Washington 1 de Janeiro de 2017-01-01

00:00 – Reveion

                                *Harry*

O céu de Washington estava iluminado pela explosão de fogos de artifícios ofuscando as belas estrelas atrás, as pessoas se abraçavam, se  beijavam, jovens dançavam, crianças se encantavam com o brilho que o céu emergia. Um novo ano acabara de nascer trazendo uma  nova vida a todas as pessoas e também a esperança a milhões de vários países também.

Entre esses milhões de pessoas, um casal, dentro de um quarto, discutiam sua relação em meio a berros e euforias depois que o noivo  foi pego aos beijos com uma das convidadas da festa em suas comodidades.

- Por que você a beijou? – Harry, o fotógrafo de vinte nove anos, filho de pais divorciados, tem uma irmã mais velha que se chamava Gemma, agora gritava nervosamente com o seu companheiro.

- Foi ela quem me beijou, eu tentei afasta-la mas...- Seu noivo demonstrava sinal de embriaguês muito forte, tentava se explicar.

- Theo, eu o vi passando a mão no corpo daquela mulher como também o ouvi sussurrando para fode-la na nossa cama! – Harry sentia o gosto amargo lhe subindo a garganta após lembrar da cena em que seu esposo se atracava com uma morena esbelta.

- Amor eu juro que não sabia de nada! – Theo cambaleou para trás extremamente tonto.

- PARA, PARA DE MENTIR UMA VEZ NA VIDA! – Harry jogou o jarro de vidro na parede – Estava me traindo seu insolente e o pior é que ainda tem a cara de pau de negar isso na maior naturalidade. – Passou a mão nos cabelos deixando as lágrimas escorrerem por toda a sua face.

Pensou que seus cinco anos de casado com o Theo foram jogados no ar como papei velhos, estava indo tudo bem entre eles nessa ultimas semanas, tinham até planejado adotar uma criança e comprar as coisas para o quarto, tinha mesmo a esperança daquilo, porém tudo mudou naquela noite de ano novo.

- Harry, eu vou ser sincero agora. – Theo se aproximou dele – O nosso amor não existe mais, aquela chama se apagou no momento em que decidimos nos casar!

- Como? – Harry indagou – Está usando uma desculpa para justificar sua safadeza? Como pode ser tão hipócrita?

- Não estou usando a hipocrisia Harry. Tanto você, quanto eu, sabíamos que o nosso casamento estava indo de mal a pior. A prova disso são as nossas brigas constantes, falta de diálogo, durante esse tempo tudo o que eu vi  foram duas pessoas fingindo que tem um casamento feliz e que se amam! – Theo caminhou de um lado para o outro. – Eu cansei de fingir Harry, cansei de camuflar o fim de um relacionamento.

- Então pra você foi um fingimento? – Harry balançou a cabeça – Pois pra mim não, porque te conhecer foi a melhor coisa que me aconteceu. Mas vejo que para você não foi o mesmo. – Harry andou até sua cama e sentou-se.

Theo suspirou e se aproximou do companheiro, ficando ao seu lado. Ambos permaneceram em silêncio encarando o nada.

- Eu te amo Harry, mas agora se trata de um amor entre amigos. Tudo que tínhamos pra vivermos já chegou ao fim! – Theo começou – Infelizmente nós não mandamos no nosso coração.

- Eu ainda te amo! – Harry o encarou com os olhos marejados.

Theo o puxou para um abraço, Harry se jogou nos braços do amado. Depois foi descendo a cabeça para o colo de Theo que começou a fazer um cafuné nele.

- Desculpa estar fazendo você sofrer, acredite, era tudo o que eu menos queria para nós dois! – Falou passando os dedos sobre o couro cabeludo de Harry – Mas está na hora de darmos um tempo para ambos.

- Então acabou? – Harry choramingou.

- Só acabará quando os dois deixarem de sentir algo um pelo outro. – Theo limpou suas lágrimas. – Vamos nos dar esse tempo, ainda mais depois de tudo o que aconteceu agora pouco.

Harry queria dizer algo mas se conteve, Theo estava certo, eles precisavam desse tempo para espairecer as ideias, apesar  de ser traído pelo marido, Harry ainda o amava e o queria para perto de si. Para ele seria muito difícil ficar “sozinho” convivendo sem a companhia de Theo.

- Acho melhor descemos e ficarmos com os nossos convidados.

- É tem razão. – Harry fungou e em seguida levantou – Só vamos fingir que está  tudo bem para evitar comentários  desnecessários.

- Como quiser.

Os dois desceram e foram se entreter envolta dos amigos e familiares. Assim que se juntaram ao grupo, Harry procurou pela mulher que tinha se atracado com seu noivo mas parecia que ela tinha ido embora e ele agradeceu mentalmente por isso,  afinal não saberia como se controlar na frente da mesma.

- Vou falar com meus pais. – Theo sussurrou e depois se afastou.

Harry  ficou o encarando de longe e pensando como aquele cara que achou perfeito um dia estivesse feito a pior coisa que uma pessoa queria, em como tinha permitido que seu casamento andasse para um caminho pior. Não queria perder Theo, seu medo maior sempre foi esse e agora estava se concretizando. Ele teria que fazer alguma coisa para poder salvar o que ele achava que ainda existia no seu casamento.

- Por onde andou? – Liam, seu melhor amigo de escola e que desde que concluíram o ensino médio manteve a amizade dos dois viva, apareceu ao seu lado com uma taça com vinho em mãos.

- Estava no meu quarto, fui chamar o Theo para se juntar a nós. – Explicou.

- E demorou tudo isso para ele vir? – O encarou de maneira maliciosa.

