Capítulo 13
Desci as escadas lentamente, para não cair, já que usava apenas meia e aquele piso parecia uma pista de gelo e que eu estava com os patins certos para deslizar.
Joshua estava na cozinha fazia um bom tempo, e eu precisava lembra-lo que estava ali para lhe ajudar a estudar, mas com ele desaparecendo desse jeito, as coisas se tornavam impossíveis. Eu precisava acelerar os estudos com ele.
— Joshua? — chamei, perdida sobre aonde seria a cozinha daquela casa enorme. Ouvi a sua voz em resposta, e continuei andando, até que ela pareceu mais próxima.
— [...] e eu preparei uma coisa para comermos. Desculpe, é a única coisa que eu sei fazer. — ao chegar na cozinha, vi seus ombros largos e suas costas nuas. Ele estava sem camisa. — E eu acho que eu exagerei um pouco. Feche os olhos! — ele pediu.
— Por que? — questionei.
— Finge que você é jurada de um programa, mas precisa experimentar as comidas de olhos vendados — ele sugeriu, e eu achei divertido. Ele olhou para trás por cima dos próprios ombros e então eu fechei os olhos.
— Não seja trapaceira. — pediu, e senti minhas mãos suando e meu coração acelerando quando percebi que ele se aproximava. Senti sua mão no meu queixo e abri a boca, quando a colher encostou nos meus lábios e eu experimentei o que ele havia feito. — Macarrão. Desculpe, é a única coisa que eu sei fazer.
— Primeira vez na vida que como massa no café da tarde. — sorri, abrindo meus olhos e perdendo o fôlego quando vi que ele estava sem camisa. Não que essa seja a primeira vez, já que algumas vezes nos finais dos jogos de lacrosse, ele fazia questão de tirar todos os equipamentos e correr pelo campo girando a camisa no alto. — Está... Espera! Isso ai tem molho de tomate? — apontei para a panela.
— Sim. Acho que exagerei um pouco, não acha? — ele me perguntou, inclinando a cabeça para o lado.
— Deus! Joshua. Eu tenho alergia a molho de tomate. — falei, segurando o pescoço do fingindo falta de ar. Seu rosto ficou pálido, tão pálido que ele poderia ser comparado á uma folha de sulfite, e apenas saberia que era uma pessoa, pelos seus lábios vermelhos e desenhados.
Joshua ficou imóvel, sem saber se deveria ou não fazer alguma coisa, enquanto eu fingia cada vez mais ter falta de ar.
— Eu estou brincando. — tirei as mãos do meu pescoço e Joshua ficou com o rosto sério, como se realmente não tivesse gostado nada da brincadeira. Tive certeza disso, quando ele deu as costas para mim e voltou para o fogão. — Foi apenas uma brincadeira, Joshua.
— Não faça mais isso. — ele pediu, seriamente, apoiando os braços musculosos na pedra escura que havia nos dois lados do fogão. — Nunca mais. — ele se virou para mim novamente, e pude ver seus olhos azulados, escuros. Sem brilho algum.
— Foi apenas uma brincadeira — repeti, dessa vez mais lentamente. — Não há necessidade de ficar desse jeito. Aliás, quem tem alergia com molho de tomate nem fica com falta de ar.
— Uma vez, na páscoa — ele começou. ― Praticamente obriguei a minha prima a comer chocolate. Eu a desafiei, mas sabia que ela não podia comer. Como eu era pequeno, pensei que fosse apenas um castigo que a minha tia havia dado a ela. Mas ela era alergia a chocolate. Fiquei assustado quando ela reclamou que não estava conseguindo respirar e tossia sem parar.
— Me desculpe. — pedi, me aproximando da bancada no meio da cozinha. — Da próxima vez, vou tentar brincar com algo que você não tenha trauma. — não tinha certeza se ele daria risada com o que eu falei, mas ele sorriu. Não foi o sorriso mais brilhante do mundo, mas foi o que fez com que eu não me sentisse tão culpada. — Vou buscar nossos materiais para estudarmos aqui.
— Você quer mesmo o macarrão? Eu posso preparar outra coisa. — ele perguntou, olhando para a panela no fogo.
— Não precisa. Está uma delícia. — elogiei, e ele pareceu ter orgulho da comida boa que conseguiu fazer. Antes de sair da cozinha, ainda de costas eu pedi: — E por favor, coloque sua camiseta. Você pode ficar gripado. E eu não recomendo ficar com gripe, é a pior coisa da vida.
