Joshua passou na cafeteria para comprar um café, porque diz ele que estava morrendo de dor de cabeça. Não duvidaria, aposto que na festa que ele foi ontem havia bebido mais do que deveria. Falando em festa, a que a Sina havia falado que estava tentando convencer o James de ir aconteceria hoje à noite, e eu ainda estava com a idéia de não ir.

Vi Joshua saindo da cafeteria e tinha dois copos na mão, eu tinha falado que não queria mais então ele parece que está surdo. Antes que ele pudesse se aproximar mais do carro, uma garota chegou de repente e o barrou. Ela lhe deu uma caneta e um papel, aposto que seria para anotar o número no celular dela.

— Não estamos atrasados né? — ele pergunta assim que entra no carro.

— Se você não tivesse parado para dar o seu telefone para aquela garota, acho que não estaríamos não. — comento sem encara-lo e encosto a cabeça na janela.

— Eu não acredito que você está com ciúmes de mim.

— O efeito da bebida ainda não deve ter passado, só pode. — debocho em um sussurro. Ele estende o copo de café para mim e eu respiro fundo. — Eu disse que não queria café.

— E quem disse que é pra você? - ele da uma risada e eu continuo o olhando com a cara fechada. — Com essa ressaca que eu estou, um café não iria fazer efeito. Então comprei dois. — eu peguei o copo e não me dei ao trabalho de dizer mais nada. — E aquela garota. — ele bebe um gole do café rapidamente quando estávamos a caminho da escola, mas paramos em um farol. — Não pediu meu número. Ela era estrangeira, e queria que eu escrevesse o pedido dela no papel.

— To nem ai.

— Que grosseira dona Gabrielly.

— Fala menos e dirige mais. — peço.

— Você está amiga de Sina né? Ela comentou sobre a festa que vai ter hoje. Mesmo eu estando com um pouco de trauma da ressaca, quero ir á essa festa. — ele continua a falar, sem se importar com a minha impaciência.

— Sim, estou amiga de Noah. E não, eu não vou nessa festa.

— E por que não?

— Porque eu não gosto de festas. Algum problema? — questiono e viro meu rosto para encara-lo, mas naquele exato momento meu celular vibrou, fazendo eu olhar para a tela acesa.

Era uma mensagem do Noah, querendo saber o que eu ia fazer depois da escola, com certeza ele queria me arrastar para algum lugar.

— Quem é? — Joshua pergunta, inclinando a cabeça para olhar o celular.

— Não é da sua conta, curioso. — desligo o celular rapidamente.

— Encontro com algum menino?! Parece que alguém vai beijar pela primeira vez. — gelei com a sua declaração.

— Como você sabe que eu nunca beijei? Tá me investigando, Beauchamp?

— Ah, qual é? Tá na cara de que você é. — ele da um riso estranho e eu franzo a testa. — Eu te dou motivos para isso estar na cara. Você é certinha demais para sair beijando os garotos as escondidas, e nunca te vi fazendo isso em público. — ele suspirou. — Você não aceitaria ficar com um garoto. Aliás, algum já pediu pra ficar com você? Acho isso totalmente impossível. — ele solta uma risada de deboche e eu viro para frente, surpresa com as suas palavras.

Continuei o caminho inteiro quieta. Impossível um garoto pedir pra ficar comigo? É isso mesmo que ele acha? Tudo bem. Posso não ser a garota cobiçada que todos os garotos caem aos pés ou fazem fila para ficar, mas eu também não sou tão terrível assim para ser impossível alguém pedir pra ficar comigo.

— Gabrielly? — Joshua me chama, quando eu saio do carro e começo a andar em passos acelerados para dentro do colégio. — Gabrielly! — ele chama novamente.

— Me deixa em paz, Kyle!! — não me dou ao trabalho de virar para falar aquilo, disse alto o suficiente para que algumas pessoas em volta olhassem.

— Para. — ele pede, gurando meu pulso. Ele para na minha frente e eu solto um longo suspiro. — O que foi?

— Já disse pra me deixar em paz, tá surdo? — repito impaciente. — Do mesmo jeito que será impossível alguém pedir pra ficar comigo, considere que nunca será possível alguém gostar de você verdadeiramente! Você nunca vai ser amado! Aprenda a viver sem o amor, Joshua. Você não vai conseguir.

— Para... Gabrielly, eu não disse aquilo pra te ofender. — ele tenta se defender e eu solto um riso sem humor.

— Mas ofendeu, e quando me ver ficando com alguém, vai retirar as palavras que disse. — aponto o dedo indicador no seu peito.

— Então você vai ficar com alguém só pra me mostrar que alguém ficaria com você? — ele questiona.

— Não preciso de alguém que apenas finja ficar comigo pra te impressionar. Diferente de você, eu consigo conquistar alguém apenas com uma conversa, não preciso oferecer uma noite de...

