Hora 18
- Ah! - Grito e logo após inspiro com força. Nein levanta-se rapidamente ainda com os olhos semicerrados e me encara. Minha respiração está ofegante e eu desvio o olhar dela.
Esses sonhos estão mexendo demais comigo. Mexendo demais!
- O que foi? - Pergunta aparentemente preocupada. Volto meu olhar para ela novamente, balanço a cabeça em negativa e levanto, caminhando para fora da caverna. - Alli, espera! - Corre e me alcança, segurando meu braço. Seus dedos estão frios. Nós dois estamos frios. A encaro outra vez sem expressão. - Teve algum sonho ruim?
Franzo minhas sobrancelhas e passo a mão no rosto. - Depois converso com você. - Digo e vou para fora, mas logo dou meia volta e entro na caverna novamente. Está frio demais, e eu passei a noite sem camisa. Sinto que vou congelar.
Ando para perto de Nein 2 e sento novamente ao seu lado, sem dizer uma só palavra.
- Alli, estou preocupada com você. Sonhou com o Z? - Ela pergunta com o rosto virado para mim, mas continuo vidrado na parede de pedras à minha frente.
Eu estou preocupado comigo. Esses sonhos constantes estão quase contando uma história. Eles simplesmente são iguais, ou melhor, se completam; como que se dando continuidade. Não apenas ocorrem no mesmo cenário e com as mesmas pessoas, mas nas mesmas situações e em uma sequência lógica. A mulher desconhecida; sua oração; a cirurgia; a enfermeira; os médicos; a perna; os diálogos...
Isso tudo acaba causando uma interrogação enorme em minha mente e eu não sei o que entender disso tudo. Será algum tipo de mensagem? Um aviso ou premeditação? Será um perigo que eu vou passar? Será que há algo interligado com Zion e o meu propósito de voltar até ele?
O pior de tudo é que esses sonhos começaram exatamente no dia em que os conheci. Será que o que aquela mulher disse a mim hoje tem algo a ver com o fato de eu já ter morrido ou... Que irei morrer novamente? Digo... Dessa vez pra valer, sem ressuscitar!
Por que ela disse-me que os médicos me deram apenas mais 7 horas de vida, e por que ela me teria em 7 horas? Será alguma espécie de tempo que tenho em um possível relógio bidimensional? Será que 7 horas é o que me resta de vida? Ou o tempo para salvar todas aquelas pessoas presas antes que aconteça algo comigo?
De qualquer forma, se for ou não um aviso, preciso me adiantar. Contar o tempo e agir o mais rápido possível. Ela me disse que eu tenho que lutar, e é isso que irei fazer. Seja em 7 horas ou o tempo que ainda me restar vida.
- Aisle, dá pra parar de me ignorar e me dar atenção por um estante? - Ouço a voz de Nein depois de alguns segundos. - Você sonhou com o Zion? Será que não é um aviso para não irmos?
- Não. - Respiro fundo. - Eu vou. Você fica.
- Não! - Ela aumenta o tom de voz. - Achei que havíamos combinado que iriamos os dois.
- Combinamos, mas não vou te forçar se não quiser...
- Claro que quero! - Me corta. - Não vou te deixar ir sozinho.
Olho em seus olhos por uns momentos. - Se não se importar eu... Vou vestir minha camisa. - Falo mudando de assunto enquanto bato os dentes uns nos outros por conta do frio e me estico para pegar a camisa. Ela concorda com a cabeça e anda em direção ao local em que colocamos as frutas.
- Quando nós vamos? - Pergunta.
Me aproximo das frutas e pego uma maçã. - Assim que eu terminar de comer outra maçã dessas. - Respondo e ela olha para mim rapidamente.
- Sem termos um plano? - Pergunta horrorizada.
- Fazemos enquanto não chegamos lá.
- Mas duas maçãs matam a sua fome?
- Minha fome não é de maçã.
- Está com fome de vingança? - Pergunta com os olhos arregalados.
- Não! - Respondo com as sobrancelhas franzidas. - Queria um hambúrguer!
Ela então me encara com uma sobrancelha levantada. - Hambúrguer é um tipo de vingança?
A encaro. - Você não sabe o que é?
- É um tipo de vingança?!
- Não... - Falo monotonamente. - É uma comida. - Reviro os olhos e pego outra maçã, logo me levantando.
- Já vamos?
- Já. Terminou? - Pergunto e ela levanta, assentindo com a cabeça.
⌛
- Então, qual é o plano? - Nein 2 pergunta depois de uns minutos caminhando.
- Primeiro precisamos encontrar o caminho até a casa do Z; a neve acabou atrapalhando um pouco.
- E como acha que vamos nos guiar?
- Precisamos voltar para a trilha de entrada de Hairwels. Quando chegarmos lá eu consigo me guiar e encontrar a direção.
- Ok. E por onde vamos?
- Preciso achar o lugar em que estávamos antes de eu encontrar o rio. - Digo sem me direcionar a ela.
- Se eu lembrasse de todos os lugares por onde passamos enquanto eu estava desacordada, juro que te ajudaria. Agora o máximo que posso fazer é te seguir. - Nein comenta e eu apenas assinto com a cabeça.
⌛
Depois de longos minutos caminhando - quando o sol começa a deixar a temperatura mais amena - conseguimos encontrar a trilha inicial da floresta; e logo após comemorarmos seguimos em frente até que eu ache exatamente a entrada da bifurcação que leva à casa do Zion.
- Estamos chegando, Alli! - Nein comenta em tom baixo com as sobrancelhas franzidas. - O que vamos fazer?
Respiro fundo. - Tudo bem. Eu estava pensando em pegarmos armas para nós dois em uma bolsa camufladada que ele deixa na parte de trás da casa, entre as árvores.
- Armas? - Pergunta assustada.
- Sim, mas não vamos matar ninguém. É só para conseguirmos o que queremos.
Ela fica um período em silêncio. - Ainda acho que seria melhor se chamássemos os policiais.
Paro de andar e fixo meus olhos nos seus. - Não vamos mais discutir sobre isso, vamos?! - Ela então nega e voltamos a caminhar. - Certo, quando estivermos com as armas batemos na porta e eu digo ao Z que sou eu. Ele deve achar que ainda estou ferido e com certeza vai destrancar os cadeados.
- Zion vai nos ver através das câmeras, nunca vai abrir a porta. - Nein.
- Então podemos rodear a casa por entre as árvores, alcançar a bolsa das armas por trás e atirar na câmera traseira. Dessa forma ele não nos verá.
- É, mas ele vai ouvir o tiro e se assustar, então aí mesmo é que não irá abri-la. Fora que nós não somos bons de mira, né?
- Verdade. - Penso um pouco. - Mas ele fica o dia inteiro olhando aquelas câmeras? - Pergunto.
- Não. Ele fica o dia inteiro fazendo estudos e pesquisas na gente, alguns dos ajudantes é que ficam olhando as câmeras; mas sempre que veem algum movimento estranho o avisam.
- Então o que vamos fazer? - Pergunto pensativo e ficamos uns momentos em silêncio, olhando para as árvores.
- Tive uma ideia! - Nein comenta em tom alto enquanto esboça um sorriso. A encaro apreensivo. - Mas precisamos de sangue.
- Sangue?! - Pasmo. - Pra quê?
- Z não acha que você está ferido?
- Sim. - Respondo, tentando entender aonde ela quer chegar.
- Então você precisa aparecer lá ferido. Ou ele não vai acreditar.
- Hm... - Levanto as sobrancelhas e assinto. - Entendi. E onde vamos conseguir esse sangue?
- Com algum animal, obviamente.
- E como nós vamos matar um animal? - Pergunto monotonamente. - Com as mãos?! - Zombo.
Ela me olha sem reação. - Não seria uma má ideia. Você consegue?
- Não. - Falo em tom alto, na defensiva.
- Então por que opinou?
- Eu não opinei tá? Estava só brincando com você.
- Claro, porque essa realmente é a hora certa para brincadeiras! - Nein fala séria e vira o rosto para o outro lado.
- Tudo bem, tudo bem... Desculpe! É que eu realmente não sei como vamos fazer isso. Precisamos de algum instrumento. - Falo e ela continua em silêncio, pensativa.
- Na verdade, primeiro precisamos achar um animal. - Ri e depois olha para mim. - Nunca pensei que esse momento estivesse tão perto!
- Qual? O de achar um animal? - Pergunto com uma sobrancelha erguida.
- Não! - Responde em tom agudo e sorri, fixando seu olhar no meu. - Esse momento de... De ver todos aqueles que eu amo... Livres! - Então ela olha para o céu e encosta a cabeça no tronco de uma árvore próxima, começando a sorrir.
Seu sorriso é lindo, e seus olhos ficam ainda mais claros frente à luz do sol.
- Sim, mas ainda precisamos resolver algumas coisas, tipo achar um animal. - Franzo o nariz e estreito os olhos para ela por conta do sol.
- Isso! - Concorda apontando o indicador para mim. - E quando acharmos, como vamos mata-lo?
- Precisamos mesmo de sangue falso? - Pergunto depois de pensar por uns segundos.
- Precisamos mesmo entrar na casa do Z sem os policiais? - Rebate.
A encaro outra vez. - Sim, precisamos de sangue falso. - Respondo.
- Ótimo! - Nein aperta os lábios e cruza os braços.
- Ótimo! - Ergo uma sobrancelha e me aproximo dela e de sua árvore, colocando os braços ao redor de seu rosto.
Ficamos longos segundos em silêncio, apenas nos olhando. Nein continua de braços cruzados, mas seus lábios estão entreabertos e ela olha fixamente para mim.
Aproximo-me devagar, mas então lembro de algo.
"Eu não posso ficar sozinha, amor, não consigo!"
"Volte para nós, meu amor..."
Respiro fundo. A mulher dos sonhos.
Ela me chamou de amor. Que tipo de amor é esse?! Esses sonhos são muito estranhos, parecem até reais!
Fecho os olhos.
Só tenho mais 7 horas de vida.
Me aproximo mais.
Eu preciso lutar. Preciso viver. Mas a que vida ela estava se referindo? Eu estou bem! Sério, estou bem!
Sinto a respiração de Nein 2 bem perto. Preciso beijá-la.
Não posso beijá-la. Isso não é real. Nein não é real. Eu tenho uma mulher, eu tenho um amor. Eu tenho uma vida. E ela está se acabando.
Mas que droga de pensamentos são esses?! A minha vida é esta, e estou vivendo-a. Vou beijar a garota que está na minha frente agora. E ela é apenas um clone. Mas e daí?! Vou beijá-la mesmo assim.
Não vou beijá-la. Não posso beijá-la. Minha esposa está esperando por mim, eu preciso lutar. Preciso viver. Preciso encontra-la.
Argh! Eu não tenho esposa. Não tenho namorada. Não tenho ninguém. Só tenho um clone bem aqui, na minha frente, e vou beijá-la sim.
Continuo com os olhos fechados e encosto meus lábios nos seus.
Sinto meu coração acelerar e imediatamente meu corpo todo gira.
Minha vida está uma loucura! Esses sonhos estão mexendo demais comigo! Demais!
⌛
Abro os olhos e tudo o que consigo ver é uma mulher, um quarto branco e uma tela ao meu lado mostrando a frequência cardíaca acelerada de alguém.
Espera! É a minha frequência cardíaca. E é a mesma mulher dos meus sonhos.
E ela está me beijando.
E minha perna está doendo.
E eu não sei mais se isso é um sonho ou uma realidade paralela.
Não sei mais se são meus próprios pensamentos se autoconcretizando ou uma segunda dimensão.
Ou talvez eu esteja simplesmente ficando louco.
E esteja em um hospital psiquiátrico. E essa mulher seja uma outra louca querendo me enganar.
Movo meu olhar para a mulher, que se afasta devagar com os olhos ainda fechados.
- Alli? - Ela fala assim que abre os olhos. Sua voz soa distante.
Ela também diz mais algumas coisas que me deixam inquieto.
Fecho os olhos com força e franzo o cenho.
⌛
Abro os olhos.
Nein está na minha frente. Me encarando.
- O que está acontecendo? - Ela pergunta com uma mão na boca e as sobrancelhas franzidas.
A encaro por uns segundos e levo as mãos à cabeça. - Estou me fazendo a mesma pergunta. - Respondo.
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Oiii meus amores, tudo bem?
Me desculpem por ultimamente estar me atrasando tanto com as atualizações de 24 horas, é que minhas férias estão bastante corridas! Estou resolvendo muitas coisas e meus dias estão quase totalmente preenchidos. Escrevo capítulo entre um tempo e outro que tenho disponíveis.
Maaaaas.... hehehehe Estou trazendo ótimas notícias!! Porém antes de contar quero perguntar o que acharam da Hora 18 😁 Eu sei, estou confundindo bastante as coisas na linda cabecinha de vocês, mas estamos nos capítulos finais, e eu quero dizer-lhes que as confusões na mente do Alli vão apenas aumentar kk But don't create panic, tudo irá se resolver no final - ou não.
Sim, agora vamos às novidades. xD
1) Eu saí do jornal do meu estado !!!!!!! haha Pois é, e a matéria foi sobre ADI, explicando que
2) Ele vai ser lançado e ainda esse ano estará disponível em versão física!! hahaha Ai, gente, estou tão feliz!
Não caiam da cadeira - se é que vocês estão sentados em uma -, mas é isso mesmo! Uma editora de um estado x me procurou mostrando interesse em publicar meu livro, e é claro que eu aceitei, né '-' rsrs Mas enfim, prometo que em breve os atualizarei de mais coisas. Aproveito para agradecer os 30 K lá 😍😍 Vocês são mesmo um amor, gente!
Até o próximo capítulo! Beijos,
- SophiieM
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