- Sabe a vida não se trata apenas de sexo. Ou seja, eu não transei com o Theo como pensa!

- E quem disse que eu pensei isso? – Liam perguntou indignado.

- Sei. – Comentou sarcástico.

Liam e Harry se conheceram no Ensino Médio na aula de música em sua escola, Liam era um garoto tímido na época e sofria muito com os comentários maldosos de alguns alunos por ele ser um pouco acima do peso. E o Harry sempre o defendia e dessa forma ambos acabaram se simpatizando um com o outro e tornaram-se grandes amigos.

Hoje em dia, Liam da aula em uma faculdade em Doncaster, tornou-se professor de música e nas horas vagas era tutor de alguns alunos com dificuldades em algumas matérias.

Fazia duas semanas que ele viera visitar o Harry mas logo iria embora para retomar seu trabalho.

- Pensou na minha proposta? – Liam o encarou.

Quando ele chegou de viagem, conversaram sobre o reitor da universidade e que estava a procura de um fotógrafo para que pudesse fazer um projeto com os alunos e que com ele, pudessem despertar mais interesses nos cursos escolhidos. Liam havia dito que como o Harry estava sem emprego, que aquele emprego lhe caia bem, porém Harry negou por causa que queria ficar com Theo que estava firme na sua empresa e pelo fato de Doncaster ser muito longe dali.

Contudo, agora não tinha mas o porquê de ficar ali, talvez ficar esse tempo fora o ajudasse a esquecer essa dor que o consumia, com a mente ocupada quem sabe pudesse pensar menos em Theo pois se ficasse em Washington, com certeza cairia numa depressão horrível.

- Pensei! – Balançou a cabeça em concordância.

- E?

- Quando vamos? – Sorrir para o amigo que retribui da mesma forma.

- Daqui a duas semanas. – Liam bebericou o vinho – O que o fez mudar de ideia?

- Depois te explico.

- Feliz ano novo Harry! – Liam o abraçou.

- Feliz ano novo Li! – Retribuiu.

                           * * *

As semanas se passaram e com ela chegou o dia da viagem do Harry com o Liam. Ele havia resolvido tudo enquanto passava seus últimos dias na cidade, explicou ao Liam o motivo e o ocorrido naquela noite de ano novo, o amigo, porém, se mostrou estupefato com a noticia de traição de Theo. Mas Harry amenizou  aflição do amigo, dizendo que estava tudo bem.

Agora, ele estava em seu quarto com as malas prontas e o passaporte em mãos, encara seus cômodos como se fosse um despedida, se aproximou letamente da estante e pegou o porta retrato no qual ele beijava Theo em seus casamento, sentiu um aperto no coração, absorvido pela saudade que sentia daquele dia de celebração.

Queria entender como o seu casamento enfraqueceu tão rápido, teria de arranjar alguma forma para resolver essa maré que estava ameaçando colocar um ponto final definitivo na sua história com Theo.

- Tudo pronto? – Liam apareceu, ficando entre a porta.

Harry limpou as lágrimas e suspirou.

- Sim. O taxi chegou? – Virou-se para encarar um amigo.

- Já está lá em baixo.

- Certo. Eu só vou juntar algumas coisas.

- Não demore!

Harry assentiu vendo o amigo se afastar, caminhou até sua mala e guardou o porta retrato nela, deu uma ultima olhadela no seu quarto e desceu.

-Maria aqui está a chave da casa! – Entregou a chave para a mulher de quarenta anos.

- Não vai mais voltar senhor?

Harry sorrir.

- Por enquanto eu não tenho a resposta definitiva para a sua pergunta. Digamos que vou passar um tempo fora!

- Certo. Boa Viagem! – Maria o abraçou e Harry retribui, ele não tinha preconceito em ter liberdade com seus empregados, ele os tratava como membros da família – Tchau senhor! – Maria se afastou e adentrou a casa.

Harry guardou suas malas no porta malas do carro e encarou sua casa, estava sendo difícil dizer adeus.

- Ei quer desistir? – Liam colocou o braço em volta do ombro do amigo.

- Não mesmo. – Harry deu um cutucão nele.

Liam balançou a cabeça e entrou no taxi.

- Harry! – Theo gritou assim que Harry havia acompanhado Liam.

Seu coração acelerou ao ouvir a voz do seu noivo.

- Eu não acredito que esse canalha ainda tem a coragem de aparecer por aqui! – Liam resmungou.

- Talvez seja porque ele também more nessa casa. – Harry revirou os olhos e desceu do carro.

- Hey! – Theo se aproximou dele – Ia embora sem se despedir de mim?

- Acho que não há necessidade já que não temos mais nada. – disse secamente.

- Você sabe que não é bem assim. – Theo segurou seus dedos.

- Não vejo outra forma de lidar com isso. – Harry puxou sua mão de volta – Desculpa mas eu tenho que ir!

- Harry! – Theo se aproximou do Harry e envolveu a mão na nuca do mesmo, com isso, Harry se viu vulnerável e desejou ser beijado pelo amado mas tudo o que Theo fez, foi selar seus lábios na testa dele. – Espero vê-lo de volta em breve! – Sorrir.

Harry suspirou e sentindo uma dor no peito, virou-se e entrou no taxi pedindo para o motorista seguir em frente. Liam percebendo a tensão do amigo, envolveu o braço no seu ombro, Harry sorrir triste e teve uma sensação estranha, como se algo novo estivesse prestes a acontecer e que de certa forma mudaria todo o rumo da sua vida mas talvez fosse só coisa da sua cabeça, afinal o que poderia acontecer?

Notas Finais

Desculpem pelos erros :/ 
Espero que tenham gostado!