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20. Talvez foram os cupcakes.




Meus dias passavam voando. Ou eu estava trabalhando ou acertando alguma papelada da adoção ou visitando Isa no abrigo. Eu mal sabia o que era dormir, afinal, toda vez que conseguia deitar a cabeça no travesseiro, uma grande ansiedade tomava conta do meu peito, tirando meu sono. Juro que só não desmaiei por desnutrição porque Enzo insistia que eu comesse algo sempre que podia, nem apetite eu tinha mais.

Olga, do abrigo, me ligou enquanto eu saía do trabalho uma tarde, perguntando se eu não poderia passar pela manhã lá. Eu já iria visitar Isadora mesmo, então disse que sim, mas a pulga ficou atrás da minha orelha pela noite inteira.

Enzo me acompanhou pela manhã e antes mesmo de chegar a ver Isadora, fomos chamados por Olga à sua sala.

- Eu tenho algumas notícias para vocês - ela disse assim que sentamos - Preparados?

- Claro, só espero que seja algo bom - falei, apreensiva

- A noticia boa é que - ela segurou um sorriso - a adoção saiu. Vocês podem levar a Isa para morar com vocês em alguns dias.

Eu quis pular da cadeira, Olga não conseguiu mais disfarçar sua animação por nós.

- Eu nem sei o que falar! Isso é simplesmente tudo pelo o que eu estava esperando! - tentei controlar minha voz

- Mas... - Olga continuou e eu me sentei na mesma hora, sentindo a apreensão voltar a mim

Enzo segurou minha mão mais forte.

- Mas é temporário. São seis meses de adaptação. Um controle bem rígido pela assistente social e pela psicóloga vai acontecer nesses meses. Se tudo der certo, a adoção se torna permanente. Ok?

Eu afirmei com a cabeça. O medo da não-adaptação de Isa me deixou insegura, eu nem consegui comemorar direito a primeira notícia.

- Mas eu tenho certeza que tudo vai dar certo - Olga expressou um olhar de consideração

Enzo, que estava calado até agora, olhou pra mim. Eu sabia o que aquele olhar me dizia: "fica calma, vai dar tudo certo".

- Ok, e quais são os procedimentos agora? Quando a gente pode buscá-la?

Foi Enzo quem começou a fazer perguntas, eu fiquei até sem fala com o pensamento de tê-la por alguns meses e depois perdê-la.
No final, combinamos de buscá-la na outra sexta-feira de manhã, um dia antes da conclusão do meu projeto. A ansiedade não ia me deixar tão cedo.

- Acho que vamos virar pintores profissionais assim, ein? - ele comentou passando o rolo na parede

- Você acha que ela vai gostar dessa cor? - falei, olhando as paredes e a tinta lilás

- Você perguntou a cor preferida dela e ela disse lilás, não foi?

- Sim, mas é que quando a gente é criança a gente muda muito rápido de opinião, eu era assim, um dia gostava de uma coisa, depois enjoava e eu só quero que dê certo e...

- Ei - ele me abraçou - Fica calma. Tenho certeza que ela vai gostar, tenho certeza que ela vai amar o quarto lilás só para ela ao invés de dormir numa beliche num salão cheio de outras crianças. Você precisa se acalmar.

- É que eu tenho muito no que pensar, Enzo. Eu acho que estou ficando maluca.

- Vai dar tudo certo. Sei que a semana que vem vai ser corrida, é a preparação pro seu projeto, Isa vindo para cá, isso tudo ainda trabalhando. E eu estou aqui, lembra?

Suspirei.

- Mal acredito que realmente está acontecendo, que ela vem mesmo pra cá e, se tudo der certo, vai ficar comigo pra sempre - eu sorri para mim mesma - Obrigada por estar me ajudando com o quarto dela...

- Sem problema, você não está sozinha nessa. E você pode me pedir qualquer coisa.

Ele beijou o topo de minha cabeça e eu tentei desacelerar meu coração. Eu estava nervosa, ansiosa, apreensiva... Tudo ao mesmo tempo.

