Justiça
George pvo---
A Constance e o Jean estão apaixonados. Sei disso, percebo isso. É fácil de notar na atração que sentem um pelo outro.
Passei a viagem toda até ao 8 círculo de parte, sem ter quase a minha presença notada. Eles não se amam realmente. Apenas sentem uma atração física um pelo outro, enquanto estão no local mais negro, sombrio e improvável do mundo: o Inferno. Talvez seja o desespero a falar mais alto.
Caminho atrás deles, que parece que estão a ter uma conversa importante, enquanto John caminha ao meu lado, em silêncio.
- Onde achas que o Jack pode estar?- pergunto por fim, quebrando o silêncio.
- No 2 círculo.- ele diz.
- E isso é...?- pergunto sem entender.
- No 2 círculo está o local onde os luxuriosos, que viviam cheios de luxo e que O ignoravam. Mas também existe uma espécie de... tribunal. Onde um ser julga todas as almas e condena-as a um dos círculos, de acordo com os pecados que cada um teve.
- E ele ainda lá está?- pergunta Constance que ouvia a conversa.
- Sim, ainda. Por vezes pode demorar anos até que se decida a qual círculo pertence.- responde agora Jean.
- Então só temos de convencer o monstro de que o Jack não merece cá estar.
- Não vai ser assim tão fácil.- diz John.
- Porquê?- pergunto, receando a resposta.
- Porque o ser que julga as almas é Minos, o Juiz.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Não sei quanto tempo passou desde que entrámos no inferno mas já cá estamos à tempo suficiente para ficarmos traumatizados pelo resto da vida. Depois de subirmos do 8 para o 7 e 6 círculo passamos para o quinto.
Durante o caminho vimos cada vez destinos mais cruéis, mortes eternas e sangue, muito sangue. Toda esta aventura faz-me pensar o que me vai acontecer quando morrer. Irei para o Céu ou virei até ao Inferno e ficarei a sofrer eternamente? E a minha... a minha filha?
Subimos então para o 4 círculo, a GANÂNCIA. Enquanto atravessamos o círculo vejo centenas de almas a derreterem num lago dourado...
- Aquilo é ouro?- pergunto. Jean olha para trás e diz que sim. Continuamos a caminhar. Estou impressionado por não termos enfrentado ainda nada desde que saímos do oitavo círculo. Pelo menos, nada tão perigoso. O demónio que guardava John era perigoso, sim. Mas algo não está certo. Deveríamos ter mais ataques para nos tentarem deter. Afinal, estamos a levar duas almas condenadas para a vida.
- CUIDADO!- grita Constance, tirando-me dos meus pensamentos. Olho para o local onde o grito vem e vejo na verdade um saco enorme a rebolar na minha direção. Não me lembrava que estávamos a subir uma colina.
Salto para o lado, mesmo a tempo de ver o saco que continha moedas de ouro a embater contra uma rocha. Quando tenho mais tempo para ver os pormenores consigo notar nos corpos dos condenados presos ao saco, em sofrimento.
- Estás bem George!?- pergunta Jean.
- Sim, estou... Vamos continuar.- nem tento perguntar o porquê daqueles sacos mas algo me diz que servem para punir os gananciosos.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
Chegamos ao 2 círculo. Estamos agora na ponte que leva ao grande e horrendo monstro, Minos, que vai julgar o Jack. Não estamos prontos para combater. As nossas armas não são suficientes e pelo que John disse, ele é grande o suficiente para nos esmagar com facilidade.
- Acham que vamos conseguir convencê-lo a deixar o Jack ir?- pergunto com receio da resposta.
- Sim, temos de conseguir.- responde Constance, enquanto caminhamos pela ponte de pedra. Em frente, ao fundo está um pátio enorme, composto por pedras escuras. De cada lado existem colunas que albergam várias almas, à espera para serem julgadas. No chão, em baixo das colunas existem dois poços de lava e nela também existem almas. Por fim, no meio, está Minos.
- Oh meu... odeio isto.- comenta Constance horrorizada.- A cara dele... ele não tem olhos.
Só tem boca. Uma boca distorcida e dilacerada, coberta de dentes. O local onde deveriam estar os olhos está coberto de pele branca. Talvez a única coisa clara que vi até agora no Inferno: branco.
Os braços são compridos e esguios, a barriga está ligada às rochas por baixo dele.
Ele faz parte do Inferno...
