, até que eu decidi subir para o meu quarto e me deitar um pouco. Não consegui dormir muito bem, minhas horas de sono foram poucas.

O aniversário de Lisa foi bem divertido. Sem pessoas completamente bêbadas fazendo besteiras. Sem garotos insistindo para ficar com as garotas. Aquela literalmente não era mesmo uma festa de adolescente desesperado. Lisa fez dezenove anos.

Fiquei praticamente a festa inteira tomando refrigerante, sentada na grama com Sina e James, que às vezes passava alguns minutos com a namorada. Dava para ele ver o quão estava feliz com isso, e dava para ver também que Lisa não era uma garota que machucaria ele.

Joguei também ping-pong com um pessoal bem divertido e ganhei de oito á cinco de um garoto.

Quando meu celular começou a vibrar freneticamente contra a madeira da mesinha, eu rapidamente parei de pensar na noite anterior e fui pega-lo. Pensei era Josh, querendo saber bem do que estava acontecendo. Querendo saber sobre a história de que eu iria para Londres por detalhes. Mas era Dytto me mandando mensagens desesperadamente.

Não nos vemos faz dois dias. Você está brava comigo?

Se eu fiz algo para você, me diga.

Sei que às vezes sou incoveniente, mas seja lá o que eu fiz, me desculpe.

Quer ir tomar um sorvete? Eu pago, prometo!

Mas se você quiser tomar um café ou chá gelado não me importo.

Ou talvez comer algumas besteiras, tipo um hambúrguer gigante. Mas você não pode comentar isso com as garotas, prometi que ficaria umas duas semanas sem comer essas coisas.

Um sorriso escapou dos meus lábios. Ela não havia feito nada, nada mesmo.

Não se preocupe, você não fez nada. Vamos comer um hambúrguer gigante no fim da tarde! Até mais.

Respondi logo em seguida e ela não demorou para me responder com muitos emojis sorrindo e de corações vermelhos.

Depois que sai da conversa com Dytto, vi o contato de Josh um pouco abaixo. Fiquei batendo a unha que nem estava tão grande na tela do celular, pensando se deveria ou não ligar.

Mas eu tentei.

Tentei uma.

Tentei duas.

Tentei três.

Tentei quatro.

E todas elas, ele recusou. Todas em menos de cinco minutos e ele recusou. Eu não entendo o porquê, já que quem deveria estar chateada com ele sou eu.

— GABRIELLY! — ouvi Noah gritar. Ele deveria estar no andar de baixo, e deveria também ter elevado muito as cordas vocais para que eu pudesse ouvir.

Deixei meu celular de lado e desci correndo, deduzindo que ele estava na cozinha, já que não estava em cômodo algum que eu havia passado.

— Fiz para você. — anunciou assim que entrei na cozinha. Ele apontou para a mesa que quase não usávamos por ter a da sala de jantar. Ela estava cheia de doces, tinha um suco avermelhado que com certeza seria de frutas vermelhas. Havia um mouse verde, que era de limão então.

— O que é isso? — questionei, franzindo a testa e dando mais alguns passos.

— Eu estava afim de me distrair e parar de estudar por um dia, e pensei: por que não cozinhar para a minha irmãzinha poder me desculpar por ter sido idiota? — disse ele, me fazendo erguer as sobrancelhas e evitar dar um sorriso.

— Então você acha que como fez todas essas guloseimas para mim, eu vou desculpar você? — questionei, cruzando os braços e erguendo uma sobrancelha, tentando manter um olhar intimidador.

— Lembrei do dia em que iríamos para a cafeteria, que você conheceu todo o pessoal. — ele começou dizendo e foi até mim, colocando as mãos nos meus ombros e me guiando para sentar na cadeira. — E eu sugeri dar á você um par de brincos... Ou qualquer coisa do tipo que brilhasse. Mas aí você me disse queria apenas um milkshake. que

— Acha que pode me convencer tudo me dando doces? — espremi os olhos e sorri de lado, não conseguindo evitar quase mostrar os dentes dessa vez.

— Pode ser que não. — dedo indicador. — Mas... — ele levantou o fez uma pausa e colocou um pouco de suco no meu copo. — Quando você experimentar isso, e comer algum desses doces, com certeza vai me desculpar.

— E por que mesmo eu deveria desculpar você? — perguntei, mesmo já sabendo da resposta. Queria ouvir ele dizendo o que fez, e não apenas que foi um idiota.

— É sério isso? — ele fez uma cara de tédio e revirou os olhos, se sentando na cadeira ao meu lado. — Me desculpe, Gabrielly, por ter zoado você e também por ter dito coisas idiotas quando você sem nenhuma intenção partiu o coração do Bailey.

— Serve. — dei de ombros e torci o nariz.

— Você já contou para a mamãe? — perguntou ele, quando eu escolhia algum doce para comer. Ele realmente tinha feito muita coisa. Gostaria de saber quem vai comer tudo isso depois, porque ninguém aqui em casa ingere tanto doce desse jeito.

— Sobre o que? — questionei, enquanto colocava um pouco do mousse na tigela branca. Levei uma colher até a boca e saboreei o gosto de azedinho leve.

— Londres. — disse simplesmente.