- Agora vamos porque essas paredes não vão se pintar sozinhas - ele falou e eu respirei fundo, voltando a pintar a parede perto da janela com cuidado

Era realmente muito no que se pensar. Tudo resolveu acontecer na mesma semana: Isadora finalmente vindo morar comigo, meus pais, que fizeram questão de que eu separasse uma semana para vê-los, a conclusão do meu projeto... Tudo isso ainda trabalhando! Era simplesmente muito sobre o se que pensar. Eu não estava nem dormindo direito. Porém, Enzo ao meu lado me acalmava. Eu olhava em seus olhos e tudo parecia melhor. Talvez porque eu lembrava que ele já passou por coisa muito pior e que esse estresse e essa ansiedade não eram nada comparados à felicidade que estava por vir, talvez porque eu achasse injusto reclamar e ficar nervosa quando eu lembrava do que ele havia vivido quatro anos atrás, ou talvez ele simplesmente me deixava leve, com uma paz inexplicável, toda vez que tocava meu rosto. Talvez essa paz foi o que me fez aceitar seu pedido de casamento sem pensar duas vezes, talvez ele tenha me hipnotizado.

- Montreal, você vai pintar a parede ou vai só ficar olhando para ela? - ele me tirou de meu transe

Eu estava com o rolo encostado à parede, parado, enquanto perdida em pensamentos. Por pouco eu não pintei a janela junto.

- Eu preciso de um calmante - comentei para mim mesma, mas ele riu

Seu celular apitou dentro do bolso e ele passou as mãos dentro da camisa antes de ver o que era.

- E-mail novo. E adivinha de quem?

- Não sei, não me deixa curiosa.
Ele riu.

- De uma galeria de arte na Carolina do Norte.

Eu arregalei meus olhos.

- O que eles disseram? O que foi? O que aconteceu? - eu cheguei mais perto para tentar olhar para a tela e ler

- Calma, só boas notícias. A exposição começa em duas semanas, mandaram um convite formal para você. E definiram o valor.

Ele me mostrou o celular.

- Tudo isso? Pela minha foto? - eu desconfiei

- Eles ganham em cima do que é vendido, né. Então o preço nunca vai ser baixo. Mas sério, Montreal, sua fotografia merece até mais que isso.

- Você joga minha bola muito pra cima, viu? - eu ri - Quer ser meu agente?

- Espera, eu não sou seu agente? O que eu estou fazendo arranjando exposições para você então?

Eu ri, balançando a cabeça.

- Vamos pintar esse quarto, ainda temos uma cama pra montar.

Após os últimos retoques com pincel nos cantos, eu estava exausta. Tinha trabalhado o sábado todo e eu mal conseguia dormir nesses últimos dias. Deitei no chão do quarto de Isadora, sem forças pra levantar. Enzo fez o mesmo, reclamando que sua mão estava doendo.

- Que bom que é só sua mão que está doendo. Tudo em mim dói no momento - eu comentei - Será que eu estou muito velha para ter um filho e não tinha reparado?

- Muito velha? - ele levantou a sobrancelha e apoiou seu cotovelo no chão, sustentando sua cabeça, olhando a mim - Você tem 27 anos.

- Eu sei, mas... Eu espero que eu consiga acompanhar o ritmo.

- Não estou dizendo que vai ser fácil, mas ainda nem começou para você achar que vai ser difícil demais.

- É que eu já estou exausta agora, imagina depois? Eu mal consigo sentir meus pés, imagina ficar correndo atrás de uma criança?

Ele me olhou como se eu tivesse falado bobagem.

- Você sabe muito bem por que seus pés estão doendo, por que está exausta desse jeito.

- Enzo, eu não posso largar meu trabalho! Não agora.

- Eu sei... - ele respirou fundo - Mas em breve você vai conseguir ganhar a vida fazendo o que você gosta, eu tenho certeza que esse em breve vai chegar bem rápido. Mas, você sabe, eu estou aqui para te ajudar. Minha proposta ainda está em jogo.

- Que proposta?

- De te devolver o dinheiro da metade da piscina.

Eu tive que virar os olhos.

- Não queria seu dinheiro naquela época, ainda não quero. Você já me deu tudo o que eu queria, Enzo.

- Eu vi suas contas, Montreal. Eu quero te ajudar nisso.

- Você já está me ajudando ficando do meu lado, ok? - ele bufou, como se estivesse irritado por eu ser tão orgulhosa

Eu pensei se devia ou não fazer uma proposta a ele. Pensei se ele seria tão orgulhoso quanto eu ou se ele não iria querer por algum outro motivo, outro motivo cujo nome começava com C.

- Falando nisso - eu busquei coragem - Você podia se mudar pra cá, né? Assim... Se você quiser.

- Mudar pra cá?

