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12. Algodão-doce.


Continuei preocupada, mas atarefada. O movimento estava alto durante a semana no restaurante e eu acabei fazendo hora extra para ganhar mais gorjetas. Apesar de exausta, eu agradecia aos céus pela chance de poder ganhar um pouco a mais do que o esperado para o mês.

A faculdade ia em ritmo lento, havia alguns trabalhos em andamento aqui ou ali, mas nada que me desse realmente trabalho para fazer. Quando eu deitava na cama, a única preocupação de minha mente era Enzo. Eu não sabia o que havia feito para encadear sua reação. Eu não sabia o que fazer para consertar a situação. Estar fazendo hora extra e me deixando muito mais do que me dedicava à faculdade tinham explicações básicas: não pensar nele, não me torturar pelo o que eu disse ou pelo o que deveria estar pensando de mim.

Porém, em uma noite de insônia, resolvi pesquisar o nome de Catherine na internet. Não sei se queria saber mais sobre ela ou quem sabe ver se havia algo sobre a morte dela, mas eu estava curiosa. Não havia muitos resultados. Achei seu nome em uma lista de formandos da faculdade local. Economia. Sei que não deve ser fácil para Enzo falar dela, mas eu queria descobrir tudo, eu queria saber tudo sobre como ele era com ela. Não sei se eu estava ficando obsessiva ou apenas querendo tirar a pulga de trás de minha orelha, mas continuei buscando seu nome. Não encontrei mais nada além da lista da faculdade e uma nota de óbito em um jornal. Resolvi procurar também o nome de Enzo, mas só apareceram resultados relacionados à sua profissão.

Eu não queria ter motivos para desconfiar dele, eu não queria acreditar no que Charlie e Daniel e eu sei lá quem mais acredita que ele tenha feito. Eu pensava conhecer Enzo melhor do que eles e eu não conseguia mais acreditar na palavra de Daniel. Ele me assustava de alguma maneira; ele e esse interesse estranho por mim. Também, Enzo não devia lá ser muito popular na vizinhança querendo vender uma casa com quintal dividido. Ter pessoas o tempo todo visitando a rua, a casa, comprando e depois desistindo... Não deve ter sido bom para a vizinhança.

Tentei dar uma pausa ao meu cérebro e desliguei o computador. Eu sabia que só teria explicações se o questionasse, mas eu estava sendo completamente covarde com esse assunto.

Respirei fundo. Eu continuava a me torturar mentalmente, decidindo se daria mais um tempo para falar com ele ou não. Eu estava tão concentrada no meu dilema dentro de minha mente que nem percebi quando passei o pincel cheio de tinta fresca pelo interruptor.

- Droga! - eu falei comigo mesma enquanto encarava o botão pintado

Fins de semana eram agora meus dias de arrumar a casa, quem sabe comprar alguns itens de decoração e tentar colocar um pouco mais minha cara nela. Eu precisava de mais alguns móveis para que ela não ficasse tão vazia, mas ainda precisaria arranjar tempo e dinheiro para isso.

Eu havia decidido fazer um laboratório maior, fora do lavabo. Escolhi um quarto da casa, a suíte menor, no segundo andar, e que não pegava sol. Decidi pintar as paredes de um tom mais escuro, um marrom, nada que me fizesse morrer de calor lá dentro e para que nada refletisse muita luz. Eu havia comprado um tecido preto para cobrir a janela, que, mesmo fechada, ainda deixava entrar um pouco de luz. Era bem improvisado, como o outro, mas era maior.

Eu quase não ouvi a campainha tocar, mas desci assim que reconheci o som. Na hora de sair do cômodo, meu costume de apagar a luz fez com que eu encostasse no interruptor. Minha mão ficou cheia de tinta e eu tentei limpar na minha blusa, mas ficou pior ainda.

Girei as chaves da porta principal, não esperando encontrar quem encontrei.

- Será que podemos conversar? - Enzo falou - Ou está muito ocupada?

Ele provavelmente se referiu ao caos em pessoa que eu estava.

