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Depois de ter seus machucados tratados por minho, chan puxou felix até a cozinha, obrigando ele a ficar de pé e mancar até o outro cômodo. O ruivo estava fervendo de raiva, prestes a explodir e levar o lee junto para os confins do tártaro.
Jisung rezou pela alma de felix quando o bang passou arrastando ele.
— se senta. — mandou soltando seu pulso. O rosado puxou a cadeira perto da mesa e se sentou, olhando para o outro australiano andar de um lado para o outro, apertando o espaço entre as sobrancelhas, como sempre fazia quando tinha enxaqueca. — que merda você tem na cabeça? Por que você tá sempre se metendo em confusão? Você não é uma criança, yongbok, pare de agir como uma e vire adulto de uma vez. — tentou soar calmo mas a vontade de gritar se amontoava na sua garganta como um bolo difícil de engolir.
— será que você pode me deixar falar!? — se exaltou ficando irritado. Odiava quando christopher o chamava de criança. — você nem sabe o que aconteceu e já tá despejando um monte de merda!
— não preciso saber o que aconteceu pra ter noção isso seria facilmente evitado se você deixasse de ser um adolescente burro e virasse um adulto!
— então a culpa é minha!?
— e de quem mais séria? Minha? Pelo amor de deus, você quem procura por isso!
— eu não fiz nada! — tentou se defender, ficando de pé para encarar o outro olho a olho. — só fui buscar o jeongin na sala como sempre faço e uns caras do clube de natação me pegaram. Eles me bateram, christopher, eu não procurei por isso!
— não procurou? Yongbok, olha na minha cara e diz que você não tava pegando a namorada de um desses caras. Me fala. — felix ficou em silêncio. — você sabe muito bem o que acontece quando se mete com gente comprometida, mas parece que nunca vai aprender a lição! Vai esperar o que? Que o jeongin apanhe no seu lugar de novo!? — o rosado virou o rosto, se encolhendo. Chan coçou a cabeça, tentando achar paciência. — se você continuar assim, sabe as consequências e elas não são nem um pouco boas.
— às vezes parece que você só espera a oportunidade pra falar isso. O que você quer de mim, afinal? Quer que eu vire um santinho?
— quero que você comece a se importar com as pessoas ao seu redor. O mundo não gira ao seu redor, felix. Sabe o quanto isso machuca o jeongin?
— tava demorando. — ele revirou os olhos.
— no dia que o jisung afastar jeongin de você, não diga que eu não avisei. — bateu um dedo no peito do outro, olhando atentamente para ele. Felix franziu as sobrancelhas, retribuindo o olhar mortífero. Ele era o único que conseguia bater de frente com chan quando ele ficava verdadeiramente irritado, talvez por terem temperamentos similares. O restante dos meninos sempre se afastava quando os dois perdiam o controle.
— o jeongin não faria isso comigo. — disse ríspido, a voz grave ecoando pelo cômodo. Chan não recuou, ao contrário, continuou olhando fixamente para o rosto do outro contorcido numa expressão de ódio. — eu não entendo porque você sempre se mete na minha vida, mas pode ir parando. O que acontece comigo é problema meu, e você não deveria ficar envolvendo o jeongin nisso. Se acha que pode usar ele pra me disciplinar tá muito enganado. — felix recuo meramente, mostrando que aquela conversa tinha chegado ao fim. — sabe o que eu acho? Você é insuportável e intrometido, finge que quer o bem de todo mundo mas na verdade só tem medo de ficar sozinho, por isso banca o bom samaritano como se nunca tivesse errado na vida. Deve ser por isso que seus pais foram embora. — cuspiu as últimas palavras, dando as costas para o bang.
E ele se foi, deixando chan boquiaberto e petrificado no meio da cozinha. O mundo ficou silencioso de repente, como se alguém tivesse colocado ele no mudo. Todos da banda sabiam que falar sobre aquele assunto era proibido, e felix tinha pegado isso e jogado na sua cara sem mostrar o menor remorso. Tudo bem, às vezes ele realmente era autoritário demais e intrometido, mas usar seus pais para fortalecer seu trauma de abandono abalou totalmente o ruivo. Tentou conter as lágrimas quando a silhueta de changbin surgiu, ele veio caminhando acanhado na sua direção, parecia preocupado e encabulado.
