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25. Acho que as coisas vão mudar por aqui.


O cheiro de café me acordou. Rolei nos lençóis e não encontrei Enzo ali, sabendo na hora que o cheiro de café era culpa dele. Levantei e fui até o quarto de Isadora, ela também não estava lá.

- Bom dia! - Enzo disse assim que me viu descer as escadas

Ele estava sentado em um banco no balcão da cozinha, tomando café e observando algo em seu notebook.

Isadora apareceu pela sala e correu até a mim, agarrando minhas pernas.

- Bom dia, Isa - eu beijei sua testa - Dormiu bem?

Ela concordou com a cabeça e voltou a correr, com os braços abertos. Eu olhei para Enzo, rindo.

- Ela está imitando um avião - ele explicou

- Ok... - estranhei - Por quê?

- Porque ela estava me ajudando a planejar nossa viagem e, quando eu disse que ia de carro, ela falou que ia tentar ir voando que nem um avião. Eu disse que só deixaria se ela aprendesse a levantar vôo. Deu nisso.

Eu gargalhei.

- Planejar nossa viagem, então? Lembra que meus pais me matam se a gente não visitá-los.

- Pode deixar. Já está no roteiro - ele sorriu - Você vai pedir férias hoje?

- E avisar que vou fazer apenas meio período. Cruze os dedos, porque não vai ser fácil.

- Por causa do gerente?

- Uhum - eu respondi, assoprando o café quente

- Por que você não fala direto com o dono? Sei lá, ele é só o gerente.

- Eu quase nunca encontro com o dono, ele só aparece lá algumas vezes. Ele tem outros restaurantes.

- Tenta ligar pra ele, falar que precisa muito que ele vá hoje no restaurante. Ou tenta avisar pra ele antes do gerente, não sei.

- Será? - eu desconfiei

- Sim. Eu vou tentar achar um telefone aqui pra você e você liga, ok? Não aceite não como resposta.

- Combinado.

- Eu não estou conseguindo - Isa disse, com um bico, nos olhando

- Eu vou te ajudar.

Enzo se levantou e pegou a menina pela cintura com rapidez, a levantando enquanto ela ria com os braços abertos, deitada no ar. Eu não queria outra história, outra casa, outra vida.

Acabou que Enzo conseguiu um telefone para que eu falasse diretamente com o dono. Após ser passada de secretária para secretária, ele atendeu. Eu me senti um pouco nervosa, eu mal o conhecia. Tentei explicar minha situação e ainda acabei reclamando do gerente. Ele se surpreendeu, acho que eu fui a única que reclamara do infeliz. Ele falou que iria hoje no restaurante, mas que era para eu conversar com o gerente e ver o que ele ia dizer. Por fim, não tive resposta concreta, só descobriria mais tarde... O que me deixou ainda mais apreensiva.

Minha cabeça estava a mil enquanto eu tirava o pijama de Isa e ajudava-a a se vestir.

- É assim mesmo? - ela perguntou

Eu percebi que havia colocado a blusa dela do lado avesso. Eu ri comigo mesma.

- Eu não estou nada bem hoje mesmo, ein? - eu brinquei, tirando a blusa e a desvirando

- Não está? - ela perguntou, inocentemente

- Estou, estou. É que eu não consigo parar de pensar, às vezes eu queria um botãozinho pra desligar, sabe?

- Nem quando você dorme?

- Só quando eu durmo.

- Você não sonha?

- Deixa eu te contar um segredo, como fada madrinha - eu falei mais baixo - Às vezes, quando nossos sonhos se realizam, a gente deixa de sonhar de noite porque já está vivendo o sonho no resto do dia.

- Que demais - ela pensou, olhando para cima

- É uma pena eu não poder ficar o dia todo com você. Mas logo logo vamos fazer uma viagem e vamos ficar tão grudadas que você vai é se cansar de mim - eu brinquei

- Eu acho que nunca viajei.

- Eu também não viajei muito não, vai ser tudo novidade.

- Posso chamar o Troy?

Lá veio ela com essa história de Troy, eu pensei.

- Claro. Mas a mãe e o pai dele precisam deixar e depois virem falar conosco, ok?

Ela confirmou com a cabeça. Eu não sabia mais se isso era saudável, essa invenção toda. Não queria que ela se apagasse a coisas irreais, mas não tinha o que fazer.

- Adivinha quem vai ser minha ajudante especial hoje com a encomenda? - Enzo surgiu na porta do quarto

- Quem? - a menina falou animada

- O nome dela rima com amora.

