A Era do Gelo
Mary pvo---
- Mary, ajuda aquela senhora a limpar os vidros do restaurante dela.- diz Jean, fazendo sinal para uma senhora de 60 anos que estava a limpar o chão todo sujo de vidros e terra.
- Certo, avisa se fores a algum lado.- ele assente e dirijo-me ao restaurante.- Boa noite. Eu ajudo-a.
- Obrigado! Isto anda tudo um caos desde que chegou a meia-noite. Não sabia que o Halloween seria assim tão cruel connosco, mesmo depois do que aconteceu anteriormente.- fala a senhora cumprimentando-me.
- O que quer dizer com isso? O que aconteceu?- pergunto curiosa com a conversa da velha.
- Primeiro, chamo-me Anna. Não sei se posso dizer... aqui é perigoso.- ela olha para os lados e pega na minha mão.- Segue-me temos de sair daqui. Kira! Vem aqui!
Logo após o grito vejo uma figura pequena aparecer pela porta da dispensa. Uma criança de 10 anos, cabelo tão preto como a noite e olhos verdes, de tez branca e com um vestido antes rosa, agora castanho por causa do pó.
- Kira, limpa aqui o chão e manda os escombros lá para fora querida.
- Certo avó.- ela diz num tom de voz doce e delicado.
- Ela é muito bonita...- digo a sorrir.
- Pois é... Bem, vem! Precisamos de nos apressar.- ela puxa-me para a porta dos fundos e depois de entrar fecha-a.- Há 15 anos atrás um homem misterioso chegou à cidade. Ninguém sabia de onde ele vinha, quem era e o que fazia aqui. Ele apenas entrava todas as noites num café diferente ou restaurante e pedia por um copo de cerveja. Nunca 2 ou 3, apenas 1; pagava e ia embora.
- Essa história é bem interessante mas o que isso tem a ver com estes... acontecimentos?- pergunto aborrecida.
- Calma... Bem... este homem nunca falava com ninguém mas um dia, o meu... o meu marido fartou-se das visitas dele a este restaurante e fez-lhe frente...
Flashback on—
- Você... Vá embora! Não queremos estrangeiros nojentos como você aqui! Vai acabar por arranjar problemas!- grita o dono do café, um homem de 57 anos, cabelo já quase todo branco e com sinais da idade.
Ele e a mulher olham para o misterioso homem com a expectativa de que ele se levante e vá embora mas ele continua a beber sem pronunciar uma única palavra quando de repente uma mulher alta e de cabelo preto entra no café com um bebé de alguns meses nos braços.
- TU!- grita a mulher dirigindo-se ao homem e assim que se aproxima dele dá um pontapé na cadeira onde ele estava sentando, fazendo a cadeira dele oscilar violentamente e entornando a cerveja para o peito do homem que continua com o olhar fixo na mesa do balcão.- Eu persegui-te durante meses depois de saber que tu me engravidas-te e agora finalmente encontrei-te! Todos aqui vão saber o tipo de homem que és!
- Por favor, acalme-se. Você conhece este homem há quanto tempo?- pergunta o velho.
- Há exactamente 1 ano! Ele engravidou-me e fugiu! E eu fiquei sozinha com uma criança para cuidar! Agora encontrei-te seu cabrão!- ela tenta dizer algo mais mas cala-se quando o homem levanta-se lentamente e coloca a mão no bolso do casaco comprido.
- Eu vou chamar a polícia!- grita o velho e corre para o outro lado do café pegando no telefone mas ele não chega a ligar a ninguém pois momentos depois ele cai no chão com um buraco na cabeça.
Todos gritam e começam a tentar sair do café mas o homem começa a disparar contra as pessoas, acertando na maior parte e enchendo as paredes de vermelho.
- Por favor... Não faças mal ao meu rapaz... ele é inocente! Por favor!- suplica a mulher, caminhando para trás sem tirar os olhos do homem que a engravidou.
Entretanto a recente viúva, dona do café, que se manteve abaixada este tempo todo escapa pela porta dos fundos e esconde-se entre algumas prateleiras rezando para não morrer. Ouvem-se mais tiros e o som de carros da polícia e pessoas a falar.
- Alguém está aqui?!- pergunta uma voz familiar para Anna. O seu filho, que recentemente se tinha tornado polícia.- Mãe?!
- Aqui...- murmura suficientemente alto para o filho ouvir.
- Mãe! O que aconteceu?! Quem esteve aqui?!- pergunta ele, levantando a mulher, e levando-a para fora do café. Durante o caminho olhou para o chão e viu a mãe da criança no chão, com vários tiros na barriga e na cabeça mas sem sinal do bebé.
- Mãe... o pai morreu...
- Eu sei querido... eu sei...- diz ela, chorando sem parar.
Flashback off---
- Ele nunca foi encontrado. Nem ele nem o filho.- conta a velha já de lágrimas nos olhos.- Acredito que o bebé tenha sido morto e enterrado algures aqui perto. O meu filho... ficou abalado pelo acontecimento mas nunca deixou o cargo de polícia e agora já é sargento da esquadra.