— minho levou todo mundo embora depois que vocês começaram a discutir. — changbin disse escondendo as mãos nos bolsos da calça. — você tá bem?
— sim. — enfim piscou, esfregando os olhos em seguida. — me desculpa pela confusão toda que aconteceu, não era pra ser assim.
— relaxa, acontece.
Tinha um clima horrível entre eles, e o baixinho notou isso rapidamente, como também notou o jeito que aquela discussão deixou o mais velho estranho. Chan não sabia dizer se ele tinha escutado as coisas que eles falaram, mas esperava que não. Havia coisas que ele ainda não estava pronto para falar, e desejava que changbin entendesse.
— por que você não foi embora com os outros? — não soube se tinha soado grosseiro, por mais que sua voz estivesse alguns timbres mais baixos pelo choro que teve que estancar.
— sei lá. — deu de ombro, olhando para seus pés. — só quis ficar para garantir que nem você e nem o Patrick estrela se matariam.
— parece que não foi dessa vez que você presenciou um assassino.
— ah, que pena, tava ansioso pra conhecer o IML. — chan deixou escapar uma risada fraca, movendo a cabeça para os lados. — mas sério ruivo, você tá bem? Tipo, não deu pra escutar nada do que vocês estavam falando, mas o sardento saiu daqui batendo às portas e aquele cara altão foi atrás dele.
— eu tô bem, não precisa se preocupar.
— não tô preocupado, só quero saber da fofoca. — chan estreitou os olhos na direção do baixinho, que deu um sorriso enorme, de mentira, obviamente.
— você é impossível, marrentinho. — changbin deu de ombros, se encostando no balcão da pia ao lado do australiano. — quer que eu te leve em casa?
— levando em consideração que perdi meu busão pra ouvir uma fofoca inacabada, então sim, eu aceito.
Chan revirou os olhos com um sorriso pequeno escondido pela dureza das linhas do seu rosto, ainda estava irritado com tudo que aconteceu, e chateado com felix, apesar de saber que ele só tinha dito aquilo da boca pra fora e que provavelmente amanhã pediria desculpa
Ele empurrou o azulado pelos ombros até a sala, onde pegou as chaves do carro e da casa, tudo junto em um chaveiro que tinha um lobinho cinza na ponta. Tinha ganhado de minho em um parque de diversões. Era mais um pedido de desculpa do que um presente. Nesse dia o loiro vomitou na sua roupa depois deles irem no carrinho bate-bate, e chan só não fez minho conhecer a vida após a morte porque jeongin e felix o seguraram, já que jisung estava ocupado demais rindo. Foi um dia traumático para chan e minho e divertido para o resto dos meninos.
Ele desligou o alarme do carro e destrancou as portas, entrando no banco do motorista com changbin do lado. O azulado jogou a mochila no banco de trás e colocou o cinto, olhando de soslaio para o bang manobrando o automóvel para fora da garagem.
— ruivo.
— hm?
— você sabe dirigir mesmo, né? — chan o encarou brevemente. — não confio em você no volante. Na verdade, não confio em você em nenhum momento.
— você literalmente veio de carro até aqui comigo mais cedo, por que isso agora?
— porque você é perturbado. Vai que decidi matar a gente.
— por que eu faria algo estúpido assim? — changbin deu de ombros. — você é muito paranóico, gatinho.
— você nunca vai me chamar de changbin?
— você nunca vai me chamar de chan? — devolveu a pergunta, colocando o carro na estrada.
— com certeza não.
— então eu também não vou te chamar pelo nome.
— justo.
O assunto tinha acabado ali e changbin fez questão de não tentar falar com o australiano de novo até chegar em seu destino, afinal, ele parecia muito ocupado com o celular. Chan seguiu a risco as instruções do rapaz até o prédio onde morava, sempre olhando para ele quando tinha a oportunidade. Era noite, talvez seis ou sete horas, e as luzes da cidade estavam todas acesas, refletindo nos vidros do carro, e principalmente em changbin. Ele parecia tão intocável de cabeça baixa em direção ao celular e enrolando uma mecha de cabelo no dedo indicador, alheio demais para notar o ruivo praticamente o devorando com os olhos, tão minuciosamente que começou a se sentir estranho. Quando o sinal abriu, chris voltou sua atenção a estrada, repetindo mentalmente para deixar de ser um completo esquisitão.