- Minos julga as almas pelos seus pecados. Agarra alguém e cheira-os, sentindo os seus pecados. Depois envolve-os na sua cauda um certo número de vezes... cada círculo representam uma volta na cauda dele. As almas são escolhidas assim.- ouço Jean a explicar mas não o ouço realmete. Já estamos perto o suficiente para ver os julgamentos.
Observo Minos, que agarra numa mulher idosa, cheirando-a em seguida. Ela não pára de gritar, a pedir perdão. Depois ouve-se uma voz grossa e fria.
- SEXTO CÍRCULO!- Minos fala. Vejo então a cauda a enrolar-se em volta da mulher seis vezes até que por fim ela desaparece, transformando-se num líquido vermelho que identifico ser sangue.
- Ok, quem vai falar?- pergunto assustado.
- Eu falo.- Jean anuncia.
- Não vou retorquir.- comenta John. Permaneço calado. Não quero enfrentar perigos desnecessários, pois o importante agora é voltar para a minha filha.
Se ao menos ela soubesse a verdade...
- Não te vou deixar ir Jean!- diz Constance.- Temos de ir todos.
- Mas e se eles nos decidir matar a todos?!
- Então a nossa aventura acaba aqui.- diz ela cruzando os braços.
Miúda teimosa. Se continuar assim vai acabar por morrer.
Ele assente e começa a caminhar para o centro do pátio. Caminho atrás de Constance e John segue atrás de mim.
- MINOS! DESEJAMOS FALAR CONTIGO!- grita Jean, fazendo o ser parar os julgamentos.
- QUEM SE ATREVE A ENTRAR NA MINHA CASA?!- pergunta ele olhando para nós, ou pelo menos, movendo a cabeça na nossa direção.
- SOMOS JOVENS GUERREIROS QUE VIERAM A MANDO DE FURFUR!
- Furfur ãh...? Ahahahaha- ele ri devagar, fazendo pequenas pausas.- Esse demónio nunca soube o que fazer da morte dele. E o que ele vos mandou aqui fazer?
- HOUVE DOIS ENGANOS! DUAS DAS ALMAS QUE AQUI ESTÃO NÃO ERAM PARA CÁ ESTAR! ELE PEDIU PARA QUE AS TROUXESSEMOS DE VOLTA À VIDA!
- O quê?! NÃO!! NÃO IREI DEIXAR!- grita ele irritado.- Eu julgo todas as almas que aparecem aqui, justamente!
- Nós sabemos Minos. Mas estas duas almas... não estão mortas! Ambas entraram aqui por sua escolha. Este que está connosco é uma delas!- Constance fala e aponta para John.- Ele entrou aqui atrás de Cerberus!
- Eu lembro-me de o ter julgado. Ele não morreu, mas o que fez em vida fê-lo merecer o Inferno. No entanto, ele está vivo... Ele poderá ir com vocês.
Suspiro de alívio. Abraço John que sorri, feliz pela notícia mas continuo a pensar no que ele fez em vida para merecer um lugar tão horrível.
- Agora, quem é a outra alma?
- Ele ainda não foi julgado! Chama-se Jack Lee!- grita John eufórico.
Minos não diz nada mas começa a cheirar. Move a cabeça para todos os lados e por fim move a mão dele na direção de um poço com lava, retirando de lá alguém.
- É este?- olhamos para o rapaz nu e antes que qualquer um possa responder John corre para ele.
- JACK! FINALMENTE!- mas Minos empurra John para o chão com a cauda e levanta Jack à altura da sua cara.
- ELE NÃO FOI JULGADO! NÃO PODEM TOCAR NELE!- grita indignado.
- Por favor Minos. Ele não precisa de ser julgado! Basta dá-lo a nós!
- NÃO! ELE SERÁ JULGADO! A ÚNICA FORMA DE ELE VOLTAR À TERRA É SER SALVO POR DEUS!
O cabrão é capaz de dizer o nome de Deus.
Começo a entender o jogo. Jack vai ser julgado e se for enviado para o Limbo, poderá eventualmente ser salvo por Deus, ou por nós.
- Julga-o então.- diz Jean. Minos começa então a cheirar o rapaz.
- NUNCA ROUBOU NEM NUNCA FOI VIOLENTO. NO ENTANTO, LUTOU CONTRA DEMÓNIOS...
- Para viver! Para o bem do mundo!- completa John.