- Suas coisas estão lá, mas você está sempre aqui. Não faz muito sentido.

- Você quer que eu me mude pra cá? Traga minhas roupas, divida o quarto com você, divida o banheiro da sua suíte...

- Bom, se tiver algum problema pra você, não precisa, era só uma sugestão. Talvez essa casa ainda te traga algumas memórias.

- Essa casa agora só me traz memórias boas, Montreal. Essa não é a questão. A questão é: você quer isso? Não me pergunte o que eu acho, eu quero saber a sua opinião.

Eu me perguntei que jogo ele estava jogando comigo.

- Se eu não quisesse, eu estaria sugerindo isso, Enzo? - ele somente continuou olhando a mim, como se esperasse por mais - Sim, Enzo. Eu quero! Era isso que você queria ouvir?

- Era exatamente isso.

Ele sorriu, me beijando de leve.

- Mas... - ele disse assim que largou meus lábios

- Eu sabia que ia ter um "mas"! - eu expressei

- Calma, eu nem disse nada ainda.

- Ok. Continue.

- Mas... Se eu me mudar de volta pra cá, eu vou ter que devolver metade do dinheiro que você pagou por essa casa, certo?

- Eu sabia! Eu sabia que você ia arranjar uma oportunidade de falar sobre esse dinheiro.

- E é justo você ter pago pela casa sozinha, eu estar com o dinheiro, daí eu voltar para cá e não te devolver nada?

- Que saber, Enzo? Não me devolva o dinheiro. Deixa ele numa poupança pra Isadora, gasta esse dinheiro com ela se você quer tanto assim deixar as coisas justas.

- É uma ótima ideia.

- Pronto? Parou com esse assunto?

- Precisa mesmo ficar tão brava comigo? Eu só estou querendo ajudar.

- Eu estou estressada. E cansada. E, sim, brava por você ainda insistir nisso.

Eu estava evitando olhar para ele, mas quando o fiz, ele estava sorrindo para mim de uma forma divertida, quase se deliciando ao me ver irritada daquele jeito.

- Uma pena você estar tão brava. Estava planejando fazer um jantar antes da gente voltar para montar a cama e colocar a tela na janela, mas não é bom comer irritado - ele disse, se levantando

- Tentando me ganhar pelo estômago?

- Não foi assim que eu te ganhei? Com meus cupcakes? - ele riu, me ajudando a levantar

- Talvez foram os cupcakes, talvez foi essa sua disposição incansável para me ajudar a ser uma pessoa melhor. Não, espera. Foram os cupcakes mesmo.

Ele riu antes de me puxar para seus braços.

O fim de semana passou como um furacão, mas, pelo menos, conseguimos fazer os ajustes necessários na casa e preparar o quarto de Isadora para recebê-la. Eu estava ansiosa pela sexta feira, pelo dia de buscá-la. Eu estava tão ansiosa que quase soltei à Karina a história toda. Ela não sabia de nada e foi difícil esconder todas essas novidades nos meus dias de trabalho, mas eu gostava de ter minha privacidade e eu sabia o quão tagarela Karina era. Eu não iria contar tudo a ela sem ter certeza porque, horas depois, todo o restaurante iria saber da história também.

Apesar da minha discrição nunca ter falhado por Karina falar demais e assim me deixar com pouca coisa para pronunciar, a segunda feira foi uma tortura. Minha mente não conseguia parar de pensar em tudo o que eu tinha que fazer e, por distração, quase caí duas vezes com os patins.

- Está tudo bem? - Karina falou, passando por mim - Você me parece um pouco nas nuvens.

- Não, tá tudo certo - eu menti
Nesta hora, o gerente passou por mim e eu o segui, chamando-o.

- O que foi? - ele nem fez questão de direcionar seu olhar a mim

- Eu tenho um compromisso na sexta-feira, não posso faltar de jeito nenhum, então eu não vou poder vir.

- Nem pensar, sexta é um dos dias mais lotados.

- Eu não estou pedindo, estou avisando.

- Vai ser descontado do seu salário.

- Não, vai ser descontado das horas extras que eu estou fazendo toda noite. Só estou te avisando já que você é o gerente e precisa organizar a equipe no dia - eu falei, segurando minha língua para não falar nada que poderia causar uma demissão

Ele finalmente me olhou, mas com desdém.

- O que afinal você vai fazer de tão importante na sexta para não poder cumprir suas obrigações?

Meus pulsos se fecharam. Eu queria socá-lo com toda a força do meu corpo.

- Não faz parte das minhas obrigações te dar detalhes da minha vida pessoal, mas atender mesas sim, então com licença - coloquei o sorriso mais sonso do mundo em minha boca e patinei para longe antes de querer jogar a bandeja em sua cabeça

Karina, que observou tudo de longe, obviamente veio me perguntar o que tinha acontecido. Eu não escondi minha irritação.

- O que foi agora? O que aquele mala te disse?

- Fui avisar que não vou poder vir na sexta e ele ficou querendo bancar o chefe carrasco pra cima de mim. Sério, um dia eu não vou segurar a língua pra falar com esse cara.

- O que você precisa fazer na sexta?

A curiosidade de Karina acabara de aparecer.

- Tenho compromissos aos quais não posso faltar.

- Você é sempre cheia de segredos, né? Eu nem sei por que falo da minha vida pra você se só eu falo. E minha vida é um tédio.

Eu a encarei. Pensei rápido e tive uma ideia.

- Tá, se você quiser saber o que está acontecendo na minha vida, eu posso te contar, mas...

- Mas?

- Mas você cobriria o sábado também para mim?

- Sábado é o dia mais lotado!
Espera, isso é chantagem!

- Tudo bem, sem trato. Não conto nada - fiz menção de voltar ao trabalho e limpar uma mesa que já estava meio limpa

Eu não sabia se o que eu estava fazendo era de algum modo maldoso, mas eu precisava de horários livres e ela queria saciar sua curiosidade. Poderíamos fazer esse acordo, não? Eu só esperava que a curiosidade de Karina fosse maior do que eu pensava.

- Não, volta aqui. Eu cubro para você, mas só dessa vez, ok?

- Mas são muitas novidades, vão demorar mais que um dia para serem contadas...

- Eu não acredito que você está jogando esse jogo comigo! Só porque tudo o que eu tenho é esse emprego?

Juro que comecei a me sentir mal por essa barganha, mas ela continuou a falar.

- Mas eu sabia que ia perder desde o começo. Anda, conta logo a novidade, eu cubro seu expediente no sábado e alivio a barra com o mala sem alça. Só que a novidade tem que ser algo muito interessante!

- Ok. Combinado - eu sorri

- Anda, qual a novidade? Conta logo antes que algum cliente nos chame!

- Olha para minha mão direita - eu estendi o braço

- Quê? Montreal, eu te pedi pela novidade! Qual é?

- Olha de novo. Tem algo faltando no meu dedo.

Ela pegou minha mão e olhou com os olhos cerrados.

- Tá tudo normal aqui... Espera. Você está falando de um anel? - eu confirmei com a cabeça - De noivado? Um anel de noivado?

Karina me pegou pelos ombros e me chacoalhou.

- Você está noiva e não me contou? - ela quase gritou

- Shiiiiiu, não quero que o resto do restaurante saiba e comecem a comentar a minha vida!

- Há quanto tempo? Se for há muito tempo eu vou te matar por me fazer esperar tanto!

- Não, não faz tanto tempo assim. Mas eu não uso o anel no trabalho para não perder e nem pra derrubar ele em algum pedido.

- Me conta, é bonito? É de diamante?

- É uma joia de família.

Karina parecia estar mais feliz que eu, que Enzo... Mais feliz até que minha mãe com a notícia. Ela queria saber cada detalhe, mas eu avistei uma mesa me chamando.

- Essa era a novidade, mas, se você quiser quebrar o galho pra mim mais um pouco outros dias, te conto mais.

- Você ainda me paga por essas horas duplas que eu vou fazer! - ela falou, mas eu só consegui rir

Eu estava feliz em ter alguém animado com a minha vida, eu nunca tive novidades tão boas ao ponto de alguém soltar gritinhos e querer saber cada detalhe. Mas eu estava ainda mais feliz por Karina cobrir minhas horas, eu tinha coisa demais para resolver.

Quando cheguei em casa, cansada e com os pés doloridos, encontrei Enzo lendo um livro no sofá. Eu teria que me acostumar aos poucos ao fato de não morar mais sozinha.
Eu me joguei no sofá, ao lado dele, deixando minha bolsa no chão. Ele largou seu livro e me beijou de leve, eu não tive forças para retribuir o beijo.

- Eu estou exausta - falei, com os olhos fechados

- Dá pra ver - ele riu de leve - Dia puxado?