Ela quase pulou da cama quando percebeu que seu nome rimava com amora. Eu e Enzo rimos quando ela correu e o abraçou pelas pernas. No fundo, eu sentia uma inveja boba. Ela nunca tinha tido um pai, era mais fácil para ela se apegar a ele. No fundo, eu sabia que teria que diminuir logo essas minhas horas na lanchonete.

- O insuportável está mais insuportável que o normal, só para avisar - Karina disse assim que eu cheguei à lanchonete

O "insuportável" era o gerente. Eu poderia adivinhar por que ele estava mais insuportável que o normal.

- Só pra ajudar eu vou ter que falar com ele hoje sem falta - eu disse

- Meus pêsames, quer dizer, boa sorte - Karina brincou

Eu amarrei os patins nos meus pés. Eu estava tão cansada que quase não sentia meus dedos do pé.

- Posso falar com a senhorita? - o "insuportável" disse em um tom arrogante abrindo a porta da área de funcionários de supetão

- Claro - eu quase dei os ombros, mas imaginei que só iria irritá-lo mais

- Qualquer coisa grita que a gente chama uma ambulância... Pra ele, claro - Karina sussurrou enquanto eu saía

Eu não consegui evitar e ri.

- Isso é engraçado para você? - o homem parou, com raiva e me olhou

- Isso o quê?

- Ter ligado para o chefe para reclamar de mim?! - ele estava se sentindo ofendido

- Não sei o que te disseram, mas não foi por isso que eu liguei. Você não prefere ter essa conversa na sua sala, não? - eu disse calmamente

- E você não podia ter a decência de falar na minha cara? - ele se exaltou

Eu senti que todos os funcionários, até o pessoal da cozinha, parou, fazendo silêncio para ouvir o que estava acontecendo.

- E ainda o chamou aqui? Para quê? Me humilhar pelas costas não era o suficiente?

Eu realmente não estava gostando do tom de voz dele. Eu não era do tipo que aguentaria aquela afronta calada.

- Que bagunça é essa?

Uma voz diferente das cotidianas soou perto da porta. Mais silêncio se fez, tudo o que se podia ouvir era a gordura borbulhando na cozinha.

- Você deve ser a Montreal, certo? - o homem que dava duas de mim falou, apontando

Eu confirmei.

- Vocês dois - ele apontou de novo para mim e agora também para o gerente - Me sigam. O resto pode voltar ao trabalho que já é quase hora de almoço, daqui a pouco esse lugar enche.

Nós o seguimos até a sala do gerente. Ele fechou a porta, o resto do restaurante voltou a funcionar normalmente, mas eu podia sentir o clima de fofoca no ar. Eu não queria sair como vilã nisso.

- O que foi aquilo lá fora? Gritar com uma garçonete na frente de todos os funcionários? Um pouco mais alto os clientes iam ouvir!

O dono, Jay, como eu lia na caneta personalizada no bolso da sua camisa, disse firme, porém sem se exaltar.

- Mas, chefe, ela há muito tempo tem algo contra mim! Nunca atende o que eu digo, deixa mesas sujas, eu quase tenho que fazer o serviço por esse povo aqui! - eu abri minha boca, não conseguia acreditar que ele estava falando isso

- Quase? Por que não o fez então? - Jay sentou na cadeira dele, com tranquilidade

O insuportável se sentou na cadeira à frente. Eu mal me dei ao luxo de sentar na cadeira ao lado dele.

- Sabe, ser gerente é muito mais que dar ordens e ficar jogando joguinhos no celular esperando que tudo seja feito.

Eu ri, o homem sentado do meu lado me olhou feio.

- Montreal, certo? - Jay me perguntou, eu afirmei - Fico feliz por ter reclamado diretamente a mim. Eu vou fazer questões que as coisas mudem aqui. Esse é o restaurante com a melhor localização, mas não o melhor lucro. Era algo que eu não entendia, acho que agora consigo ver melhor a razão.

- Mas a culpa não é só minha! Elas ficam se arrastando nesses patins, mal se esforçam para atender direito, quase caem com a comida nos clientes e quando eu chamo a atenção elas me olham com desprezo!

- Ei, ei, nem vem. Essa história do patins já foi bem discutida, nós testamos uma vez e não deu certo, dessa vez não houve treinamento nenhum e tivemos uma semana para nos adaptarmos! - eu expressei

- Espera, vocês não gostam dos patins? - Jay se pronunciou com surpresa - Porque alguém aqui me convenceu que vocês achavam que seria mais autêntico, que vocês estavam animados com a novidade, que os clientes aprovaram.