ミミミ
Já era noite. Dava para se ver a neblina formada através da janela grande do café, não ajudando muito em questão a enxergar quem passava em frente. Sina estava sentada na minha frente, com a companhia do James ao seu lado, bebendo chá.
— Por que vocês não me contaram? — perguntei, virando meu rosto para encara-los. — Eu poderia ter me preparado. Vocês tem noção do estado de choque que eu fiquei?
— Nos ajude a te ajudar, meu anjo. — disse Sina — Está falando do que?
— Bailey me chamou para sair. — contei, mas é claro que eles já sabiam, não havia expressão alguma de surpresa nos seus olhares.
— E você aceitou? — James perguntou. — Ele me ligou ontem à noite. — contou com calma, levando seu copo de chá até a boca. — Depois deve ter falado com a Sina.
— Aceitou? — dessa vez, Sina perguntou, parecendo ansiosa pela minha resposta.
— Aceitei. — encolhi os ombros e pensei naquele instante se havia feito o certo. Ou se eu deveria ter dito não e pedirmos para continuarmos amigos. — Deveria ter dito não?
— Não podemos responder isso á você — James franziu a testa, como se eu tivesse acabado de falar a coisa mais absurda que já ouviu. — Se você queria aceitar, aceitava. Se não queria, apenas dizia não.
— Eu queria. falei, como se ele tivesse me feito uma pergunta. — Eu acho. — completei baixo.
— Então resolvido. Já estou até pensando na...
— Oi, galera. Que bom encontrar vocês aqui. — uma voz feminina atrapalhou Sina. Sem nem ao menos ser convidada, Giulia se sentou ao meu lado, puxando o copo de chá do James a sua frente, que não questionou. — Pareciam concentrados no assunto. Falavam sobre o que?
— Nad...
— O encontro que a Any vai ter com o Bailey. — Sina me cortou, se divertindo com a expressão do seu rosto. — Apenas isso. — completou.
— Encontro? Com o Bailey? — Giulia virou o rosto para me encarar, e eu assenti lentamente.
— Isso ai. Posso escrever no papel aqui se quiser. — Sina deu um sorriso falso para Giulia, que não se intimidou.
Eu fiquei um pouco confusa em relação a não saber se elas se tratavam assim antes, ou tudo começou porque eu cheguei. Eu sabia que a Giulia se incomodava com a minha presença. Ela poderia ter dito algo para todo o grupo, que Sina pode não ter gostado muito, por estar próxima de mim. Ou não.
— Bem, para você ter aceitado, sabe o jeito que o Bailey é. Não sabe? — ela perguntou, dando um sorriso de lado parecendo querer me desafiar.Mas naquela noite, eu não estava afim de jogos.
— C-como assim?
— Ah, você sabe. Ele gosta de garotas maduras. — ela bebeu um pouco do chá, me dando poucos segundos para raciocinar. Então, voltou a falar. — Que faz aquelas maquiagens fortes. Que usa aquelas roupas um tanto provocativas. Poucas coisas. — sorriu sem mostrar os dentes. O canudo por onde ela bebia o chá, estava manchado de batom na cor rosa queimado, que combinava com o seu cabelo. — Tenho certeza que você vai saber escolher o que vestir e como se maquiar. Mas... Quer a minha ajuda?
— Ela não quer, Giulia. — Sina disse firme.
— Desculpe, Sina. Mas eu sei do que estou falando. Sei como o Bailey é já que nós dois tivemos algo no passado. — ela provocou ainda mais, dando um olhar felino para mim. Eu não fiquei surpresa, Joshua já havia me contado antes de ir embora da sua casa.
Percebi o quão aquilo deixou o James constrangido. A garota que ele gostava e com certeza ainda sentia alguma coisa, falando sobre os relacionamentos passados, que consequentemente eram pessoas do mesmo grupo que frequentava. A maneira que ela dizia aquelas coisas sem nem ao menos se importar com os sentimentos dele, me deixou com raiva.
— Se o Bailey me chamou para sair, me vendo todas as vezes sem maquiagem. Me vendo com as roupas que eu gosto de usar que não são provocativas, e eu não faço questão de que seja. É porque ele não se incomoda com nada que faz parte da minha personalidade. — retruquei, com a voz mais suave possível. Eu não queria que ela visse o poder que tinha de me deixar com uma raiva incontrolável. — Eu não sou você, Giulia!
