06%
O dia tinha amanhecido lindo para chan.
Parecia que tudo finalmente estava em seu devido lugar. Ele tomou café da manhã enquanto cantarolava Know Me Too Well que tocava em seus fones de ouvidos. Se arrumou para faculdade sem pensar no tempo, sempre cantando e dançando pelos corredores da casa espaçosa.
Com a notícia que jeongin tinha pegado carona com Felix, ele seguiu feliz da vida para faculdade. Realmente o dia estava lindo naquela manhã, o azul celeste inundando o céu, as nuvens vez ou outra surgindo, como se estivesse dando olá para chan. E não negaria que se sentia nas nuvens, enfim poderia começar a ensaiar pra valer, estava tão entusiasmado com aquele concurso que nem sabia pôr em palavras. Era um tanto competitivo, não negava, e queria vencer aquilo, não somente por causa do prêmio — que era uma viagem para um resort — mas também porque aquilo traria uma boa lembrança para seus amigos. Com certeza eles sairiam daquela experiência com uma lição de vida.
Quando chegou no instituto, andou radiante até o prédio principal, de lá, ele seguiu até o teatro para ensaiar com seus colegas e passar o tempo até a hora do almoço. Chan cumprimentou um conhecido e outro, sempre sorrindo e simpático. Ah, com certeza aquele dia prometia ser incrível se seguisse como planejado. À tarde, na hora do almoço, juntaria todos da banda para começar a planejar os ensaios, e quem sabe escolher até a música que tocaram no show. Seria incrível já ter tudo pronto, economizaria tempo. Eles ainda tinham algumas apresentações naquela semana, os bares por quem já era conhecido tinham chamado eles de novo. 3rd Eye era um atração que alguns pagavam para ver, e isso aumentava o ego do ruivo.
Se surpreendeu ao ver rostos novos na sala onde seu curso ensaiava. Sana se aproximou dele depois de se despedir ligeiramente de uma garota alta de cabelo castanho, ela veio saltitante em sua direção, passando o braço pelos ombros do bang, mesmo que para isso tivesse que ficar na pontinha dos pés.
— a galera da nutrição veio ajudar a gente com o cenário, acredita? Eles são uns amores. — ela disse, arrastando o ruivo até o meio da sala.
Se as pessoas desse curso estavam ali, changbin também estava. Olhou ao redor, tentando achar uma figura pequena de cabelo azul, mas não o viu em nenhum lugar. Depois que conseguiu fugir da japonesa, ele vasculhou o teatro consideravelmente pequeno atrás do baixinho. A apresentação do seu curso não seria ali, na verdade, eles só usavam aquele lugar por conta do ar condicionado, mas todas as apresentações seriam ao ar livre, perto do auditório. Seus veteranos tiveram a ideia de fazer alguns cartazes com informações e outras coisas para apresentação, então deduziu que foi para isso que as pessoas do outro curso vieram.
Quando estava conformado que changbin não estava ali como os outros, o citado entrou no cômodo com sua típica cara de tédio, ao seu lado, um cara alto o segurava pelos ombros, praticamente empurrando ele para dentro. Chan sorriu inconscientemente com sua chegada, pensando em ir até lá, mas o cara não desgrudou de changbin em momento nenhum, pendurado em seu pescoço como um bicho preguiça. Rapidamente o australiano desfez o sorriso e fechou a cara, seu bom humor indo embora num piscar de olhos.
— jooyeon, o que você tá fazendo aqui, cara? — um dos seus colegas de biologia marinha indagou, indo até o rapaz de cabelo preto e mecha rosa que estava ao lado do seu baterista como uma árvore velha, imóvel e muito próxima do menor.
Lee jooyeon, se bem conhecia esse nome, ele era da banda que ia concorrer ao prêmio do concurso junto de gunil e seus amigos. Não sabia que changbin conhecia ele, e nem que eram amigos próximos, na verdade, jurava que o único amigo do seo era seungmin, mas talvez estivesse enganado.
Ele continuou no canto emburrado até o azulado conseguir se desvincular do meio abraço do lee, se afastando dele ligeiramente. Changbin notou o australiano perto do palco do teatro, indo até ele.
Jooyeon ainda gritou por changbin quando ele se aproximou de chan, dando tchau para o menor. O azulado retribuiu seu aceno com um sorriso. O ruivo estava ainda mais chateado por saber que changbin até mesmo sorria para jooyeon enquanto com ele era apenas tratado com patadas. Ele era seu rival, quis dizer ao menor, o trate como tal.
Espere, pensou, por que estou irritado? Ele olhou para jooyeon e depois para changbin, eles eram próximos, então era disso que sentia inveja? Por que eles eram amigos? Sim, só podia ser isso. Não tinha outro motivo para aquela irritação acabar com seu bom humor. Deu leves tapinhas nas bochechas para se recolocar nos eixos.
— então ruivo, e o nosso ensaio? Já tá programado?
— com saudades de ficar a sós comigo? — decidiu brincar, rindo da cara esquisita que changbin fez ao olhá-lo. Talvez seu humor não estivesse totalmente arruinado.