- A ideia foi sua?! - eu quase gritei

O gerente estava encurralado, sem saber o que dizer.

- Pode ir perguntar para cada garçonete, pode perguntar pros cozinheiros, faxineiras. Ninguém suporta nem o barulho dessas rodinhas no chão de madeira. Isso porque eu não vou nem mostrar o estado dos meus pés.

- Mas eu...

- Será que eu e a Montreal podemos falar a sós primeiro? - Jay o interrompeu - Estou vendo que essa conversa vai demorar e tenho algo importante para falar com ela antes que ela comece o turno.

- Ok...

Ele saiu com o rabinho entre as pernas. Eu finalmente me sentei.

- Desculpa por isso, vamos falar de você. Eu me resolvo com ele depois - Jay sorriu, levantando as mangas da sua camisa xadrez e cruzando os dedos na mesa - Você disse que precisa diminuir suas horas?

- Sim. Eu tenho sido uma funcionária fiel desde sempre, sempre me esforcei para nunca faltar, mesmo estando na faculdade. Só que agora está ficando muito pesado, eu estou ficando exausta. E o dinheiro deixou de ser uma prioridade no momento.

- Pesado por quê? Muitas aulas?

- Não quero te perturbar com meus problemas pessoais é que... Além da faculdade, eu agora tenho uma filha para cuidar, e eu queria mais tempo com ela, eu sinto que eu não estou fazendo meu papel de mãe, sabe?

- Como assim você é mãe se eu vi sua ficha e você nunca pediu licença maternidade nem nada? O infeliz não te fez trabalhar grávida, não é?

Jay devia ter uns cinquenta anos, tinha barba grisalha, o rosto largo. Ele realmente parecia preocupado, apesar de que eu nunca havia falado mais do que três palavras com ele até hoje.

- Não, eu não deixaria ele me fazer colocar patins se estivesse grávida. Eu adotei uma menina não faz muito tempo.

- Uau. Eu acho que isso é mais do que suficiente para diminuir suas horas.

- Além disso, eu também queria tirar as próximas semanas de férias - falei, receosa de estar abusando da sua boa vontade - Minhas aulas começam em breve e eu queria fazer uma viagem com ela, pra ela conhecer o resto da família. Mas claro que pode ser só uma semana se não for possível, sei que eu avisei muito em cima da hora.

- Não tem problema. Eu posso deslocar uma garçonete de outro restaurante para cá. Eu vou providenciar os papéis das férias e do seu novo contrato. Qualquer coisa, fale diretamente com a minha secretária.

- Muito obrigada! - minha fala até falhou, não achava que ele seria tão compreensivo

- Que isso... Mas volte ao serviço, não vou te atrasar. Ah, e sem os patins se quiser.

- Sério? - eu quase achei que era uma pegadinha

- Sério - ele riu - Manda o infeliz entrar, ele é quem vai ter que patinar aqui dentro para continuar empregado. É isso que dá fazer favor e contratar sobrinho de conhecido...

Eu quase ri da desgraça alheia enquanto o chamava para entrar, mas me segurei. Tirei os patins na mesma hora, meus pés agradeceram. Não demorou nem um minuto para Karina - e basicamente todo o resto do restaurante - me rodearem para saberem o que aconteceu.

- Acho que as coisas vão mudar por aqui - eu falei, jogando os patins de lado - A começar pelos patins!

Quando Jay foi embora do restaurante, todo mundo olhou para o insuportável do gerente, procurando alguma resposta. Ele estava vermelho, acabado. Nossa surpresa foi ele ainda estar lá e não no olho da rua.

- O que foi? - ele disse - Voltem a trabalhar, eu ein.

Passamos o resto do dia curiosos e bolando quinhentos planos. Eu mencionei o fato dele ser sobrinho de algum amigo de Jay e isso foi o que nos levou à teoria que ele foi contratado por algum favor a esse amigo. Nossa teoria também dizia que se houvesse qualquer outra reclamação, ele seria despedido. Não conseguimos disfarçar o quão animados estávamos com isso, o que só o fazia mais e mais irritado. Mas o que importava é que eu conseguira as férias e só trabalharia meio período - sem os malditos patins ainda por cima.

Cheguei em casa já tarde. Enzo reparou no meu bom humor.

- Pelo sorriso no seu rosto, posso ver que tudo deu certo - ele disse, beijando minhas bochechas

- Mais do que certo! - eu joguei minha bolsa no sofá

- Vai me deixar curioso até quando? Conta logo! - ele riu, me abraçando pela cintura

Eu me encarreguei de jogar meus braços em cima de seus ombros.

