A outra Susan
Richard pvo---
- Susan? O que se passa?
- Não acredito que vocês são burros o suficiente para virem aqui.- ela sorri maliciosamente.
Esta não é a Susan...
- Suse... o que te aconteceu? E como é que estás a flutuar?- pergunto cada vez mais confuso.
- Ok, fartei-me.- dito isto ela estende o braço direito e abre a mão, movendo-a para o lado direito. Inicialmente não entendi o que se passava mas logo a seguir ouço gritos e quando olho para o lado vejo John, Jack, Constance e Fred a voar até embaterem nos rochedos.
- Susan!- grito mas momentos depois uma força qualquer eleva-me no ar e atira-me para o lado oposto, tal como Bill, Cristine e Mary. Sinto o meu corpo a bater numa superfície dura e quando caio no chão quase que desmaio pela segunda vez neste dia mas consigo manter os olhos abertos o tempo suficiente para ver Eleanor em pé, sozinha, a olhar para Susan.
- EU SEI O QUE PLANEIAS FAZER SUA CABRA!- grita Eleanor.
- VOU FINALMENTE VINGAR-ME DE TI SUA TRAIDORA!- grita agora Susan e estende o braço mas esta já sabia o que iria acontecer e antecedendo-se a Susan, Eleanor retira a sua Colt do coldre e dispara a arma, acertando no braço dela.
- SUA FILHA DA PUTA!!- grita Susan antes de cair no vazio. Ouço um grito e tento levantar-me. Quando finalmente consigo vejo que os outros tentam também recuperar do ataque e percebo que Eleanor estava na beira do precipício a segurar o braço da ex-amiga.
- Segura-a bem!- digo e caminho rapidamente até elas. Quando chego por fim à beira do que poderia ser a morte certa para a minha namorada, agarro na outra mão dela e puxo-a para cima. Todos os outros tinham as suas armas prontas para disparar caso ela tentasse mais alguma coisa.
- VAMOS ACABAR COM ESTA MERDA!- grito para ela. Mesmo sendo a minha namorada, algo não está bem.
- SEU PUTO INUTIL. FINALMENTE POSSO ACABAR COM ESTA FARSA! TU...- ela aponta para mim e depois para Eleanor.- TU FUDESTE COM AQUELA VACA DE MERDA! TU TRAÍSTE A MINHA CONFIANÇA! E EU IREI MATAR-VOS A TODOS!
Ela começa a contorcer-se e a tentar libertar-se das nossas mãos.
- Susan, esta não és tu! O que te fizeram?- digo cada vez mais preocupado.
- QUE SE FODA!- ela grita uma vez mais e com uma força surpreendente agarra no meu pescoço, apertando-o com força o suficiente para me tirar o ar. Tenho libertar-me mas é cada vez mais difícil. Vejo Bill, John e Jack a tentar puxá-la mas momentos depois ela já os atirou para trás com uma força telecinética qualquer.
- Susan. Olha para mim.- ouço a voz de Cristine e vejo Susan arregalar os olhos. A minha visão começa a ficar turva.- Susan, sou eu, a tua irmã. Lembras-te de mim? Por favor, ouve-me.
- TU ÉS APENAS MAIS UMA VITIMA DESTES MIÚDOS!- começo a ver tudo escuro e deixo de ter forças nas mãos para combater.
- Suse... tu és a minha maninha. Por favor, volta para nós... Precisamos de ti.- ela agarra na mão livre de Susan.- Eu preciso de ti.
Por momentos sinto a força a diminuir e então por fim ela larga-me. Caio no chão e começo a tossir violentamente enquanto Mary e Fred correm até mim.
- AJUDA CARALHO!- grita Susan com as mãos na cabeça. Cristine põe a mão no ombro dela quando a irmã levantam-se espontaneamente.
- LARGA-ME DESCENDENTE DE MERDA!- grita Susan dando uma estalada à irmã. Todos ficamos parados a olhar para a cena, impotentes, com medo e sem esperanças. Ela é mais forte que todos nós. Segundos depois Susan olha para a irmã caída no chão e começa a chorar.
- Libertem-me deste monstro...- murmura ela com as mãos na cabeça e de olhos fechados. Cristine aproxima-se mais uma vez da irmã mais velha e começa a sussurrar ao ouvido dela.