- Sim, mas pelo menos avisei que não vou na sexta e ainda consegui o sábado também!

- Então vai ficar o sábado inteiro aqui? Não só pela manhã?

- Sim, muito melhor né? Assim não vou ter que me desculpar por nenhum atraso se o projeto demorar mais do que eu planejei.

- E aquele gerente deixou? - Enzo desconfiou

- Eu fiz um trato com a Karina. Mas pra isso tive contar que você me pediu em casamento.

Enzo gargalhou.

- Aquela louca trocou um dia de trabalho por uma fofoca da sua vida?

- Ei, ela não é louca, só fala demais de todo mundo... O tempo todo.

- Desculpa, é que eu pensei que ela não fosse sua amiga.

- Não é que ela seja minha amiga, mas é minha colega de trabalho. Eu passo bastante tempo com ela, acho que foi até bom soltar esse segredo. Mas ela tem um bom coração, isso é o que importa. Mas, me conta, o que você fez hoje?

- Entreguei uma encomenda e comprei algumas coisas.

- Que coisas?

- Coisas pro quarto da Isa.

- Sério? O quê? Eu quero ver!

- Vamos lá, eu te mostro - ele sorriu com a minha animação

Ao subir as escadas e entrar no quarto de Isadora, quase morri de fofura. Enzo havia comprado um quadro em forma de coroa e pôs em cima da cabeceira da cama, além de ter comprado algumas almofadas, roupa de cama, um tapete e ainda colocou um pisca-pisca na parede.

- Eu queria comprar mais coisa,  mas acho que a gente devia levar ela com a gente pra ver o que ela quer - ele disse

- Mas isso já deu outra vida pro quarto! tudo lindo, Enzo! Tenho certeza que ela vai gostar.

- Sério? Espero que ela goste, mas ainda falta bastante coisa.

- Pensa bem, tudo o que ela tem lá é um dormitório feio cheio de beliches. Aqui ela vai ter um quarto lindo só pra ela.

- Pensando melhor, aqui ela vai ter um lar.

Eu sorri. Às vezes eu não acreditava o quanto ele estava me apoiando nisso. Ele me abraçou de leve.

- Animada para sexta-feira?

- Quase não estou conseguindo conter minha ansiedade. E você?

- Eu estou animado, mas ao mesmo tempo só de pensar me dá um frio na barriga.

- É muita responsabilidade, não é?

- Sim, me dá medo dela não se adaptar também, medo de não educar direito, de não poder voltar atrás.

- Uma coisa de cada vez, Enzo. Acho que agora é a minha vez de falar que vai dar tudo certo.

- E você sabe que eu acredito em você - ele sorriu, cheirando meu pescoço - Mas você deve estar cansada. Vai tomar um banho, eu vou preparar um jantar. Ah, e seu cabelo está cheirando a gordura. Melhor lavar.

Ele riu e eu bati de leve em seu ombro.

- Deixa eu adivinhar... Você ia me chamar de idiota?

- Vai fazer logo esse jantar antes que eu te jogue escada abaixo, vai Enzo.

- Sim, senhora! - ele saiu, rindo

Eu, antes de entrar no banho, fui ao laboratório, acendendo as luzes normais depois de me certificar que não havia deixado nada que não podia exposto. Peguei a caixa onde guardara as fotos do meu projeto e procurei a única que eu deixara incompleta: a foto de Enzo. Era tão difícil escrever sobre ele como se eu não soubesse nada dele, como se tudo o que eu tivesse fosse aquela foto. Relembrei o quanto ele me irritava no começo, mas, aos poucos, foi deixando de ser tão cabeça-dura, passou de amigo para mais que amigo. Peguei a caneta, respirei fundo e deixei meu coração escrever cada palavra. Reli o que havia escrito e senti um alívio, como se as palavras estivessem finalmente livres depois de tanto tempo presas dentro de mim. Terminei o pequeno texto com um pequeno "coração-final". Eu não queria copiar Catherine, mas ao mesmo tempo quis agradecer por ela ter participado da vida de Enzo. Ele não seria assim, tão bom para mim, se não a tivesse amado primeiro, se não tivesse, infelizmente, sofrido por ela. Então, não queria que ele a esquecesse, que eu a substituísse de vez. Guardei a foto na caixa com a consciência limpa e fui para o banho antes de Enzo me encontrar aqui e querer ler seu texto antes do tempo.

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