- Não. Não estou ocupada, entre.

Deixei-o entrar enquanto tentava me arrumar um pouco. Passei as mãos pelo cabelo mas depois percebi que este também ficou sujo de tinta por esse gesto. Ó céus, eu queria me esconder. Por que fui abrir a porta neste estado? Eu poderia ter apenas ignorado a campainha. Eu não sabia se estava preparada para vê-lo ainda depois da última segunda. Não sei se ele continuava decepcionado comigo, não sei se ele se me deixaria explicar melhor ou se talvez fosse um adeus permanente.

Percebi que ele carregava um pacote em suas mãos.

- É pra você - ele disse, quando percebeu que eu encarava o embrulho - Você me deu dois presentes e eu não te dei nenhum... E acho que você cansou dos meus bolos.

- Não precisava - eu disse, sem graça, pegando o pacote e abrindo-o

Encontrei um pacote de papel fotográfico, dois rolos de filmes e, no fundo do pacote, estava uma câmera, destas descartáveis, para uso debaixo d'água.

- Eu achei que você ia gostar de fazer alguns experimentos na água da piscina - ele sorriu de leve

Eu o olhei, agradecendo e analisando a pequena covinha que ele tinha em sua bochecha quando sorria.

- Esse clima desconfortável está me matando. Eu sei que não tenho o menor direito de vir aqui depois do que eu fiz, então eu vou ser direto, ok? - ele finalmente falou

- Tá... tudo bem - eu concordei sem entender o que estava por vir

- Me perdoa. Eu não devia ter sido tão rude com você. Eu não deveria ter perdido a postura como eu fiz. Eu não deveria ter te acusado, te mandado sair da minha casa daquele jeito, e eu não deveria ter simplesmente sumido como eu fiz essa última semana. Eu nem mereço seu perdão, para falar a verdade.

- Calma, Enzo, você teve seus motivos, eu te acusei de algo que você não fez.

- Aí está o problema. Você não me acusou de nada. Você apenas deixou soltar que ouviu o que todos falam, só que eu me descontrolei. Acabei descontando a raiva desse assunto em você. Eu fiquei com raiva por tentarem te colocar contra mim.

- Eu não acreditei, Enzo - eu expliquei, enquanto o via se sentar no sofá

Eu fiz o mesmo depois, me sentando ao seu lado.

- A possibilidade de você ter acreditado falou mais alto em mim. Eu estava com medo de que você estivesse acreditando que eu sou esse tipo de monstro. Eu fiquei com medo de você se afastar de mim e, olha que contraditório, acabei te afastando por conta própria.

- De onde surgiu esse boato horrível então? Eles não têm motivo nenhum para isso? Eu não entendo!

- Eu sinceramente não sei! Nós tivemos alguns desentendimentos sim, principalmente porque ela não queria ir ao médico no começo. Também discutimos sobre como sustentar uma criança, já que nossa renda não era muito alta, ainda mais construindo uma casa. E talvez seja porque, como italiano, eu falo alto demais, ainda mais discutindo. Catherine sempre foi mais simpática que eu, sempre foi mais aberta. Ela tinha mais amizade com a vizinhança, eu apenas me trancava na cozinha o dia todo. Eu nunca obrigaria Catherine a fazer algo assim - ele me olhou com firmeza - Nós éramos casados, tínhamos espaço de sobra para uma ou duas crianças! Por que eu a obrigaria a fazer um aborto? Era meu filho! Eu não sei de onde tiraram essa história! Eu sempre sonhei em ser pai. Fui eu quem comecei com essa história de ter filho até ela também sentir vontade de ser mãe.

Aquela última frase fez meu coração amolecer e eu sabia muito bem a razão.

