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26.01 [take1]

Então, isso aqui é universo real! Já faz uns 3 anos desde que comecei a postar Nothing Like Us e depois que terminei ela não senti mais vontade de escrever nada sobre taekook universo real, até que um dia desses, conversando com minha amiga, veio a vontade de falar sobre o dia 26 de janeiro, que pra algumas taekookas é uma data significativa pra eles (e isso é totalmente uma teoria, ok?) e sobre a última selca que o Jungkook postou.

Quem não sabe sobre a teoria do dia 26 de janeiro, eu explico nas notas finais! E apesar de ser sobre o Universo real, VAMOS TODOS TER EM MENTE QUE É UMA FANFIC, ok?

Eu cito uma coisinha que só quem leu Nothing Like Us vai entender, mas é um detalhe

Senti tantas saudades de escrever univeros real aaaaa ;.;

E enfim, apenas curtam esse pedacinho de amor entre os tkk :)

______

Bem-vindos a Malta, a voz feminina soou nos alto-falantes do aeroporto, Por favor, respeite as normas de segurança deste aeroporto. Não é permitido transitar pelo saguão sem a máscara, mantenha o distanciamento mínimo indicado nos adesivos no chão e boa viagem!

O aviso foi abafado pelo toque do meu celular acusando uma mensagem. Ajustando melhor a máscara no rosto e tomando cuidado para não esbarrar em ninguém da equipe, peguei o aparelho no fundo do bolso e desbloqueei a tela. Havia duas notificações no visor, uma de Sejin, outra da minha mãe. Abri a de Sejin primeiro.

[Sejin-nim sunbae]

Jeongguk, mandei o cronograma das gravações para o seu e-mail. Hyunsoo tem uma cópia.

[você]

okie dokie

[Sejin-nim sunbae]

Cuidado

Olhei a mensagem da minha mãe, rindo para o excesso de emojis de coração e bichinhos explodindo em nuvens de amor embaixo da mensagem de boa-viagem, amamos você! Mas, já na van em direção à estadia, pensei no alerta de Sejin. Cuidado. Cumprir uma agenda em meio a uma pandemia era difícil. Foi bem pior no começo, quando ninguém sabia muito bem o que fazer e os limites do que era certo ou errado estavam confusos, mas quase um ano depois ainda era estranho.

A ideia de gravar um G.C.F. para o próximo comeback não tinha sido exatamente minha, embora fosse. Eu estava comentando com os hyungs sobre a possibilidade de fazer uma filmagem com recortes cotidianos para o mv de Life Goes On, e então Namjoon adorou a ideia, e então Yoongi adorou a ideia, e então saiu do controle e a próxima coisa que eu sabia era que minha ideia tinha ido parar com a produção e eles estavam encantados com a coisa toda.

As semanas seguintes foram reuniões em que discutimos como faríamos isso, e quando deixei escapar que o que eu tinha em mente era algo mais intimista, eles imediatamente me encorajaram a botar para fora, e eu não consegui impedir que as palavras seguintes saíssem da minha boca:

"Sei lá, seria mais ou menos algo que pensei para minha mixtape desde o início, situações ou momentos antes de tudo isso, lugares em que foi bom estar. Como memórias? É, memórias, só que de um ponto de vista modificado pelo presente."

E foi assim que a ideia de um vídeo de recortes se desdobrou no mv de Life Goes On, em mini-vídeos para o comeback e um mv para a minha mixtape. Depois, veio a parte prática.

"Não sei se podemos fazer isso, Jungkook", Namjoon hyung ponderou comigo numa tarde em que estávamos no estúdio dele, na empresa. Taehyung e Jimin estavam no sofá, prestando atenção na conversa e às vezes opinando. Eles tinham vindo meio que por osmose, um encontro no corredor, risadas e então, como um único corpo com três cabeças, estávamos no estúdio de Namjoon.

"Mas digamos que a empresa cuide da parte burocrática", Jimin disse, gesticulando com a mão que não segurava o copo de café, "Quer dizer, que seja tudo low profile..."

