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4. Patins?!




Eu estava, literalmente, contando os segundos para aquela aula terminar. Meus olhos estavam fixos no relógio pregado em cima do quadro-negro, atentos ao ponteiros dos segundos. Eu nunca fui uma má aluna. Apesar de detestar o que estou cursando e não manter nenhum interesse, eu não me permitia reprovar. Eu entregava todos os trabalhos em dia e tentava fazer o meu melhor. Claro, esse desempenho também era necessário para que eu mantivesse minha bolsa. Só que tentar ser uma boa aluna não fazia com que eu suportasse as aulas. Eu estava com o cotovelo em cima da mesa e uma das minhas mãos suportava o peso de minha cabeça enquanto eu esperava ansiosamente até o ponteiro dos segundos completar mais duas voltas. Quando finalmente o fez, eu fiquei contente e quase me levantei para sair da sala, mas foi aí que percebi que o Sr. Henke continuava a escrever algo usando o giz. Como eu odiava não ter um sinal sonoro para avisar que a aula acabou! E como eu odiava ter que ficar minutos extras presa na sala de aula. Um minuto a mais dentro da sala era um minuto a menos para eu almoçar e ir para o trabalho. Pensei em sair de fininho, mas era o Sr. Henke. Eu já havia escapado mais cedo da aula dele semana passada e esse homem parecia que tinha uma visão de 360 graus. Eu com certeza não sairia sem ser notada.

Enquanto eu pensava em um plano para escapar dali, ele, ainda escrevendo no quadro, me pegou de surpresa.

- Eu posso sentir sua impaciência daqui, senhorita com nome de cidade canadense - ele disse, sem sequer virar o rosto ou o corpo e sem ao menos parar de escrever

Eu quis me encolher. E uma pequena raiva tomou conta de mim junto com a vergonha. Eu não suportava a aula dele, mas ele era um bom professor. Era o único que parecia se importar comigo, só que às vezes parecia que se importava demais. Já estava virando mania-de-perseguição aos meus olhos.

- Pode sair, se quiser - o Sr. Henke disse de novo sem olhar para mim

Eu não sabia o que fazer. Eu queria e precisava sair dali se quisesse ter tempo suficiente para me vestir e almoçar. Só que aquele convite me pareceu uma armadilha. Se eu levantasse e saísse, o que aconteceria? E agora era óbvio que todos os olhares da sala estavam direcionados a mim.

Eu decidi ficar calada e sentada, apesar de também querer sair para não me atrasar.

Ele ficou mais cinco minutos escrevendo no quadro e logo dispensou a sala. A sala, não eu. E eu já estava irritada quando o ouvi chamar meu nome enquanto os outros alunos saiam.

- O que foi? - eu disse com um pouco de hostilidade

- Eu realmente vou precisar chamar sua atenção todas as aulas para que assim você perceba suas prioridades?

- Eu não estou entendendo, Sr. Henke.

- É claro que você está entendendo. E você sabe muito bem que o que você diz que é sua prioridade está em segundo lugar.

- Sr. Henke, eu realmente não entendo por que o senhor pega tanto no meu pé. Apesar de tudo, eu sou uma boa aluna. Eu faço tudo e eu nunca reprovei.

- Porque você é orgulhosa.

- E você não é meu pai para me falar essas coisas.

- Me desculpa, é que eu não entendo. Eu sofro ao ver que você está infeliz porque parece que eu não estou fazendo meu trabalho direito. E em mais de trinta anos de profissão, eu nunca vi um aluno tão orgulhoso quanto você. Está escrito na sua testa que você não suporta esse curso e eu simplesmente não entendo porque você não o larga. E Deus sabe o quanto eu já tentei fazer com que minhas aulas te interessassem. Eu fico frustrado.

- O problema não é o senhor.

Eu quase deixei escapar um "quem está frustrado aqui sou eu", mas me segurei.

- Então, se o problema é você, por que você não busca algo que te faça feliz? E eu sei bem que você tem potencial.

- Sr. Henke, eu estou atrasada mais do que deveria, será que poderíamos deixar essa conversa pra depois?

- Vá. Se servir hambúrgueres e recolher gorjetas é o que te faz feliz...