— não quero mais fazer parte da banda, tô fora. — disse, mas antes que pudesse ir embora, chan o segurou pela mão.
— não seja tão dramático, marrentinho. — continuou segurando changbin, seus dedos se enroscando nos dele casualmente. — a gente vai se juntar no almoço pra conversar.
— a gente?
— eu, você, os meninos da banda e o seungmin, se você quiser levar ele. Vai que assim você fica mais confortável com a gente.
— vou ver se ele pode ir. — disse virando o rosto, sua mão escorregou para fora dos dedos de chan com naturalidade, alguém tinha chamado pelo azulado de novo, talvez mais um amigo ou colega. Changbin se fora, e chan quis impedir. Queria passar mais tempo com ele, tinha tanta coisa para conversar quanto a banda e seus amigos, coisas que ele deveria saber antes de conversar com o restante dos meninos, mas quem queria enganar? Era só um pretexto. Só não queria que ele fosse embora.
Apesar disso, changbin sempre se manteve onde os olhos de chan pudessem alcançar, não era intencional, o lugar que estavam era pequeno mesmo. Seus veteranos se reuniram com os de nutrição e eles começaram a separar quem faria o que, chan ficou com a parte da decoração dos cartazes, ele e mais quatro pessoas, mas nenhuma delas era o seo. Pelo canto do olho, o ruivo notou changbin indo até um grupo com alguns de seus colegas, ele parecia deslocado, como uma peça fora do quebra cabeça. O bang quis ir até ele, fazer o menor se sentir confortável e falante, mesmo que fosse para ouvi-lo xingar, como sempre fazia.
Talvez esteja se preocupando demais.
Tentou focar na sua tarefa e deixar um pouco o seo de lado. Ele sabia se virar sozinho. Tentou se convencer disso, mas sempre se pegava olhando pro baixinho, inquieto com sua situação. Até teve sua atenção chamada por mark, um colega próximo que estava no segundo período de biologia marinha. O canadense era quem comandava sua equipe, apesar de ser um dos mais novos ali. Chan não se incomodou com isso, às vezes não ser o líder era bom.
Quando enfim foi liberado para almoçar, o ruivo procurou por changbin, mas ele tinha sumido, evaporado como num passe de mágica. Saiu do teatro olhando para todos os lados, buscando pelo baixinho, mas acabou desistindo depois de dez minutos dando voltas pelos corredores. Ele desceu até o refeitório, dessa vez focado em apenas chegar lá com vida, seu estômago colava nas costas de tanta fome, e além disso, queria ver seus amigos logo e falar pra eles que tinha conseguido convencer o baixinho marrento a entrar para banda. Só tinha conseguido falar isso pra minho pelo telefone, tentou contatar o restante dos garotos, mas as chamadas caíam na caixa postal. Sabia que jeongin dormia cedo, e jisung ficava até tarde estudando, e bom, felix saia pra beber sempre que podia, independente se fosse no meio de semana.
Quando chegou em seu destino, ele avistou a mesa que sempre ocupava com seus amigos, encontrando apenas jeongin e jisung. O han dormia com a cabeça apoiada no ombro do mais novo, enquanto ele lia um de seus vários livros sobre fantasia e romance. Decidiu se aproximar depois de pegar algo para comer na cantina, indo até eles em passos ligeiros, tentando não tropeçar nos cadarços.
— oi, crianças. — falou, ocupando a cadeira na frente dos mais novos. Jeongin acenou, sem tirar os olhos do livro. Jisung se limitou a erguer a mão, cochilando em seguida. — cadê o imbecil um e o imbecil dois?
— minho hyung já tá vindo, ele ficou ocupado com as coisas do festival. — jeongin informou. — felix hyung sumiu, provavelmente foi se agarrar com alguém. — concluiu tentando não transparecer seu desgosto, mas chan sabia que ele odiava quando o lee fazia isso. — você não deveria ter vindo com o changbin?
— o minho já contou a vocês? — indagou chateado. Queria ter sido ele a dar a notícia.
— uhum. — murmurou. — sabe que ele não consegue segurar a língua.
— minho é muito fofoqueiro. — o yang concordou balançando a cabeça.
Continuou comendo em silêncio, às vezes olhando ao redor. Ter perdido changbin de vista tinha estragado com seus planos, se soubesse, teria grudado nele minutos antes de bater o sinal, assim conseguiria arrastá-lo até o refeitório sem o perigo dele escapar.
Demorou um tempinho até minho aparecer, e se surpreendeu quando ele surgiu arrastando changbin junto com seungmin. Literalmente arrastando. O loiro segurava no pulso do menor enquanto o kim fazia o mesmo do outro lado, changbin vinha no meio, fumegando como um trem velho prestes a explodir. Tanto minho quanto seungmin tinham um sorriso na cara, vitoriosos, talvez.