"Laou profaiol", zombei, imitando a palavra com um sotaque americano rasgado.

"A ideia é boa", Jimin estalou os dedos no meu joelho por causa da gracinha, "Levando em conta só o que o Jeonggukie disse que ele quer, a ideia de passar nostalgia, mas ainda assim um sentimento genuíno de gratidão, é muito boa."

"Não", Taehyung disse de repente, três pares de olhos curiosos voltaram-se para ele. Ele estava afundado no canto do sofá, pernas abertas desleixadas, olhos grudados no celular e, mesmo assim, a atenção totalmente voltada ao que acontecia ao redor. Um biquinho emburrado despontava em sua boca e ele parecia um grande urso bagunçado com os cabelos cobrindo as orelhas e o moletom oversize praticamente o engolindo.

"Não o que?", perguntei.

"Não, Gukie, não é seguro. Não foi legal a última vez que a imprensa viu você lá fora", Tae ficou sério, o bico sumindo para dar lugar a uma expressão magoada, lábios repuxados para baixo.

Engoli em seco, trocando um olhar rápido com Jimin e Namjoon. Eles ficaram em silêncio, também lembrando do inferno que foi ter meu nome e o nome dos meus amigos divulgados num dos maiores sites sensacionalistas da Coreia. Integrante do BTS Jeon Jungkook fura quarentena para ir em bar em Itaewon com os amigos. Yoongi quase teve um AVC com a notícia, e eu não sabia com o que tinha sido mais difícil de lidar: a pressão dos fãs e da empresa ou a raiva fumegante dele nos dias seguintes no dormitório. Não comigo, embora eu tenha recebido um puxão de orelha dele e de Hoseok, mas ele não parava de dizer o quão hipócrita e mesquinha era a mídia por alardear algo que sequer existia.

"O comércio tinha acabado de reabrir, caralho", Yoongi bufava, "Estava tudo sob controle, os casos controlados, você não fez nada errado, esses malditos filhos da puta do caralho."

Apesar disso, ele me deixou ir pedir desculpas aos fãs em seu rádio ao vivo, alguns dias depois.

Eu tinha saído de casa para ver meus amigos. Assim como tantas outras pessoas depois de meses sufocadas em casa. E eu não devia ter feito isso, porque, diferente das outras pessoas que foram ao bar naquela noite, eu não era um desconhecido. E eu me odiei dias e dias por não ter entendido isso ainda, depois de anos e tantas situações de exposição forçada e notícias distorcidas, eu me odiei por não ter entendido antes da merda acontecer que eu não podia ir ao bar com meus amigos como aquelas pessoas, porque eu não era como aquelas pessoas.

Eu não era.

E, como sempre acontecia quando algum de nós era atingido, os outros seis sofreram junto. Principalmente Taehyung. Sobretudo Taehyung. O que só fez com que eu me culpasse mais.

"É diferente agora", Jimin murmurou para ele suavemente, os dedos curtinhos envolvendo uma das orelhas de Taehyung. "As coisas são diferentes agora, TaeTae."

"Com certeza a empresa vai disponibilizar um avião particular para Jungkook e a equipe", Namjoon mudou de time, de repente torcendo a favor do meu plano, "E irão poucas pessoas com ele, sem chamar atenção. Acho que pode funcionar."

Taehyung não disse mais nada, mas eu sabia que ele não ia se convencer tão fácil. Antes de sair, passei os dedos em seus cabelos macios desorganizados, apreciando o modo como as tatuagens em meus dedos sumiam entre as mechas encaracoladas.

Mais tarde, no dormitório, ele encostou a cabeça no meu joelho enquanto assistíamos televisão esparramados no chão da sala. Ele cheirava ao hidratante de coco que usava e a pipoca, porque Jin acabara de fazer uma tigela imensa e Taehyung ainda lambia os dedos cheios de manteiga.

"Só espero que não agendem sua viagem pra Janeiro."

"Ah, por quê?", belisquei seu pescoço com carinho, sorrindo quando ele se encolheu um pouco, "Alguma surpresa em mente?"

