Capítulo 21
Estava uma brisa gelada, mas não me incomodava, eu estava distraída demais para pensar nos pelos do meu braço arrepiados. Joshua estava fazendo brincadeiras de jogar e morango no alto e fazê-lo cair na sua boca. Até agora, ele não errou nenhum. Eu apenas o observava.
— Você poderia tentar também. — ele sugeriu, mastigando seu morango.
— Eu sou um desastre em fazer essas coisas. Não invente! — pedi, o que fez ele abrir um sorriso.
Eu adorava aquele Joshua.
Ainda não concordei com o que ele disse sobre: ele ser a mesma pessoa comigo sempre. O garoto da festa não é esse garoto que está comigo agora. O garoto da festa, eu não tenho certeza se ele iria até a minha casa, se arriscaria em subir na minha janela para se desculpar e me distrair.
— Parece surreal. — ele comentou de repente. Franzi a testa por não saber sobre o que ele falava em específico. Seu olhar foi para o céu, e seus braços se apoiaram para trás. — Nós dois aqui, passando uma tarde juntos. Sem brigas.
— Eu até gosto desses momentos. — peguei um morango também e levei até a boca. — Esse está durando mais do que todos.
— Não vou deixar que você discuta comigo hoje. — ele assegurou, olhando para o meu rosto. Fiquei em silêncio, olhando para ele também. — Na hora que voltarmos, quer dirigir o meu carro? Você pareceu ter gostado dele.
— Eu não gosto de dirigir. — respondi depressa. — Nem tente.
— E por quê não? — ele quis saber. Desviei o olhar para a grama verde e abracei meus joelhos, soltando um grande suspiro.
— Meu pai morreu em um acidente de carro enquanto dirigia. — expliquei. — Não gosto nem de pensar em sentar no banco do motorista e tocar no volante.
— Você sabe que não vai poder viver assim para sempre. — ele avisou, cautelosamente.
— Eu tenho cicatrizes na barriga. Eu também estava no carro, assim como Noah. — continuei a explicação. — Estávamos voltando de uma sorveteria que eu insisti ao meu pai que fôssemos. E se talvez eu não tivesse insistido tanto, ele ainda estaria aqui.
— A culpa não é sua. — garantiu. Levantei o olhar para o seu rosto e dei um sorriso triste. — Quando algo está destinado para acontecer, você pode mover montanhas para que não aconteça, mas não vai dar certo.
— Essa é a primeira vez que eu falo sobre isso sem chorar ou ter os flashbacks. — revelei, sentindo uma pontada de orgulho de mim. Sei que meu pai estava comigo naquele momento, e ele estava também sentindo esse mesmo orgulho de mim. — Eu era pequena demais. Não tive momentos com ele tanto quanto o Noah teve, por isso, meus flashbacks são apenas de quando aconteceu o acidente.
— Ele está orgulhoso da garota que você se tornou. — Joshua sussurrou. — Eu não quero que você chore. Minha missão hoje é distrair a sua cabeça de assuntos que vão te fazer chorar.
— Depois eu com certeza vou sentir necessidade de chorar. — comentei, dando um sorriso. Mesmo que eu não chorasse naquele momento, meu peito estava apertado, como se o meu coração estivesse despedaçado.
Ele na verdade sempre esteve, desde o dia do acidente. Meu pai, como eu disse, estava comigo naquele momento; mas eu não podia abraça-lo. Eu não podia vê-lo. E isso me deixava mais angustiada e pensando: como teria sido se tivéssemos ficado em casa assistindo um filme?
Joshua pode estar certo sobre quando algo tem que acontecer. Mas talvez, se tivéssemos ficado em casa, o destino não permitiria que ele fosse naquele momento. Naquela semana. Naquele mês. Naquele ano.
— Qual vai ser o nosso próximo plano? — perguntei, me recuperando dos pensamentos. Eu precisava me distrair.
— O próximo? — Joshua repetiu e eu balancei a cabeça. — Uma balada?
— Eu não quero ver você ficando com 10 garotas em apenas uma noite. — fiz uma careta de nojo e ele deu risada. Isso é um pesadelo. — Ir para a balada com você, é um total pesadelo.
— Eu não vou ficar com garota alguma. — ele garantiu. Olhei desconfiada no fundo dos seus olhos, que não pareciam ter resquícios de mentiras.
