Prólogo (Segunda Parte)
Era um dos dias mais atarefados no FBI. Eram tantas coisas a se fazer, que Gordon mal notou o arquivo de fontes desconhecidas que chegou em seu computador.
Não parecia possível não notar aquele arquivo tão estranho, em um formato estranho e que fazia a tela de seu computador piscar.
Mas Gordon não percebeu. Ele estava no telefone com um agente de campo.
-Diga a Near que não podemos fazer nada se há um novo Kira a solta. Esse caso é dele e o FBI tem outros problemas para tratar. Sabemos que a situação é de vital importância, mas a guerra na Síria está nos ocupando muito tempo, além dos desejos do Presidente... Sim, eu entendo...-falou Gordon, anotando em seu tablet as informações passadas pelo agente.-Verei o que posso fazer. Diga a Near que tentaremos ajudar no caso.
O agente finalmente desligou e Gordon girou em sua cadeira, suspirando.
Josh, seu colega, estava apoiado em sua mesa perto da dele e sorriu.
-Foi o N de novo?-perguntou ele, tomando um gole de café.
-Foi. Esse novo Kira parece pior que o anterior.-disse Gordon, antes de se virar para o seu computador.-Não sei como isso poderia ser possível, mas é o que Near está dizendo. Ao que parece, ele encontrou uma nova maneira de matar.
-Esses serial killers sempre se superam, não é mesmo?-disse Josh, se aproximando da mesa de seu companheiro.
-É o que parece...-Gordon acabara de notar o que estava acontecendo em seu monitor. A tela oscilava em cores estranhas e havia um pequeno botão na tela escrito "abrir".-Mas que diabos...?
-Não faço ideia. É melhor chamar o chefe.-disse Josh.
Ele apertou um botão no telefone e uma secretária mal humorada atendeu.
-Diga ao Chefe que é urgente. Chegou uma mensagem de fontes e formato desconhecidos.-falou ele rapidamente no telefone, antes de desligar.
Não demorou quase nada para que o Chefe chegasse. Seus cabelos eram grisalhos e ele tinha um bigode cinza e grosso do qual ele muito se orgulhava. Seus olhos castanhos estavam escondidos atrás de seus óculos quadrados e seu físico era muito bom para um homem de mais de sessenta anos.
-Espero que isso seja algo que valha o meu tempo, Rains. Não quero mais nenhuma de suas baboseiras.-falou ele.
-Na verdade, senhor, eu que recebi a mensagem.-disse Gordon.
O olhar rabugento de seu superior se agravou.
-O mesmo vale para você, Tracy.-ele cuspiu as palavras.
Seu chefe se apoiou na escrivaninha de Gordon e olhou o monitor. Seu rosto ficou sério de uma maneira que nenhum dos dois oficiais havia visto antes.
-O que acha que pode ser? Algo vindo do Estado Islâmico, talvez?-opinou Josh, olhando o monitor.
-Não.-disse a oficial Kirano, se aproximando dos três.-Os padrões de mensagem de grupos terroristas é bem diferente. Seja quem for, ele só quer que o FBI saiba do que está havendo.-disse ela.
-Talvez seja algo que apenas o FBI possa encarar como um desafio, ou que apenas o FBI possa decifrar.-falou Josh.
-Seja o que for-disse Gordon.-A pessoa que enviou não queria que civis soubessem da existência dessa mensagem.
-Pois então, mandou ao lugar certo.-disse o Chefe, se erguendo novamente e fazendo um gesto para o oficial que controlava a projeção dos monitores da sala, onde apareciam estatísticas mundiais de várias coisas.-Projete o monitor 13 em todas as telas. E cuide para que possamos ouvir muito bem o que esses caras tem a dizer.
O oficial não precisou pedir para que ele repetisse. Logo, todos os monitores da sala estavam preenchidos com a mesma imagem oscilante e com aquela única palavra visível.
"Abrir". Dizia a mensagem. Todos na sala sabiam os riscos de abrir aquilo.
Todas as ligações foram interrompidas, todos os outros monitores, desligados e o silêncio reinou enquanto mais de trinta oficiais de alta patente do FBI olhavam para as telas distribuídas na sala.
-Pode abrir, Tracy.-disse o chefe.
Gordon assentiu uma vez e moveu o mouse até o botão. Naquele momento, toda a sala pareceu prender a respiração.
O clique do mouse foi ouvido em toda a sala. E logo, todos os monitores ficaram escuros. Uma linha de frequência apareceu na tela, completamente esticada, já que ninguém havia falado nada.
"Não prometo que terminarei esta mensagem, eles podem me achar, correção, vão me achar, mas antes disso devo contar-lhe o objetivo dessa mensagem: Salvar-nos."
A voz naquela mensagem era bem diferente do que Gordon esperava. Não havia nenhum tipo de criptografia. E ao fundo, podia-se ouvir uma língua estranha sendo falada. Provavelmente, a mensagem estava traduzida.
-Identifiquem essa língua de fundo.-mandou o chefe.
-Estamos fazendo isso agora.-disse uma oficial de cabelos ruivos presos em um coque.
"Vou explicar os detalhes ao longo da narração, mas antes isso deve ser transmitido:
Vocês são a única esperança da humanidade."
-Senhor, segundo nossa análise, a língua não faz parte de nenhum dos dialetos e línguas registrados. Mas o computador encontrou pequenas semelhanças léxicas com o português brasileiro.-relatou um homem com traços japoneses.
-Não é uma língua registrada? Mas as chances disso se aproximam do zero porcento...-sussurrou a oficial Kirano, perto de Gordon.