- Só tu poderás fazer esse monstro desaparecer. Tens de conseguir. Pensa em coisas boas, pensa na tua família, nos teus amigos...- ela olha para mim.- No teu namorado.
Susan pvo---
Horas antes---
Sinto-me diferente. Sinto-me feliz e com vontade de matar aquele grupo todo. Esventrá-los e atirá-los aos demónios que estão por vir. Estou farta de ser a boazinha da fita. Preciso de por um fim naqueles miúdos inúteis que se acham. E preciso de matar a minha irmã antes que ela perceba o poder que tem.
- Quais são as tuas ordens?- pergunto ao rapaz sem nome que está a limpar a neve das mãos.
- Vais treinar um pouco o teu poder e depois podes voar até ao grupo. Encontra-os e mata-os. Mas não a tua irmã. Vou precisar dela viva. Depois dos assuntos que tenho a tratar com ela podes matá-la.- ela diz enquanto se senta numa rocha.
- Certo e... que poderes é que ela tem?- pergunto curiosa. Preciso de estar pronta a enfrentá-la.
- Bem... tu tens a telecinese... o teu tio também o tinha, deve ter sido por isso que também o tens... A tua irmã... ou tem o mesmo ou outro qualquer. Desconheço qual seja.
- E o do outro descendente?- pergunto com medo do que possa ser e quem possa ser.
- Ah, esse eu sei. E estamos fudidos caso o descendente descubra como usá-lo.- ela sorri sarcasticamente.
Cruzo os braços à espera que o rapaz mistério mo diga para poder sair dali e treinar o meu poder, matando algumas pessoas.
- Eu sei que deves estar ansiosa. O poder...- ouvimos uma explosão proveniente da cidade.- Mais alguns mortos. Bem, o poder do outro descendente é o controlo da mente.
Horas depois---
- TU FUDESTE COM AQUELA VACA DE MERDA! TU TRAÍSTE A MINHA CONFIANÇA! E EU IREI MATA-LOS A TODOS!- grito com toda a força que posso para aqueles miúdos que se acham os melhores apenas por matarem alguns demónios. Não sei como foi possível estar do lado deles.
- Susan, esta não és tu! O que te fizeram? E pára de tentar libertar-te!- ouço o meu ex-namorado dizer. Estou farta deste gajo. E aqueles lábios... cortá-los e enfiá-los nos rabos daqueles dois gays de merda que estão do lado deles... foda-se.
- QUE SE FODA!- grito virando-me para o lado e aperto o pescoço de Richard, feliz por poder matá-lo. Sinto movimentos atrás de mim mas com um gesto do meu braço afasto os rapazes para longe. É bom saber que...
SAI DO MEU CORPO SUA INUTIL DE MERDA!
Arregalo os olhos pois ouço a verdadeira Susan na minha mente a provocar-me dores de cabeça para tentar sair, coisa que não posso deixar acontecer.
Vejo que Cristine fala para mim mas não preciso de mais uma puta a chatear-me a cabeça.
- TU ÉS APENAS MAIS UMA VITIMA DESTES MIÚDOS!
Tento não ouvir mais nada do que ela diz, apertando cada vez mais o pescoço do rapaz que está quase morto, quando ouço aquela frase.
- Eu preciso de ti.- tento ignorá-la mas a outra Susan, a Susan boa que está bem presa na minha mente ouve a sua querida irmã a pedir que ela volte e a minha mente apaga por um momento. Poucos segundos depois volto ao controlo da mente de Susan e grito para Cristine.
- LARGA-ME DESCENDENTE DE MERDA!- fiz mal em dizer isto. Não devia ter mencionado a palavra descendente. O meu corpo começa a perder as forças e percebo que já larguei Richard. A minha visão apaga-se durante um bom bocado e percebo que já não estou no controlo, não por enquanto. Quando volto finalmente a ver o que se passa vejo Cristine a sorrir para mim.
- Olá outra Susan. Está na hora de saíres!- dito isto ela dá-me um soco com todas as forças e percebo que na verdade, o soco dela era uma pedra enorme no lugar da mão. Fico zonza e noto que estou a sangrar da cabeça e da boca.
- Tu... tu...- tento falar e levantar-me do chão.- tu descobriste o teu...
- Poder, sim, pedras, calhaus, terra. A minha irmã contou-me tudo o que ouviu entre ti e o outro rapaz mistério... Já sabemos onde ele está e ela ajudou-me a desbloquear o meu poder. E agora... vais morrer.
- NÃO PODES! VAIS MATAR A SUSAN!- grito feliz e começo a rir-me, deixando algum do sangue escorrer da minha boca para o chão com neve.
- Se vocês me matarem, a vossa querida Susan também morre!
A não ser que seja eu a matar-te!- ouço Susan a dizer e a minha mente explode numa centena de emoções e recordações. Lembro-me da primeira vez que Richard me beijou, do facto de saber que teria uma irmã mais nova, dos meus pais a sorrirem para mim, dos meus amigos e dos bons momentos uns com os outros.
Dou um berro e tento tirar isto da minha cabeça mas não sou capaz, a dor é insuportável. Vou acabar com ela.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
A minha visão está preta mas ouço vozes. Vozes conhecidas, sinto alguém a tocar-me e alguém a chamar o meu nome.
- Susan, estás bem? Estás aí?!- pergunta Richard. Consigo abrir os olhos, muito lentamente e percebo que é ele que me está a agarrar, ajoelhado e comigo ao colo, a minha cabeça quase que contra o peito dele.
- Sim...- começo a tossir um pouco de sangue.- Ela... ela...
- Sim, ela morreu. Tu conseguiste expulsá-la. Ela saiu do teu corpo... era um monstro nojento e preto... assim que ele saiu desintegrou-se. E tu... tu estás viva!- percebo que ele estava a chorar e beija-me. Ficamos assim por um tempo até que alguém tosse.
- Bem, eu sei que isto é tudo muito bonito mas gostava de abraçar a minha irmã.- vejo Cristine a surgir atrás de Richard. Este ajuda-me a levantar e Cristine abraça-me logo depois, apoiando-me nela.
- Tive tantas saudades tuas... Desculpa... tudo isto.- digo a custo. Parece que tinha sido à anos que já não estava com ela. Começo a chorar de emoção e felicidade por ela estar a salvo. Se o monstro a tivesse magoado, não sei o que faria.
- Eu também. E não te preocupes, não eras tu. Mas agora temos coisas mais importantes a fazer.- ela vira-se para John e Jack.- Estes dois estiveram no Inferno e o Jean, a Constance e... e o George foram busca-los...
- Onde está o...- procuro pelo polícia mas não o encontro e sou interrompida por Constance.
- Ele morreu. Sacrificou-se.- diz ela rapidamente e de forma fria.
- Certo... bem... o que fazemos agora?- pergunto desnorteada. Não sei o que fazer, para onde ir, estou fraca e perdi metade dos acontecimentos.
- Estamos aqui para encontrar o Anel Esmeralda. Se o tal rapaz que te raptou o encontrar e o puser... bem, vai poder destruir muito mais que as nossas vidas e esta cidade.
- Ok, então ele está aqui?- pergunto a olhar para as rochas.
- Sim, e vou-te pedir para usares os teus poderes para desviar a neve. Talvez haja alguma pista gravada no chão ou nas paredes.- pede Richard gentilmente. Sorrio para ele e concordo. Mas quando me preparo para o usar reparo que não consigo obter a energia necessária para o executar.
- Hum, malta, acho que fiquei sem poderes.- tento entender o que se passa mas é Cristine quem explica.
- Talvez tenha sido o monstro. Acho que quem te dava aqueles poderes como voar e telecinese... acho que era o espírito que estava no teu corpo.
- Então, e agora?- pergunta Bill coçando a cabeça. Penso em Merle, ele pode ajudar-nos. Procuro-o com o olhar mas não o encontro em lado nenhum.
- Ei, olhem... onde está o Merle?- pergunto olhando para Cristine. Ela não olha para mim, limitando-se a baixar a cabeça. Percebo o que aconteceu e fico mais triste. Ele era da família. Fazia parte dela mesmo que por pouco tempo e agora foi-se.
- Os nossos pais foram resgatados... dois deles morreram mas todos os outros estão vivos, pelo que sabemos, a lutar neste momento na praça contra os trolls... Os teus pais estão orgulhosos...- diz Richard pegando na minha mão. Aceno afirmativamente mas depois lembro-me que ainda temos de retirar a neve do caminho.
- Vamos tirar a neve e depois pensamos no que fazer a seguir.- eles concordam e todos começamos a cavar e a arrastar a neve para vários montes, revelando cada vez mais gravuras no chão, várias saliências e imagens. Ao terminarmos, levanto-me com a ajuda de Richard e observo para o grupo de gravuras estranhas que nunca tinha visto na minha vida.
- Ok, acho que está tudo. Como vamos então...- mais uma vez sou interrompida, não por Constance mas por Cristine.
- Merle deu-me um livro... Nele nós... nós podemos guiar-nos e encontrar o que estes símbolos significam.
Fico admirada por Cris ter um recebido um livro do nosso tio. Ela mudou imenso desde o momento que tudo isto começou, evoluiu bastante mentalmente e fisicamente. Presenciou a morte de amigos, familiares e desconhecidos, matou dezenas de monstros e ainda lutou contra demónios. Perdi algumas horas longe dela e quando volto encontro-a assim, mais forte do que nunca.
- Ok, eu sei que isto tem sido difícil para ti, para todos nós.- olho em redor, para cada um.
- Discurso de motivação?- pergunta Richard com um sorriso na cara.
- Discurso de motivação.- digo a sorrir também como se fosse algo planeado, coisa que não era.- Ok, eu sei que estamos tramados. Perdemos muitas pessoas importantes para nós ao longo do caminho e outras... bem, outras nem tanto.
Lembro-me de Rui, Kerry, Tereza e Kyle que estavam no hospital e que nos queriam matar, apenas para salvarem as vidas deles. Lembro-me de Ollena a pedir misericórdia e a pedir por água. Talvez tenhamos sido egoístas em ter decidido partilhar as bebidas entre nós mas era o necessário para sobreviver.
Bem, eu não culpo nenhum deles. Todos tiverem razões para nos odiar.
- Lembrem-se que estamos aqui para proteger todos os que pudermos. Lembrem-se do Jean júnior.- o professor esboça um pequeno sorriso.- Lembrem-se da Kira que... que perdeu um braço, a mãe, o pai e a avó... ela é das pessoas mais fortes nesta cidade. E todos nós temos de ser também, por todos eles.
Olho para o céu, lembro-me de Merle. Tenho a certeza de que Constance, Fred e Mary também se lembrarão dos seus entes queridos.
- Lembrem-se de quem esteve aqui para nos proteger e quem se sacrificou. Precisamos de nos lembrar o quão importante é para nós proteger tudo isto...- abro os braços na direção da cidade.- Obrigado a todos por se juntarem e por ajudarem na luta contra o mal.
Olho para Richard que sorri orgulhoso.
- Eu sei que isto soou muito cliché mas é assim mesmo a vida: um monte de altos e baixos que devem ser superados.
- A Susan tem razão. Nós tivemos mais pontos baixos que altos mas agora é a hora de mudar o rumo das coisas e destruir estes cabrões que andam a ameaçar a nossa cidade.- Richard aproxima-se de mim e dá-me a mão.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
- Susan! Acho que já sei como encontrar o anel!- ouço Cristine, que esteve durante os 20 minutos anteriores a procurar no livro algo que ajudasse.- O tal rapaz... ele falou alguma coisa sobre uns Descendentes? Tipo, tu, quero dizer, a Susan má, falou qualquer coisa sobre isso quando estava no teu corpo...
- Sim, eu lembro-me de tudo a partir do momento em que a outra Susan apareceu. Eles falaram sobre eu ser descendente de uma tribo, a tribo Odawa. Eu e mais 3 pessoas somos os descendentes dessas pessoas que viveram aqui há milhares de anos atrás. E...- penso um pouco.
Devo mesmo despejar toda a informação que sei sobre ela? Afinal, ela é a minha irmã e eu preciso de a proteger.
- O quê?- ela olha-me nos olhos e decido que tenho de confiar nela.
- Cris... já não és mais uma criança e acho que toda esta confusão te integrou bastante no mundo dos adultos...- inspiro fundo.- Tu, eu e o Merle somos os descendentes da Tribo Odawa. Só nós é que poderemos tocar no anel e... e usá-lo.
- Estás a querer dizer...?- ela olha-me chocada. Não a culpo.
- Sim, eu sei... Vamos ter de ter uma conversa com os nossos pais.- digo ganhando coragem. Se pelo que estamos aqui a desvendar, se realmente somos Os Descendentes então existe mais uma pessoa da nossa família que nós não conhecemos.
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