— Você acredita que o Josh já sabe? — contei, com o coração disparado. — Mas ele pareceu não estar nem ai. — encolhi os ombros e levei uma colher até a boca.

— Como assim? — Noah franziu a testa. — Você contou para ele quando?

— Ai que está, quem contou foi a Taylor.

— E quem contou para Taylor? — perguntou.

— Dytto.

— E quem é Dytto? — olhei para o seu rosto e revirei os olhos com tantas perguntas. — O que?

— Dytto disse a coisa errada, na hora errada. — contei. — Ela não fez por querer.

— Tá bom, mas e a mamãe? — perguntou novamente.

— Antes do Natal eu conto Noah. — afirmei, recebendo dele um olhar de repreensão. — Antes do Natal. Eu prometo.

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Dytto estava ao meu lado sentada na calçada da hamburgueria que tínhamos ido. Depois de comer um lanche maior do que a minha mão, pedimos um sorvete e nos sentamos na calçada para come-lo.

Ela estava animada em relação á Londres. Não parava de dizer o quanto estava contente que eu também iria, e eu me pergunto o que a fez criar um laço de amizade tão forte comigo em pouco tempo.

— Você me promete uma coisa? — perguntou-me, erguendo uma sobrancelha. Sem esperar pela minha resposta, ela continuou: — Você promete que não vai ficar sem falar comigo como fez nesse fim de semana? Desculpe se eu estou sendo chata, mas eu tenho medo de fazer algo de errado.

— Como assim fazer algo de errado? Está tudo bem. Você não fez nada. — assegurei, dando um empurrãozinho no seu braço. — Por que ficou tão preocupada com isso?

— Quando estou com Livia, Amy e Macy eu preciso tomar cuidado com o que falo porque elas são sensíveis. — contou, mexendo no seu sorvete com a colher. — Às vezes eu fico animada demais e digo o que não deveria, e às vezes eu fico quieta demais e elas acham que eu não quero mais estar com elas. — sua voz estava suavizando a cada palavra. — Por isso eu precisava saber sehavia feito algo que você não gostou.

— Estar evitando ser você mesma, está te deixando triste.

— É melhor eu ficar triste do que as pessoas, você não acha? É que...

— Eu discordo completamente. — a interrompi. — Você precisa pensar em você mesma acima de tudo, Dytto. Por que pensa que deve colocar pessoas no topo e deixar você lá embaixo? questionei. — Nunca mais diga algo assim.

— Eu acho que estou sensível hoje. — ela falou, dando um sorriso sem humor e tombando a cabeça no meu ombro. Ela começou a levar sua colher com sorvete até a boca e logo soltou um suspiro pesado. — Eu vi o Liam ficando com uma garota ontem.

— O que? — arregalei levemente os olhos.

— E depois, nos encontramos dentro da droga da cafeteria e ele derrubou café na minha camiseta branca. — contou com nervosinho. — Por que ele sempre derruba as coisas nas minhas roupas? É um saco esse garoto! Ele bem que podia se transformar em uma planta.

— Ele não faz isso por querer, você sabe. — deitei minha cabeça em cima da dela. — Aliás, eu acho que ele gosta de você.

— Ele fica com outras garotas, Any. — ela tirou a cabeça do meu ombro e me encarou. — Que tipo de amor é esse? O Josh não ficava com outras garotas mesmo você não sabendo que ele gostava de você.

— É diferente... — tentei dizer, mas ela levantou o dedo indicador.

— Não é diferente coisa nenhuma. — afirmou, erguendo as sobrancelhas. — Mesmo que ele tenha manchado mais de vinte camisetas minhas, e mais de quatro uniformes de líder, eu sairia com ele se não o visse ficando com uma garota por aí e também se ele não tivesse dormido com uma das líderes.

— Quando ele dormiu com uma das líderes? — perguntei.

— No começo do ano.

— Você guarda mesmo. — ergui as sobrancelhas e dei um sorriso.

— Sabe... — ela suspiros e deitou a cabeça no meu ombro novamente. — Eu penso que se ele gostasse mesmo de mim, não teria tempo para pensar em ficar com outras garotas. Quando você gosta de alguém você pensa nela o dia inteiro, não é? — questionou. — Então se ele não pensa em mim o dia inteiro, significa que é algo que o tempo vai tirar do coração dele sem nenhum esforço.

— Você não pensa em dar nenhuma chance? — quis saber. — Nenhuma mesmo?

— Tem pessoas que merecem até cinco chances, Gaby. — disse com a voz baixa. — Liam não merece nenhuma.

Ficamos alguns segundos em silêncio. Eu não tinha o que aconselhar sobre aquele assunto. Ela não queria dar uma chance para ele, e eu deveria fazer alguma coisa para mudar a opinião dela? Isso eu faria pensando pelo lado do Liam.

Mas pensando pelo lado da Dytto, ela estava certa. Liam não ficaria com outras garotas se realmente gostasse dela. Ou talvez, fazia isso apenas para poder tira-la da sua cabeça, mas isso não deixa de ser algo que parte o coração da Angel.

— E sobre aquele assunto... — comecei dizendo, mas sabia que ela não se lembraria até eu continuar: — Eu prometo.