— Você precisava de alguns conselhos. — ela respondeu. E parece que a minha calma alimentava a sua raiva.
— Não. Você achava que eu precisava de alguns conselhos. — falei, prometendo para mim mesma que seria a última vez que eu retrucaria alguma coisa naquela noite, que envolvesse a Giulia. — Se eu precisar, entro em contato. — alfinetei pela última vez.
Ela saiu, sem dizer uma palavra. Sem retrucar. Sem provocar.
Quando ela já estava distante o suficiente, eu soltei um suspiro longo e aliviado. Levantei os olhos para Sina, que tinha um sorriso largo no rosto. Logo olhei para o James, que tinha um olhar surpreso.
— Peguei pesado? — fiz uma careta.
— Claro que não, garota! Você foi ótima. — Sina levantou a mão para que eu batesse com a minha.
— Sim, foi mesmo. — James concordou com a Sina em voz baixa. E eu sabia, que a presença da Giulia, e as coisas que ela falou, o afetou muito.
Meu celular vibrou várias vezes em cima da mesa, me fazendo pega-lo rapidamente e ver que eram mensagens de Noah, querendo saber aonde eu estava.
Não quero parecer um irmão chato, mas eu estou preocupado com você. Aonde está?
Balancei a cabeça e revirei os olhos, sua preocupação até que chega a ser engraçada. E por um momento, eu imaginei meu pai me mandando essas mensagens. Porque muitas das vezes, Noah se comportava como o meu pai.
Na cafeteria com James e Sina. Não vou demorar muito para ir embora.
Logo ele respondeu.
Roubou os meus amigos. Não esqueça de me trazer meu cappuccino favorito, estava com vontade de toma-lo mesmo. Tome cuidado!
— Você e o Bailey já estão na fase de sorrir quando recebem as mensagens? — Sina perguntou para mim.
— É o Noah, reclamando que eu roubei vocês dele. — Sina sorriu junto comigo, mas já James, apenas forçou um sorriso. E tentou mais ainda, quando percebeu meu olhar sobre ele.
— A Giulia é uma idiota, James. — Sina colocou a mão no meu ombro. — Você sabe disso. Any sabe disso. Eu sei disso. Todos sabem disso.
— Não seja insensível, Sina. — pedi baixo.
— Eu sou mais idiota ainda por ainda me importar com ela e com o que ela diz ele falou cabisbaixo.
— Você precisa superar. — Sina insistiu, dessa vez, colocando o braço em volta do seu ombro e levantou a outra mão livre, olhando para nada em específico. — E o que isso significa?
— Nem vem, Sina. — James tirou a mão da garota em volta do seu pescoço, como se já soubesse bem o que ela falaria.
— Festa. — ela sussurrou e sorriu para mim. — Dessa vez, vocês não tem como fugir.
— Temos sim, com apenas um não. — James tentou acabar com a animação da Sina, que não se intimidou. Ela disse diretamente para mim, ignorando James:
— Alguns caras que eu conheço da faculdade vai dar uma festa muito louca amanhã.
— Você não faz faculdade. — James franziu a testa.
— Mas isso não me impede que eu crie amigos que fazem faculdade. — Sina deu uma leve cotovelada em James. — Todos gostam da mamãe, aqui, Jamezi.
— Jamezi? — repeti, levando as mais até a boca segurando um sorriso.
— É um apelido idiota que a Sina criou. — ele deu de ombros. — E eu não vou á essa festa.
— Any, me ajuda dessa vez — Sina implorou.
— Talvez pode até ser legal, James. — tentei convence-lo, surpreendendo ambos.
— Eu quero a Any que eu conheço de volta. — James protestou, me fazendo dar risada. — Festas são um tédio, Gabrielly. Você sabe disso tanto quanto eu.
— Pare de ser chato! Você é jovem! Precisa apreciar a vida. — disse Sina.
— Eu posso muito bem fazer isso no conforto da minha casa. — ele cruzou os braços e ergueu as sobrancelhas.
Eu gostaria de apostar com Sina sobre ela conseguir ou não convence-lo a ir. Se eu apostasse que ele aceitaria, estaria arriscando perder. Porém, eu poderia ter a chance de ganhar.
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