— Eu não estou proibindo você. Se quiser, fique até com vinte garotas. — dei de ombros. — Mas longe de mim.
— Os beijos das garotas ultimamente estão sendo iguais demais. — Joshua balançou a cabeça. — Nenhum se encaixa com o meu. Isso é uma droga!
— Que problemão — fiz uma voz de ironia. — Como anda você e a Giulia?
— Ela está estranha comigo. — comentou. — Você percebeu como ela estava no dia do almoço?
— Talvez ela tenha percebido que foi uma pessoa horrível com todos e está tentando voltar a ser quem ela era? — sugeri.
— Eu não posso concordar ou discordar, porque eu não sei a pessoa que ela era antes.
— Pelo o que eu fiquei sabendo, era mil vezes melhor da garota que é agora. — falei, me lembrando da conversa que tive com Bailey, James e Sina sobre esse mesmo assunto. Os três disseram exatamente a mesma coisa. — Eu posso te fazer uma pergunta? Mas não quero que termine em discussão.
— Vamos ver aonde isso vai dar. Pergunte. — ele tirou o apoio dos braços da toalha e ajeitou a postura.
— Você não ficou com a consciência pesada quando ficou sabendo que James ficava com a Giulia, e ela simplesmente deixou ele para ficar com você?
— Giulia se atirou para cima de mim em uma festa que eu fui, e conheci todos do grupo. — ele começou a dizer, e me lembro da Sina ter dito a mesma coisa. — Apenas depois de várias vezes que eu fiquei com ela, descobri que ela ficava com o James. Ela não o queria, o que eu poderia fazer?
— Parar de ficar com ela? — espremi os olhos. Joshua soltou um sorriso e jogou a cabeça para trás.
— Você não entenderia o meu ponto de vista sobre esse assunto. — afirmou.
— Quero perguntar outra coisa. — ele balançou a cabeça em concordância. — Aquele dia no estacionamento o que você quis dizer com: o garoto que mente para conseguir o que quer?
Joshua fitou meu rosto por longos segundos, enquanto eu aguardava a sua resposta. Aquela foi a coisa mais confusa que ele já havia me dito. Nada como essa oportunidade de paz para perguntar o que eu quisesse.
— Eu não posso responder essa pergunta á você. — lamentou. — Um dia você vai entender o porquê dessa frase.
— Tem a ver com quem? — quis saber. Ele ficou em silêncio absoluto, e logo começou a assoviar. Percebi que não teria a minha resposta e esbocei um sorriso, balançando a cabeça negativamente.
— Eu estou curioso. — e comentou, levantando a cabeça para cima. — Eu sei que trouxe você aqui para se distrair de certo assunto. Mas o que você sentiu quando beijou Trevor?
— Eu fiquei nervosa quando a boca dele estava contra minha. — encolhi os ombros, sentindo vergonha só de lembrar da cena.
— Eu estou bem curioso mas é estranho pensar em duas pessoas se beijando. — Joshua fez uma careta de nojo e eu ergui as sobrancelhas, dando risada.
— Eu quem deveria achar nojento por imaginar as centenas de garotas que você já beijou. — coloquei a língua para fora e fiz careta também. Joshua olhou para mim. — Eca!
— Você vai falar com ele depois? — quis saber, me olhando com intensidade.
Eu não sei o que dizer á ele.
— Que tal: não gostei de beijar você? — sugeriu ele. Balancei a cabeça, não conseguindo evitar um sorriso.
— Ele deve beijar bem. — comentei, Joshua fez outra careta. — Eu que não soube beijar.
— Ou ás vezes ele quem beijou mal mas você acha que a culpa foi sua. — Joshua deu de ombros, como se aquilo realmente fosse uma opção de coisas que aconteceram.
— Tenho certeza de que a culpa foi minha. — garanti. — Mas quando eu ficar mais calma, vou conversar com ele.
ミミミ
O céu já estava escuro. A janela grande do quarto aonde Taylor estava, na casa dos Beauchamp, dava para se ver poucas estrelas por tantas luzes na cidade. Taylor e Sina estavam sentadas na cama, jogando alguma coisa que envolvia dados e dinheiro de mentira.
— Aonde você se meteu hoje à tarde? — perguntou Sina, chamando a minha atenção. Caminhei para a cama e me sentei no espaço que tinha, fazendo o colchão macio afundar.