- Algumas pessoas da vizinhança mal me olham nos olhos. Eu não sei bem a razão. Eu quis me desfazer dessa casa, mas não consegui me desfazer das memórias. Fui fraco demais e me mudei pra casinha ao lado para não me afastar da minha antiga vida. Talvez eu devesse ter ido embora pra sempre, sabe? Eles parecem não gostar da minha presença ou do fato de eu colocar à venda só metade do terreno, atrair moradores e depois fazê-los desistirem. Eu ainda me sinto culpado, não por ter obrigado Cath a fazer qualquer coisa ruim, mas por não ter evitado isso, por não ter percebido antes que algo estava errado, por não ter insistido em ir com ela ao médico... Céus, isso tudo só me faz ficar pior.

- Eu não acreditei, Enzo. Não acreditei, tanto que fui te defender esperando que desmentissem a história, mas daí disseram que era por isso que você ainda não superou... Que você ainda se sente culpado.

- Eu me sinto culpado sim. Isso não é mentira. Era eu quem queria um filho, eu falava disso para ela desde que casamos. Aos poucos o sentimento cresceu nela também, mas fui eu quem comecei com essa história, sabe? Eu que comecei com essa história de fertilização, eu que a convenci de gastarmos o dinheiro reservado para nossa casa com isso... Eu me sinto culpado porque talvez ela, mesmo sabendo do risco e não tendo me contado, decidiu ter o filho para me ver feliz. Eu não sei. Me sinto culpado por não tê-la acompanhado ao médico e por ter acreditado que ela realmente ia. Culpado por não insistir mais quando ela dizia que preferia ir sozinha, ou, no caso, não ir. Eu não estava lá para saber suas últimas palavras, eu não sei se ela sabia ou não e me escondeu, eu não sei se ela também estava perdida. E eu nunca vou saber.

Ele suspirou alto e olhou para cima, talvez para não chorar, para evitar com que as lágrimas caíssem. Eu resolvi me pronunciar quando o silêncio ficou difícil de ser suportado.

- Não se sinta culpado. Não acho que ela teria o filho só para te agradar, sabendo que ia correr riscos e talvez não sobreviver. Ela queria isso tanto quanto você. Talvez até mais que você para ter passado por tudo isso. Dane-se o que a vizinhança fofoqueira fala. Eu acredito em você, Enzo.

Ele olhou a mim, pensando no que eu havia falado. Vi seus olhos quase transbordando de lágrimas se secando aos poucos. Um sorriso de canto surgiu em seu rosto e sua mão passou por minhas bochechas de leve. Eu deveria estar vermelha de vergonha.

- Eu fiquei essa semana toda pensando em você, sabia? Pensando nos últimos meses, no quanto eu fui arrogante com você para tentar te afastar, para que você se mudasse como todos os outros compradores fizeram. Eu fiquei essa semana tentando colocar meus pensamentos em ordem para não te machucar. Você está sempre me querendo fazer feliz. A foto, o dia em que fizemos tudo o que eu nunca havia feito só para me distrair, o scrapbook, até ir ao casamento comigo... Ninguém nunca havia feito isso por mim. Ninguém tinha me ouvido assim. Tudo o que diziam era "eu sinto muito"... Ou "meus pêsames", esperavam alguns minutos e mudavam de assunto. Ou simplesmente não diziam nada e ainda me acusavam de algo que eu ainda não superei. Talvez ninguém tenha me conhecido além dessa minha máscara. Você foi mais a fundo. Você não desistiu de mim mesmo eu sendo um completo babaca no começo, você revidou - ele riu - Você foi a primeira moradora que eu quis que morasse aqui de fato.

- Eu não gosto de ver as pessoas das quais eu gosto tristes... E olha que eu não gosto de muitas pessoas, viu? - eu ri de leve, brincando - Eu sou péssima com amizades, não queria perder uma que deu certo. Ah, e eu queria te irritar também. Ninguém iria me provocar assim sem levar o troco.

- E você costumava me chamar de idiota o tempo todo. Agora eu sou uma das pessoas das quais você gosta? - ele arqueou sua sobrancelha

- Você não deixa de ser idiota... Às vezes - eu brinquei

Ele me olhou mais uma vez e eu abaixei os olhos, fugindo dos seus. Seus dedos foram ao meu queixo e eu senti toda a antecipação, a respiração pausada, o coração querendo explodir. Aquilo realmente estava acontecendo? Ele estava ficando cada vez mais perto e os segundos até à distância entre nossas bocas se acabar pareceram eternidades. Seus lábios se encostaram aos meus de leve. Eles se intercalaram e Enzo os puxou para si.

