Rumpel quê?
Richard pvo---
Isto está cada vez mais louco. A mãe da Susan, da minha namorada, está a fazer cortes no braço dela, fazendo o sangue escorrer pelas fissuras com desenhos que estão na parede. Sinto-me impotente e uma dor horrível no coração por deixar que magoem a minha namorada mas é necessário para encontrarmos o Anel.
- É necessário ter cortado assim tanto o braço? Não bastava um pequeno corte na mão?- pergunto tentando não parecer muito preocupado.
- Só o sangue de um Descendente pode abrir a porta e ela parece ser a mais forte dos 4. Ela é capaz de aguentar.- afirma a mãe dela, enquanto move o braço da filha pelas rochas. Segundos depois afasta-se e fica a olhar para a parede.
- E agora?- pergunta Fred impaciente.
- Esperem...- diz a mulher.
Por momentos achava que não iria acontecer nada mas então ouve-se um clique e vejo as rochas a caírem abrindo um buraco do tamanho de uma abobora. A Susan avança e ao aproximar-se do buraco estende o braço e retira o Anel Esmeralda. Todos nos aproximamos para ver melhor e reparo que é um anel lindo, com uma esmeralda no topo, sendo que o resto dele é puro ouro.
- Finalmente...- diz o meu pai.- Depois de tanto tempo a esconde-lo...
- Vocês sabiam onde estava?- pergunto chocado por eles nos terem escondido a informação.
- Tínhamos a teoria de que o rapaz mistério podia estar a disfarçado no corpo de um de vocês e assim obter o Anel mas parece que não.- ele justifica-se e até tenho de lhe dar a razão.
- O "rapaz mistério" tem nome, sabiam?- ouço uma voz desconhecida atrás de mim mas percebo que a Susan já o conhece. Viro-me e vejo pela primeira vez o filho da puta que levou a Susan e tornou-a num ser maléfico e nojento. Todos olhamos para trás mas quando alguns dos pais começam a disparar, o rapaz mistério faz um movimento com a mão e todos os nossos pais e mães desaparecem numa nuvem de fumo roxo.
- O QUE É QUE FIZESTE?- pergunto aos gritos. Não posso perder os meus pais, não de novo.
- Hum... não os queria a incomodar. Deixei-os lá em baixo, assim eles não terão tempo de impedir o que está por vir.- estive tão focado nos meus pais e no rapaz que não reparei que ele não está sozinho.
- Ele tem a Kira!- corro para pegar na minha arma, tal como Bill, mas com um gesto das mãos ele atira-nos contra a parede, tornando a minha visão turva por uns momentos.
- Richard, estás bem?!- Mary aproxima-se de mim e ajuda-me a levantar.
- Já deve ser a sexta ou sétima vez que sou atirado contra alguma coisa.
- Muito cómico não é? Mas agora a parte seguinte será mais séria.- ele estende a mão.- Susan, o anel.
- Eu não sou nenhuma cadela para andar a ir buscar as coisas para te dar a ti.- ela diz confiante.- Não funcionou aquele feitiço que fizeste.
- Ok, eu tentei da forma fácil mas agora virá a parte difícil.- ele agacha-se e diz ao ouvido da criança.- Manda-a trazer-me o anel aqui.
Não entendo o porquê de ele ter dito aquilo mas desejava não querer saber. Pelos vistos o poder da Kira é nada mais nada menos que o controlo da mente, pois momentos depois a Susan está a aproximar-se do rapaz e eu sinto-me incapaz de me mover.
- KIRA, O QUE ESTÁS A FAZER?!- a Susan tenta parar de andar mas não é capaz, o que torna as coisas ainda mais estranhas.
- Vocês mataram a minha mãe, a minha avó e o meu pai. E ainda me tiraram um braço! Vocês têm de pagar!- noto um pouco de sangue a escorrer do nariz dela.
- KIRA, NÓS NÃO MATÁMOS NINGUÉM! TENS DE ACREDITAR EM NÓS! O TEU PAI SACRIFICOU-SE PARA QUE NÓS AJUDÁSSEMOS A CIDADE! Por favor...- diz Cristine presa ao chão.
- NÃO! Eu não acredito em vocês! O...
- Não digas o meu nome!- grita o rapaz assustado pela primeira vez.
- Porquê?- pergunta ela inocentemente.
- Porque eles podem usar isso para te matar.
- NÃO! Isso não é verdade!- grita Susan que conseguira recuar um pouco com a distração da miúda.- Kira, olha para mim. Eu sou tua amiga. Cortámos teu braço porque ias morrer se não o fizesse e nenhum de nós queria isso! Nós tentámos de tudo para salvar todos quanto pudemos!
- Kira, lembra-te do Jean. Ele vai morrer se deixarmos o Anel ser entregue a esse rapaz! Ele é que é o mau da fita! Foi ele que criou tudo isto!- Mary tenta convencer a miúda.
- Os demónios, os desastres, a morte da tua família. Foi tudo culpa dele!- digo ainda imóvel. Por um lado até é cómico pois o destino do mundo estava nas mãos de um grupo de adolescentes irresponsáveis e agora está nas mãos de uma criança de 10 anos.
- Não ouças o que eles dizem! Eles enviaram o teu pai para o Inferno!- o rapaz de cabelo escuro murmura ao ouvido dela.
Fecho os olhos pois já não há nada a fazer. Apenas esperar pelo pior ou pelo melhor.
Ouço o grito de alguém e percebo que o rapaz mistério está com as mãos na cabeça dele, aos berros.
- PÁRA SUA CABRA!- ele pontapeia Kira no estômago, fazendo-a cair ao chão e encolhida de dores. Mas devido à mudança súbita de lado, nós somos libertos e corremos todos automaticamente para as nossas armas. Pego na minha glock e começo a disparar contra o miúdo que apanha as balas com as mãos, desviando outras do seu caminho.
- Kira, precisamos de saber qual é o nome dele! Ele estava a enganar-te! Não és tu que podes morrer mas sim ele. Só tens de nos dizer o nome!- diz Cristine com a voz mais calma possível que consegue ter naquele momento tenso.
- NÃO!!! SE O DISSERES IRÁS MORRER E JUNTARES-TE AO TEU PAI NO INFERNO!- grita ele desesperadamente, enquanto é agarrado por Bill, Jack e John que mais tarde são atirados para trás pela telecinese do rapaz.
- Prefiro juntar-me ao meu pai no Inferno do que deixar-te vivo!- ela diz irritada e vira-se para nós.- Ele chama-se Rumpelstiltskin.
- OH MEU DEUS! EU SEI QUEM ELE É!- grita Cristine a correr para a mala dela. Pouco depois ela volta com um livro.- Encontrei este livro na biblioteca antes de tudo começar... Rumpel... está aqui.
- VOCÊS JULGAM QUE EU VOU MORRER ASSIM TÃO FACILMENTE?- o rapaz agora com nome diz a sorrir.- NINGUÉM ME PODE MATAR! NEM MESMO AQUELE DEMÓNIO CONVENCIDO... FURFUR! Ei Susan, sabes aquele cérebro de demónio que usei no ritual? Era o cérebro do Furfur! Ele está morto e sim, fui eu que matei o pai da Mary e não aquele demónio convencido!
- SEU FILHO DA MÃE!- Mary levanta-se e atira-lhe uma rocha, acertando inexplicavelmente na perna dele, fazendo-o encolher-se. Aproveito esta oportunidade e disparo contra o seu braço, provocando um uivo de dor.
- Kira, mantém sobre controlo o Rumpelstiltskin. Não podemos deixá-lo escapar.- peço para a miúda que está frente a frente com ele.
- Eu trato dele. Continuem aí mas eu não consigo aguentar muito tempo.- ela começa a exercer pressão sobre ele, obrigando-o a deitar-se no chão, imóvel. Sinto um pouco de pressão sobre o meu corpo e percebo que os poderes de Kira são muito maiores do que achávamos.
- Eu sou mais forte que tu, criança estúpida!- diz ele tentando levantar-se, sem sucesso, emitindo uma sombra negra em seu redor.
- Richard. Ele é a reencarnação do Rumpelstiltskin. Sempre que um Rumpelstiltskin morre, outro renasce no seu lugar. É por isso que ele tem os poderes que tem. Mas existe uma maneira de o matar. Alguém tem de usar o Anel e dizer o nome dele 3 vezes, enquanto o aponta para lua...
Fico admirado pela facilidade com que isto é mas só mais tarde é que venho a saber que era necessário ser durante a Lua Cheia.
- Sorte a nossa que temos o anel, temos 3 Descendentes aqui e que a lua já está no céu!- digo contente por a sorte estar finalmente do nosso lado. Olho para o relógio apenas para conferir o tempo que falta para o próximo demónio e desastre e vejo que já são 19:40.
Susan pvo---
- Temos que nos apressar!- Fred anuncia com a arma a mirar no Rumpelstiltskin.
- Susan, põe tu o Anel.- Cristine entrega-mo.
- Tens a certeza?
- Suse, ele prendeu-te, mudou-te e matou centenas de pessoas. Tens de ser tu. Eu confio em ti.- ela abraça-me e depois afasta-se para me deixar matá-lo, como se matar alguém fosse a coisa mais fácil do mundo. Respiro fundo e coloco o Anel Esmeralda no meu dedo anelar da mão direita.
- LIBERTEM-ME AGORA!!- sorrio. Finalmente vingança, após tanto sofrimento.
- Uma pergunta. Como é que consegues viver com o peso da morte de centenas de pessoas inocentes? Tu mataste crianças, mulheres, velhos... todos eles morreram apenas porque tu quiseste. Não sentes um pouco de remorsos?- pergunto curiosa por saber um pouco mais deste individuo.
- Vais morrer Susan. Não importa o que faças. Todos vocês vão morrer!- ele contorce-se cada vez mais. Aponto o punho para a lua que já estava no alto do céu.
- RUMPELSTILTSKIN!- o rapaz começa a gritar, um grito gutural, um grito demoníaco. Sinto-me feliz por ouvir os seus gritos de dor. Quero vê-lo sofrer, quero esmagar-lhe o coração e...
Não penses apenas nisso. Pensa em coisas boas. É a felicidade e o amor que o vão matar, não o ódio.
- VOCÊS VÃO MORRER! TODOS OS MEUS DEMÓNIOS IRÃO VOS MATAR E ESVENTRÁ-LOS!
- RUMPELSTILTSKIN!- grito mais uma vez agora o Anel está a brilhar num tom esverdeado. Sinto o seu calor e poder dentro de mim, a crescer cada vez mais. O poder de todos os antepassados e líderes da Tribo Odawa que estão aqui presentes. Olho em volta e vejo os espíritos de todos eles. Todos os líderes, os meus antepassados. Ouço o som de uma música e ganho mais coragem.
- RUMPELSTILTSKIN!- grito uma última vez e vejo o rosto do rapaz a tornar-se em pó.
- VEJO-VOS NO INFERNO!- ouço-o uma última vez antes deste se desintegrar e ser levado pelo vento. Quando olho em volta já lá não vejo nenhum espírito. O Anel já não brilha.
- Conseguimos. Não acredito...- murmura Richard caindo no chão de exaustão com os olhos marejados de lágrimas.
- Foi assim tão fácil?- diz Fred atónito enquanto abraça Cristine que também chora, talvez de felicidade?
- Acho que sim...- murmura Eleanor abraçada a Bill. Ainda não gosto de os ver juntos.
- Ainda não terminou.- digo tentando recompor-me de toda esta emoção, desta batalha, pois a guerra ainda não está ganha.- Os demónios ainda andam por aí! Temos de acabar com eles antes da meia-noite. Não se esqueçam que assim que a cúpula cair os demónios podem sair e destruir o mundo todo... e aí serão imbatíveis.