O prédio onde o azulado morava era em uma área afastada da faculdade, mas a poucos quilômetros da sua casa. A construção era nova e moderna, se bem tinha contado, deveria ter mais de sete andares e fazia parte de um complexo de prédios idênticos, todos lado a lado. Changbin buscou sua mochila na parte de trás do automóvel e guardou o celular, descendo assim que chan parou numa vaga livre do outro lado da rua. O ruivo também desceu ao notar que o baixinho tinha esquecido a caixinha do seu ipod no cantinho do banco, ele esperou o trânsito fechar para conseguir atravessar até o outro lado, evitando dessa vez chamá-lo pelo tanto de gente na rua. Não iria passar pelo mesmo constrangido três vezes.
Estranhou quando viu uma mulher ao seu lado, eles tinham alturas semelhantes e parecia ser muito íntima dele. O braço da mulher de cabelo curto e loiro — meio platinado — estava por cima dos ombros do seo, e ela falava em um sotaque inglês forte. Changbin não parecia incomodado com sua aproximação, o que deixou o australiano com a pulga atrás da orelha. Ela parecia ter uns trinta ou quarenta anos, apesar do corpo bem trabalhado e conservado, talvez comparecesse regularmente à academia pelas roupas que usava. Ao se aproximar um pouco mais com a caixinha do fone do menor na mão, ela mudou o idioma, desta vez falando em um coreano perfeito.
— changbin. — o chamou assim que ultrapassou sua timidez, e tanto changbin quanto a mulher se viraram para ele. Chan ficou admirado pela tatuagem de borboleta que cobria o pomo de adão da mulher, não era como as tradicionais em uma cor só, era colorida e parecia real, como se fosse saltar da sua pele branca como quartzo. — você esqueceu. — conseguiu erguer a mão apesar de estar tremendo por dentro. A mulher tinha olhos azuis e conseguia ser tão intimidante quanto changbin, seus jeitos analíticos e suas composturas eram iguais.
— ah, valeu. — ele pegou a caixinha do fone e guardou no bolso. — é, hm, essa é a minha mãe. — ele manuseio a cabeça na direção da mulher de cabelo platinado e olhos azuis escuros, eram quase verdes de tão intensos e profundos. Chan quis sair correndo, mas ao invés disso deu um sorriso simpático, inclinando levemente o corpo na direção da mulher em sinal de respeito.
Estranhou um pouco, afinal a mulher da lanchonete não se parecia nem um pouco com essa.
— me chamo liam. — ela dispensou a tradicionalidade para apertar sua mão com força, sorrindo gentil. O australiano tinha certeza que já tinha ouvido esse nome em algum lugar, mas sua memória era tão ruim quanto sua capacidade para comer coisas apimentadas. — é um prazer conhecer outro amigo do meu garotinho que não seja o seungmin.
— mãe!
— o que? Eu gosto do minnie, ele é um ótimo menino, mas você precisa de conhecer mais gente e socializar. — ela voltou seu olhar para chan que parecia tão constrangido quanto changbin. — qual é o seu nome?
— bang chan ou christopher, tanto faz.
— oh, christopher é um bom nome. Você é estrangeiro também?
— sim, nasci aqui mas cresci na Austrália.
— que incrível! — ela exclamou maravilhada. Changbin ao seu lado coçou a testa, querendo se fundir com o concreto do chão e evapora. — sou do Canadá, mas decidimos nos mudar pra cá porque changbin não conseguiu se adaptar muito bem por lá. — ela levou seus olhos ao menino de cabelo azul e bochechas levemente coradas, novamente passando o braço por seus ombros. — não quer jantar conosco hoje? Vai ser um prazer ter um novo amigo do chang em nossa casa. Você é muito bem vindo.
— aposta que ele tem coisa melhor pra fazer, não é?— changbin sorriu forçadamente em sua direção, e chris quis rir.
— vou adorar jantar com vocês. — devolveu o sorriso gentil de liam, enquanto changbin tencionou a mandíbula e quase rangeu os dentes.
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