- Eu... eu sinto muito... não sabia que isso tinha acontecido... os meus pêsames...- digo emocionada com a história.
- Muitos acreditam que foi ele era uma espécie de mágico e que lançou algum feitiço nesta cidade como punição pelo que aconteceu. Claro que são histórias e lendas, muitos não acreditam nela.- ela diz enquanto arruma alguns temperos.
- E você... acredita?- pergunto atenta a qualquer reação. Ela imobiliza-se e segundos depois fala.
- Acredito.- ela olha para mim seriamente mas deixo de prestar atenção pois começo a sentir um pouco de frio.
- Está frio aqui não está?- pergunto, enquanto me agasalho.
- Sim, é verdade... vamos lá para fora, talvez os aquecedores tenham deixado de funcionar.- saímos para o café e vemos então a Kira, a tremer de frio sentada num banco.
- Oh meu amor! Estás gelada! Temos de ir para um sítio mais quente!- fala ela, agarrando na neta e saindo para a rua.- Vamos para a minha casa. É aqui perto.
- Certo, deixe-me só avisar um amigo meu.- ela assente e corro para o professor Jean que estava agora a ajudar a dar cobertores, juntamente com Jack e John.
- Jean, eu vou levar a senhora e a neta a casa e já cá venho ter!
- Certo, despacha-te! Este frio não é normal!
Corro de volta para o edifício e entro em casa de Anna. Sinto cada vez mais frio e então vejo as janelas a ficarem congeladas começando a estalar até que se partem.
- MEU DEUS! ANNA, KIRA! ONDE ESTÃO?!- pergunto, avançando pelo corredor até que entro na primeira porta que vejo.
- Kira! Vem, onde está a tua avó?!- pergunto, colocando mais uma manta no corpo da criança a tremer.
- Ela deve estar na cozinha... Tenho frio...
- Eu vou lá buscá-la. Fica aqui e aquece-te!- corro para a cozinha sem esperar uma resposta e assim que entro vejo a quantidade de gelo e neve que cobre a mesa, o fogão e os armários, e sentada numa cadeira vejo Anna, congelada até ao pescoço.
- Anna! OH MEU DEUS! O QUE ACONTECEU?!- pergunto a chorar, mas as lágrimas congelam nas minhas bochechas.
- Salva... Kira- fala ela com dificuldade. Consigo ver o gelo a subir até à cara, o rosto dela a ficar azul de frio.- Ela... não é...
Não aguento ficar ali mais tempo com o frio e corro para fora da cozinha, agarro em Kira e saímos para a rua que ainda está mais gelada. Olho para todos os lados e vejo algumas pessoas congeladas, tentando desesperadamente se aquecer.
- John! Onde estão os outros!?- pergunto para o rapaz a tremer de frio.
- N... No hospital, todos estão lá tentando aquecerem-se! Vamos, rápido!- começamos a correr e por vezes vejo carros de bombeiros congelados com um jato de água também gelado e grupos de bombeiros em volta.
- ISTO É OUTRO DESASTRE NÃO É?!- grito enquanto a tempestade de neve que se adensa. Mantenho a minha mão presa à de Kira e chegamos por fim ao hospital.
- Sim é mas não te preocupes. Vamos sobreviver a isto, falta apenas mais 26 minutos!
- Mary, John! Precisamos de vocês!- anuncia Susan, aproximando-se de nós com um monte de roupa em cima.- As pessoas estão a congelas e não achamos forma de nos aquecer. Quem é ela?
- Chama-se Kira! Ela é neta de uma senhora que... que já cá não está! Acho que sei porque isto tudo está a acontecer duma forma tão superior ao que os teus pais achavam!
- Certo, mas discutimos isso depois! Ninguém pode sair da cidade e estamos sem comunicações! Precisamos de uma forma de nos aquecer!- fala ela, guiando-nos até à sala onde todas as pessoas estão, tentando usar o calor corporal como forma de sobrevivência.
- Certo pessoal! Precisamos de fogo! Usem isqueiros, fósforos, mantas, luzes que aqueçam, qualquer coisa!- grita Susan, agitando os braços para chamar a atenção das pessoas que ainda não estão mortas.
- Mary...- ouço a miúda a falar e baixo-me, espremendo a cabeça contra as costas de alguém.
- Dói-me a mão.- queixa-se ela mostrando a mão direita tapada por uma luva.
- Deixa-me ver. Deves ter batido com ela em algum lado.- tiro a luva para ver o que se passa e assusto-me quando vejo que a mão dela está congelada.
- Eu... JEAN, SUSAN!- grito esperando que me ouçam. Vejo então o grupo todo aproximar-se.
Não sabia que estavam cá todos...
- Onde estão os outros?!- pergunto, lembrando-me de Merle, Richard, Eleanor, Cristine, Bill e Fred.