— Para Any! — ele diz impaciente, se aproximando de mim em passos firmes. Olhei para a sua mão e ela estava fechada, parecendo controlar a raiva.

— Está se ofendendo, Kyle? — aproximo meu rosto também, sem me intimidar.

— Você é uma garota muito mimada! — ele diz olhando nos meus olhos.

— E você é um mal amado. — retruco, sorrindo vitoriosa por sentir que ele se incomodou muito com o meu apelido. Ele aproximou mais o seu rosto do meu, olhando fundo nos meus olhos e sua respiração estava bem acelerada. — Tá se aproximando assim por quê? Quer me beijar?

— Se isso acontecesse, você ia se iludir muito fácil. Você seria apenas mais uma. — sua raiva já estava bem elevada, e eu tive que me segurar para não dar um tapa na cara dele. Respirei fundo e fechei os olhos por alguns segundos. — Me desculpe. Eu não quis... Não quis dizer isso.

Me afastei. Sem dizer uma palavra, dei as costas.

ミミミ

Tentei explicar as coisas da matéria para o Joshua o mais rápido possível, para que eu pudesse ir embora logo. Ele ficava me olhando durante as minhas explicações, e tentava dizer de todas as maneiras possíveis de que ele não queria ter dito aquilo na hora da entrada. Eu nem deveria ter me incomodando com a sua opinião.

— Quero que você vá a festa comigo. — Joshua fala enquanto estamos saindo da escola.

— Problema seu. Eu já tenho compromisso. — tento acelerar os passos mas ele pega no meu pulso. — Da pra me soltar? Tenho compromisso. — repito e me solto do seu aperto.

— Caramba Gabrielly, o que eu fiz pra você garota? Hoje acordou com a pá virada e resolveu ser agressiva comigo toda hora? — ele questiona. Eu paro de andar e fico na sua frente.

— O negócio é que você fala as coisas, faz as coisas e no final quando alguém fica te tratando mal você acha que a culpa é da pessoa. Que ela é assim. — começo a dizer irritada. — Mas já parou para se perguntar porquê ela ficou assim? Claro que não, porque o bonitão ai só pensa em si mesmo.

— Isso não é verdade. — ele diz entre dentes.

— Não?! Então antes de querer julgar porque eu estou desse jeito, porque não senta a porcaria do seu traseiro em um banco e reflete sobre todos os momentos que conversamos hoje. Vou te dar uma dica: conversa dentro do carro e conversa fora do carro.

— Eu já te falei que aquilo não era para te ofender, Gabrielly. Que droga! — eu já não tinha o que dizer, se ele não falasse qualquer coisa agora eu ia dar as costas e fingir que essa conversa nunca aconteceu. — Eu apenas quis dizer que mesmo se um garoto tivesse pedido pra ficar com você, você não ia aceitar. Isso é a coisa impossível. Você aceitar ficar com alguém é impossível.

— E o que te faz ter certeza disso?

— Porque você tem medo de que o seu primeiro beijo seja um fracasso. — ele diz tranquilamente. — Eu apenas queria te dar uma dica.

— Eu não vou ficar aqui vendo o garoto que já beijou mais de mil bocas, querer ser meu professor sobre como beijar. — cruzo os braços indignada. — Isso seria bem estranho.

— Então além de falar eu posso te ensinar. — ele diz malicioso.

— Eca! — faço uma careta.

— Seria tão ruim me beijar assim? — ele questiona, mesmo sabendo da resposta.

— Claro! Vai que eu pego herpes. — ele me olha incrédulo e eu seguro uma risada. — Diz logo a sua dica que eu quero ir embora.

— Tudo bem. Quando você for dar o seu primeiro beijo e estiver nervosa, é porque não é pra ser. Quero dizer que na verdade você vai estar nervosa, com um frio na barriga. Porém, se você confiar o suficiente na pessoa a vontade de beijar ela vai ser maior do que o seu medo. — o Joshua falando assim nem parecia ele.

— Quem é você e o que fez com o Joshua chato e imbecil que eu conheço? — ele revira os olhos e da um sorriso, que pela primeira vez foi um sorriso bonito. Digo na forma de não haver malícia ou qualquer tipo de coisas assim. — Mas mesmo assim, obrigada pela dica.

— E só para a sua informação. — ele segura meu pulso antes que eu dê as costas. — Não saio beijando qualquer garota por aí.

— Você é o Joshua Kyle Beauchamp, é claro que sai beijando qualquer uma por aí.

— Quando eu estiver apaixonado por alguma garota, Gabrielly, você vai retirar as palavras que disse. — dou uma risada forçada e jogo a cabeça pra trás.

— Então quer dizer que você vai se apaixonar? — pergunto surpresa.

— Não sei. A garota certa já pode ter aparecido. — eu espero, com todo o meu coração, que isso não tenha sido uma indireta pra mim.

Porque ficar com ele, ah... Isso sim é uma coisa totalmente impossível.