- ACREDITA EM DEUS E NÃO EXISTE IRA NELE. A GULA É QUASE ENEXISTENTE E A GANÂNCIA NUNCA EXISTIU NESTA ALMA...- a cada palavra que ele profere ficamos mais tensos. Tenho medo do que lhe poderá acontecer.
- ESTA ALMA É DIFERENTE... ESTA ALMA... NÃO TEM QUASE NENHUM PECADO... SERÁ ENVIADA PARA O LIMBO...
- Mas... mas o Limbo é apenas para quem é pagão...- contrapõe Jean nervoso.
- ELE TEM UMA CHANCE DE SER SALVO POR VOCÊS, MORTAIS. SINTAM-SE FELIZES.- então ele enrola Jack com a sua cauda apenas um vez e aperta-o, fazendo-o desaparecer numa explosão de sangue.- AGORA... VOCÊS...
- O que quer dizer com isso?- pergunta Jean agarrando na mão de Constance.
- VOCÊS ENTRARAM NOS MEUS DOMINIOS E EXIGIRAM A LIBERTAÇÃO DE DUAS ALMAS! UMA DELAS ESTÁ VIVA MAS A OUTRA NÃO! EU POSSO TRAZÊ-LA DE VOLTA... MAS EXISTE UM PREÇO...
- Foda-se! Foda-se, foda-se, foda-se!- grita Jean irritado.- O QUE QUERES AGORA!?
- A TROCA DE ALMAS É IMPORTANTE PARA MIM. SE VOCÊS VÃO LEVAR UMA ALMA PARA A TERRA, DEVEM TAMBÉM DEIXAR CÁ UMA EM TROCA.
Fudeu...
Mary pvo---
- O que fazemos agora?- pergunta Cristine.
- Esperamos.- anuncia Furfur enquanto fecha o portal.
- Mas por quanto tempo?- pergunta ela insistindo.
- Quando eles estiverem prontos para sair, eu saberei. Agora... vou embora.- ele começa a caminhar para a porta.
- ESPERA O QUÊ?!- pergunta Eleanor irritada.
Estou sentada numa das cadeiras da esquadra, com Jean Jr. de um lado e Kira do outro.
- Não irei ficar aqui. Quando eles estiverem prontos para regressar eu irei ter com vocês.
- Tu não podes ir embora! Vais ajudar-nos a combater os outros monstros!- ordena Eleanor.
- Não quero. Não tenho paciência para isso. E para além disso... eles são demónios, tal como eu.- ele abre a porta e afasta-se.
- Então porque estás a ajudar-nos!?- pergunta Cristine.
Ele olha para trás e sorri. Quando se vira desaparece num monte de fumo roxo.
- Foda-se!- pragueja Eleanor irritada. O grupo dispersa e tento consolar as crianças que estão assustadas.
- Olá.- ouço uma voz masculina e levanto o olhar para o meu namorado.
- Bill...
- Precisamos de falar.- ele olha para as crianças e entendo o recado.
- Kira, Jean, porque não vão dar uma volta aqui dentro? Talvez encontrem algo para se entreterem.
As crianças acenam e levantam-se, deixando um lugar para Bill se sentar.
- O que queres?- pergunto olhando para Eleanor e Merle que estão a discutir algo.
- Preciso de te contar algo.- ele olha para mim e eu olho para ele. Vejo o olhar de pena nos olhos dele e percebo o que ele me vai contar. Nesse momento tenho um flashback.
Flashback on---
Alguns meses atrás...
Entro na casa de banho a correr e abro uma porta dos cubículos. Puxo as calças para baixo e vejo a quantidade de sangue. Não esperava que ele viesse agora, a aplicação do telemóvel estava errada. E para piorar, veio durante o teste de Química.
- Merda...- murmuro enquanto trato da minha higiene pessoal.
Depois de limpar as pernas e de colocar um tampão pego nas calças e coloco-as na mala de educação física que trouxera e visto umas novas.
- Melhor...- no momento em que falo ouço a porta a abrir-se e penso imediatamente que é alguém a gozar comigo. Mas não é.
- Bill...- ouço o murmúrio de uma miúda, mais um gemido.
Bill...? O meu namorado?
Fico o mais parada possível e ouço o som de beijos.
Não... não...
- Fode-me Bill...- geme ela. Tenho a sensação que já ouvi a voz dela algures...
- Eleanor... sua vadia...- ouço agora a voz de Bill e o som de uma palmada no rabo.