- Ainda não sabemos. Devem estar a tentar matar o próximo demónio. Mas o que se passa?- pergunta Susan, olhando para a mão de Kira.- Oh meu deus... Isso...
Ela aproxima-se do meu ouvido, aquecendo-o por momentos.
- Vai ter de ser amputado...
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
- Ok, alguém tem de sair para ir buscar um analgésico para ela não sentir dor.- digo, olhando em volta.
- Eu vou.- oferece-se Jean.
- Não, tu ficas aqui a ajudar as pessoas. Eu e a Mary vamos.- decide Susan, olhando para mim.
- Certo.- digo tentando demonstrar coragem e não medo.
- Tenham cuidado...- murmura Jean.
- Vamos, temos de sair o mais rápido possível.- dirigimo-nos para a saída quando algumas pessoas barram o caminho.
- Nós vamos com vocês. Não aguentamos mais estar aqui e ela é claustrofóbica.- fala um homem apontando para uma mulher magra. Ao todo são 4. Dois homens e duas mulheres.
- Têm noção de que podem morrer ali fora certo?- pergunto desconfiada.
- Sim, mas é um risco que queremos correr. Mas é melhor apressarmo-nos.- fala o rapaz de óculos.- Já agora, o meu nome é Rui, sou um turista português mas já cá vivo há uns anos. Aquele é o Kyle, a Kerry, ele diz apontando para o homem musculado e para a claustrofóbica. E aquela é a Tereza.
- Ok, eu sou a Susan e esta é a Mary. Vamos, não podemos perder tempo.
*-*-*-*-*-*-*-*-*-*
- Faltam 10 minutos para isto acabar... está quase.- murmura Susan ao meu ouvido.
- Certo, mas está a piorar!- aviso olhando em volta, vendo neve a entrar pelas janelas.
- Encontrei os analgésicos!- grita Tereza a sorrir apesar de ter os lábios roxos, correndo para dentro da sala onde estávamos mas então o sorriso dela morre quando pára e não se consegue mexer.- Ajudem-me...
Ela começa a chorar mas as lágrimas são congeladas, logo depois a cara é coberta de gelo e percebo que os analgésicos não podem ser congelados. Corro para a mulher morta e agarro os medicamentos no momento em que a mão fica congelada. Momentos depois, devido ao frio ela parte-se em vários pedaços, cobrindo o chão.
- Oh meu deus... Tereza...- murmura Kerry, tentando não chorar.
- Vamos! Temos de ir agora! Falta pouco tempo para isto acabar!- grito, correndo para o corredor.
- Pouco tempo para o quê?!- pergunta Kyle, caminhando devagar. Olho para Susan e percebo que me descuidei.
- Para nada... senão nos apressar-mos pode acabar a vida da Kira e a nossa!
- Vocês estão a mentir... Vocês sabem o que se passa! Desde o raio de luz enorme que se passa algo e vocês têm algo a ver com isso!- grita ela começando a correr para nós, mas pára no momento em que vemos as portas do fundo do corredor a explodir deixando entrar neve e gelo, congelando tudo, mais do que já estava.
- Corram!- grita Susan.
Corremos pelos corredores do hospital, fugindo de uma morte horrível e dolorosa.
- Faltam 3 minutos.- aviso.
- Eu vou matar-vos! Vocês são as culpadas!- grita Kyle, aproximando-se de mim. Consigo chegar à esquina mas ele faz-me uma rasteira e caio no chão. Susan volta para trás e tenta lutar com Kyle mas ele é mas forte.
- Ajudem-nos!- grita Kerry que tenta levantar Rui de debaixo de uma cama que tinha caído entretanto.
- Não os podemos ajudar! Mas eu irei matar-vos, nem que morra a tentar!
- Então não falta muito.- diz Susan, e então dispara, usando a arma que esteve no bolso dela o tempo todo.
- Sua... cabra...- ele cai no chão, criando uma poça de sangue em redor dele.
- Temos de ir...- murmura ela.
- Então e eles?!- pergunto olhando para Kerry e Rui mas ambos já estão mortos, agarrados um ao outro, a beijarem-se. Começo a chorar e levanto-me, correndo ao lado de Susan até chegarmos ao rés do chão.
- Rápido! Vem aí!
- Faltam 10 segundos!
- Não podemos arriscar! Temos de entrar na sala agora!- grito e entro na sala puxando-a comigo. Fecho a porta e corro para a outra ponta da sala, onde está Kira.
- 5, 4, 3...- conta Susan, olhando para a porta e vendo o gelo a entrar. As pessoas começam a gritar ao serem congeladas e empurram-se, tentando não morrer.
- 2..1..0. Acabou.- murmura ela.
Olhamos em volta. Muitos foram congelados, partindo-se de seguida e outros com alguns membros congelados, em sofrimento e a pedir por socorro.
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Uau, capítulo bem tenso não?
Até me deu arrepios de escrever e tadinhos dos 4 amigos, só queriam viver...
Bem, se tiverem algumas duvidas perguntem, não sejam tímidos!
Vemo-nos na próxima segunda! :D
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