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Capítulo Sete

Olhei para o estranho na minha frente, que parecia ser um, dois anos mais velho que eu, provavelmente. Ele me encarava de volta, com seus olhos alertas, porém determinados. Ele abriu a boca para falar, o que me fez precisar de um momento para que pudesse me concentrar em suas palavras, e não em seus lábios.
-Peter.-Ele diz, mantendo sua voz em volume baixo, de maneira que a cautela ficasse mais que aparente.-E esta é Gina, minha prima.
-O que fazem aqui? Por que estão nos seguindo?-Perguntei logo de uma vez, estreitando meus olhos, sentindo a desconfiança me invadir em um turbilhão.
-Estamos fugindo. Não temos comida. Esperávamos que vocês deixassem restos de comida aqui para nós.-Foi a vez da menina falar, mantendo seu olhar fixo em Theo, o que não me agradou muito.-E esperávamos que vocês tivessem informações sobre colônias de SpikeWaters, porque sabe, vingança é bom.
-Eles dizem a verdade.-Disse Sarah, olhando para Peter e logo depois para Gina.
Como ela podia saber? Olhei para o menino que se chamava Peter. Havia dor e sofrimento no seu olhar, ele realmente parecia estar com fome e sem chão, mas por trás de toda aquela mágoa, eu vi um fogo ardente da determinação de alguém que queria desesperadamente vingança,
-Juntem-se a nós.-Sugeri, sem pensar. -Iremos para um lugar melhor que essa cidade. Pretendemos acabar com essa raça nogenta e destrutiva de SpikeWaters. Temos um plano.-Eu disse, de uma vez, usando palavras frias por não confiar naquele casal.

Theo me olhou com desconfiança. Ele parecia não confiar em Peter e Gina, assim como eu, mas percebi que precisaria de mais aliados se quisesse sair viva daquela missão.
Eu encarei Theo por alguns segundos, tentando mostrar a ele o que eu pensava.
-Venham.-Disse Theo se rendendo ao meu olhar.
Sorri para ele. Sarah pegou dus maçãs e deu para os novos 'companheiros'. A ideia de ter aliados se tornava ruim, vista por esse lado, já que teríamos que bancá-los.
Sentei-me ao lado de Theo, que estava um pouco afastado da maioria dos adolescentes. Ele olhava para o sol que se punha atrás dos prédios de obsidiana.
-Não confio nesses dois.-Falou Theo me olhando por um momento, claramente preocupado.
-Ei calma. Todos precisam de aliados, e além disso, estamos em maior número e armados.-Digo segurando sua mão, para confortá-lo.
Ele retribui o gesto, entrelaçando seus dedos nos meus e fazendo meu estômago instantaneamente revirar.
-E se tudo der errado?-Ele perguntou, apreensivo, olhando para a fuligem no chão.
-Não vai dar. Você vai voltar pra sua mãe e eu para meus irmãos.-Respondo, me aproximando dele.
Ele então aproxima os lábios de meu ouvido com um sorriso no rosto.
-Pelo menos eu tenho certeza de uma coisa.-Ele diz, fazendo eu me arrepiar dos pés à cabeça. Eu passei a odiar a resposta que meu corpo tinhas ações dele, afinal, o conhecia fazia apenas um dia e meio.
-O que?-Digo em seu ouvido, fazendo com que ele fechasse os olhos momentaneamente, enquanto o rascunho de um sorriso convencido passava pelo seu belo rosto.
-Que vou morrer feliz por ter feito isso.-Ele responde, aproximando seus lábios dos meus.
E então, como se lesse meus pensamentos, Theo acaba com todo o espaço entre nós, unindo nossos lábios em um beijo calmo e constante, que me fez querer mil vezes mais e assim, eu intensifiquei o beijo, puxando-o mais pra perto e colocando as mãos em seu pescoço, enquanto as mãos dele fora, para a minha cintura, me puxando para perto e fazendo todo o meu corpo vibrar em resposta,
Ele me fez sair daquele mundo cruel pelo menos uma vez, me fez esquecer de todos os problemas, como se houvesse apenas eu, ele e o espaço profundo.
O beijo acabou e meus lábios estavam inchados. Eu olhei para Theo mais uma vez e percebi o quão cansada estava. Resolvi dormir ali mesmo, com a cabeça apoiada no peito de Theo, em seu leito portátil.
Nada mais me importava. Theo estava comigo.