- Consegui meio período, férias de duas semanas, o patins não é mais obrigatório e o gerente agora pensa duas vezes antes de falar qualquer coisa com qualquer funcionário.

- Agora eu entendi o sorriso tão grande. Isso é incrível, Mon. Acho que você era quem devia ser gerente depois dessa.

- Nossa, não mesmo. Já estou super feliz de poder carregar bandejas sem estar de patins e ainda por metade do meu tempo normal. Não quero ser promovida não, não agora!

Ele riu, mas não falou mais nada.

- E como foi o dia hoje? Me conta em detalhes, eu quero saber de tudo - eu encostei meu nariz ao seu

Enzo falou baixo, seu quadril indo de um lado para o outro junto ao meu.

- Isa me ajudou a fazer a massa dos cupcakes, depois fomos até a outra casa e ficamos assistindo ao forno enquanto assava. Ela se aventurou pela casa enquanto eu fazia a cobertura e achou um porta retrato antigo no quarto lá em cima.

Ele parou de falar.

- Qual porta retrato?

- Era uma foto do meu casamento. Minha mãe, meu pai, eu, minha irmã... E Catherine. E ela perguntou quem eram aquelas pessoas.

- E o que você disse?

- A verdade. Que eram meus pais, minha irmã e uma pessoa que eu amava muito, mas que tinha ido para um lugar melhor, mais feliz. Ela perguntou onde era esse lugar - ele respirou fundo - porque sempre diziam que a mãe dela tinha ido pra lá também. Eu demorei tanto para explicar que a segunda leva de bolinhos quase queimaram.

Eu afastei meu rosto do seu.

- Eu não sei nem o que te dizer algo, Enzo. Ela está bem? Como foi depois?

- Ela está bem, acho que essas coisas não são mais tão dramáticas pra ela depois de tudo o que ela passou. Mas eu fiquei um pouco mexido. Então eu acabei ligando pros meus pais.

- Seus pais?

- Sim, fiz uma longa ligação internacional para finalmente contar para eles que eu consegui ser feliz de novo.

Eu sorri, mas eu estava sentindo meus olhos se enchendo de lágrimas.

- Eles não entenderam muito bem. Coisa de pai e mãe quando estão longe, só vão ficar calmos quando virem de perto isso tudo. Mas me apoiaram, isso que importa.

- Isso quer dizer que eles vão vir te visitar um dia para também ver Isa?

- Acho que é mais fácil a gente ir lá do que eu conseguir arrancá-los da Itália - Enzo riu

- Não tenho objeção nenhuma quanto a ir pra Itália! Pode comprar as passagens agora mesmo.

- Falando nisso, acabei nosso roteiro, vem ver.

Ele desfez nosso abraço, nossa dança singela, e me puxou até seu computador no balcão da cozinha. Enzo me mostrou tudo o que ele havia planejado, cada parada, cada atração, o que Isa gostaria de ver, o que eu gostaria de fotografar. Eu, em pé atrás dele, apenas encostei meu queixo no topo de sua cabeça enquanto ele mostrava com os dedos todo o percurso até a Carolina do Norte. Ia ser uma viagem e tanto, mas eu estava feliz por finalmente passar o dia todo com as pessoas que mais me importavam no momento - e ainda visitando meus pais depois de tanto tempo.

Eu bocejei sem querer enquanto ele mostrava uma paisagem que achou legal no Kentucky, e isto o fez parar e falar que eu precisava comer alguma coisa e dormir.

- Só se você contar uma história para mim também - eu brinquei

- Ela perguntou por você hoje quase o dia todo, mas não conseguiu ficar acordada te esperando.

Eu bufei, chateada, e repousei meu queixo em seu ombro.

- Eu já te agradeci por tudo o que você está fazendo por mim? Eu sei que já, mas eu tenho que te agradecer todos os dias.

- Eu estou fazendo isso por você, por ela e por mim. Então não precisa agradecer. Não estou fazendo nada além da minha própria vontade.

- Você é incrível - eu beijei seu rosto - E eu te amo.

Enzo virou seu rosto para beijar meus lábios, mas eu acabei bocejando. Ele riu.

- Vai tomar um banho enquanto eu preparo algo para você comer. A gente continua essa conversa na cama.

- Combinado.

Eu pisquei e depois subi as escadas, parando no quarto de Isa para espiá-la dormindo tranquilamente.