"Nada, só seria bom ficarmos em casa. Nossa casa", Tae sublinhou a última parte.

Por causa da agenda corrida do último comeback, nos reuníamos no dormitório com frequência agora, mas quando os compromissos diminuíam, Taehyung ficava comigo na minha cobertura, ou então íamos para a cobertura dos pais dele. Bom, desde que tínhamos mais privacidade no meu apartamento, passamos a nos referir a ele como nosso.

Teria sido bom passar um tempo com ele, quietos e em paz. Teria sido incrível.

Mas a empresa agendou a viagem para Janeiro. Final de Janeiro. Quer dizer, seria uma viagem de três dias apenas, espremida entre um compromisso e outro, havia uma dúzia de dias para encaixar a viagem, mas quando tudo pode dar certo, tudo pode dar errado, e eu ficaria em Malta dia 24, 25 e 26.

A reação de Taehyung quando soube foi fofa. Ele não ficou irritado, mas duas vezes mais apegado.

"Vamos comemorar antes", ele sugeriu. E então, pedimos churrasco em casa e comemos na varanda, com cerveja para mim e vinho para ele, mas não ficamos fora muito tempo antes de nossos narizes começarem a irritar com o frio.

Dois dias depois, recebi em casa uma encomenda imensa de chocolates em formato de notas musicais, a coisa mais extravagante envolta em fitas de cetim preto.

[você]

Tae, achei que não íamos mais trocar presentes

[mybabybear]

?

[você]

...

esses chocolates são de grife

[mybabybear]

até onde sei, Jimin seria muito capaz disso

[você]

seria, exceto que ele não me daria nada que parecesse um presente de dia dos namorados

[mybabybear]

ㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋ

não consegui me controlar

[você]

vc disse isso na semana passada quando me deu um relógio

e na quarta, quando comprou uma cadeira gamer nova pra mim

não é justo, fica parecendo que dou menos valor pra nossa data

[mybabybear]

o que me faz lembrar que quero experimentar comida vietnamita hj

com vinho

e algumas velas

[você]

Tae ㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋㅋ

...

Foram um total de seis comemorações adiantadas e nove presentes, contando a música que ele cantou a cappella na cozinha do meu apartamento, numa manhã que amanheceu nevando.

"Vai colocar ela na sua mixtape?", perguntei por cima do embolo de torrada mastigada na boca.

"Não. Talvez?"

"Você devia, sabe. É muito boa. Tudo que você faz é muito bom, hyung."

Taehyung baixou o olhar para a própria torrada no prato enquanto pensava, cílios roçando as bochechas cheias. Então, levantou os olhos, esticou a mão e deslizou os nós dos dedos pelo meu pescoço.

"É sua. Você decide o que fazer com ela."

Eu pedi para que ele a gravasse para mim num áudio e me mandasse pelo nosso chat privado. Taehyung assim o fez, e era ela que eu estava ouvindo quando a van enfim estacionou na frente do muro de pedra em frente à pequena enseada da Malta. A casa familiar continuava igual, crianças correndo pela rua, gatos enroscados sobre as latas de lixo piscando preguiçosamente para nós enquanto descarregávamos os equipamentos e subíamos a escada de acesso.

A letra da música era como as que ele costumava escrever, simples, mas profunda no significado. Falava sobre duas pessoas que estão perto sempre, mas sentem vontade de estar ainda mais aperto, como se o sentimento jamais esgotasse. Sobre sentir saudades mesmo estando de mãos dadas. Se Taehyung fosse gravá-la, Namjoon e Yoongi provavelmente o ajudariam com os arranjos, mas eu gostava muito mais dela assim, apenas a voz dele, rouca e recém acordada, aveludando as notas e suspirando entre os versos.

A voz de Taehyung se calou com um último chiado no final da música e os sons externos infiltraram o silêncio nos meus fones de ouvido. Hyunsoo estava falando alguma coisa sobre pedirmos o almoço, no que assenti, distraído.

Estar de volta à casa em que filmamos o Bon Voyage em Malta era estranho sem os hyungs. Larguei a mochila na frente do quarto que tinha dividido com Taehyung quando estivemos ali. Empurrei a porta, as lembranças voltando com força e me deixando sem fôlego. O quarto não estava tão diferente. O antigo painel azul que ficava atrás da cabeceira da cama se fora, e as colchas sobre ela eram diferentes. A cortina tinha sido trocada por um modelo mais novo e uma tela decorativa de renda fora instalada bem em cima da cama, as cortinas caindo em volta feito glacê num bolo.

Igual. Como se uma pandemia não estivesse acontecido lá fora. Como se nossas vidas nunca tivessem mudado.

...

Depois que a equipe pediu o almoço e comemos espalhados pela cozinha e pela sala, tomei banho e fui para o quarto. Peguei minha câmera e, de pernas cruzadas sobre os lençóis, verifiquei o cartão de memória. A ideia de vasculhar o rolo que continha as antigas fotos e vídeos de Malta era uma coceira insistente que não pude ignorar, mas antes que eu pudesse começar a vê-los, meu celular vibrou.

Recebendo chamada de vídeo de mybabybear.

"Ei", Tae disse assim que aceitei a chamada e seu rosto apareceu na tela, cabelos bagunçados. Ele tinha fixado o celular no apoio do painel do carro, de modo que a luz dos postes piscava em seu rosto conforme ele dirigia. Os lábios dele estavam inchados, porque ele com certeza passou o dia os mordendo. Taehyung ficava mais ansioso quando estávamos longe, tanto quanto eu ficava mais quieto e introspectivo. Era apenas a nossa dinâmica. "Está tarde aí? Aqui são...", os cabelos dele deslizaram sobre os olhos quando ele esticou-se para ver a hora no painel, então voaram para trás quando ele os afastou com um maneio, a língua cutucando o canto da boca, "Quase vinte e duas."

"Ei. São duas da tarde aqui. O que você fez hoje?"

"Reunião com os hyungs e Jimin para o próximo comeback."

Eu ri. Era engraçado como Taehyung separava Jimin dos outros em hierarquias diferentes. Ele nem tinha percebido, olhando para mim na espera de que eu respondesse e, quando não fiz, distraído demais com os detalhes em seu rosto que eu já sentia falta, ele disse:

"Falamos muita coisa, quer o resumo?"

"Não", suspirei. Falar com Taehyung era como tomar um sorvete no calor, a sensação de felicidade instantânea pediu que eu me esticasse na cama e dedicasse toda minha atenção a ele. "Nah, não quero falar de trabalho agora. Tenho certeza que Jimin vai me chamar no chat mais tarde me mandar áudios de quinze minutos contando tudo."

"Ah, lamento que Hoseok não esteja do seu lado agora", Tae franziu a boca numa careta condescendente e nós dois rimos, porque Hoseok era quem escutava todos os áudios de Jimin e depois os resumia para nós.

Numa situação normal, eu defenderia Jimin, os áudios dele eram legais, pontuados por risadinhas borbulhantes e timbres doces, mas agora, aconchegado nos travesseiros, eu estava com preguiça de gastar energia para qualquer outra coisa que não fosse olhar para o rosto de Tae.

"Está indo para casa dos seus pais?", perguntei.

"Sua casa. Oh!", ele fez uma carinha fofa, provavelmente vendo algo engraçado na rua, um outdoor com crianças ou um cachorrinho peludo atravessando a faixa de pedestre.

"Nossa", corrigi suavemente. "Tem Kimchi na geladeira. Ei, ainda não decidi o seu presente."

"Ei, que tal isso", ele lambeu os lábios ansiosamente, olhos focados na estrada, "Vamos construir uma sala de jogos."

"Uma sala de jogos?"

"Você viu que o apartamento ao lado do seu está à venda? Podemos comprar e seria como um anexo, só que só para jogos."

"É isso que você quer de presente?", enruguei o nariz, meio achando fofo, meio achando besta.

"Sim, um apartamento de jogos. Game.... gamer rausi."

"Game House. Vou anotar essa ideia para quando tivermos sessenta anos, aposentados, entediados e sem saber mais onde enfiar dinheiro."

"Não. Estaremos no Hawai, você prometeu."

"Eu não prometi isso."

"Tenho certeza que você vai pensar em algo legal", Tae batucou a coxa no ritmo de uma música imaginária e sorriu para mim seu sorriso quadrado, o sorriso que fazia meus olhos brilharem e se perderem na distância dos meus pensamentos, exatamente como agora, "Igual os ursinhos dentro da redoma."

"Você realmente gostou deles, não é?", era uma pergunta retórica. Eu sabia que Tae tinha gostado, sabia que ele amaria, por isso me esforcei tanto para pegar aquele cursos minúsculos com meus dedos, colá-los e ajeitar cada detalhe numa base de malditos 5 centímetros.

Tae pareceu envergonhado por um momento.

"Gosto quando você faz coisas pra mim. Um miojo, uma carta, um cover, ursinhos na redoma. Qualquer coisa."

Eu sabia o que ele queria dizer, porque eu pensava igual - é sempre mais original quando você faz o presente. E eu realmente gostava de fazer coisas para Tae, embora geralmente me estressasse quebrando a cabeça para pensar em algo original, criativo e perfeito à altura dele.

...

As filmagens começaram naquela noite. Peguei alguns takes de lugares específicos pelos quais tínhamos passado no Bom Voyage, a praça central de Malta, com o imenso chafariz a céu aberto, as ruelas que atravessamos quicando nas carruagens e as escadarias cujos degraus sumiam na água. Fiz as mesmas filmagens no dia seguinte, de manhã. Depois escolheria quais ficariam melhores. Eu não sabia ainda que nuance queria dar ao vídeo, algo melancólico e mais sombrio, ou nostálgico e granulado, com luminosidade estourada e cores saturadas. Ficaria bem com os tons de malta, rosa claro, areia e azul turquesa, mas não combinava tanto comigo.

A cidade estava deserta. Sem os turistas, Malta era uma cidade fantasma.

No final da tarde, sentei na praça e deixei a câmara ligada sobre a pequena mureta do chafariz. Eu podia acelerar o gravação na edição, mostrando o sol se pondo depressa sobre a cidade vazia. Era como eu me sentia sobre os últimos meses. Um mundo inteiro para ser descoberto, cores, cheiros, uma vida para ser vivida, mas com a respiração suspensa, sufocada por máscaras e paredes.

Eu queria mostrar isso. O que tivemos um dia. E o quanto foi bom, e o quanto ainda podia ser bom, estávamos por um triz, ao alcance de uma mão.

Abri minha mão diante da câmera, meus dedos tatuados cobrindo o sol. Os raios alaranjados passaram entre as juntas como véus.

Naquela noite, cheguei em casa com a equipe, jantamos e bebemos e então fui para o quarto, ainda empacotado com os casacos que me protegiam do frio de 16 graus em Malta. Isso também foi calculado. Malta era triste no inverno, suspensa no tempo. Uma pequena cidadezinha isolada na pandemia. Seria uma boa coisa que os fãs já tivessem a referência de uma Malta calorosa e fervendo, comigo e os hyungs rindo, as peles faiscando ao sol, porque as imagens que eu tinha capturado até agora eram muito diferentes.

Sentei na beira da cama e olhei o celular. Uma confusão de notificações. Escolhi a de Tae, Jimin e Yoongi hyung e descartei o resto. A de Yoongi era a foto de uma garrafa de whiskey, legendado com "então você está aí em Malta e eu estou lembrando de quando ensinei você a beber whiskey. Talvez eu esteja um pouco bêbado. Você é o nosso bebê. Se cuide e volte logo."

Não respondi, e Yoongi certamente não esperava uma resposta. Ele ficava sem graça quando revidávamos seu carinho de forma tão efusiva, então eu mandaria uma foto para ele no dia seguinte, algo fofo e simples, como ele gostava.

A de Jimin era uma série de memes engraçados, alguns bobos, outros que deviam ser censurados e outros de opiniões políticas controversas. No final, ele perguntava se eu podia levar para ele Airpods novos do free shop. Respondi com um emoji de polegar levantado e enviei risadas e comentários para todos os memes, embora tivesse realmente ficado vermelho com os censuráveis.

A de Tae na verdade era uma chamada não atendida. Em vez de retorná-la, ergui o celular e tirei algumas selcas. A maioria delas ficou estranha, as melhores eram sempre as que eu fazia aegyo. Desisti de qualquer coisa mais intimista e enviei a que minha boca espremia num biquinho para Tae, e também que eu tirara antes do jantar, na sala, sério com uma sobrancelha levantada.

[você]

Imagem

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Ele visualizou na hora, e os três pontinhos indicando digitação surgiram na tela. No entanto, depois de sumirem e aparecerem três vezes, ele simplesmente ficou off no chat. Eu já estava suspirando e jogando o celular na cama para ir tomar banho quando ele me ligou.

"Achei melhor falar pessoalmente", uma respiração pesada, "Garoto dourado, você é tão gostoso."

Uma risada alta ecoou no fundo. Hoseok. Minhas orelhas ferveram.

"Hobi hyung dormiu aqui", Tae disse suavemente, nada constrangido com o que acabara de falar. Sua voz estava pesada de sono, ele devia ter acabado de acordar, e também explicava a nota de tesão em sua voz arrastada, o que só piorou minha vergonha, porque, pelo amor de Deus, a ideia de Taehyung com uma ereção matinal perto de outra pessoa não era legal, não, não.

"Tae, vá para o banheiro. Ou quarto. Ou, sei lá, algum lugar com privacidade."

"Hm, você quer fazer sexo por telefone?"

"Tae", ele adorava isso. Qualquer coisa fora do comum. Principalmente quando estava carente.

Levou um minuto, e então a voz dele veio mais abafada.

"Quarto. Porta fechada. Cama."

Mordendo um sorriso, deitei na cama também.

"Ei, bom dia."

"O que você fez hoje?", a voz grave de Tae trovejou na linha.

"As filmagens foram boas. É diferente, sabe, sem vocês. Não tem ninguém aqui, só os moradores. A ilha parece imensa e abandonada."

Ele ficou em silêncio por um instante, apenas sua respiração sonolenta raspando no microfone.

"Eu sinto sua falta", ele disse devagar. Fechei os olhos. "Amanhã é dia 26. É muito estranho sem você aqui."

Eu o afagaria se estivesse perto. Dedos em seus cabelos, sua pele quente, olhos dizendo tudo que era preciso. Mas a distância me tornava vazio. Eu não era bom nesse tipo de comunicação, as coisas para mim eram orgânicas e imediatas. Talvez por isso fosse tão difícil para Tae estar longe de mim.

A linha ficou muda até que a voz doce de Tae a preencheu de novo:

"Tenho que ir agora."

"Tudo bem."

"Jeongguk-ah."

"Sim?

"Eu te amo."

Depois que desligamos, tomei banho e fiz minha rotina de pele no automático, estapeando o rosto com as loções, cremes e séruns recomendados pelo dermatologista, e então me enfiei debaixo das cobertas e fiquei olhando o teto.

Havia uma razão simples para fazer o que fiz. É chato esconder. Se você passa a vida escondendo algo importante, porque cresce ouvindo que é errado, não quer mostrar quando enfim encontra alguém que aceite e entenda?

E não era grande coisa. Eu sabia que quem quisesse entender, entenderia. Quem percebesse, apoiaria. Era algo que eu e Taehyung já tínhamos conversado antes; não precisávamos de apoio para estarmos juntos, mas gostávamos de saber que tínhamos.

Pedi a senha do twitter para Jimin e postei uma das fotos. Depois, postei a outra no Weverse, as duas redes sociais onde mais tínhamos engajamento.

Era véspera do dia 26 de Janeiro.

...

O dia seguinte, último dia em Malta, foi tranquilo. Acordei antes do sol nascer, quando a luz da lua se confundia com o alvorecer. Desci com a câmera até a água tranquila da enseada e sentei com os pés mergulhados no mar.

O céu era de um azul delicado, acendendo num anil profundo atrás das nuvens. Um azul que eu não sabia mais como chamar sem ser azul Jeongguk.

...

Depois de fazer alguns takes externos, parei num dos poucos cafés abertos na praça e vasculhei meu cartão de memória e minha nuvem de armazenamento. Foram quase duas horas selecionando tudo que eu precisava.

Quando enfim organizamos tudo para voltar para casa, eu tinha material suficiente para os mini vídeos do comeback, o mv da minha mixtape e o presente de Taehyung.

...

Chegar no meu apartamento depois de um vôo longo era o paraíso, e se Taehyung estivesse esperando no sofá era ainda melhor. Ele estremeceu numa risada quando joguei a mochila no chão e caí por cima dele nas almofadas. Hoje, Tae cheirava a coco e maçã, este último por conta dos sacos de snack de frutas desidratadas espalhados pelo chão.

Sua boca tinha um sabor doce, a língua quente recebendo a minha com um grunhido de satisfação. Ele recuou para respirar e voltou a tomar minha boca, os estalos úmidos soando eróticos na quietude do apartamento. Avancei, soterrando-o com meu peso e meu gosto. Tae arfou, retribuindo com ainda mais ânsia, os dedos agarrando minhas costas e me puxando mais e mais, pressionando...

"Ah, Jeongguk-ah, seu cotovelo no meu estômago", ele reclamou de repente com uma careta de dor e eu me apoiei nos braços para olhá-lo de cima.

"Oi."

Ele sorriu, olhos suaves.

"Oi, garoto dourado", nossos abdomens roçaram quando ri. Ele tocou meu pescoço, minha orelha e meu cabelo, olhos dançando pelo meu rosto e bochechas ardendo ao encontrar minha boca. "O que você quer de mim?"

Era uma frase dele, sua maneira de dizer que me daria o que quer que eu pedisse, porque seu coração estava derretido demais, incapaz de bater por qualquer outra razão que não fosse a de me fazer feliz.

"Só isso aqui", esfreguei a testa no peito dele. "Seu cheiro é tão bom."

"Hm-hm", ele envolveu minha cintura com as pernas, prendendo meu corpo ao seu. "Um garoto tão fácil de agradar."

"Hm-hm."

...

Acordamos com o celular vibrando na mesinha de cabeceira. Tae fez um biquinho dengoso e enterrou o rosto no travesseiro, claramente deixando para mim a função de atender.

"Alô."

"Ah, seu tratante", a voz de Jin me saudou, "Tire seu telefone do mudo e atenda seu hyung preocupado!"

Agarrei meu celular, só para constatar que, na verdade, a bateria tinha acabado.

"Ele morreu, hyung. Está tudo bem, cheguei ontem à noite."

"Apressado demais com prioridades para nos avisar", apesar disso, não havia acusação em seu tom, era mais um deboche, porque ele sabia que eu estaria com Taehyung.

Taehyung voltou a dormir sem a menor dificuldade. Era cedo demais para sequer tomarmos café, mas isso me daria algum tempo para organizar o que era preciso.

Peguei meu notebook e revisei o vídeo que tinha passado todo o vôo editando. Não era muito longo, apenas três minutos e meio. Sincronizei o note com a televisão da sala e fui fazer o café.

Tae acordou quando eu estava terminando de servir as panquecas doces que ele adorava. Ele parou ao lado da mesa arrumada, cabelos para cima e olhos inchadinhos sobre as bochechas coradas de tanto esfregarem no travesseiro.

"Gukie, volte para a cama, é cedo demais", ele manhou, agarrando a manga da minha blusa.

Beijei sua testa e o puxei para a sala, onde a televisão já estava ligada, pausada no início do vídeo.

"Venha aqui, Tae", sentei no sofá, Taehyung acomodou-se no chão entre meus joelhos, ainda sonolento demais para protestar. Ele bocejou, a cabeça caindo para o lado quando ele virou para encontrar meu olhar.

"O que foi?"

"Veja", apontei para a televisão e iniciei o vídeo.

As imagens, esmaecidas em escalas de azul e cinza, rolavam como um filme antigo sob a voz rouca de Taehyung. O silêncio entre as palavras, em vez de tornar as cenas monótonas, as fazia parecerem mais íntimas.

Era um recorte de vídeos antigos e recentes de Tae em todos os lugares do mundo em que já tínhamos estado juntos. Eu não aparecia em quase nenhum deles, mas nós dois sabíamos que eu estava logo atrás das lentes da câmera. Elas eram os meus olhos seguindo Taehyung.

As cenas começavam um pouco bagunçadas, Tae ainda muito novo, o rosto arredondado mais parecido com o de um cachorrinho. Mas progrediam quase depressa demais, junto com as notas mais altas da música, Taehyung crescendo, sozinho, com nossos hyungs, rindo e acenando seu V.

As últimas eram do último dia no In The Soop, quando eu e Tae acordamos antes do sol nascer para filmar a alvorada. E então, o horizonte azul de Malta se sobrepondo ao acizentado, e a última palavra cantada por Tae sumindo na estática da gravação. O som do mar de Malta estalando nos degraus da escada aos meus pés, e fim.

Taehyung suspirou. Seus dedos acariciaram meu tornozelo.

"Tão bonito", ele murmurou contra a parte interna da minha coxa, deixando um beijinho ali. Eu me abaixei para alcançar sua orelha escondida entre o cabelo sedoso.

"Teremos mais disso, Tae", respirei o cheiro dele, "Muitos outros lugares para visitarmos."

Tae se ergueu e subiu no meu colo, dentes mordiscando minha boca antes de pressionarem minha bochecha com beijos preguiçosos.

"Eu sei", mais beijos arrastados.

"Eu te amo."

"Hm-hm."

Eu o carreguei de volta para a cama, como ele queria, para termos nossa última comemoração pós dia 26.01 antes do café da manhã.

❤️

____

Tentei passar aqui um pouco do que eu acho que seja o que todos nós estamos vivendo no momento, inclusive os meninos, a vontade de viver, mas esperando, esperando, ao mesmo tempo sentindo falta da nossa vida como era antes. Nas últimas entrevistas e lives os meninos têm dito o quanto a pandemia afetou eles, o trabalho deles, o emocional deles, e eu achei tão interessante que, no meio disso tudo, eles tenham encontrado uma mensagem de esperança para nos passar, não uma mensagem forçada, mas verdadeira. E, não sei, tentei expressar isso pela visão do Jungkook aqui, porque sinto nele uma sensibilidade muito grande quando ele se propõe a algo.

Independente do que virá dele no futuro, eu confio mto que o que quer ele entregue pra gente, é de coração e é genuíno.

Para quem não sabe sobre a teoria do dia 26 de janeiro, é o seguinte: é a data em que os taekooks já, digamos, deram algumas demonstrações de que é significativa para eles (início de namoro? Primeiro bjo??? Primeira declaração???), foi no dia 26 de Janeiro que eles foram flagrados tendo um "date" num hotel de luxo perto de casa, foi no dia 26 de Janeiro que o Jungkook postou no twitter a primeira metade do cover de Nothing Like Us (cover este que, não podemos esquecer, ele cantou no Bon Voyage 2 na varanda do quarto que o Tae estava dividindo com o Hoseok, assistam esse vídeo, o Jungkook canta com todo o sentimento dele, é de querer chorar!), e nesse mesmo dia o Tae postou no fancafé um cover da música How Am I Supposed to Live Without You. EEE foi nas vésperas do dia 26 de janeiro DESSE ANO que o nosso sumido e desaparecido Jungkook deu as caras no twitter com uma selca mostrando atrás dele nada menos que uma cabeceira de cama idêntica a que ele e o Tae dormiram no Bon Voyage 3, em Malta (???)

Teorias, teorias, teorias...

É isso, espero que tenham gostado da leitura! Obrigada!

<3

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