Peter encostou em mim e eu me senti gasosa, olhei para minha mão e vi que não podia vê-la muito bem, parecia fumaça, até finalmente desaparecer completamente. O SpikeWater estacou no lugar, parecendo confuso. Tinha olhos amarelos e suas pupilas eram lineares na horizontal.
Este se camuflava para parecer humano, mas estava com os olhos desprotegidos, que aliás, era a maior diferença entre nossas espécies. Ele passou através de mim, digo, literalmente, ele passou onde eu estava. Senti meu corpo se expandir e voltar ao normal.
Peter ainda estava de mãos dadas comigo, me sentou no banco e pôs óculos escuros em mim. Então me soltou e eu gradativamente voltei ao normal. O que havia acontecido ali? Olhei para Theo que parecia ter se divertido com cena, mas gostaria de saber o por quê.
Na estação que o SpikeWater parou eu virei para Peter olhando seus olhos castanhos que pareciam distantes e preocupados ao mesmo tempo.
-O que foi aquilo?-Pergunto de maneira um tanto indignada.
-Uma invensão que meu pai havia feito há um tempo. Antes de morrer.-Disse mostrando um aparelho parecido com um ZinfyNet.-Meu pai era inventor. É um protótipo dele. Basicamente, te deixa invisível.
-Tá. Mas o que houve quando aquele SW passou através de mim?
-Ah, isso. Não sei ao certo como funciona, mas ele fez suas moléculas se separarem quando passa através de algo. Era um experimento para batalhas. Quando aquela coisa passou por você suas moléculas se afastaram, e assim que ele saiu do seu espaço, elas foram se unindo formando primeiro orgãos depois ossos, músculo e pele e só depois da pele suas roupas. Fazendo o mesmo esquema de primeiro roupas de baixo até os casacos.-Diz ele, dando de ombros.
Não acreditei que Theo era tão babaca. Vi Sarah lhe dar um tapão no braço e ele guinchar de dor, afagando o lugar onde ela havia batido, enquanto Gina reprimia um sorriso.
Eu revirei os olhos e suspirei, pegando uma barrinha de comida para beliscar enquanto via a projeção holográfica em três dimensões de um filme antigo qualquer, sobre a história da nossa cidade, fundada havia quase três milênios.
Passadas algumas horas o trem parou na nossa estação, primeiro eu desci, depois Peter, Theo, Sarah e Gina.
Era um enorme vale coberto de grama verdejante e completamente silencioso, sem ninguém por perto para atrapalhar a nossa fuga para que eu pudesse gravar está mensagem a vocês, do século XXI.
Nós andamos por algum tempo, precisávamos chegar na floresta rapidamente, antes que nos encontrassem.
Eu ouvi um barulho alto. Parecia algum tipo de música, mas muito diferente do tipo com que eu estava acostumada. E quanto mais andávamos, mais alto ficava.
-Meu Deus.-Diz Gina perplexa, olhando à frente.
-É uma Gimbra.-Diz Peter ao meu lado, baixinho, parecendo não crer naquilo que seus olhos viam.
Eu arregalo os olhos e me viro para Theo. Ele parece tão assustado quanto eu, olhando o pequeno arco de concreto, com uma escada que dava para baixo, guardado por dois seguranças altos, que não escondiam seus olhos bizarros.
Havia uma placa holográfica dizendo "Conjunto 23-E", que significava que já havia mais de uma centena de outras Gimbras espalhados pelo estado, o que não melhorava nada a situação dos humanos.
Era simplesmente, uma toca de SpikeWaters, onde dormiam, procriavam, se alimentavam, trabalhavam e principalmente, torturavam pessoas indefesas. Eu senti a raiva infla,ar no meu peito e eu tive que me controlar para não tirar a arma da mochila, vendo os dois SW's na entrada conversarem normalmente, rindo alto, como se estivessem completamente seguros. Dois disparos. Era isso que era necessário. Dois disparos no lugar certo e eu livraria o mundo de dois daqueles monstros.
Até eu notar o campo de força ao redor da entrada, quase invisível. Não sei se o aparelho estranho de Peter ajudaria nisso.

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Sei que esse capítulo tá muito pequenininho, mas eu tô sem tempo para fazer maior, me desculpem. :-/