Ele continuou perto de mim e falou bem perto dos meus lábios.

- Desculpa. Faz quatro anos, não sei se ainda sei como fazer isso direito.

- Enzo, eu não quero tomar o lugar dela.

Talvez não fosse o melhor momento para lembrá-lo de Catherine, mas eu não queria ser usada para substituí-la.

- Você não vai. Todo esse tempo você estava criando um espaço novo no meu coração e nem percebeu. E pode parecer que estou fazendo algo sem pensar aqui, te beijando. Mas há quatro anos eu simplesmente não arrisco, eu não vivo. Eu tenho que me dar a chance de viver de novo, mesmo que signifique errar ou me machucar. Eu não posso viver na minha bolha pra sempre. Você me fez ter vontade de viver de novo, Montreal.

Suas palavras me fizeram sorrir e olhar para baixo mais uma vez. E mais uma vez seus lábios se uniram aos meus. Tudo o que eu conseguia pensar era que tudo aquilo realmente estava acontecendo, não era apenas minha imaginação. E, quando o beijo parou, eu ri.

- Eu não acredito que você me beijou nesse estado! Eu estou toda cheia de tinta - falei, jogando uma almofada do sofá nele

Ele gargalhou.

- Um dia você ainda vai me contar por que está pintando minha antiga casa? Melhor: por que comprou essa casa enorme?

- Você vai descobrir um dia - foi tudo o que falei antes de encostar nossos lábios de novo

Suas mãos foram ao meu pescoço e seus lábios não conseguiam fazer distância dos meus. Minhas costas se encontraram lentamente com o tecido do sofá e ele se sustentou por cima de mim, parando o beijo somente para buscar um pouco de ar.

Seu nariz brincou com o meu e ele riu.

- O que foi? - perguntei

- Você está cheirando a tinta.

Eu levantei meu pescoço e encostei meu nariz na curva de seu ombro. Eu mal acreditava que estava tão perto assim de seu corpo sem sentir o mínimo de vergonha.

- Você está cheirando a açúcar.

- Só cheirando?

Ele me deu alguns beijos de esquimó, encostando seu nariz ao meu.

- Não sei. Chega mais perto.

Enzo ficou a milímetros de meu rosto e eu puxei seus lábios para mim. Ele também tinha um gosto doce, ou talvez era só a minha imaginação. Seu beijos eram suaves, macios, me faziam querê-los cada vez mais.

- Algodão-doce - eu expressei, rindo - É como se você fosse feito de algodão-doce.


Acordei de manhã ainda no sofá. Eu ainda tinha tinta nos dedos e nos cabelos. Fiquei alguns minutos tentando lembrar se o que tinha acontecido foi real ou foi uma alucinação. Pisquei meus olhos até que eles parassem de lacrimejar e vi que a manta do sofá estava cobrindo metade do meu corpo. Levantei-me aos poucos, lembrando que provavelmente tinha deixado a lata de tinta aberta com o rolo e pincel sujos no quarto que estava pintando. Subi as escadas e me deparei com a porta do quarto fechada. Preso à porta, havia um bilhete escrito a mão. "Cuidado. Tinta fresca. PS.: Desculpa não te colocar na cama, não sabia que você iria querer que eu entrasse no seu quarto." Eu sorri e descolei o papel da parede, vendo que, ao invés de usar um ponto final, ele havia desenhado uma carinha feliz minúscula.

Abri a porta e vi a pintura completa, os pincéis lavados e a lata de tinta fechada. Agora eu precisava mudar tudo do lavabo para o quarto com cuidado e tentar selar mais a janela. Fechei a porta e fui me arrumar, eu mal sabia que horas eram e, para falar a verdade, nem ao menos me importava se estava atrasada ou não para a aula.

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