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2. Você não leu o contrato?


Caixas, caixas e mais caixas. É incrível como a gente só percebe a quantidade de objetos inúteis e bugigangas que temos quando precisamos nos mudar. E, mesmo jogando uma boa parte fora, as caixas cheias de objetos e roupas ocupavam meu apartamento.

Eu fechava as últimas caixas com fita adesiva enquanto Daniel e Charlie carregavam a geladeira escada abaixo. Sim, Daniel e Charlie, os vizinhos que faziam serviços domésticos. Acontece que eles também faziam serviço de carreto e eu acabei ligando e pedindo ajuda já que não conseguiria carregar sozinha e um caminhão de mudanças estava fora do meu orçamento.

- Você quer ajuda? - eu falei ao ver que Daniel estava tendo dificuldades ao tentar levantar o fogão do chão

- Não, sem problema, eu consigo sozinho - ele falou entre os dentes, fazendo força

- Vocês homens são todos iguais - eu falei, indo até ele e o ajudando a carregar o fogão

- Por que somos todos iguais?

- Vocês querem sempre fazer tudo sozinhos e não admitem nunca que precisam de ajuda

- Tudo bem, você está certa - ele me disse deixando o fogão no chão do elevador - Mas eu me viro daqui em diante.

- Viu? Todos iguais! Todos iguais! - eu repeti, rindo, vendo a porta do elevador se fechar

Voltei ao meu apartamento, juntando mais umas caixas e conferindo se eu não havia deixado nada para trás.

- Então quer dizer que você teve que ajudar o fracote aqui? - Charlie disse, entrando no meu apartamento e apontando para Daniel, que vinha logo atrás

- Pai! Eu disse que não precisava de ajuda, mas ela insistiu.

Eu ri daquilo.

- Tudo bem, ele poderia ter levado sozinho, mas eu estava com dó dos gemidos de força - eu falei rindo

- Você estava gemendo? - Charlie disse num risada alta

Daniel ficou vermelho e parecia que seus pés estavam se preparando para sair correndo dali.

- Eu agradeço a ajuda, não conseguiria fazer tudo isso sozinha.

- Não há de quê! Acho que o fogão foi o último. Você quer que a gente leve algumas caixas?

- Pode ser, as mais pesadas. Economizaria algumas viagens que eu vou ter que fazer, já que a mala do meu carro é minúscula.

Charlie concordou e pegou uma das caixas. Daniel fez o mesmo, mas eu o proibi.

- Não, não! Essa caixa não! - eu falei

- Ué? Mas essa está pesada - falou com ela já em seus braços

- Mas essa eu levo, pode deixar! - eu falei tirando a caixa de seus braços e a colocando cuidadosamente no chão

Ele me olhou com curiosidade.

- O que tem nessa caixa afinal? Ouro? - falou em tom de piada

Piada da qual eu não achei muita graça. Para falar a verdade, o que tinha dentro daquela caixa me tirava da minha zona de conforto, então eu não consegui rir.

- São algumas coisas importantes, eu prefiro levar eu mesma. Pegue essa aqui do canto, são utensílios de cozinha então não tem problema se acontecer algo - eu falei, entregando-lhe a caixa

Daniel virou seu corpo para o elevador e eu agradeci por ele não ter feito mais perguntas sobre a caixa, apesar de ver a curiosidade em seus olhos. Pode parecer bobeira, mas eu não queria que ninguém soubesse. Ainda mais alguém que seria meu vizinho.

Acompanhei-os até a minha casa nova, ajudando-os a descarregar os eletrodomésticos da caminhonete. Isso depois de algumas viagens, já que uma só não foi o suficiente.
Enquanto estavam ligando a geladeira para mim, fui até minha carteira, tirando dela duas notas de dinheiro.

- Acho que está tudo em ordem! - Charlie disse analisando a geladeira

- Muito obrigada! Eu não sei como me viraria sem vocês! - eu disse

- Não há de quê, vizinhos são para isso.

- Vocês foram muito além do dever de vizinhos hoje então eu espero que aceitem isso como agradecimento - eu falei, estendendo as notas a ele

- Não, imagina! Eu não cobraria de você - Charlie desconsertou-se

- Por favor, aceite. Vocês gastaram tempo, gasolina e suor por mim - eu disse sorrindo enquanto Daniel, ao lado de Charlie, continuava calado

- Tudo bem. Mas só uma parte para você parar de insistir - Charlie falou, pegando somente uma das notas de minha mão

- Daniel? - eu falei estendendo a outra nota a ele

- Eu faço o que o chefe manda - Daniel disse, apontando a Charlie e rindo

- Ai, tudo bem. Mas fique registrado que estou devendo favores a vocês.

- Registrado. Agora eu preciso de um banho - Charlie disse, limpando o suor da testa com o antebraço - Vamos, Daniel? Você não está muito cheiroso também.

- Pai! - ele exclamou, envergonhado e eu ri

Charlie desceu as escadas da varanda da frente, com as mãos nas costas doloridas.

- Aceite, por favor - eu falei ainda com a nota estendida a Daniel

- Não tem necessidade, se precisar de qualquer coisa é só me chamar... Nos chamar.

- Então, me diga: como era o casal que morava aqui?

Eu não vou negar. Eu estava morrendo de curiosidade para saber a história desse casal.

- O casal? Bom... Eu não sei, não tive muito contato - ele hesitou - Por quê?

- É só curiosidade.

- Ah, sim.

Um momento de silêncio se instalou. Ele estava nervoso. Eu sabia que ele sabia de algo e não queria me contar.

- É melhor eu ir - falou

- Tudo bem, muito obrigada mais uma vez.

- Se precisar, é só pedir.

Ele deixou a minha casa pela porta da frente e eu encarei as caixas no chão. Eu tinha um longo dia à frente.


A minha primeira noite na casa nova foi bem diferente do que eu achava que ia ser. Eu achava que ia ficar no mínimo temerosa em dormir sozinha em um ambiente novo e grande. E com uma pitada de mistério também. Só que eu simplesmente apaguei. Não vi que horas fui dormir e não me preocupei com que horas ia acordar. Acho que nem ao menos sonhei. Contudo, eu tinha feito tanta coisa durante o dia que acho que esse seria o normal: simplesmente apagar pois eu estava exausta. Eu havia feito muita coisa, desde esvaziar todas as caixas a organizá-las, desde limpar as janelas até fazer uma faxina no meu antigo apartamento. E eu não queria nem pensar no tanto de coisas que ainda faltavam ser feitas.

Joguei minha cabeça contra o travesseiro, com preguiça só de pensar. Foi quando eu ouvi um barulho diferente vindo do lado de fora. Um barulho de água, como se alguma coisa tivesse caído na piscina. A curiosidade superou minha preguiça e eu me levantei da cama, indo até o outro lado do quarto e abrindo a janela. O sol fez meus olhos se fecharem rapidamente e isso já me deixou irritada. Com os olhos apertados eu olhei pela janela e vi alguém nadando em minha piscina. Minha reação foi repreender quem quer que fosse. Aquela piscina era minha e eu nem tinha tido a oportunidade de dar um único mergulho até agora.

- Ei, o que você pensa que está fazendo? - eu falei da janela

O intruso olhou para cima, encontrando meu rosto na janela e acenou.

- Olá, vizinha! - ele falou

Vizinha? Desde quando vizinhos dividem a piscina um dos outros? E ainda agem como se nada tivesse acontecido? Como se fosse a coisa mais normal do mundo? Eu me irritei ainda mais e desci as escadas, saindo pela porta da frente e indo até o quintal lateral, onde se encontrava a piscina.

- O que você pensa que está fazendo? - falei novamente, cruzando meus braços e batendo o pé constantemente no piso

- Dando um mergulho? - ele disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo

- Sai dessa piscina agora! Eu não sei se você se aproveitou que essa casa estava vazia para usá-la, mas eu a comprei e agora a piscina é minha propriedade! - eu falei firme

Ele me olhou com curiosidade e, depois das minhas palavras mandonas, eu fiquei um pouco receosa. Será que eu estou lidando com um tipo de ladrão e estou correndo risco por vir até aqui?

Ele colocou suas mãos na beirada da piscina e impulsionou seu corpo para cima, logo dando suporte ao pé e saindo de dentro d'água.

Chacoalhou a cabeça tirando o excesso de água do cabelo, como um cachorro. E, com esse gesto, acabou me molhando.

- Ei! - eu exclamei, reclamando

- Eu tenho os mesmos direitos sobre essa piscina que você - ele falou com as mãos no rosto, limpando os olhos

- É lógico que não! Eu comprei essa casa e isso é meu agora!

- Você ao menos leu o contrato antes de assinar?

- Eu... Eu... Eu li sim - falei balbuciando

- Não senti muita certeza - disse com um sorriso no rosto, prestes a rir

O que era tão engraçado assim?

- Bom, se você leu, o que eu espero que tenha feito já que você assinou, você viu que a sua propriedade vai até o vigésimo primeiro azulejo da lateral dessa piscina. E, sendo que a piscina tem quarenta e dois azulejos na lateral, metade da piscina não é sua. Na verdade é minha. E eu não estava mergulhando na sua metade.

- O quê? Isso é maluquice!

- Você leu o contrato? - ele perguntou de novo, quase soltando uma risada

Eu, por outro lado, estava quase soltando fogo pelos ouvidos de tanta raiva. Eu me virei, pisando forte no chão, como uma criança fazendo pirraça, e entrei dentro de casa para procurar o contrato.

Só que antes de eu chegar até a porta, o ouvi dizer algo rindo. "Foi bom te conhecer, vizinha! Lindo pijama. E o tapa-olho de gatinho é uma graça!". Aquilo só me deixou mais furiosa.

Subi as escadas desconsertada, querendo encontrar logo esse contrato. Abri todas as gavetas que achei pela frente até achá-lo e mal reparei que estava desorganizando tudo o que eu tinha organizado no dia anterior. Quando finalmente o encontrei, revirei as páginas procurando onde é que estava escrito aquilo. Como não encontrei, desci as escadas novamente, jogando o tapa olho pelo caminho evitando novas piadinhas.

Ele agora estava deitado à beira da piscina.

- Não tem nada que diga que eu só tenho direito a vinte e um azulejos dessa piscina. Então é melhor você ir embora antes que eu ligue pra polícia.

Eu disse aquilo segurando o contrato sobre seus olhos. Ele calmamente se levantou e começou a folhear o contrato.

- É claro que não iam colocar vinte e um azulejos no contrato... Mas olha isso aqui. Item 5.3: "...um quintal com 8 metros de comprimento por 12 metros de largura". E esse quintal é praticamente um quadrado, ou seja, você só possui metade desse quintal.

- E a outra metade é sua?

- Sim. Se você não acredita em mim, pode ir até a prefeitura e pedir a planta do terreno.

Ele voltou a se deitar à beira da piscina, calmamente, como se nada estivesse acontecido.

- Eu não acredito que eu fui feita de boba - falei pra mim mesma

- É isso que dá não ler o contrato.

- Quer calar a boca? Eu nem te conheço!

- Que jeito simpático de falar com quem você não conhece - ele disse

- Eu tenho que ligar correndo para a imobiliária, isso não vai ficar assim.

Eu segurei o maço de papel do contrato com força, pensando no que ia fazer. A raiva que eu estava de ter feito papel de idiota estava quase arrancando lágrimas dos meus olhos. Ele se sentou à beira da piscina, com os pés dentro d'água.

- Boa sorte tentando ligar para uma imobiliária num domingo - falou sem me olhar

Aquele ar se superior e sabe-tudo que ele estava mantendo estava me irritando aos poucos, só que esta frase foi a última gota. Eu o empurrei pelas costas de surpresa, fazendo com que ele caísse dentro d'água.

- Ei! - ele exclamou assim que voltou do seu mergulho surpresa, tirando o cabelo molhado do rosto

- Aproveite a sua metade da piscina - eu disse sarcasticamente e voltei andando firme até a casa


Era domingo, eu estava com raiva de mim mesma e com um problema em mãos, mas, apesar de domingo ser o único dia no qual eu não tenho que vestir roupa de garçonete, eu ainda tinha que trabalhar, já que tirei o dia de folga ontem para fazer a mudança. Eu até poderia não compensar o dia de trabalho de ontem hoje, mas eu sabia que fim de semana é o melhor período para gorjetas. E eu não estava ainda tão bem assim para recusar dinheiro extra.

- E então ele simplesmente me disse para buscar a planta do terreno! Você acredita nisso? Fui enganada e ainda tenho que lidar com esse tipo de gente - eu falei, encostada no balcão, com a bandeja debaixo dos braços

- Sim... Você não acha esses uniformes um tanto cafonas? Fala sério, esse azul claro é muito brega...

- Karina! Você ao menos está prestando atenção no que eu to te falando?

- Sim, sim - ela falou rapidamente, soltando a gola da camiseta a qual observava com uma careta - Mas e aí? Como ele era?

- Como assim como ele era?

- Ele estava na sua piscina, devia estar em trajes de banho, como assim você não reparou?

- Reparar em quê?

- No corpo dele, sua lerda. Se ele era alto, magro, baixo, moreno, musculoso? Ah, deixa pra lá. Ele devia ser feio se você não reparou.

A verdade é que eu estava muito irritada na hora para reparar nele. Então, com a pergunta de Karina, minha mente tentou se lembrar de seus aspectos físicos.

- Ah, ele era normal, moreno, bonito... Mas não é sobre isso que eu estou falando.

