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Eles jantaram no mesmo lugar que na noite anterior e depois andaram por alguns instantes, passeando entre as ruas lotadas e enfeitadas. Chan não tinha muito o costume de sair a noite, a única coisa que podia tira-lo de casa depois das nove horas era as apresentações em bares que geralmente terminavam tarde ou felix que tinha se metido em alguma confusão e precisava do ruivo para sair da delegacia, como já aconteceu três vezes.
Se sentia cheio com o lamen e meio cansado, mas ainda seguiu changbin entre as ruas tortuosas. O azulado vez ou outra falava sobre alguma coisa, mas chris o via distraído no telefone, conversando com alguém ou apenas trocando a música do fone de ouvido, tal qual eles tentavam dividir enquanto andavam por aí. Por conta disso, eles precisaram ficar próximos, mais do que chan estava acostumado. E não que possuísse algum medo do menor — talvez tivesse um pouco, mas nada que realmente fosse alarmante — mas estar próximo dele e sentir um pouquinho do seu perfume já era o suficiente para deixá-lo nervoso. Seu coração parecia uma escola de samba em dia de competição, estava tão atrapalhado que às vezes trocava o pé direito pelo esquerdo e até mesmo tropeçava nos cadarços.
Em seus tropeções e esbarrões, changbin ria das suas ações impensadas, de uma forma que não deixava christopher envergonhado por ser um completo desastre quando estava nervoso. Ver o baterista rir era adorável, seus olhos se fechavam e seu nariz ficava enrugadinho, o tornando menor que já era. Quanto mais o via sorrir e rir das suas bobeiras, mas queria fazê-lo mostrar mais.
— então, seu humor tá melhor? — changbin indagou, sentado em um banco qualquer de uma praça que acharam em suas caminhadas. Eles ainda dividiam o fone, por mais que a música estivesse bastante baixa.
O local era aberto e bem iluminado, por ser um pouco tarde, somente algumas pessoas se exercitavam ao redor, andando em círculos pelo ambiente ou até conversando baixinho. O banco onde eles estavam era em um canto mais reservado, onde eles podiam observar as pessoas sem precisar realmente fazer parte do cenário. Como espectadores.
— um pouco. — admitiu se encostando no banco, sua postura desfazendo lentamente. Estava realmente cansado.
— um pouco? — o azulado repetiu olhando para chan com as sobrancelhas franzidas. — eu te alimentei e coloquei minha playlist preferida pra você ouvir, o que mais você quer?
— um beijinho. — fez um bico e fechou os olhos, abrindo os braços para que o menor viesse em sua direção, por mais que soubesse que não receberia nada além de um resmungo.
— não vai rolar, cabeção. — empurrou sua testa usando dois dedos. — você não faz o meu tipo.
— e qual é o seu tipo?
— por que? Tá interessado? — olhou para christopher com uma sobrancelha erguida, um sorrisinho presunçoso cresceu em seus lábios. Chan poderia mordê-lo agora mesmo, ele era tão fofo.
— e se eu estiver? O que você vai fazer? — o olhou de perto, admirando seus olhos cor de obsidiana.
— vou te dar um conselho de amigo e te mandar cair na real, você não tem chances. — se aproximou mais, o bastante para que seus narizes estivessem a centímetros de distância. O ar ficou pesado por um instante, e chan vacilou, olhando para seus lábios.
Suas pernas viraram gelatina junto com os resquícios de neurônios que possuía em sua mente, e ele ficou completamente imóvel olhando para changbin, como se ele fosse medusa e tivesse transformado o ruivo em pedra. O azulado de repente se afastou, olhando para os pés. O clima entre eles pesou e chan não soube contornar a situação, não queria deixá-lo constrangido.
— hm, então. — coçando a garganta, o baterista tentou mudar de assunto. — o que você faz de divertido nos fins de semana? — indagou, enfim olhando para o homem ainda imóvel ao seu lado.
— geralmente fico em casa vendo televisão ou dormindo, não costumo sair. Todos os lugares que felix me chama pra sair são barulhentos e cheio de pessoas, e na maior parte das vezes ele some pra se agarrar com alguém, e ficar sozinho em um ambiente claustrofóbico como uma boate não é nada agradável, isso eu te garanto.
— nunca fui em uma boate, nem balada. — confessou em um murmúrio.
— pede pro felix te levar em uma, ele sempre tá atrás de companhia que saiba dirigir e não tenha o nome sujo na polícia.
— acho que prefiro ficar trabalhando na lanchonete da minha mãe, parece mais tranquilo.
