Carrie

Decidi contar para Theo e Sarah sobre essa sombra estranha. Andamos um pouco e paramos para beber água olhei para o relógio, vendo que já eram três horas e eu não havia comido nada desde que havia saído da casa de Elizia. Sugeri para Theo e Sarah que nós parássemos para comer e descansar um pouco, afinal, nós andávamos havia horas. Sarah ficou apreensiva, mas acabou por topar.
Cada um estendeu seu leito térmico portátil no chão, em um canto escuro de uma das ruas perto de uma favela destruída pelas guerras nucleares em 3000, onde não havia nada além de vigas de aço e fuligem.
Theo acendeu a unidade de calor, fazendo que uma luz fraca brilhasse, iluminando o lugar um pouco. Eu afastei as vigas para perto de uma pilha gigante das mesmas, encostada num canto onde havia uma grande tábua de alumínio.
Comemos sanduíches não-perecíveis que a mãe deles nos preparou e tomamos um gole de água cada um. Sarah parecia cada vez mais nervosa com alguma coisa, batia o pé e seus olhos passeavam inquietos pelo local, atentos a tudo, analisando cada espaço, cada viga, cada movimento na rua.
-Que houve Sarah?-Finalmente perguntei a ela, com uma sobrancelha erguida. Decididamente havia alguma coisa errada.
Ela me olhou, seus olhos refletiam puro terror. Notei que Theo parecia tão desconfortável quanto eu diante daquela situação. Ver Sarah desse jeito fazia a urgência brotar em minha mente, como um alarme contínuo e desesperador.
-Você não sente?-Ela diz, em a um meio sussurro.-Estamos sendo vigiados.
-Sobre isso...-Eu comecei, olhando para baixo. Sarah me olha cada vez mais apavorada, com seus olhos castanhos arregalados.
-O que?-diz Theo inquieto, também olhando pra mim.
-Desde que eu fugi, tenho essa sensação. De que algo ou alguém está nos seguindo.-digo baixo, olhando para o chão.-Eu vi uma sombra noite passada, enquanto estava na varanda. Theo viu também, e hoje, quando aquela HighStar atacou, eu o vi mais uma vez, seja lá quem ele for.
-Sei, mas não é disso que estou falando. Esse cara de quem você fala não nos segue, ele aparece nos lugares. Dessa vez, é diferente. Tem alguém aqui, agora, nesse cantinho escuro. Eu sei disso. Eu posso ouvir a respiração falha de um deles.-Falou Sarah, revirando os olhos impaciente por um momento, antes que a apreensão a tomasse por completo.
Virei a cabeça para o lado, confusa, me perguntando do que ela estaria falando.
Ouço alguém espirrar a minha esquerda, onde haviam apenas sombras entre a pilha de vigas de aço inoxidável e a placa de alumínio, grande o suficiente para esconder duas pessoas.
-Sua idiota!-Sussurra uma voz masculina, alto o suficiente para ouvirmos, que estava claramente alarmada com a falha de seu companheiro.-Eles nos acharão e nos matarão por causa do seu maldito nariz!

Peter

Aqueles garotos podiam ter alguma informação, mas Gina é claro que Gina cometeria alguma falha. Ela nunca conseguia cumprir as coisas como deveria. Sempre tem que estragar tudo.
Olhei para ela furioso, enquanto ela evitava me encarar, totalmente ciente de como acabara de comprometer o plano que tracei para deter os SpikeWaters, responsáveis pela morte de toda minha família e pela prisão de meus tios, país de Gina.
-Sua idiota!-Gritei meio que como em um sussurro.-Eles nos acharão e nos matarão por causa do seu maldito nariz!-Eu falei, nervoso com a situação. Gina não disse uma palavra, apenas olhou para cima, me fazendo notar as três sombras humanas que pairavam sobre nós.
Olho para cima e vejo aquele menino de olhos azuis e cabelos negros, rodeado pelas duas meninas que o acompanhavam, uma que parecia ser irmã do menino, com os mesmos cabelos castanhos e uma outra, loura e com olhos castanhos. Esta me olhava com uma curiosidade quase palpável, provavelmente se perguntando o porquê de estarem sendo observados por nós.
-Quem são vocês e o que fazem aqui?-A voz do menino de cabelos negros saiu pela sua boca, quase como um chiado venenoso.
Sabia que estava morto. E senão estava, logo estaria. Mas enquanto esperava a morte chegar, a melhor coisa que poderia fazer era observar o rosto daquele anjo a minha frente, cujos cabelos dourados estavam soltos, caindo em castacata, brilhando a luz do sol da tarde e os olhos castanhos pareciam mais claros. Cujos lábios bem desenhados e finos a tornavam mais perfeita, em todos os sentidos.
E ainda havia a garota de cabelos ondulados e castanhos, extremamente longos, tinha um rosto oval, e olhos castanhos extremamente expressivos. Sua pele era morena pelo sol e Seus lábios eram fartos e claros, tornando-a ainda mais bela. Sua beleza porém, eram muito mais mundana, carnal e, para todos os efeitos, tão bem formada que poderia encantar qualquer um que desejasse.

"E agora, paro de relatar esse acontecimento para frisar o quão importante foi esse encontro. Peter e Gina foram essenciais para que hoje eu obtivesse sucesso, mesmo que este seja momentâneo.
Se hoje há chance de parar esses monstros fantasiados de humanos, é devido ao espirro de Gina, que pareceu vir em momento importuno, mas que foi acabou sendo a chave para a vitória. Entender-se-há quando a história se desenrolar mais.
Gina, a primeira vista, me pareceu uma garotinha indefesa, mas mal eu sabia que estava diante da garota mais determinada do mundo! Seus cabelos castanhos claros e muito curtos, em um corte extremamente na moda, combinavam perfeitamente com seus olhos castanhos e lábios bem marcados. Seu rosto era fino, e não há ninguém neste mundo que tenha uma beleza comparada a dela.
Peter era o mais velho e mais maduro de todos nós. Seus cabelos castanhos escuros, cacheados e nunca organizados davam a ele um ar de mais velho e seus olhos castanhos muito escuros tornavam seu olhar muito intenso, penetrante. Seus lábios eram finos, e sua barba estava por fazer. Seu físico era perfeito, e suas roupas sempre eram negras, não importa a ocasião.
Os dois eram primos, ambos determinados e fortes, ambos guerreiros e teimosos. Foi meu orgulho e prazer algum dia poder ter esbarrado com eles."