20:20
Chegamos finalmente ao fim da montanha. Quando olho para cima fico com a sensação de ver um vulto enorme no topo mas momentos depois já lá não está e decido focar-me no grupo.
- PAI!- ouço Fred a gritar. Olho na sua direção e vejo-o a correr e a abraçar o seu pai. Estou feliz por ele mas foco-me nos meus próprios pais, tal como Cristine e... Kira.
- Pai, mãe! Nós matámos o Rumpelstiltskin. Ele já não pode invocar ninguém! E... a Kira está connosco.- digo aproximando a Kira do resto da família.
- Minha querida Kira.- a minha mãe estende as mãos para a filha mais nova mas a pequena afasta-se a medo. Vejo no olhar da minha mãe que ela ficou magoada, mas o que é que ela estava à espera? De uma receção calorosa?
- Se vocês mataram o vampiro, o demónio, então agora temos de lidar com umas aranhas?- pergunto, tentando desviar a conversa para o que realmente interessa. Os problemas familiares podem ser resolvidos depois.
- Não, a hora delas já passou. Esperemos que a cidade tenha sobrevivido. E na verdade elas são enormes, não te deixes enganar.- diz a minha mãe, enquanto começamos a caminhar todos pela floresta. 23 pessoas, todos com treino para matar demónios, armadas e preparadas para um ataque surpresa, todos exceto Kira, mais poderosa que eu e que pode matar qualquer um de nós apenas com um pensamento. Estamos prontos para qualquer coisa.
- Então o que temos de enfrentar agora? Já está a ficar escuro de novo, temos de nos despachar.- diz Cristine do lado direito da nossa mãe.
- Pássaros.- diz ela apontando para cima e disparando, onde momentos depois vejo cair um vulto enorme. Quando nos aproximamos em alerta máximo fico atónita com o tamanho da águia.
- Parece aquele hipogrifo do Harry Potter.- comenta Fred.
- Só tu para dizer isso. E não, isto é uma águia mas muito maior. Temos de ter cuidado, vão haver mais por aí!- afirma o pai do Richard.
Minutos depois de chegarmos à cidade vemos várias águias de vários tamanhos, todas maiores que um autocarro, a levantarem voo com algo agarrado nas patas. Quando semicerro os olhos descubro que são pessoas.
- TEMOS QUE OS AJUDAR!- grito e corro para o centro da cidade. Olho para trás para ver se me estão a seguir e percebo que o grupo dividiu-se em 3. Mary, Bill e alguns pais seguem-me e deduzo que os outros tenham ido pelas outras ruas da cidade.
- Vamos ajudar todos os que pudermos!- digo preparando-me para disparar quando me tocam no ombro.
- Suse, tu não vais atacar.- a minha mãe diz-me.
- O quê? Porquê?- pergunto zangada.- Não é hora para seres uma mãe galinha.
- Não é isso. O Anel pode reconstruir a cidade. Tenta usá-lo para reconstruir as estradas. Assim será mais fácil de caminhar pela cidade!
- Ok...- digo a contragosto, pois tenho vontade de lutar mas corro no sentido contrário.- Ok Anel, não sei como funcionas mas ajuda-me por favor.
Estendo o braço para a estrada e penso em controlar o ambiente, as pedras, a terra e tudo o que está em volta de mim. Ouço alguns sons estranhos e quando abro os olhos vejo, para meu espanto, a estrada como nova.
- Acho que já podes ir para as obras públicas.- ouço a voz de Richard atrás de mim e quando me viro vejo-o a disparar contra uma águia que estava a vir na minha direção, por trás de mim.
- Obrigado amor.- digo piscando os olhos. Ele sorri mas momentos depois uma águia apanha-o, vindo do lado esquerdo e levanta-o no ar. Ainda tento disparar contra o monstro mas não sou capaz, ficando apenas a ver o meu namorado a ser levado por um monstro, para um lugar desconhecido.
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