— Ela saiu com o Josh. — Taylor disse com a voz animada e um sorriso malicioso nos lábios. Sina ergueu as sobrancelhas para mim.
— E aonde você se meteu ontem à noite? Eu precisava de você. — perguntei.
— Resolvemos ir para uma balada. — Sina apontou para Joshua. — Aconteceu alguma coisa no encontro? — ela quis saber, parando de dar atenção ao jogo. — Bailey me ligou hoje à tarde, querendo saber aonde você estava. Ele parecia preocupado. O que houve?
— Nós nos beijamos. — revelei baixo. Taylor não pareceu tão animada, mas porque ela com certeza não deveria saber que era meu primeiro beijo e de como foi desastroso. Mas mesmo sem saber de como foi, Sina deu um pulo na cama, o que fez o jogo delas bagunçarem, mas ela não deu atenção. — E foi horrível.
— Como é? — questionou Sina, agora, sem o seu sorriso alegre. — Não sabia que o Bailey beijava mal. Do jeito que as garotas caem matando em cima dele.
— Não foi isso que aconteceu. — Taylor afirmou, recebendo meu olhar de aprovação. — Era seu primeiro beijo? — perguntou. Balancei a cabeça positivamente e ela olhou para Sina como se dissesse: ai está o problema.
— Eu não sabia o que fazer. — contei, com vergonha. Nessa altura do campeonato, minhas bochechas já estavam quentes e consequentemente vermelhas.
— Ele foi impaciente com você depois do beijo? — Sina perguntou depressa. Eu balancei a cabeça negativamente e ela suspirou, parecendo estar relaxada por não ser aquilo.
— Nos beijamos uma vez. — comecei explicando. — E como se não bastasse eu ter já mostrado que não sabia beijar, fui tentar outro beijo. Foi pior do que o primeiro.
— Você devia estar bem nervosa. — Taylor fez uma careta de pena. — Mas não se preocupe. Bailey é um garoto legal. Converse com ele.
— Eu sai correndo depois. Não deu tempo de ele dizer absolutamente nada.
— Ele avisou que estaria ocupado agora a tarde. Mas que a noite dele estaria livre. — Sina cantarolou. — Mande uma mensagem para ele e peça para vocês se encontrarem.
— Eu não sei se é uma boa ideia. — passei a língua nos lábios e respirei fundo.
— Você não pode fugir dele para sempre. — Taylor intervém. Balancei a cabeça, eu com certeza sabia disso. Fazemos parte do mesmo grupo de amigos, e eu não sei como alguém não marcou encontro em todos nós ainda. — O que você e o Josh fizeram de bom essa tarde?
— Piquenique. — dei de ombros.
— Que coisa romântica. — Taylor gargalhou. — Bailey deve tomar cuidado.
— Eu e o Joshua somos apenas amigos, Taylor. — avisei, com a voz sem animação.
— O jeito que ele olha para você. Eu não sei se acredito nas suas palavras. — ela ergueu as sobrancelhas e deu um sorriso largo. — Eu conheço meu primo, Any. Ele não olha assim para qualquer garota.
— Você está vendo coisa. — revirei os olhos. Sina parecia não ter nada a declarar. Agora, eu não sei mais se ela achava uma boa ideia eu ficar passando tempo com o Joshua enquanto estava tendo algo com o Bailey. Ela não parecia ter mais a mesma animação de antes do convite do Bailey para o encontro, mas eu queria que ela soubesse, sem eu precisar dizer, que eu não iria ter essa falta de respeito com o Bailey.
Ouvimos batidas na porta e logo Taylor autorizando a entrada. Joshua apareceu entre a porta aperta, parecendo que tinha acabado de sair do banho pelos fios de cabelo molhado.
— Do que estavam falando? — ele quis saber.
— Nada demais. — Taylor fez uma careta. — Só estávamos comentando sobre você parecer estar apaixonado pela Any.
Joshua desviou seu olhar para mim e eu balancei a cabeça negativamente. Ele estava com o olhar surpreso, e havia mais alguma coisa que eu não conseguia distinguir. Minhas mãos estavam soando e meu coração acelerou.
— Quando quiser ir embora, me chame no meu quarto. — ele avisou. Balancei a cabeça em concordância e ele ficou me olhando por mais alguns segundos até deixar o quarto de Taylor.
— Como eu disse: ele te olha muito diferente. — disse Taylor.
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