- Enzo, você ouviu esse barulho? - eu acordei rapidamente e o cutuquei

Estávamos na cama, já era de manhã, mas eu podia jurar que tinha ouvido algo estranho.

- Era barulho do quê? - ele disse com voz de sono, sem se mexer e sem abrir os olhos

- Não sei, como se algo tivesse caído, ou batido no chão muito forte.

Ele abriu os olhos no mesmo segundo. "Isa" foi tudo o que ele disse enquanto jogava o lençol pro lado e saía correndo da cama. Eu o acompanhei, quase tropeçando no meu chinelo jogado no chão.

Ele abriu a porta do quarto de Isa rapidamente.

- Ei, o que foi?!

Quando entrei no quarto, logo atrás, vi a pequena sentada na cama, com os olhos vermelhos.

- Isa, o que foi?! - Enzo disse um pouco mais forte e ela começou a soluçar

- Deixa comigo - eu toquei em seus ombros

Enzo estava nervoso demais, só ia piorar a situação.

- Ei, linda - eu disse, calmamente, me agachando do lado da cama, à frente dela - O que aconteceu? Por que você está chorando? Teve um pesadelo? Tem alguma coisa doendo?

Ela respirou forte, quase soluçando de novo enquanto eu tirava um fio de cabelo de seus lábios. Enzo estava na janela, tentando se acalmar. Ele era super protetor e acabava ficando nervoso demais com qualquer situação que pudesse ser de perigo.

- Eu só. Queria. Que ele. Gostasse - a menina falou pausadamente, engolindo o choro

- Ele quem, Isa? Gostasse do quê? Pode contar pra gente, não tem problema.

- Troy. Ele falou que não gostou do bolinho - ela falou essa frase e desabou a chorar de novo

Eu a confortei em um abraço, tentando fazer com que ela se acalmasse. Olhei para Enzo, que se virou assim que ouviu o nome Troy. Nós ficamos indefesos, afinal, como competir com algo que possa estar acontecendo só dentro da cabeça dela? Foi aí que eu percebi que teríamos que entrar nesse mundo de faz-de-conta se quiséssemos que ela nos escutasse mais do que escuta esse tal de Troy.

- Você colocou leite no bolinho, Enzo? - a pergunta fez pouco sentido no momento

Ele me deu um olhar de confusão, sem entender. Eu apenas o pressionei a responder algo também, somente com o olhar. Isa tinha parado de chorar e, apesar de estar ainda nos meus braços, prestava atenção na conversa.

- Coloquei. É parte da receita.

- E tem algumas pessoas que têm intolerância a leite, não é? E como elas não tomam leite todos os dias, o gosto parece ruim para elas, não é?

Enzo ainda estava meio confuso, mas respondeu que sim, concordando mesmo sem fazer o menor sentido. Isadora levantou o rosto e nos olhou.

- É sério?

- Sim. Você perguntou para ele se ele podia comer ou gostava de leite? Porque faz toda a diferença. De todo jeito, tenho certeza que ele gostou do seu gesto. Eu adoraria ganhar qualquer coisa de alguém querido, mesmo se fosse um bolinho de brócolis com chocolate.

- Brócolis com chocolate? Ugh - Isa fez uma expressão de nojo

- Você pergunta pro Troy qual o sabor favorito de bolinho dele da próxima vez, ok? A gente faz outro - Enzo se pronunciou

- E dá pra fazer sem leite?!

- Claro que dá, a gente muda a receita.

Ela sorriu. Seus olhos ainda estavam vermelhos, mas o choro tinha acabado.

- Ainda está cedo, tenta dormir mais um pouco, meu amor - eu falei, fazendo ela deitar

Dei um beijo em sua testa e fechei a cortina aberta. Ao fechar a porta, encontrei Enzo no corredor, pensativo, encucado com toda essa história.

- O que foi, Enzo? Está preocupado por causa do amigo imaginário dela não ter gostado do seu bolinho?

Eu tentei brincar, mas ele estava sério.

- Não foi nada, não foi nada. Eu só queria entender isso melhor.

- Entender o quê?

- Como ela pode ter um amigo imaginário que a faz chorar? Como ela pode imaginar algo que a faz infeliz? Isso faz sentido?

- Não, mas se preocupar muito com isso também não faz sentido. Eu sei que você só quer o melhor para ela, mas ser super protetor não vai ajudar em nada. Acredite, eu sei exatamente o que é ser criada com pais super protetores.

Ele respirou fundo, se dando por vencido. Depois, disse algo que não me deixou em paz pelo resto do dia:

- Eu só espero que esse amigo seja realmente imaginário.

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