-Estão fazendo cópias disso?-perguntou o Chefe.
-Sim senhor. Mandaremos para análise assim que a mensagem acabar.-falou outra oficial.
"A Terra que vocês conhecem acabou. Soube que vocês, do século XXI (século para o qual esta mensagem está sendo enviada) tinham alianças entre os países e eram unidos na maior parte do tempo. Aqui é cada um por si.
Parem de pensar no presente para pensar num passado próximo, que para mim, em 4014 é mais do que extremamente distante.
Ainda no ano 1943, no meio da Segunda Guerra Mundial, quando várias experiências estavam sendo feitas e muitas inovações tecnológicas (para a época) eram criadas, no dia 2 de Novembro, cientistas iniciaram um novo experimento, colocando água fechada e tampada em uma garrafa por cem anos, com substâncias químicas orgânicas de um meteorito que havia caído na terra"
-4014?-perguntou Josh, estreitando os olhos enquanto eles ouviam a mensagem.-Mas o que...?
-Isso só pode ser algum tipo de brincadeira...-falou o Chefe, cruzando os braços.
Passados esses cem anos, aqueles que serão seus herdeiros descobriram um novo ser. Este não era peixe ou um ser marinho qualquer. Era pequeno, negro e tinha o formato da ponta de uma lança. E, por todos esses motivos,esse ser foi chamado SpikeWater.
-SpikeWater?-perguntou Gordon.
Tudo aquilo parecia irreal, digno de um filme de ficção científica. Mas se era realmente assim, por que Gordon sentia que deveria acreditar nas palavras daquela menina?
" Ao passar dos anos, fora descoberto que esse ser se desenvolvia pelo menos, mais de três mil de vezes mais rápido que seres humanos."
A sala de comando começou ficar bagunçada e movimentada de novo. Todos se perguntavam a mesma coisa. Se perguntavam se poderia haver alguma verdade naquelas palavras, ou se alguém havia resolvido brincar com a cara de uma das maiores equipes de investigação do mundo.
" É por causa desses seres que hoje devo fugir.
Os SpikeWater's, apesar de serem tão bons ou melhores que nós no sentido mental, não tinham emoções ou sentimentos tão evoluídos como nós seres humanos, eram incapazes de amar, odiar, enraivecer ou entristecer.
Queriam e ainda querem e pretendem nos dizimar. Iniciaram assim uma guerra, para que o objetivo deles fosse alcançado.
Conseguimos contê-los por um tempo, antes que nossas próprias alianças internas fossem corrompidas.
Em 4009, a tortura global começou. Os SpikeWaters já haviam conquistado os países do norte (com exceção da Alemanha, Espanha, Inglaterra e Grécia que uniram suas forças) também os países africanos e asiáticos.
Agora se dirigiam para cá, um lugar repleto de riquezas naturais e com um grande poder em ascensão.
Mas não era uma guerra como você pensa. Era uma guerra sem sangue, era feita de acordos para o controle total dos SpikeWaters e caso este fosse negado, câmaras de gás, vrectos e estupros aconteciam, até que o governo cedesse o controle.
Essa era a gurra na qual eu ia me meter, acompanhada de quatro jovens habilidosos.
A mensagem foi pausada. Gordon olhou para a mão que não o pertencia em seu mouse.
-Essa é a maior baboseira que eu já ouvi em todos os meus anos de carreira. É um insulto ao FBI.-disse o Chefe.
-Mas... Chefe... Comandante Carter...-chamou a oficial Kirano.-Não deveríamos ao menos ouvir até o fim?
-Se vocês apreciam ficção científica, continuem a ouvir. Mas enquanto isso, eu vou descobrir de onde essa mensagem veio e quem a enviou. Isso só pode ter sido uma distração para algo maior.-disse o Comandante.
-S-senhor...-chamou a oficial de coque.
-O que foi, oficial Greenstreet?-perguntou o Chefe, irritado.
-Aqui há um arquivo anexo...-disse ela, apontando para um canto da tela projetada onde havia uma bolinha vermelha.
Gordon clicou na bolinha. Várias fotografias e documentos apareceram.
Gordon clicou no primeiro arquivo de vídeo. Era de um tanque cheio d'água, onde um cardume de estranhos peixes pontudos nadavam de um lado a outro.
-Retire esses efeitos especiais.-ordenou o Comandante Carter.
-Não há efeitos, senhor. É uma gravação legítima.-informou um oficial.
O silêncio se instaurou na sala.
-Retirem tudo isso da tela. Agora.-disse o Chefe.
As telas escureceram e apenas o monitor de Gordon iluminava a sala.
-Eu não quero ouvir ninguém falar sobre esse assunto. Quem insistir será demitido. Estão avisados.-disse o Comandante.-E eu quero que o HD desse computador seja destruído. Agora.
A oficial Kirano se mexeu, desconfortável, perto de Gordon. Três agentes se levantaram e levaram o computador embora em instantes.
Gordon apenas se virou e ligou o leptop de emergências. Todos os outros computadores foram ligados na mesma hora e as luzes foram todas acesas.
Os monitores voltaram a mostrar as estatísticas de sempre e os oficiais voltaram a suas cadeiras. Josh deu um tapinha nas costas de Gordon que não olhou para ele.
O Comandante se retirou e a agente Kirano o Seguiu a passos largos.
Em pouco tempo, todos pareciam ter esquecido o misterioso e agora perdido para sempre arquivo de áudio.
Mas Gordon não partilhava dessa memória curta.
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