Eles largaram o seo ao lado de chan como um saco de batata sendo entregue, e o ruivo agradeceu, sorrindo para changbin que parecia ainda mais irritado ao ter que sentar ao lado do maior. Chris teve certeza que viu o rastro de uma tatuagem na clavícula do menor, mas não tinha certeza, a camisa larga que ele vestia se ajeitou depois que ele cruzou os braços, então foi impossível dizer se era real ou se estava vendo coisa.
— a gente pegou o fujão quase indo embora. — seungmin quem disse, ocupando a cadeira ao lado de jisung, que acordou pelo susto de changbin chegando.
— eu não tava fugindo. — exprimiu com a mandíbula tensa, olhando atentamente para o kim, como se fosse matá-lo.
— então por que você tava indo pro portão? — minho indagou divertido, puxando a última cadeira livre para ficar perto de seungmin, deixando que chan lida-se com a pequena fera chamada seo changbin.
— não é da sua conta, caralho.
— olha o palavreado, changbin. — chris o repreendeu. — temos crianças na mesa. — olhou para jisung e jeongin. Agora acordado, o han dava atenção somente ao que o platinado mostrava a ele no livro que lia, ignorando os mais velhos.
— tô vendo dois cavalos velhos.
— cavalo é você. — minho rebateu. — e ainda rebaixado.
— olha aqui, seu filho da-
— okay! Vamos deixar isso pra lá! — chan aumentou a voz, o suficiente para abafar o que changbin iria dizer. Ele puxou o baixinho para se sentar e pediu para ele ignorar, mas o azulado parecia que iria pular no pescoço de minho, que ria exageradamente com seungmin.
— vamos começar sem o felix? — jeongin perguntou, agora olhando para chan e o restante dos presentes à mesa. Minho e jisung ficaram em silêncio, trocando um breve olhar como se estivesse conversando por telepatia. Minho sabia de algo.
— seria bom se ele estivesse aqui. — chan preferiu.
— quem é felix? — changbin indagou.
— o de cabelo rosa. — minho disse. — que tem sarda. Mais ou menos desse tamanho. — ergueu a mão alguns palmos acima da sua cabeça, mesmo que a altura deles fosse a mesma. — tá sempre colado com a gente, ou quase sempre.
— ah, acho que sei quem é. Ele não namorou com aquela garota que fazia moda? Que saiu da faculdade? — ele olhou para todos na mesa, e nenhum teve coragem de retribuir o olhar. Até mesmo chan parecia tenso com esse assunto.
— a gente não fala sobre isso, changbin. — sussurrou perto do seu ouvido, evitando que jeongin escutasse. — mas é, esse é o felix.
Um clima estranho se apossou da bolha deles, changbin e seungmin trocaram olhares confusos com aquela tensão que surgiu entre os integrantes da 3rd Eye. Jeongin parecia o mais afetado ali. Chan suspirou, pensando em algo para contornar a situação.
— então. — chamou atenção de todos. — acho melhor a gente se encontrar lá em casa pra falar sobre ensaio e essas coisas.
— odeio falar isso, mas o hyung tem razão. — jisung disse, recebendo um chute por debaixo da mesa do australiano. Ele teve um espasmo pelo susto e jeongin olhou seriamente para o australiano. Chan ergueu as mãos em defesa.
— vou ligar pra praga rosa e pedir pra ele aparecer no ensaio, caso ele não dê as caras, a gente começa sem ele. Precisamos começar a encaixar o azulão na banda o quanto mais, o concurso tá logo aí, praticamente com o pau pra fora prestes a nos foder. — minho disse.
— suas expressões são as piores. — seungmin proferiu com uma careta. Jeongin e jisung concordaram.
— eu tenho nome, viu. — changbin dissera, olhando para o lee.
— eu sei amorzinho, mas vou te chamar de azulão. Não gostou? Pinta o cabelo de verde. Se bem que isso só seria um pretexto pra te chamar de coringa, louco você já é, só falta as tatuagens e o batom borrado.
Novamente chan teve que segurar changbin para ele não avançar em minho, que ria nem um pouco discreto junto com seungmin. As pessoas ao redor olhavam tanto para eles que o ruivo quis afundar na cadeira e sumir. Eles eram tão escandalosos.
— changbin, fica quieto. — exprimiu o australiano entre os dentes. — minho, para de provocar ele. Da próxima vez, deixo o changbin te bater.
— seria uma honra apanhar da arara azul.
— lee minho!
— se eu sou arara azul, você é o que? A loira do banheiro?
— pelo amor de deus, chega.
— cala a boca, azulzinho.
— não me mande calar a boca, oxigenado!
— eu tô indo embora. — jeongin juntou suas coisas e puxou jisung pela mão, a fim de levantá-lo. — boa sorte, chan hyung. Você vem, seungmin hyung?
O kim prontamente ficou de pé, indo com eles. Minho e changbin ficaram para trás trocando ofensas, uma pior que a outra. Chan olhou para seus amigos indo embora e se sentiu traído, havia sido deixado com dois loucos que chamavam mais atenção que um estádio de futebol inteiro.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro