13. 20 azulejos e meio.
A segunda-feira foi corrida e eu só tive tempo para respirar na terça-feira depois do trabalho. Foi tirando o lixo que percebi que Enzo estava na beira da piscina, deitado, lendo um livro. Somente seus pés estavam dentro da água. Ele estava aproveitando os últimos raios de sol no céu. Pensei se deveria ou não abordá-lo. Será que tudo mudara depois do beijo? E se ele não fosse mais o mesmo comigo? E se ele tiver se arrependido? Essas perguntas pairaram pela minha mente, mas resolvi colocar uma roupa de banho por baixo de um vestido de praia e ir até ele.
- O verão está chegando. Cada dia anoitece mais tarde - eu me pronunciei, fazendo com que ele, na mesma hora, largasse o livro
Ele sorriu, levantando seu tronco e me olhando.
- Sim, e cada vez mais quente. Não estava suportando ficar em casa com os fornos ligados.
- Mais encomendas?
- Sim. E algumas experiências com receitas diferentes.
Eu me sentei do lado oposto da piscina, colocando meus pés também dentro d'água.
- Obrigada por ter terminado de pintar o quarto para mim. Não precisava.
- Não foi nada. Eu já pintei aquele quarto duas vezes, estou acostumado. E me desculpa não ter te colocado na cama, não sei se você iria achar invasivo.
- Falando nisso, como é que eu dormi assim do nada? Eu não me lembro.
- Você apagou. Deveria estar exausta. Eu falei algo com você e você simplesmente parou de responder. Dormiu profundamente.
- Céus, eu preciso de férias.
Ele riu.
- Ah, acho que aquele pano preto na janela não vai adiantar. Se quiser, posso arrumar algo melhor pra você, um blackout, uma proteção para a porta...
- Não precisa, Enzo. Você já até pintou o quarto.
- Eu faço questão - seus olhos se abaixaram - Não vai entrar na água?
Ele me olhou, balançando os pés dentro d'água. Parecia ansioso.
- Estou bem aqui na minha metade da piscina - eu brinquei
- Sabe o que seria melhor? Você aqui... Na minha metade.
Ele parecia escolher as palavras com cuidado.
- Hum, não sei - falei, tirando o vestido pela cabeça, percebendo que seus olhos seguiram os movimentos de minha mão
- Tenho outra proposta. Você anda 20 azulejos e meio. Eu faço o mesmo. Nos encontramos bem no meio.
- Ok. Temos um acordo.
Entrei com cuidado na piscina, sentindo a água gelada em minha pele. Enzo contava cada passo que dávamos. Seus olhos não se desviavam dos meus. Meu olhos somente se desviaram dos seus para se concentrarem na mordida de leve que ele estava dando em seus lábios.
- Dezoito, dezenove... Dezenove e meio... - ele riu - Vinte...
- Vinte e meio - eu falei rápido, milésimos antes de sua boca alcançar a minha e suas mãos envolverem meu corpo debaixo d'água
Este foi um beijo rápido, diferente dos de domingo. Nossos pescoços se movimentavam rapidamente e eu não achava tempo para respirar. Não havia tanto cuidado nesse beijo como havia nos anteriores. Nossos lábios se torciam, eu sentia sua mão em minha cintura, debaixo d'água, me apertando. Foi algo tão rápido e espontâneo que demorei alguns segundos para perceber que o beijo já tinha acabado e eu ainda não havia aberto os olhos.
Foi também esclarecedor quando eu abri minhas pálpebras e vi o sorriso estampado em seus lábios. Esclarecedor pois as dúvidas em minha mente se confirmaram como uma preocupação sem sentido. Será que ele se arrependera? Será que fui eu quem cheguei perto demais e ele não viu opção a não ser me beijar? Será que ele ia mudar seu jeito ao me tratar ou quem sabe ignorar o que aconteceu? Aquele beijo rápido, um pouco desesperado, respondeu minhas perguntas com um "não" gigante.
Já havia anoitecido. Eu sentia as pontas de meus dedos enrugadas, mas ainda estávamos na piscina; seu corpo pressionado ao meu na borda dela. Brincávamos com nossas peles molhadas, Enzo chacoalhando a cabeça, fazendo seu cabelo me molhar e minha boca rir. Seu queixo foi ao meu ombro e eu me vi presa em um abraço do qual eu não queria me livrar. Contudo, alguns pensamentos nada agradáveis me atingiram. Ele dissera que gostava da piscina pois tinha memórias boas com Catherine nela. E se, ao deitar sua cabeça em meu ombro, era Catherine em sua mente? E se ele estivesse comigo em corpo, mas em pensamento com Catherine? Eu não sei se iria me sentir confortável.
Ele, de repente, parou, me olhando assustado. Eu achei que talvez ele tivesse lido meus pensamentos, mas não foi isso.
- Cacete, o forno - foi tudo o que ele falou antes de sair com pressa da piscina e ir direto à sua casa
Eu ri de leve ao vê-lo atravessar o quintal, querendo que eu não fosse tão preocupada, querendo que eu não tivesse essa mania de pensar em tudo, até mesmo nas coisas ruins.
◆
O verão estava cada vez mais perto. Eu terminei e entreguei meu trabalho de uma vez ao Sr. Henke, pois eu queria me ver livre daquilo. Eu ainda tinha mais trabalhos e provas para me preocupar. Na lanchonete, os patins ainda incomodavam, mas eu levava como dava. Não contei nada a Karina sobre o beijo – os beijos, na verdade. Mal sei a razão, talvez pensava que ela ia ficar com ciúmes ou ficar de gracinha comigo falando que "eu estava namorando", o que seria típico dela. E eu mal sabia se estávamos realmente namorando, mas não tenho do que reclamar. Beijos e outros carinhos se tornaram constantes toda vez que nos víamos. Ele me ajudou a passar tudo o que estava no lavabo para o quarto recém-pintado, além de ter arranjado tecidos grossos para cobrir a janela e outro para uma cortina na porta. Também me contou que o outro quarto costumava ser o escritório da casa antes de pintá-lo de verde água para o bebê que nunca o visitou. Neste dia, descobri que Catherine era quem cuidava das finanças de seu trabalho e arrumava novos clientes para encomendas. "Ela sempre foi comunicativa, eu não. Mas eu gostava de cuidar da parte de colocar a mão na massa, literalmente", ele me contou, rindo. Enzo também começou a me contar, aos poucos, um pouco mais sobre Catherine. Ele a havia conhecido a partir de amigos em comum, o que eu já sabia, mas não sabia que eram colegas de faculdade. Ela se formou em Economia. Depois, ele teve uma matéria em comum com ela: cálculo. E assim a história se desenvolveu. Contudo, eu sentia que ele ficava um pouco desconfortável falando de Catherine para mim e sempre me privava de sentimentos, de detalhes.
Ele havia me contado muitas coisas desde então, coisas do passado e eu pude conhecê-lo melhor assim. Eu também contei coisas sobre mim, acontecimentos da infância, histórias de família e sobre como eu demorei três anos juntando dinheiro, estudando e decidindo qual faculdade fazer e ainda acabei escolhendo uma que não me agradou. Só que uma coisa eu não havia contado: a razão pela qual comprei a casa. Eu não queria que ele se afastasse de mim quando soubesse, apesar de ter um pressentimento de que ele iria aderir à minha ideia. A dúvida ainda me consumia. Eu não queria perdê-lo, então eu não queria arriscar contando a ele e talvez fazendo tudo mudar entre nós. Enzo era a melhor coisa que acontecera comigo em anos.
- Voce consegue, Montreal - eu disse a mim mesma no espelho
Eu estava me arrumando para ir à sua casa e entregar as fotos ao seu amigo recém-casado, Fred, que já voltara da lua de mel. Estava nervosa; eu nunca havia vendido minhas fotos. Fiz tudo com o maior capricho, comprei um álbum bonito, para fotos grandes, selecionei as melhores e as organizei. Eu estava torcendo para que os noivos gostassem e ansiosa com o que eles falariam. Não sei se eu estava preparada para críticas, mas também não queria que ninguém mentisse para me agradar.
Atravessei o quintal e toquei a campainha. Enzo me recebeu e eu já pude ver os dois sentados no sofá de mãos dadas. Fiquei mais nervosa ainda ao ver a noiva. Ela estava vestida de forma muito elegante e com uma postura impecável, seus cabelos bem cuidados caíam pelo ombro. Confesso que quis dar meia volta sair, pois, apesar de ter me vestido bem, eu não chegava nem aos pés de sua elegância.
Eles se levantaram, sorridentes, e me cumprimentaram. De novo, me senti uma anã perto dela, uma criança e não uma mulher. Como eu odeio não me sentir boa o suficiente.
- Estamos super ansiosos para ver as fotos! - ela disse sorrindo e eu estremeci
E se eles não gostassem?
- Eu coloquei em um álbum, mas caso vocês não gostem, é só comprar outro melhor e trocar... - eu falei, sem graça, entregando-os o álbum
- Mas por quê? Esse álbum está lindo! - Fred, o noivo, disse
Enzo percebeu que eu estava nervosa e levou suas mãos ao meu ombro.
Os noivos abriram a capa do álbum, vendo a primeira foto em silêncio e eu queria fugir dali para não ter que ver a reação deles.
- Isso é ótimo! - a noiva expressou
- Qual câmera você usou? - Fred me perguntou
- Eu tenho uma SLR antiga, e eu me revezo entre duas lentes - eu respondi, sem graça
- Isso quer dizer que ela usa uma câmera profissional de filme - Enzo completou
- Você tirou isso tudo com uma camera antiga? - a noiva se surpreendeu
- E não só isso! Ela montou um laboratório e revelou-as por conta própria - Enzo sorriu
Eu queria me encolher. Enzo parecia aqueles pais orgulhosos falando dos troféus dos filhos. Ele estava fazendo minha propaganda, como nunca fiz.
- Uau! - ela disse sem desviar os olhos do álbum e ia virando as páginas uma a uma - Você tirou foto da cauda do meu vestido enquanto eu entrava!
- Sim... - eu falei, receosamente. Não era para tirar?
- O outro fotógrafo não! Pelo menos não desses detalhes. Sabia que eu escolhi essa cauda enorme porque minha mãe se casou com uma ainda maior? Precisei de duas pessoas para a segurarem e não a deixarem sujar na grama! - ela riu
Aquele comentário me acalmou.
- A Susan pegou o buquê?! - Fred exclamou quando viu a foto - Eu não vi isso!
- Sim, cara, a Susan Mal Amada pegou o buquê - Enzo riu
- Vocês a chamavam de Susan Mal Amada? Que maldade - a noiva disse
- Mas ela ficava falando o tempo todo que o amor não passava de uma mentira. Era basicamente o único assunto dela. Enchia o saco.
- Eu espero que o buquê tenha mudado um pouco sua mente... - eu disse, um pouco tímida
Um cheiro forte de bolo veio da cozinha.
- Não seria a casa do Enzo se não tivesse bolo saindo do forno, não é? - Fred brincou
- Eu já volto - Enzo foi até a cozinha
Eu não queria ficar sozinha, mas respirei fundo e sorri. Fred tirou uma caneta e um talão de cheque do bolso.
- Diga, o quanto você quer? - ele disse a mim
Fiquei totalmente sem graça.
- Não precisa me pagar agora... É só um trabalho amador e eu fui ao seu casamento sem levar nenhum presente e sem nem ao menos ser convidada.
Ele preencheu o cheque enquanto eu falava.
- Espero que você continue fazendo isso, porque eu vou te indicar, ein?
Ele me entregou o cheque. O valor era acima do qual eu esperava e eu ia contestar, falando que era muito para aquilo, mas, na mesma hora, Enzo chegou com uma bandeja de bolinhos, me fazendo ficar desconfortável com a situação.
- Você bem que podia aprender com seu amigo, ein, Fred? Não quero cozinhar todos os dias não! - a noiva disse, brincando
- Deve ser uma tortura morar aqui do lado e sentir o cheiro, né? - Fred comentou e eu ri
- Se é! Muito obrigada mesmo - eu me referi ao cheque desta vez
- Não há de quê. Foi bom também você ter feito companhia para Enzo no nosso casamento. Está convidada para todos os eventos da nossa antiga turma!
Enzo se sentou ao meu lado, sorrindo. Foi aí que ele me surpreendeu com um gesto. Sua mão se encostou à minha e entrelaçou nossos dedos.
- Bom, ela vai me acompanhar sempre, a turma querendo ou não - ele sorriu a mim - Estamos juntos.
Meu rosto corou-se com aquilo. Era muita coisa acontecendo: seus dedos cruzados com os meus, o sorriso em seu rosto e a frase doce que saíra de sua boca. Ele estava admitindo publicamente que estávamos juntos e também admitindo isso a nós dois, já que não tínhamos nos definido ainda. E ainda não usou a palavra namorados, o que ia me deixar um pouco confusa. Nunca falamos em namoro. Fiquei contente pela honestidade e simplicidade. Juntos. Era como nós estávamos de fato.
Fred até parou de levar o bolo à boca e nos encarou ao ouvir tal frase.
- É sério?
Assim que confirmamos, balançando positivamente a cabeça, ele veio até nós e nos abraçou juntos. Nós rimos. Fred era exagerado, brincalhão, uma pessoa divertida de se conviver com.
- Como seu amigo de infância, quero agradecer a você, Montreal. Por ter trazido meu amigo de volta à vida.
Eu fiquei encabulada. Enzo estava nervoso também. Pelo visto, era o primeiro relacionamento - ou qualquer coisa próxima de um relacionamento - que ele tinha em quatro anos e todos os amigos já tinham perdido a esperança dele encontrar alguém novo.
A conversa que tivemos foi bem interessante, apesar de Talita, a noiva de Fred, e eu estarmos um pouco deslocadas das histórias da amizade de longa data dos dois.
- Eu casado e você namorando de novo. Quem diria? - Fred riu
Talita se levantou, levando o prato e a xícara de café até a cozinha.
- Deixa que eu te ajudo - eu sorri, também me levantando
Deixamos Enzo e Fred conversando na sala e entramos na cozinha.
- Uau, parece que eu entrei numa fábrica - ela estranhou todos os instrumentos e eletrodomésticos
Eu ri de sua reação e coloquei o prato na pia.
- Ele leva essa coisa de trabalhar em casa a sério - eu brinquei
- Fico feliz por você e Enzo - ela disse - Sei que nós mal nos conhecemos, mas, na viagem até aqui, Fred me contou o que aconteceu e o quanto Enzo sofreu.
- Ele ainda sofre - eu disse - Eu só tento fazer ele se esquecer um pouco da dor.
- Está fazendo um ótimo trabalho - ela sorriu - Ele parece muito feliz. Eu esperava chegar aqui e encontrar alguém um tanto melancólico, mas me surpreendi.
Eu agradeci. Ela era tão elegante, tão simpática e simples, chegou a me dar um pouco de inveja. Uma inveja boa, de admirar, de querer ser igual. Como se eu realmente fosse uma criança e estivesse pensando que queria ser como ela quando crescesse. Bom, ela parecia ter no máximo cinco anos a mais que eu, mas eu me sentia tão mais ingênua. Era uma sensação complicada.
- Fique sabendo que, se o que aconteceu com Catherine acontecesse comigo, eu gostaria que Fred encontrasse alguém como você.
Eu agradeci e sorri. Estava honrada por aquele comentário. Nunca havia pensado naquilo. Provavelmente, se eu fosse Catherine, também não iria me importar se quem eu amava arranjasse outra pessoa. Claro, não sendo no dia seguinte da minha morte, estava tudo bem.
Fomos até a sala, onde os dois conversavam animados.
- Fred, já está ficando tarde e a gente ainda tem uma hora de viagem à frente, vamos? - Talita interrompeu
Enquanto eles se despediam, eu reparei que a parede estava diferente. Enzo havia tirado as fotos de Catherine e agora só havia fotos de paisagens. A minha foto estava entre elas.
- Muito obrigada pelas fotos - Talita disse, me abraçando
- Eu que agradeço.
- E vão nos visitar! - Fred disse, Enzo concordou
Nós os acompanhamos até a porta e acenamos quando saíram de carro. Enzo me abraçou por trás, beijando meu pescoço. Eu ainda não estava acostumada à ideia de um relacionamento, então aquilo me pegou desprevenida.
- Enzo, podemos conversar um pouco? - eu disse e ele estranhou, mas concordou
Voltamos para sua casa. Eu respirei fundo, olhando para a parede.
- Não me diga que é porque Fred não te pagou o combinado. Ele tem mesmo fama de caloteiro - Enzo riu, enquanto fechava a porta
- Não, não é isso. Enquanto você pegava o bolo na cozinha, Fred me deu um cheque com um valor até maior que o combinado.
- O que foi então?
Ele se sentou à minha frente, sobre a mesa.
- Não é porque eu falei que estamos juntos, é? Eu fiz algo errado?
- Não, não é isso também não. Enzo, por que você mudou a parede?
- O quê?
- A parede - eu apontei para o lado - Por que você tirou as fotos de Catherine? Por que a minha foto está na parede agora no lugar da de vocês dois?
- Eu precisava recomeçar, Montreal.
- Eu sei que estamos juntos agora, mas eu não quero substituí-la. Eu não quero tomar o lugar dela, eu sei que nunca vou. Eu não sou ela. Nunca vou ser. Eu só me sinto mal por estar fazendo você querer se mudar, não é o meu objetivo.
- Ei - ele colocou a mão sobre meu rosto e me olhou nos olhos, desviando minha visão da parede - Todas as fotos estão no livro que você me deu. Escrevi todas as memórias lá, colei cada recado e carta que eu tinha dela. Coloquei numa caixa em cima do guarda roupa, junto com algumas outras coisas que eu guardava dela. São só memórias agora, não passam de memórias.
- Mas, Enzo... - tentei contestar, mas ele não deixou
- Eu posso reviver as memórias sempre que quiser, é só abrir aquela caixa. Mas eu estive revivendo as memórias todos os dias por quatro anos porque elas estavam sempre à minha volta. Catherine morreu, tudo o que eu tenho são lembranças. Mas você está aqui. O que eu sinto por você não tem nada a ver com ela. O sentimento é novo. Além do mais, vocês são completamente diferentes.
- O que você quer dizer com isso?
- Que eu já tentei sim conhecer mulheres novas nesses quatro anos, meus amigos mesmo me arranjaram encontros. Só que eu ficava procurando e achando semelhanças entre elas e Catherine. Com você foi natural, você me fez acreditar numa vida nova, sem essa dor. Eu não fico comparando você a ela, nunca o fiz. Catherine era cuidadosa, um pouco medrosa, já você fala o que pensa sempre. Ela nunca me perguntaria o que eu fiz com a parede como você está fazendo agora, por exemplo. Ela tinha medo da opinião dos outros pra tudo e era indecisa ao extremo. Por outro lado, era extremamente simpática, sempre tentava fazer as outras pessoas contentes, por isso provavelmente quase nunca reclamava se algo estava ruim para ela. Eu só sabia se havia algum problema quando insistia de fato. Com você não - ele riu - Você é o oposto nesse sentido. E eu a amava do jeito que ela era. Com ela era tudo calmo e de repente veio um furacão de brigas, médicos e dor. Com você, tudo começou com um furacão, mas agora parece que eu cheguei ao olho dele, à calmaria. E vocês são lindas, mas de jeitos diferentes. Não se preocupe com essas coisas. Eu não quero que se sinta inferior a ela de nenhuma maneira, combinado?
À medida que suas palavras foram chegando ao meu ouvido e foram processadas pelo meu sistema nervoso, um sorriso surgiu na minha boca. Eu fechei os olhos, completamente encabulada. Eu estava encantada por ele e era muito difícil esconder.
Nossas testas se uniram e suas mãos foram ao meu pescoço.
- Me desculpa por não conseguir me abrir tão fácil ainda pra você - eu sussurrei
- Não se preocupe com isso, não se preocupe - ele repetiu - Só fique do meu lado. Eu tinha me esquecido como é bom não estar sozinho.
Ele beijou a ponta de meu nariz e depois meus lábios. E aquele foi um momento de plena intimidade, algo que eu nunca havia experimentado antes.
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