Eu segurei uma resposta mal educada dentro de mim. Quem ele era pra tentar me dar lições de moral? E ainda desmerecer o que eu faço depois da faculdade? Aquilo não era da conta dele. Então eu apenas saí da sala pisando firme e abrindo a porta com movimentos bruscos. Uma cena que o meu eu dramático não conseguiu evitar.


Entrei no restaurante pelas portas dos fundos, tentando ignorar os roncos do meu estômago. Joguei minha bolsa dentro do meu armário e me troquei. Karina tinha razão, aquele azul-bebê era o cúmulo da cafonisse. Depois de prender o cabelo em um rabo de cavalo, fui até o balcão e me surpreendi ao ver as outras duas garçonetes e o gerente esperando por mim.

- Está atrasada - ele falou

- Eu sei, desculpa. Farei hora extra.

Ele aceitou aquilo sem nenhum outro comentário e continuou a falar o que falava antes de eu aparecer ali.

- Como ia dizendo, alguns clientes reclamaram que, sem os patins, o restaurante perdeu um pouco da característica de típica lanchonete americana dos anos 50 e estamos precisando de clientes no momento. Então os seus patins estão ali, naquela caixa e eu realmente espero - nessa hora eu entendi o que estava acontecendo e o cortei

- Patins?! - exclamei - Você por algum acaso teve amnésia? Não lembra do desastre que foi a última vez que tentamos isso?

- Eu realmente espero que vocês não caiam dessa vez e derrubem a comida nos clientes - ele simplesmente me ignorou - É por isso que estamos dando um prazo para que vocês treinem, durante uma semana o uso dos patins não vai ser cobrado então vocês terão essa semana para praticarem e aprenderem.

- Uma semana? Isso só pode ser brincadeira.

- Algum problema, senhorita? - falou, se referindo a mim

- É claro que tem um problema! Uma semana é um prazo muito curto para aprendermos por nós próprias a andar em cima de quatro rodinhas carregando bandejas cheias que não podem ser derrubadas. Você já viu o piso desse lugar? Não tem estrutura adequada para isso! E vocês não vão dar nenhum treinamento? O que acontece se a gente não aprender? Vai ser que nem da outra vez?

- Mas vocês vão aprender, vocês têm uma semana.

- Uau. Uma semana. Quanto tempo, não? Eu me nego a fazer isso. Eu não vou quebrar uma ou duas pernas só para a clientela se sentir melhor. E aposto que nenhuma de nós aceitamos isso, certo? - olhei para as outras, porém elas ficaram sem jeito e não me apoiaram

Fiquei completamente frustrada e decepcionada. Me senti estúpida por estar confrontando essa ideia maluca sozinha. Mas era sempre assim, era sempre eu a que reclamava de tudo, era sempre eu que não queria fazer meu trabalho. Como eu odiava nosso gerente que, gerenciando um time de apenas quatro garçonetes e três cozinheiros, se achava no direito de mandar em todo mundo como se fôssemos um batalhão seguindo a ordem do general.

- Se eu não aprender? E se eu me desequilibrar e cair e derrubar a preciosa comida em um dos clientes?

- Se você não quiser fazer isso, não faça, procure um emprego num restaurante francês por exemplo, aposto que não cobram andar de patins lá. Mas cobram simpatia, educação e eficiência, então boa sorte.

Eu me segurei para não pegar um dos patins e costurá-lo na perna daquela criatura. Contei até dez mentalmente tentando não soltar nenhuma ofensa que estava na ponta da minha língua. Era uma armadilha: se eu recusasse, ia ser demitida. Se eu aceitasse e não conseguisse, também iria para o olho da rua. Então eu tive que engolir meu descontentamento e vestir um sorriso para atender os clientes.


Não foi um dia fácil. Não diria que foi o pior dia da minha vida porque já tive piores, mas eu estava com raiva e farta de tudo. Cheguei em casa carregando os malditos patins e os joguei em um canto qualquer. Ouvi barulho de piscina e eu já sabia quem era. Foi aí que tentei outra abordagem: tentei entrar no jogo dele de que metade da piscina era minha também. Tirei o uniforme azul e vesti um biquíni, agradecendo aos céus por ter me depilado recentemente. Eu ia entrar em parafusos se ainda tivesse que me depilar nesse dia infernal.

Desci as escadas segurando uma cadeira em um de meus braços e um livro e uma toalha no outro.