- Tá, eu sei, é sobre o contrato. O que tem demais? Divide a piscina com ele.

- O quê?

- Divide a piscina com ele. Você acabou de dizer que achou ele bonito! Quem dera eu tivesse a oportunidade de dividir a piscina com alguém assim.

- Você é impossível mesmo! - eu disse - Vou ter que ir nessa imobiliária de novo amanhã e perder aula de novo.

- Para se reclamar e vai atender o cliente que acabou de chegar.

- Por que não vai você?

- Você está mais perto.

Eu lancei um olhar irônico a ela. Estávamos à mesma distância.

- Anda logo! Mesa 9!

- Você não é minha chefe, só para deixar claro - eu falei, me desencostando do balcão e pegando o bloco de notas e a caneta do meu bolso

- Boa noite, senhor. Bem vindo ao melhor restaurante retrô da região. Em que posso ajudá-lo?

Ele continuava a ler o cardápio e eu esperei um pouco. Assim que ele parou de olhar o cardápio e o abaixou, virando seu olhar para mim, nós dois soltamos um "há", quase que ensaiado.

- Não ficou contente invadindo minha piscina e quis invadir meu trabalho também? - eu falei

- Se você não entendeu ainda que eu estava na minha parte da piscina, eu vou fazer o quê? Boa sorte na imobiliária amanhã.

Ele voltou a olhar o cardápio enquanto eu engolia minha raiva para não perder o emprego.

- Eu acho melhor outra pessoa me atender. Não sei se confio no estado em que a comida vai chegar até a mim porque você parece estar com raiva. Vai que cospem no meu hambúrguer, né?

- Não somos esse tipo de restaurante, senhor - eu falei, quase contando até dez e sorrindo falsamente - Mas como o cliente sempre tem razão, eu vou chamar outra pessoa para anotar seu pedido.

Eu me virei, fechando os olhos e respirando fundo. Andei até o balcão de novo.

- O que aconteceu? Ele não vai pedir nada? - Karina me perguntou

- É ele, Karina. O cara da piscina. E ele quer ser atendido por outra pessoa.

- Oh, então esse é o cara da piscina? - ela lançou uma longa olhada à mesa dele - Não sei por que você está reclamando, eu adoraria dividir a piscina com ele.

- Karina, tenha um pouco de respeito por si mesma e vá anotar o pedido dele antes que eu fique com mais raiva ainda.

- Eu vou, com todo prazer.

Fechei os olhos de novo, respirando forte. Inalei e exalei o ar com calma. Esse dia já está na minha lista de piores dias da minha vida e não são nem três da tarde ainda.

Depois de atender outras mesas e evitar ao máximo a mesa na qual o cara da piscina, como nomeou Karina, estava sentado, o movimento no restaurante parou um pouco e eu me encostei ao balcão de novo, descansando.

- O cara da piscina deixou uma gorjeta ótima - Karina disse, me mostrando as notas

Eu peguei uma das notas rapidamente.

- Ei! - ela exclamou - Você nem atendeu a mesa dele direito!

- Ele usou a minha piscina, ele está me devendo.

- Ah, então acho que isso foi pra você também.

Ela me entregou um guardanapo amassado. Eu o abri, lendo o que estava escrito a caneta nele. "Obrigado por não cuspir no meu hambúrguer, prometo não mijar na sua piscina."

- Que nojo - eu falei, fazendo uma careta - Idiota. Ainda sublinhou o "sua" só para me irritar.

- Olha pelo lado bom.

- Qual lado bom?

- Ele é bonito.

- Karina, você está muito desesperada ultimamente. Não tem outro assunto não?

- Eu tenho quase vinte e cinco anos! E nem namorado eu tenho! E eu quero ter filhos antes que meu útero seque.

Eu virei os olhos.

- Seu útero não vai secar, para de falar bobagem.

- Mas fica muito mais difícil engravidar! Você deveria estar pensando nisso também, já que você está beirando os trinta.

- Eu tenho vinte e seis anos! - eu contestei

- Exatamente! Não sei como você consegue viver tão tranquila assim. Parece que nem olha pros homens à sua volta.

- Eu estou bem assim. Eu tenho mais o que pensar e fazer da vida.

- Parem de conversinha e levem esse café pra mesa três - Mateo disse com seu sotaque italiano da janela da cozinha, colocando o café sobre o balcão

- Você que manda, chefe - falei desanimada, levando o café até a mesa e forçando meu sorriso

Tudo o que eu queria era que aquele dia infernal acabasse logo, apesar de saber que a segunda-feira ia ser tão estressante quanto.

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