— mas por que você nunca foi em uma? — indagou, virando seu corpo na direção do baixinho, mostrando que estava interessado em sua resposta.
— olha pra mim, você acha que alguém como eu saí em um sábado à noite pra balada? — chris o fitou, não vendo nada que o tirasse do "típico jovem adulto que sairia numa noite para encher a cara". — e também, seungmin prefere passar a madrugada vendo joguinho de RPG na internet do que ter uma interação social normal.
— ele me parece bastante sociável. — constatou o australiano.
— é charminho pra conquistar o minho, aquele cretino é o maior antisocial que eu já conheci. Consegue ser pior que eu.
— ele e o minho? — demonstrou surpresa, pois nunca imaginou que era por conta disso que o kim se aproximou de minho. — agora tudo faz sentido.
— você é muito devagar, hein.
— qual é? Como eu ia saber? — exclamou indignado. Changbin o olhou descrente.
— eles só faltam se beijar na frente de todo mundo, como você não notou?
— não fico prestando atenção nos namoricos dos meus amigos, sabia? É estranho. Pra mim eles são só crianças. — cruzou os braços, observando o céu. Parecia que uma tempestade estava se aproximando.
Changbin balançou a cabeça em negação, descrente com as falas do mais velho. Por mais alguns instantes, a dupla apenas ficou em silêncio, no fone tocava Every Shade Of Blue, que trouxe um clima agradável para a quietude entre eles. Quando os primeiros pingos de chuva caíram, todos que estavam na praça saíram correndo atrás de um abrigo, a ventania que veio também agredia o rosto de quem estivesse na rua, balançando suas sombrinhas e seus guarda chuva. Chan usou o casaco que vestia para proteger changbin, correndo ao lado do menor pela rua, ambos ensopados até a orelha. Viraram em várias placas até acharem um abrigo, um barzinho que estava lotado de pessoas que seguiram até lá com o mesmo objetivo.
— o que a gente faz? — o azulado indagou, ainda com a jaqueta de chan nos ombros.
— eu disse que gente devia ter vindo de carro. — resmungou o bang, praticamente grudado no rapaz baixinho. Changbin apenas rolou os olhos. — plano B, vamos pra minha casa, é a mais próxima daqui.
— tínhamos um plano A?
— sim, que era achar um lugar pra esperar a chuva diminuir um pouco.
— tenho medo do plano C. — chan abafou uma risada ao notar como changbin estava encolhidinho ao seu lado. Parecia tão inofensivo, pena que o ruivo sabia que ele podia ser alguém rude quando queria. — vamos sair logo daqui, essa gente toda me dá agonia, sem falar o fato que eu tô todo molhado e grudento.
— tão reclamão. — chan penteou o cabelo para trás, juntando coragem para sair correndo, arrastando o azulado pela mão.
Não previram que até chegarem à residência do bang, a chuva aumentaria gradativamente, como um aviso para eles serem mais atentos aos avisos jornalísticos quanto à repentina tempestade de verão que ameaçou cair naquela noite. Chan destrancou a porta com certa dificuldade, porque, digamos que não era nem um pouco simples realizar essa ação com um certo garoto batendo os dentes de frio e resmungando o quanto odiava a vida e o universo. O ruivo deixou que changbin entrasse primeiro, fechando a porta em seguida, abafando um súbito trovão acompanhado de um raio, que riscou o céu e explodiu um dos postes de energia próximo ao condomínio de christopher. Em um piscar, a dupla foi tomada pelo breu.
— marrentinho? Onde você tá? — chamou pelo azulado, caminhando cautelosamente pelo escuro.
Esbarrou em alguns móveis até trombar com changbin.
— você pisou no meu pé! — o baterista bradou, empurrando o mais velho.
— eu tava te procurando, seu chato! — esbravejou de volta, cambaleando pelo escuro.
— mas custava pisar no meu pé?
— não sei se você percebeu mas acabou a energia, então é meio óbvio que eu não tô enxergando!
Os dois se encolheram quando outro trovão estremeceu as paredes, cessando sua briga sem sentido.
— tem vela na cozinha, eu acho. Mas primeiro vamos trocar de roupa, não quero pegar um resfriado, e aposto que você também não. — chan disse, porém changbin não parecia muito satisfeito. — escuta gatinho, a luz deve voltar logo, então vem comigo. — encostou a mão em suas costas, como um incentivo para o azulado segui-lo.
— esse seria um ótimo momento pra você me chamar de changbin. — o ruivo riu baixinho.
— nem nos seus sonhos, marrentinho. — o empurrou sutilmente em direção às escadas. Ou pelo menos achava que por aquele caminho era o andar de cima da residência.
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