Coloquei a cadeira na beira da piscina e me sentei, lendo o livro.

- Olá, vizinha - ele falou quando eu o ignorei

- Ah, desculpa, eu não te vi aí do seu lado da piscina - eu disse, abaixando o livro e depois voltando-o aos meus olhos

- Isso é algum tipo de TPM infinita ou o quê? - ele riu

- Você tem sorte por eu não estar na TPM.

- Daqui a quantos dias vai estar? Quero fazer as contas para eu me preparar.

Eu virei meus olhos, desprezando o tal comentário. Coloquei meu livro sobre a cadeira ao me levantar e procurei por um jeito de descer para a piscina.

- Você só pode estar de brincadeira - falei - A escada fica do seu lado da piscina?

- Já te falei. É só me dizer o valor que eu preencho um cheque e te indenizo.

- E eu já te falei que não quero seu dinheiro.

- Você pode usar a escadinha se quiser, eu não sou tão mesquinho assim.

- Não quero invadir a sua parte da piscina - falei ironicamente, sentando na beirada e jogando meu corpo n'água com cuidado

- Por que você é sempre tão orgulhosa? - ele falou

- Por que você é sempre tão irritante? - falei, imitando-o, antes de mergulhar

Assim que voltei à superfície, enxuguei meus olhos e ele estava parado olhando para mim.

- O que foi?

- Você disse que não queria invadir meu lado da piscina, mas invadiu.

Eu contei os azulejos da piscina em voz alta.

- 21! Acho que eu preciso comprar uma tinta e passar nesses malditos azulejos se você vai ficar medindo o espaço.

- Eu? Quem é que fez um escândalo porque eu estava usando sua piscina?

- Isso é uma bela idiotice. Eu posso muito bem ir para o seu lado da piscina e ninguém vai me impedir. Viu? - eu disse colocando meus pés em seu lado e voltando - Posso até fazer com um pé só - fiz o mesmo me apoiando com o pé direito - Posso até fazer isso de olhos fechados e ninguém vai me impedir.

Foi um erro eu ter fechado os olhos. Assim que coloquei os pés em seu lado, senti algo agarrá-los e puxar meu corpo para baixo de surpresa. Depois do susto, voltei à superfície e ele estava rindo. Era ele quem havia agarrado minhas pernas e quase me afogado.

- Você está maluco? - eu disse, jogando água em seu rosto com violência

- Desculpa, eu realmente preciso alimentar os tubarões que vivem do meu lado da piscina, eles não resistiram à sua carne - ele falou quase sem ar de tanto rir

- Não tinha uma brincadeira mais sem graça, não?

- Ah, falando em coisas sem graça, tem um rapaz na porta da sua casa segurando algo e com uma cara de arrependido que se nota de longe.

Eu me virei, olhando pelo canto do quintal e vi Daniel na porta de casa, exatamente como o descrito. Suportei minhas mãos na beirada da piscina e impulsionei meu corpo para cima, saindo dali. Não ter escadas do meu lado me deixou ainda mais irritada com essa história toda. Enrolei meu corpo na toalha e fui à porta da frente.

- Desculpa, Daniel - eu falei

- Não tem problema, se quiser eu volto outra hora.

- Não, imagina. Quer entrar?

- Não tem problema? Se quiser eu volto outro dia ou conversamos aqui fora mesmo.

- Não, imagina. Eu estava mesmo saindo da piscina de qualquer jeito.

Deixei o rapaz entrar, chutando os patins que estavam no meio do caminho para o lado e tentando secar meu corpo um pouco.

- Eu trouxe um bolinho como pedido de desculpas.

- Desculpas pelo quê?

- Você brigou comigo, não lembra? Sobre eu ter escondido o fato do quintal ser dividido...

- Ah, isso. Eu que deveria te pedir desculpas, acabei descontando tudo em você. Você não teve culpa.

- É que... - ele falou colocando o bolinho em cima da mesa - Essa casa está vazia há tanto tempo e você apareceu e eu realmente queria você como vizinha então eu simplesmente não falei nada.

Nao vou negar que aquela situação me surpreendeu.

- Você me queria como vizinha?

- É, bom... Queria. Você pareceu simpática e amigável...

- Agora eu estou realmente me sentindo culpada por ter descontado tudo em você.

- Não se sinta, eu entendo.

Um silêncio estranho se instalou, mas ele fez uma pergunta para acabar com aquilo.

- Você patina? - falou apontando para os patins jogados no chão

- Não exatamente. Mas eu vou ter que aprender a patinar segurando uma bandeja e um sorriso em uma semana.

- Eu posso te ensinar, se você quiser. Como pedido de desculpas...

- Você não tem nada do que se desculpar, já disse. Mas umas aulas de patins não seriam ruins...

- Amanhã à noite, que tal?

- Combinado!

Ele se despediu e eu voltei à piscina, mas o vizinho não estava mais ali. Então eu peguei meu livro e minha cadeira e fui direto pro banho. Eu ainda tinha que revisar matéria porque amanhã tinha prova e eu não podia reprovar em absolutamente nada.



Fui uma das primeiras a sair da sala após a prova. Eu estava confiante com o meu desempenho, ao menos isso para me deixar um pouco contente. Como carregar o uniforme de garçonete em meu carro já era rotina por causa de possíveis atrasos e como eu ainda tinha tempo de sobra para começar meu turno, decidi voltar àquela pequena lanchonete na qual almocei quando estava com pressa. A vista me impressionou e eu tive essa tremenda urgência em fotografá-la. Às vezes acho estranha essa urgência que tenho: ela vem do nada e não vai embora até que eu a atenda. Então, logo de manhã, coloquei minha câmera na bolsa já prevendo que iria passar pela lanchonete.

Pedi um café, com vergonha de apenas me sentar sem consumir, e fiquei observando a vista. Como eu nunca havia reparado naquela paisagem? Eu passava praticamente todo dia ali. Só que passava de carro, o que não me fazia notar bem o que estava à minha frente. Tirei a câmera devagar da minha bolsa e tentei, rapidamente, enquadrar a cena e tirar algumas fotos até o filme, que já estava no final, acabar. Depois voltei a câmera à bolsa e terminei o café, pagando por ele depois. Eu ainda tinha um longo dia de trabalho à frente, mas mal podia esperar para chegar em casa.



Eu estava tão concentrada no que estava fazendo que quase não ouvi as batidas na porta da frente. Assim que percebi que havia visita, fechei a porta de onde eu estava e acendi as luzes da sala. Era Daniel lá fora, esperando eu atendê-lo.

- Desculpa, eu realmente não ouvi você bater da primeira vez - falei

- Não tem problema. Está pronta?

- Pronta para o quê?

- Esqueceu que combinamos de ter aulas de patins hoje?

Eu tinha esquecido sim, porém ia ser uma desfeita se confessasse isso ao pobre rapaz.

- Ah, claro! Isso! Entre, eu vou só colocar uma calça de ginástica e prender o cabelo - falei, deixando-o entrar

Quando desci as escadas, amarrando meu cabelo em um rabo de cavalo, Daniel estava olhando para o bolinho, que me dera no dia anterior, intacto em cima da mesa.

- Eu preciso comprar um sorvete para acompanhá-lo - eu falei, tentando descontrair e disfarçar aquela situação

Ele sorriu e me ajudou a colocar os patins, me dando apoio até chegarmos ao meio da rua.

- Eu juro que é simples - ele falou - Você já consegue fazer o mais difícil: ficar em pé.

- Quem dera se essa parte fosse a mais difícil - falei

- Um pé de cada vez, finja que está andando mesmo.

Dei um passo para frente com o patins e senti que estava chegando a algum lugar.

- Só tente dar o passo sem levantar o patins do chão, arraste as rodas dele.

Assim que tentei fazer isso, o pé que tentou dar o passo não soube onde parar e eu acabei me desequilibrando para trás, caindo de bunda no chão.

- Você está bem? - ele falou, ainda segurando minha mão

- Sim. Sim, não foi nada.

Eu me levantei do chão com sua ajuda.

- Vamos tentar de novo, mas por favor, vá mais devagar.

Eu sorri, envergonhada.

A noite foi longa, mas eu tinha ganhado um pouco de experiência – pelo menos em cair e levantar do chão mais rapidamente. Espero que eu consiga fazer isso até semana que vem, eu não sobreviveria sem o salário e as gorjetas do restaurante.

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