∆∆∆

Acordo antes do Solário aparecer. Theo ainda está adormecido, mas Peter já acordou, estando sentado em cima de uma viga de metal e olhando para os prédios que se erguiam alto no céu, já as meninas estavam dormindo, também calmas e tranquilas.
Peter me olhou enquanto me aproximava dele, antes que eu me sentasse ao lado dele e ele voltasse seus olhos castanhos para o Teto Azul, que estava em tons de vermelho pela aurora.
-Seu namorado ainda desconfia de mim?-Ele pergunta, esfregando as mãos por causa do frio da manhã.
-Ele não é meu namorado.-Digo, ligeiramente decepcionada por percebeu que realmente não tínhamos nada.-Mas sim. Ele ainda está meio desconfiado.
-Não venha com essa.-Fala Peter, me olhando sem nenhuma credibilidade em seus olhos.-Eu vi o beijo. Vocês ficam bonitos juntos.
-Ah...-Não sabia como reagir àquele comentário, não estava preparada pra ele.-E Gina? Ela é sua prima mesmo?
-Minha prima de segundo grau. Não temos nada.-Ele diz com uma voz um pouco triste
-Você queria que tivesse.-Eu falo, antes que ele negue rapidamente com a cabeça.
-Já quis.-Ele diz, meio seco.-Sarah...Ela parece legal.
-Ah, tá de olho na Sarah, né?-Disse eu, o empurrando de brincadeira.
Ele enrubesceu. Olhei para os outrossim integrantes de nosso pequeno grupo. Theo havia acordado e olhava para nós, com um ar um pouco irritado.
Ele estava com ciúmes! Não pude evitar de sorrir para ele, visto a reação que teve ao me ver brincando com Peter, ah, se ele soubesse o tema da conversa...
-A Bela Adormecida acordou!-Brinquei, rindo do cabelo espantando de Theo.
Ele sorriu e veio até nós. Ele me deu um beijinho na bochecha e apertou a mão de Peter, agora de bom humor.
-Eu ouvi a parte sobre Sarah.-Ele diz se sentando ao meu lado, com um suspiro alto.
Peter olhou para o chão, clara,este envergonhado com a temática da conversa.
-Ei!-Theo falou, rindo da reação temerosa do garoto.-Ela falou pra mim que achou você... "Gatinho".-Ele fez aspas com os dedos.
Peter deu um sorriso de canto e seus olhos se perderam em algum ponto entre a parede do pédio ao nosso lado e o asfalto.
Gina começou a se mexer e Sarah abriu os olhos, ainda sonolenta.
Ouvi uma risada compulsiva a distância. HighStars, e não eram poucos.
Todos pareceram compreender o que aquele som significava, e olhares alarmados foram trocados entrem nós.
-Devemos ir.-Disse Sarah, pigarreando e expulsando todo o sono de sua voz.
Olhei para o Solário, que nascia gradativamente, colorindo o Teto Azul com um tom alaranjado belíssimo.
Me levantei em um salto, limpei a minha calça preta de couro, ajudei Gina a se levantar e puz-me a correr.
Mas um dia que se iniciava. Mas uma chance de morrer na mão daqueles diabos drogados ou na dos nojentos dos SWs.
Sarah estava ao meu lado e sorria. Parece que a adrenalina faz-nos feliz e não desesperados por nossas vidas. Os sons de passos ecoavam pela rua vazia, fazendo com que pássaros robóticos se assustassem e voassem para longe.
Olhei para o outro lado. Theo ria ao meu lado, enquanto corria.
-Mais um dia perfeito, não?-Pergunta Gina, me ultrapassando, com um sorriso vitorioso no rosto.
-Vamos matar alguns drogados.-Disse para Peter, o ultrapassando antes que esse virasse o jogo, em meio a risadas.

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