Não acredito nisto...- coloco a mão na boca para não fazer nenhum som e ouço-os a abrir a porta do cubículo ao meu lado. Logo depois ouço o fecho das calças de Bill e percebo que estão a despir-se. De repente fica tudo silencioso e então ouço o som de gemidos.
- Ohh.... Fode-me Bill...- ouço o som de gemidos e de sons contínuos.
Tenho de sair daqui. Não aguento mais.
Arrumo as minhas coisas o mais silenciosamente possível, aproveitando alguns barulhos mais altos deles para fechar o zip da mala. Quando acho que estou pronta o som da campainha dos 45 minutos toca e aproveito para destrancar a porta do cubículo. Eles não notam a minha presença e continuam a fazer sexo.
- Achas que a Mary vai desconfiar?- ouço Eleanor a falar entre gemidos.
- Na... não. Ela nunca vai saber.- não consigo aguentar mais e saio da casa de banho, não me importando com o barulho.
Corro. Corro pelos corredores, entre algumas pessoas que por ali passavam e ignorando a repreensão de um contínuo que por ali estava. Choro e corro. Não quero saber de mais nada. Quero morrer. Quero matar o Bill, quero matar a Eleanor. Quero morrer.
Flashback off---
- Tu e a Eleanor andam a fuder.- digo simplesmente, sem desviar o olhar dele. Quando Bill recebe a noticia fica admirado e chocado por eu saber e desvia o olhar.- Olha para mim. OLHA PARA MIM!
O resto do grupo olha para nós, tal como Bill. Um silêncio incomodo instala-se no edifício. Não consigo descobrir quais são as emoções dele no momento.
- Como... como sabes?- pergunta ele por fim, a gaguejar.
- Eu estava na casa de banho quando tu e ela foram fuder! Eu ouvi tudo! TU TRAÍSTE-ME! EU AMAVA-TE! E TU TROCASTE-ME POR... POR ELA!- grita enfurecida e olhando com desprezo para Eleanor.
- Eu... eu...
- NÃO QUERO SABER! VAI LÁ TER COM A TUA PUTA DE SERVIÇO QUE EU ESTOU FARTA!- grito para ele, dando-lhe uma estalada em seguida. Todos sustêm a respiração e ouço Kira a choramingar.
- EI! NÃO TOQUES NELE!- grita Eleanor correndo até mim e empurrando-me contra a parede.
- Sua cabra!- grito e corro para ela, atirando-a ao chão. Começamos a bater uma na outra. Eu dou-lhe socos e estaladas e ela puxa-me o cabelo mas não ligo para a dor. Só a quero matar.
- PAREM! AS DUAS!- grita Merle. Fred pega em mim, tal como Cristine enquanto o Merle e Bill agarram Eleanor.
- Não podem continuar assim!- diz Merle irritado.- Temos de trabalhar em conjunto!
- Ela... ela tentou namorar com o Richard quase que o roubou à Susan! Agora sou eu! E roubou-mo!- digo a chorar de raiva e tristeza.
- Talvez porque tu não eras boa o suficiente!- diz ela a provocar. Tento libertar-me mas sou impedida por uma corrente de ar. Não, não e uma corrente de ar. Um furacão.
Tudo acontece ao mesmo tempo.
Sinto o meu corpo a deixar o chão e sou atirada pelo ar. Sinto algo frio a cortar-se a face. Tento abrir os olhos mas a poeira e os destroços são demasiados então fecho-os de novo. Tento gritar mas não consigo. Estou à mercê do vento. Do grande vendaval que destrói a esquadra. Não sei o que aconteceu aos outros mas demorámos demasiado tempo na esquadra e esquecemo-nos do outro desastre.
Agora tenho a certeza de que vou morrer. Sinto o meu corpo a embater contra algo duro e caio no chão, inconsciente.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Bem, após muito tempo de inatividade, voltei! hehe
Peço desculpa (mais uma vez) a todos os que esperaram ansiosamente por novos capítulos mas... finalmente posso dizer que estou pronto a publicar um capítulo por semana (quem sabe dois). O meu objetivo é acabar esta história antes do dia 1 de Maio, que é o meu dia de anos!
Espero que estejam a gostar, tenho procurado algumas imagens par tornar a história um pouco mais real!
(A IMAGEM NO INICIO DO CAPÍTULO É DA CONSTANCE!!!)
Qualquer erro, avisem por favor! :D
E não esqueçam de votar ;)
Abraços!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro